UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

28 de novembro de 2015

O VELHO OESTE RECEBE OS CIENTISTAS DE “O TÚNEL DO TEMPO” EM “BILLY THE KID”


Acima Irwin Allen; abaixo Whit Bissell,
John Zaremba e Lee Meriwether.
“O Túnel do Tempo” (The Time Tunnel) foi uma série de ficção científica que obteve enorme sucesso no Brasil nos anos 60. Curiosamente esse sucesso não ocorreu nos Estados Unidos, onde a série foi produzida pela ABC (American Broadcasting Company), ficando no ar apenas uma temporada e sendo cancelada devido à baixa audiência. Hoje essa série é considerada clássica e a caixa com os 30 episódios exibidos é uma das mais vendidas entre as séries que se tornaram ‘cults’. “O Túnel do Tempo” é uma sci-fi que leva seus dois personagens principais, os cientistas Dr. Tony Newman (James Darren) e Dr. Doug Phillips (Robert Colbert), a viagens no tempo, quase sempre ao passado, embora quatro episódios tenham transcorrido no futuro. Esse deslocamento era possível devido a um projeto ‘top-secret’ do governo norte-americano, comandado pelo General Heywood Kirk (Whit Bissell) que era assistido pelos cientistas Dr. Raymond Swain (John Zaremba) e Dr.ª Ann MacGregor (Lee Meriwether). Enquanto o trio permanecia no laboratório monitorando as viagens de Tony Newman e Doug Phillips, estes se envolviam em aventuras que invariavelmente poderiam alterar o rumo da História, o que não acontecia devido à diligente presença do General e dos dois cientistas.


Os 'cowboys' James Darren e
Robert Colbert.
No tempo do Velho Oeste - Das 30 histórias exibidas na série, quatro podem ser consideradas westerns e são elas: “Massacre”, com o General Custer e a carnificina de Little Big Horn; “O Álamo”, sobre o cerco das tropas mexicanas; “O Mercador da Morte”, focalizando a Guerra Civil; “Billy the Kid”. Outros dois episódios – “A Última Patrulha” e “Armadilha Mortal” – não são westerns legítimos; a primeira sobre a guerra anglo-americana de 1812 e a segunda fala de uma conspiração para assassinar o presidente Lincoln. Levado inúmeras vezes ao cinema e à televisão, o lendário bandido foi vivido, entre outros atores, pelos galãs Paul Newman, Robert Taylor e Val Kilmer (ver a lista completa neste blog na postagem indicada pelo link abaixo). O Billy the Kid do episódio de “O Túnel do Tempo” é Robert Walker Jr., filho do casal Robert Walker-Jennifer Jones e que apesar da ilustre ascendência e tendo iniciado a carreira aos 17 anos de idade, nunca alcançou o status de astro verdadeiro. Ao contrário dos ‘Billy the Kids’ aqui citados, o pequeno e magro Robert Walker Jr. se aproxima bastante fisicamente do verdadeiro William Bonner, embora fisionomicamente tenha passado longe da feiura do jovem sanguinário morto por Pat Garrett em 14 de julho de 1881.

http://westerncinemania.blogspot.com.br/2014/07/os-muitos-billy-kids-do-cinema.html

Robert Walker Jr. com Robert Colbert
e James Darren. 
Billy the Kid contra os cientistas - A máquina do tempo leva os doutores Tony Newman e Doug Phillips até o Condado de Lincoln, onde Billy the Kid se encontra preso. O bandido é libertado por membros de sua quadrilha, justamente quando os cientistas estão na delegacia, presenciando a cena. Billy tenta matar Tony mas é alvejado e morto por  Doug. No laboratório em Washington acompanha-se o entrevero e prontamente a Dr.ª Ann consulta livros e informa que Billy foi morto em outra circunstância. Os cientistas alteram os fatos ocorridos fazendo com que Billy sobreviva pois a bala disparada por Doug atingiu a fivela de seu cinturão. Billy acaba capturado pelos dois cientistas e quando Tony vai ao Condado de Lincoln em busca do xerife Pat Garrett, é confundido com Billy the Kid. A população local exige que o bandido seja enforcado, mas Pat Garrett, que foi amigo de Billy, sabe que não se trata do contumaz assassino, salvando a vida de Tony. Inconformado por ter sido vencido numa luta contra Doug, Billy retorna ao condado para matar o cientista desafiando-o para um duelo, sendo no entanto desarmado e preso por Pat Garrett. Quanto a Tony e Doug, desaparecem misteriosamente, sem deixar vestígios, como ocorria em todos os episódios, diante dos olhos das pessoas de Lincoln.

O cientista Dr. Phillips
matando Billy the Kid.
Fivela salvadora - Bastante criticada por privilegiar a visão de mundo norte-americana, independente de época e ainda por seu aspecto ultramoralista, a série “O Túnel do Tempo” procurava em seus episódios ser o mais fiel possível aos fatos. O produtor e criador da série Irwin Allen bem que poderia, por se tratar de uma ficção científica, se conceder liberdades com a História, mas isto somente acontece para possibilitar a inserção dos dois jovens cientistas nos acontecimentos do passado e criar suspense com os constantes riscos que atraem. Chegando sempre com seus trajes dos anos 60 do século 20, causam espanto e são alvo de chacotas, no caso de “Billy the Kid” o Dr. Doug Phillips é chamado o tempo todo de ‘Dude’ (janota) por Billy. E, como não podia deixar de ser, envolvem-se em confusões, desta vez com o Dr. Tony Newman sendo confundido com o próprio Billy. Quando o roteiro não encontra solução lógica, apela então para a providencial ação do staff que a tudo acompanha no laboratório em Washington. A fivela salvadora devolve a vida a Billy que foi atingido mortalmente à queima-roupa por Doug. Como máquinas costumam falhar em momentos importantes, isso ocorre quando o laboratório tenta intervir num momento em que Billy the Kid está prestes a matar Doug dentro de um rancho. Apela-se então para o recurso da voz e lá de Washington o General Kirk distrai o assassino e salva a vida de Doug. Os telespectadores brasileiros adoravam momentos como esse.

Final do episódio.

James Darren e Robert Colbert
Ator marcado pela série - James Darren era o preferido do público, ganhando maior destaque nos episódios, com Robert Colbert não raramente num plano secundário. Darren era boa pinta e estreara no cinema aos 20 anos, em 1956, sendo logo alçado à condição de galã, como em “Maldosamente Ingênua”, em que fez par romântico com Sandra Dee (‘Gidget’). Continuou namorando outras ‘Gidegts’ em sequências dessa série do cinema. Darren participou ainda da bem sucedida aventura “Os Canhões de Navarone”. Ter se afastado do cinema para estrelar “O Túnel do Tempo” não fez muito bem à carreira cinematográfica de James Darren que, a partir de então encontrou poucas oportunidades em filmes, dedicando-se mais a participações em séries de TV. Antes de atuar em “O Túnel do Tempo”, Robert Colbert foi chamado para interpretar Brent Maverick, um primo de Bret e Bart na série “Maverick”, mas a experiência durou apenas dois episódios. A bela Lee Meriwether atuou com John Wayne em “Jamais Foram Vencidos” (The Undefeated) e é lembrada também como a Mulher-Gato de “Batman, o Homem-Morcego”, filme de 1966. De 1973 a 1980, Lee foi Betty Jones, nora do famoso detetive interpretado por Buddy Ebsen em 178 episódios da série “Barnaby Jones”.

Robert Walker Jr.
Série recomendada por professores - O episódio “Billy the Kid” foi dirigido por Nathan Juran, que dirigiu um total de cinco episódios de “O Túnel do Tempo”. Nathan Juran era austro-húngaro de nascimento e formado em Arquitetura começou no cinema como diretor de arte, recebendo um Oscar pela Direção de Arte de “Como Era Verde o Meu Vale”, em 1941. Como diretor dirigiu três westerns estrelados por Audie Murphy e posteriormente especializou-se em filmes e séries de ficção científica, trabalhando bastante para o produtor Irwin Allen. Nos anos 60 a televisão primava pela economia em suas produções e os computadores que se vê em “O Túnel do Tempo” são os mesmos que foram usados em “Viagem ao Fundo do Mar” e “Perdidos no Espaço”. E fariam parte de “Terra dos Gigantes”, todas elas séries criadas e produzidas por Irwin Allen. E muitas das sequências usadas nas viagens pelo tempo de Tony Newman e Doug Phillips eram cenas de arquivo de filmes da 20th Century-Fox, que coproduzia a série. O tema de “O Túnel do Tempo” foi criado por John (Johnny) Williams, compositor que concorreu, até 2015, 41 vezes ao Oscar de Melhor Trilha Sonora Musical, vencendo esse prêmio em cinco oportunidades. Já esta série criada por Irwin Allen venceu o Emmy de Melhores Efeitos Especiais de 1967, mas o prêmio maior é o carinho permanente dos antigos fãs e dos novos que “O Túnel do Tempo” conquista a quem a assiste pela primeira vez. Estavam certos os professores de História que indicavam a série para seus alunos, como as mais divertidas das aulas.


OUTROS EPISÓDIOS 'WESTERNS' DE "O TÚNEL DO TEMPO"

"O Álamo" com James Darren com Jim Davis (Jim Bowie) e Rhodes Reason
(William Barrett Travis); na outra foto Darren com Alberto Monte.

Episódio "Massacre" no qual o General Custer é interpretado por Joe Moross.

"O Mercador da Morte", episódio em que os dois jovens cientistas se vêem
envolvidos na batalha de Gettysburg, em plena Guerra Civil.

"Armadilha Mortal", episódio que focaliza Abraham Lincoln, interpretado por
Ford Rainey e com R.G. Armstrong como um detetive da Agência Pinkerton.

No episódio "A Última Patrulha" Carroll O'Connor interpreta um papel duplo
e Michael Pate também está no elenco.


Lee Meriwether, a mais maravilhosa cientista de uma série de TV.


Cópia gentilmente cedida pelo cinéfilo e colecionador Ivan Peixoto.

4 comentários:

  1. Darci gostei da resenha sobre a série O Túnel do Tempo, em que os cientistas se envolvem no Velho Oeste, em quatro episódios, ou seja, em duas mais atuantes. Achei interessante e, imagino como devia ser os jovens da época, assistindo ao envolvimento dos cientistas voltando ao passado e, intercedendo no andamento dos fatos e tomando decisões. Seriado não é do meu gosto nos dias de hoje, talvez por não ter assistido tantos, ou quase nada, mas chego a ter vontade de assistir, quando bem indicado. Parabéns, belo trabalho. Paulo ...mineiro.

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  2. Muito bom Darci recordar a série que foi minha preferida nos tempos de moleque e que me fez gostar mais de História e conhecer episódios que marcaram ao longo do tempo.
    Pena que tenha durado tão pouco e foi um projeto de Irwin Allen e viagens no tempo ainda são e sempre serão alvo de filmes e séries.

    Aurélio Cardoso.

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  3. Parabéns pela idéia de publicação deste artigo, em especial para o verdadeiro criador desta matéria, o Cinéfilo e Colecionador Ivan Peixoto.

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  4. Carlos Dias, não sei de onde você deduziu ter sido Ivan Peixoto 'o verdadeiro criador desta matéria'. Fosse assim teria eu dado o crédito da autoria ao Ivan. Todos os artigos publicados no Westerncinemania são de minha autoria, exceto aqueles cujos autores sejam devidamente identificados. Acredito que o cinéfilo Ivan Peixoto, pelo seu conhecimento e competência, seja capaz de escrever uma resenha muito melhor que a por mim editada. O Ivan é um dos maiores conhecedores de séries de TV (e de cinema) com quem já mantive contato. Posso dizer que ele é uma verdadeira enciclopédia quando se trata de séries de TV. - Darci Fonseca

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