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13 de janeiro de 2012

BURT LANCASTER X GARY COOPER, O DUELO POR TRÁS DAS CÂMARAS EM "VERA CRUZ"


Quem assiste ao espetacular faroeste "Vera Cruz" fica com a nítida impressão que o exibicionista Burt Lancaster venceu o duelo de interpretações travado com o discreto Gary Cooper. Falsa impressão pois Cooper ganhou em muitos dos quesitos em disputa, isto segundo fatos e opiniões de gente que participou das filmagens desse eletrizante faroeste. Vale à pena conhecer um pouco do que se passou nos bastidores de "Vera Cruz".

"FUJA DE BURT LANCASTER" - A companhia produtora Hecht-Lancaster havia programado mais um western, intitulado "Vera Cruz" e que deveria ser filmado no México. A história de Borden Chase sofrera alguns ajustes no roteiro que por sinal não estava pronto ainda quando as filmagens começaram. Roland Kibee, um dos roteiristas especialista em comédias, foi o responsável por tornar um texto sério sobre dois mercenários em uma aventura repleta de diálogos e momentos engraçados. Estava definido que Burt Lancaster interpretaria o personagem principal do filme, o ex-oficial confederado Benjamin Trane. Faltava contratar um outro ator para interpretar o pistoleiro Joe Erin. Como "O Último Bravo" (Apache), que também fora produzido pela Hecht-Lancaster, rendera dois milhões de dólares de lucro, os sócios Harold Hecht e Burt Lancaster decidiram investir um pouco mais em "Vera Cruz" e contratar Gary Cooper que há 25 anos era um dos principais astros de Hollywood e por isso mesmo um dos maiores salários do cinema. Gary Cooper havia recebido um Oscar de Melhor Ator um ano antes por sua atuação em "Matar ou Morrer" e Hecht-Lancaster acreditavam que com o nome de Cooper nas marquises dos cinemas "Vera Cruz" deveria fazer sucesso ainda maior que "O Último Bravo", dirigido por Robert Aldrich. O próprio Aldrich seria também o diretor de "Vera Cruz". A Hecht-Lancaster convidou então oficialmente Gary Cooper e este, conversando em uma festa com Clark Gable, foi aconselhado por Gable a não trabalhar com Lancaster porque o astro de "Pirata Sangrento" fatalmente o 'engoliria' impiedosamente no inevitável confronto dos dois na tela.

TROCA DE PAPÉIS - Cooper que há cinco anos vinha recebendo 295 mil dólares de salário por filme, pediu 600 mil dólares, acreditando que Hecht e Lancaster não aceitariam pagar quantia tão elevada. Mas a dupla de produtores fez uma contraproposta: pagariam 500 mil dólares e mais 10% dos lucros líquidos do filme, esquema financeiro parecido com o que Cooper acertou com Stanley Kramer para atuar em "Matar ou Morrer", só que nesse premiado western Cooper recebeu apenas 60 mil dólares e mais uma porcentagem. Diante da irrecusável oferta feita por Hecht e Lancaster, Gary Cooper aceitou o desafio, mesmo vivendo sérios problemas de coluna que lhe causavam terríveis dores. Burt Lancaster releu o incompleto roteiro e concluiu que o personagem Joe Erin era bem mais interessante que o de Ben Trane, este um personagem inteiramente convencional. Sem perda de tempo Burt operou a troca de papéis, passando para Cooper o papel do ex-coronel confederado. Lancaster transformou Joe Erin uma espécie de Capitão Vallo (Pirata Sangrento) mais cínico, mais amoral e mais violento. A equipe de 150 homens rumou então para Cuernavaca, no México, e no dia 3 de março de 1954 tiveram início as filmagens de "Vera Cruz" e o que se viu assustou a todos. O ator-produtor Burt Lancaster parecia um furacão aparecendo ruidosamente em todos os lugares e cuidando dos mínimos detalhes nos sets e, como não poderia deixar de ser, se intrometendo na direção em todas as sequências, o que muito irritava Aldrich. Com alguns dias de filmagem, Lancaster se reuniu com Harold Hecht, com Aldrich e ainda com James Hill. Este último, creditado como produtor (executivo) era uma espécie de secretário de Lancaster, inclusive reescrevendo o roteiro segundo as sugestões de Burt. Na reunião Lancaster disse a eles que estava insatisfeito com o trabalho de Gary Cooper pois parecia que Coop não estava dando tudo que podia dar, não estava sendo muito efetivo e que daquele jeito o filme não ficaria bom. Quando os primeiros 'dailies' (cenas que já haviam sido rodadas e reveladas) retornaram dos laboratórios de Churubusco, Lancaster assistiu e se confessou maravilhado com a interpretação minimalista de Gary Cooper e completou dizendo que ele Lancaster estava parecendo um idiota em cena. Para espanto de todos Lancaster ordenou que diversas cenas já rodadas fossem refeitas para que ele reduzisse seus próprios excessos. Burt Lancaster pode ter muitos defeitos como ator e produtor, mas é um homem de rara sensibilidade artística e seu feeling fez com que "Vera Cruz" se transformasse num dos mais influentes e por isso mesmo dos mais importantes westerns do cinema.

AULA DE HABILIDADE - Lancaster mergulhou fundo para compor o personagem de Joe Erin pois queria ganhar a 'briga surda' com Gary Cooper na tela. Para isso passava horas treinando os malabarismos que aprendera a fazer com o revólver, sempre rodeado de atores e técnicos. Certo dia, enquanto Lancaster se exibia, Gary Cooper se aproximou e disse a ele: "Caramba, você está ficando muito bom nisso!" Lancaster que havia pago cinco mil dólares a um dentista para encapar todos seus dentes e possibilitar o faiscante brilho naquela sua risada inconfundível, sorriu e agradeceu.  Dias depois, antes de uma cena com Lancaster, Gary Cooper que tinha em sua filmografia uma longa lista de westerns sacou casualmente seu revólver, rodou-o para baixo e para cima, jogou-o para o alto, aparou-o com habilidade, jogou-o por trás das costas e aparou novamente a arma, rodou-a por mais alguns segundos com incrível velocidade e a encaixou com perfeição no coldre. Ajeitou então o chapéu e se afastou com sua característica discrição. Se tivesse olhado para trás teria visto os olhos esbugalhados de Jack Elam, a admiração de Ernest Borgnine, Charles Bronson e Jack Lambert e os dentes brilhantes de Burt Lancaster na boca aberta que ele não conseguia fechar.

FAROESTE ULTRAINFLUENTE - Apesar das diferenças políticas e de personalidade entre Burt Lancaster e Gary Cooper, os dois grandes atores se entenderam bastante bem durante os 80 dias que passaram em Cuernavaca, Chapultepec, Teotihuacán e Churubusco durante as filmagens de "Vera Cruz". César Romero disse que o ambiente alegre só ficava cinzento quando Lancaster se excedia, como quando em uma tomada quando tinha que empurrar Henry Brandon fazendo o ator alemão cair ao chão. Não satisfeito, Lancaster desferiu um humilhante e desnecessário pontapé no traseiro de Brandon (essa cena foi cortada na edição final). Houve ainda o incidente com Jack Elam que partiu aos socos para cima de Lancaster após ele ter debochado de seu defeito num dos olhos. Os problemas porém foram todos contornados e as filmagens chegaram ao fim no dia 12 de maio de 1954, resultando num western diferente de todos quantos se conhecia. Não sem razão, Sergio Leone era grande admirador de "Vera Cruz" e foi enormemente influenciado em sua trilogia pelo faroeste produzido por Lancaster. E não só Leone pois "Vera Cruz" foi determinante para todo o movimento cinematográfico que ficou conhecido como "Spaghetti-Western". Sem exagero pode-se afirmar que se não houvesse "Vera Cruz", os faroestes Made-in-Italy teriam de esperar um pouco mais para aparecer, assim como os tantos anti-heróis, todos herdeiros do Joe Erin criado por Burt Lancaster.

O VENCEDOR DO DUELO - Quando lançado em 11 de abril de 1955, "Vera Cruz" se transformou em imediato sucesso, não só nos Estados Unidos mas no mundo todo, principalmente na Itália, claro. Do orçamento inicial de 850 mil dólares, o custo final de "Vera Cruz" passou para um milhão e meio de dólares, mas a arrecadação no mundo todo, só no primeiro ano de exibição ultrapassou os dez milhões de dólares. Se Lancaster ficou satisfeito pois "Vera Cruz" é um faroeste com a sua cara (nos anos 50), Cooper teve um milhão e trezentas mil razões, todas depositadas em sua conta bancária para ficar ainda mais feliz. Com "Vera Cruz" Coop atingiu um salário jamais recebido até então por nenhum outro ator e teve direito ao top-billing nos créditos, ou seja, seu nome veio à frente inclusive do título do filme. Gary Cooper e Burt Lancaster criaram em "Vera Cruz" o que passou a se chamar de "buddy movie", filmes onde dois grandes astros (ou estrelas) do cinema dividiam conjuntamente as aventuras, como aconteceria anos depois em "Butch Cassidy e Sundance Kid" e mesmo com Brigitte Bardot e Jeanne Moreau em "Viva Maria!". E alguns dos melhores faroestes norte-americanos como "Os Profissionais" (The Professionals) ou a obra-prima"Meu Ódio Será Sua herança" (The Wild Bunch), beberam também de uma fonte chamada "Vera Cruz". Mas quem venceu afinal o grande duelo entre Burt Lancaster e Gary Cooper? Ora caro leitor, foi você quem venceu! Você, eu e todos os admiradores dessa espetacular aventura que foi o frenético, despudorado mas sempre fascinante faroeste "Vera Cruz".


24 comentários:

  1. Este Lancaster não era de brincadeira! Primeiro chama Cooper para enlevar o nome do filme, depois troca os papéis para ter mais aparição, já que Cooper, mesmo tendo seu nome no elenco principal, ganhara um Oscar no ano anterior e seu papel, fosse qual fosse, seria bom para a fita. Danado o sujeito! Esperto, ladino! Pelo menos teve a decencia, a auto critica de ver-se apalhaçado demais no copião e retirar seus excessos do filme. Menos mal, já que o homem assustava a todos no set.
    Leio reportagens como esta e me vem uma dor profunda no coração. Um sentimento de nostalgia bate de uma forma tão dolorosa, que chega a vir lágrimas nos olhos. Tudo isso ao imaginar a já não mais existencia destes grandes atores, desta gente que nos fizeram amar o cinema, destes astros que, mesmo com todos os seus defeitos (quem não os tem?), encheram vezes e mais vezes nossos corações de alegria e nos fez sair dos cinemas com suas imagens perambulando em nossas pupilas e fixas em nossas mentes.
    Doi ter a certeza de que não os temos mais, que não temos mais nada disso e que tudo é passado, nos sobrando ler matérias como esta para aplacar um pouco nossa melancolia.
    Verdade, amigo Darci; somente nós ganhamos com tudo aquilo que aconteceu durante as filmagens. Nos sobrou ainda VERA CRUZ e uma dor interminável!
    jurandir_lima@bol.com.br

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  2. Jurandir, você expressou exatamente o que sinto ao ver ou lembrar dos bons filmes da velha Hollywood.
    Uma sensação nostálgica indescritível me assalta ao lembrar dos grandes ícones da tela, como os dois principais atores de "Vera Cruz" ou ainda mesmo de seus espetaculares coadjuvantes, muitos deles mais tarde também ídolos de gerações, como Charles Bronson e Ernest Borgnine.

    Textos como esses tornam o Cinewesternmania uma das melhores coisas da internet. Muito obrigado, Darci!

    Edson Paiva

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    1. Olá, Édson. Concordo ipsis litteris, como se dizia nos tempos em que se aprendia Latim no Ginásio. Você é desse tempo? E obrigado pelas palavras incentivadoras.

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  3. Quando pensei que já li tudo sobre Burt Lancaster, vejo que ainda andou a faltar muitas coisas a seu respeito. Inegavelmente, foi um ator de grande potêncial e um talento incomparável. Mas em quesito humanidade era totalmente um zero. Mas como falou o nobre Jurandir acima, o cara não era de brincadeira e podia jogar sujo, mas indubitavelmente legou grandes interpretações que marcaram a história do cinema e requisitado por grandes cineastas, o que comprova ainda mais seu valor artístico.

    VERA CRUZ é sensacional, e apesar de tudo que houve durante sua produção.

    Valeu, Darci!!!

    Paulo Néry
    Filmes Antigos Club Artigos
    http://articlesfilmesantigosclub.blogspot.com

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  4. Muito boa a postagem. Vera cruz é um faroeste magnífico. Depois de ler esse material estou considerando tirar um tempinho pra rever essa pérola. Sempre achei que todo mundo se saiu bem aí, e o Lancaster, pra mim, está sensacional. Vou observar mais atentamente o duelo silencioso de que fala o Darci. Isso é só curiosidade de cinéfilo, porque concordo plenamente que já fomos grandemente premiados só com a realização do filme.

    Abraço!

    LeMarc

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    1. LeMarc, tenho certeza que você vai descobrir coisas novas. Nunca antes o cinismo no faroeste atingiu esse ponto. Não é para enaltecer, mas as pessoas são meio assim mesmo. Vera Cruz tem a ver com "Greed", de Stroheim e mais ainda com "O Tesouro de Sierra Madre" no tocante à cobiça, coisa dos mortais...

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  5. "VERA CRUZ é sensacional, e apesar de tudo que houve durante sua produção".

    Paulo, talvez "Vera Cruz" seja sensacional EXATAMENTE pelo que houve durante sua produção.
    São artistas como Burt Lancaster, com seu perfeccionismo, seu ego inflado e suas manias, que sempre legaram obras que ficaram na história do cinema. E não só do cinema.
    Uma breve passeio por biografias de músicos, escritores, cantores ou pintores confirma isso.

    Como fã do Lancaster desde sempre, as histórias contadas pelo Darci não abalaram minha estima por ele. Ele não devia mesmo ser uma pessoa fácil. Mas os relatos revelam um artista consciente e preocupado com seu trabalho. A ponto até mesmo de admirar outros atores em cena, reconhecer os próprios erros e tentar consertá-los.
    Enfim, um ser humano não muito diferente da média.

    Edson Paiva

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    1. Edson, evidentemente que também não esmoreceu minha admiração por Burt Lancaster. Gosto do trabalho dele e sei que ele era um profissional inigualável, no entanto procuro (pelo menos eu particularmente) separar as coisas.Talvez a história mais impactante sobre Burt é justamente aquela em que ele humilhou Jack Elam, e com toda razão este teve que ficar indignado com tal ato deselegante.Entretanto, venho à concordar que por traz de grandes filmes, há sempre bastidores onde a intriga, fofocas, e brigas, acontecem!

      Eu admiro, por exemplo, o cineasta William Wyler, e sei o quanto este baixinho era difícil. O nobre Darci já postou sobre os bastidores de DA TERRA NASCEM OS HOMENS, que considero entre os meus TOP-TEN! Espetáculo primoroso, conduzido com verdadeira maestria por um perfeccionista de primeira. Contudo, por traz deste grande filme, houve muitas discussões. Gregory Peck não se entendia com Wyler por causa de uma determinada cena, e Jean Simmons saiu desta produção com ódio mortal de Wyler (há quem diga que era despeito da atriz por não ter conseguido o papel da princesa em "A Princesa e o Plebeu", que acabou sendo de Audrey Hepburn). Wyler era mau humorado, mas naturalmente não devemos condenar um homem por isso, ainda mais quando se diz respeito ao seu legado para o cinema, assim como também não se deve condenar Lancaster por seu ego inflado e suas manias, pois afinal, como mesmo disse, um ser humano não muito diferente da média, com suas qualidades e seus defeitos como qualquer ser mortal.

      Paulo Néry

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  6. Olá Edson.

    Venho a concordar que os grandes clássicos foram produzidos por traz de incidentes desconfortantes, brigas, ou mesmo intrigas (não diferente o que pode acontecer em qualquer área de trabalho). O Darci já contou aqui em seu espaço maravilhoso o que ocorreu durante a produção de DA TERRA NASCEM OS HOMENS, que considero particularmente entre os meus dez westerns de minha preferência. Eu admiro trabalho de William Wyler e o estimo artisticamente, mas decerto era um homem bem difícil de trabalhar, e bem possível que se não fosse um perfeccionista ao extremo, não sairia grandes obras que tão bem hoje conhecemos. Houve tantos conflitos que Jean Simmons por muito tempo nem quis ouvir falar do filme ou de Wyler, de tanta raiva que ficou.

    Eu estimo Lancaster artisticamente, e mesmo pelas histórias aqui apresentadas pelo nobre Darci minha admiração pelo ator e por seu trabalho não esmoreceu. Só acho que se precisa separar o artista, o profissional, o ídolo do cinema... do homem.

    Mas enfim, como vc bem disse, era um ser humano não muito diferente da média, com qualidades e defeitos como qualquer outro mortal.

    Paulo Néry
    Filmes Antigos Club Artigos
    http://articlesfilmesantigosclub.blogspot.com

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  7. Perfeitas, as posições de muitos leitores, que não vou citar nomes porque são muitos e eles sabem de quem falo, assim como de comentaristas deste blog quando dizem:
    "Não fossem esses atores e diretores cheios de intransigencias, perfeccionismo e outros adjetivos mais, o cinema não seria protagonista de tantas obras magnificas como, por exemplo, estas que abordamos. Muito bem posto por estes comentaristas de visões e capacidades de por uma análise equilibrada, justa e cheias de sentido, e que, até como eu, enalteço a atitude auto critica de Lancaster ao se ver no copião e se achar um palhaço, diante do sério e natural trabalho que bom Cooper fazia. Então ele foi e retirou os excessos. Provas estas que o homem apenas era exigente, queria o melhor, zelava pelo bom cinema, além de almejar que seus filmes saissem bons e rendessem. Errado? Não. Certissimo.
    Então indago: quem não quer tudo isso? E para se trabalhar com um monte de pessoas, cada uma com sua personalidade diferente, ou procura-se se impor ante eles ou a vaca vai pro brejo. E deveria ser isso que Lancaster fazia; exigia, assustava, punha um certo terror no set, porém somente no zelo pelo que teriam que criar.
    Claro que ensejava aparecer mais nas fitas que os outros. Mas isto é uma outra coisa, pois faz parte de seu ego, sua forma de ser, que é algo muito individual. Da mesma forma que eles eram deste jeito, o Lancaster e Wyler, por exemplo, muitos atores e diretores não valorizavam ou exigiam muito de seus trabalhos. Resultado; nada, filmes inexpresivos, porcarias, insucessos, perda de dinheiro,etc,etc.
    Ou se luta pelo que se deseja ou morre-se na praia.
    jurandir_lima@bol.com.br

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  8. Jurandir, senti uma ponta de tristeza no seu comentário. Como você tem a minha idade, deve ter sido daqueles privilegiados que assistiram Vera Cruz no cinema. Se o filme é espetacular mesmo num televisor, imagine o impacto numa tela grande, cinema lotado e a expectativa que tínhamos quando um filme desses era lançado... E pouco depois de "O Pirata Sangrento".

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  9. Paulo, antes que fique uma impressão equivocada, Burt Lancaster é meu ator preferido em aventuras, dramas e faroestes. Tirando musical e comédias ninguém foi melhor que ele. Eu certa vez para mexer com um fã do Burt Lancaster disse a ele: "Eu jamais assisto filme desse ator!" Aí o camarada respondeu: "Não assiste uma vez só... Assiste duas, três ou mais vezes!" De fato, alguns filmes de Burt Lancaster eu assisti diversas vezes. Entre eles Vera Cruz e a cada revisão parece que fica melhor. Um abraço e obrigado pela ajuda com as ferramentas do Blogger.

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  10. Jurandir, senti uma ponta de tristeza no seu comentário. Como você tem a minha idade, deve ter sido daqueles privilegiados que assistiram Vera Cruz no cinema. Se o filme é espetacular mesmo num televisor, imagine o impacto numa tela grande, cinema lotado e a expectativa que tínhamos quando um filme desses era lançado... E pouco depois de "O Pirata Sangrento".

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  11. Darci, creio ser de uma geração mais recente. Fui garoto nos anos 80 sou de 1966). Mas via todos os Corujões da Globo e era apaixonado pela Hollywwod dos anos 40 ao 70. Apesar de ter aula no colégio de manhã, colocava o despertador para me acordar na madrugada para ver os grandes clássicos. Enquanto boa parte de meus amigos era fã de Stallone e Schwarzenegger (nada contra, até aprecio alguns de seus flmes) eu tinha como ídolos Gary Cooper, Henry Fonda, Randolph Scott, John Wayne, Bette Davis, Katharine Hepburn, Humphrey Bogart, Burt Lancaster e diversos outros. Poucos deles consegui ver na tela grande do cinema. Mas não perdia nunca seus filmes na tv. Era um fã meio fora da minha geração. E ainda hoje, mesmo gostando dos novos ídolos e vendo seus filmes, continuo fiel aos dos velhos tempos. Que eram, em minha opinião, muito melhores. Tinham mais carisma, mais charme, mais elegãncia. Pelo menos a magia do cinema assim fazia parecer. Seus filmes nos faziam sonhar mais.

    Edson Paiva

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  12. Rapaz!!! Pela forma com que você fala do universo western, com muita propriedade, pensei que você fosse daquela turma que ainda pegou os clássicos do faroeste no cinema, até antes da Europa produzir mais westerns que os Estados Unidos. Mesmo ainda 'jovem' você fala como um veterano, Édson. É admirável que pessoas como você, o Ivan e outros tenham esse amor pelo faroeste. Um abraço.

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  13. Agradeço-lhe as palavras gentis, Darci.
    Creio que minha geração foi a última a ter contato com os faroestes. Até meados dos anos 80 eles eram presença constante na tv. E nas bancas de revistas. De onde, aliás, conheci Tex Willer, que coleciono até hoje. Mas lembro que aos 5 ou 6 anos de idade um tio me deu de presente uma estrela de xerife e um revólver de espoleta. Até hoje os considero os mais marcantes presentes que já recebi.

    Engraçado como os tempos mudam, nâo? Naquele tempo esses eram os presentes mais desejados por um garoto. Hoje nem se vende mais esses revólveres sob o pretexto que incentivariam a violência. E mesmo sem eles a garotada de agora é muito mais agressiva. Vai entender, nê!!!
    Sou professor de História e lido cotidianamente com jovens. A cada turma nova, no início de cada ano, peço que levante a mão quem já viu um western. Raramente, numa turma de 40 alunos, 1 (UM) atende ao pedido. E quando acontece é porque viu casualmente na casa de um avô ou de tio mais velho. É quase inacreditável que um dia os cinemas e os horários de tv praticamente eram insuficientes para tantos westerns a serem exibidos.

    Eu só não lamento a situação, Darci, porque o VHS, o DVD e agora a internet, permitiram que o gênero western continuasse vivo.
    Mas chega de nostalgia! Para nós fãs o velho bang-bang nunca morreu e estará conosco sempre.

    Um abraço,
    Edson Paiva

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  14. Édson, no meu tempo de criança, década de 50, os moleques brincavam de mocinho e bandido com revólver e cartucheira na... RUA. Hoje a garotada não pode sequer sair à rua.
    Essa sua constatação em sala de aula é estarrecedora mas só pode ser verdade pois o western é um gênero praticamente morto no cinema e as raras exceções anuais apenas comprovam a regra. É uma pena pois é um gênero riquíssimo com incontáveis possibilidades estéticas. Nem mesmo a TV exibe faroestes mais, a não ser um ou dois canais a cabo. Hoje o TCM exibiu Consciências Mortas, filme que vale por toda a programação de muitos canais da TV a cabo. Falar da baixa qualidade de programação TV aberta então já é redundância. Vivemos os tempos desse famigerado BBB.
    agora mesmo estava lendo algo sobre Maria Schell, a atriz vienense e ela disse a frase "o que lembro, possuo". Vamos então relembrar nossos filmes e artistas queridos.
    Um abraço do Darci

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  15. Gostei muito de Vera Cruz, excelente filme, e gostei também da análise do filme neste blog.Só fiquei com uma dúvida, porque foi tão diferente o final,o Burt simplesmente não quer enfrentar o Gary Cooper e acaba morrendo no falso duelo? seria um ato moral ou imoral da parte dele, assisti apenas uma vez na tv e não repeti a cena, mas é um filme memorável.Ah, outra coisa, antigamente, os filmes tinham muito sobre ex confederados, confederados, yankees, etc..ou seja, tinha os dois lados da moeda, da guerra civil, mas hoje em dia,o cinema politicamente correto coloca os confederados sempre com os vilões, etc;..mas antes era algo até idealista, etc.
    Henrique

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    1. Henrique, alguns confederados desvirtuaram a luta inglória do Sul formando grupos como o de Quantrill que eram simplesmente bandidos. Mas há inúmeros filmes que mostram o Sul de forma bastante simpática. Vale a pena conhecer 'Deuses e Generais' e mais ainda 'Anjos Assassinos' (Gettysburg), ambos sobre a Civil War. - Darci

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  16. Darci, obrigado pelas dicas dos filmes, mas com relação ao duelo final de Vera Cruz, não entendi bem o que porque o Burt se deixou matar no duelo?
    obrigado

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    1. Olá, Henrique - Em nenhum momento, no meu entender, Joe Erin dá a entender que se deixaria matar. E ele sucumbe no duelo porque Ben Trane foi mais rápido. Na sequência imediatamente anterior Erin consegue a preciosa informação de onde está o ouro com o qual ele pretende ficar, mesmo traindo a todos que nele confiaram. Inclusive Joe Erin consegue disparar contra Ben Trane não o atingindo porém. - Darci

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  17. Darci, obrigado! como vi na TV, achei que tinha sido outra coisa, que ele se deixou morrer!! de qualquer forma, vendo estes filmes, dá pra ver que cinema era uma arte antigamente, hoje tem mais efeitos especiais, cenas intermináveis de ação, mas antes o ator tinha de compensar tudo com seu talento, ou seja, o ¨fator humano¨é que contava mais.
    Henrique

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  18. Darci,
    Poucos anos depois, John Ford reuniu Wayne e William Holden em Marcha de Heróis. Na época, li na revista Cinelândia que, antes de começarem as filmagens, Ford advertiu Holden pra não tentar superar Wayne na interpretação, evitando o que, segundo o grande diretor, Lancaster fizera em relação aCooper, em Vera Cruz. Para Ford, a atitude de Lancaster causara prejuízo ao filme. Francisco Sobreira

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  19. Francisco, é curiosa essa informação pois por ocasião da filmagem de 'Marcha de Heróis' o prestígio de Bill Holden era muito grande e ele recebeu salário maior que o de Wayne, além de participação nos lucros do filme. Segundo consta a negociação do contrato de Holden foi algo nunca visto, com um número enorme de advogados participando da elaboração do contrato. Está certo que John Ford falava o que queria, mas sabia do conceito de Holden naquele momento. Lancaster insistiu sempre que Gary Cooper teve uma atuação extraordinária em 'Vera Cruz', mas foi Burt quem roubou o filme, de longe... - Abraço do Darci.

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