UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

18 de agosto de 2011

O CONFRONTO VERDADEIRO ENTRE JACK ELAM E BURT LANCASTER


Burt Lancaster foi um dos grandes atores do cinema. Sua amizade com Nick Cravat é bastante famosa, mais ainda pela generosidade com quem tratou o amigo dos tempos em que trabalhavam no circo e formavam a dupla de acrobatas ‘Lang & Cravat’. Sempre que possível Lancaster colocava Nick Cravat em seus filmes e Nick atuou em nove filmes estrelados pelo amigo Lancaster, os mais famosos “O Gavião e a Flecha” e “O Pirata Sangrento”. Esse lado generoso de Burt Lancaster é bastante conhecido, assim como seu profissionalismo. O que poucos sabem é que ele era o terror dos diretores pois intrometia-se no trabalho de todos eles porque queria que os filmes saíssem melhores. No início dos anos 50 Burt Lancaster era uma mais brilhantes estrelas de Hollywood e o sucesso não deixou de lhe subir à cabeça conseguindo com seu temperamento algumas inimizades eternas. Entre essas inimizades conta-se a de Jack Elam. O atrito entre os dois começou quando das filmagens de “Vera Cruz”. Lancaster no auge da fama depois do sucesso de “Apache” e de “O Pirata Sangrento”, enquanto Jack Elam era um ator ainda pouco conhecido. Certo dia Lancaster levou a esposa Norma e seus cinco filhos à locação em Cuernavaca, onde estava sendo filmado “Vera Cruz”. Ao aproximar-se de Jack Elam, Lancaster disse para seus filhos: “Papai agora vai lhes mostrar o homem mais engraçado do mundo... Olhem para os olhos dele...” E começou a rir com aquela risada que o cinema tornou mundialmente conhecida. Jack Elam, como não poderia deixar de ser, ficou visivelmente aborrecido, mas como Burt Lancaster estava com os filhos preferiu ficar em silêncio. No dia seguinte, quando se preparavam para filmar uma sequência, Jack Elam disse a Lancaster: “Não gostei daquilo que você fez comigo!” Burt Lancaster respondeu: “Mas você é feio mesmo...” e começou a rir. Surpreendentemente Jack Elam partiu aos socos para cima de Lancaster que era um pouco mais forte mas não conseguiu conter a ira de Jack Elam. Gary Cooper, Charles Bronson, Ernest Bognine e Robert Aldrich que presenciavam a discussão separaram os dois antes que se machucassem seriamente. “Vera Cruz” foi finalizado em ambiente tenso com a maioria sendo solidária a Jack Elam.
Wyatt Earp dispara contra McLowery

Burt e Jack não voltaram mais a se falar. Ambos com longa carreira só voltaram a trabalhar no mesmo filme quando atuaram em “Sem Lei e Sem Alma”. Burt Lancaster não conseguiu vetar a pequena participação de Jack Elam como ‘Tom McLowery’ uma vez que o filme foi produzido por Hall B. Wallis, com quem Burt Lancaster também estava estremecido. Em “sem Lei e Sem Alma” Jack Elam e Lancaster fazem apenas uma cena juntos que é quando Wyatt Earp atira e mata Tom McLowery. Burt Lancaster era o mais importante produtor independente de Hollywood com sua companhia Hecht-Lancaster, mais tarde Hecht-Hill-Lancaster, onde citar o nome de Jack Elam era terminantemente proibido. Mas trabalho foi o que nunca faltou para Jack Elam que podia não ser um Apolo como Burt Lancaster, mas era um tipo característico marcante, um excelente ator e um das pessoas mais queridas da comunidade cinematográfica norte-americana.

12 comentários:

  1. Tô pasmo, Darci, tinha outra impressão de Burt, um dos meus atores favoritos. Vivendo e aprendendo.
    Estou com o DOSSIÊ GRETA GARBO. Apareça! Abração,

    O Falcão Maltês

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  2. Antônio, também me assustei a princípio com a atitude do Burt Lancaster. Mas no fundo não dá prá saber em detalhes o que aconteceu.
    Apesar da narrativa saborosa, como sempre, do Darci, o que temos é uma versão dos fatos.
    E quem de nós pode dizer que nunca cometeu um erro ou uma atitude desagradável ou ainda um ato desrespeitoso contra alguém? Sem querer ou por imaturidade?

    Enfim, temos aí dois grandes e lendários atores em um momento de incompreensão. E mais uma curiosa história de bastidores que não conhecíamos.

    Ah, e o Lancaster é um dos meus atores preferidos de sempre. Em westerns ou qualquer outro gênero. Revi semana passada a "Os Profissionais". Num elenco sublime, é ele quem se destaca mais. Um monstro sagrado absoluto do cinema.
    Em minha opinião, Burt Lancaster merecia muito mais reconhecimento que Marlon Brando, por exemplo, de quem também gosto muito. Mas no cinema não são só belas interpretações que fazem a fama de um ídolo mas também sua vida fora das telas, não?

    Edson Paiva

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  3. Darci Fonseca - CINEWESTERNMANIA19 de agosto de 2011 às 08:02

    As biografias de Burt Lancaster 'Against Type', de Gary Fishgall e 'Burt Lancaster - An American Life', de Kate Buford não tocam no assunto, assim como 'Burt Lancaster - The Man and His Movies', de Alan Hunter. A referência ao episódio está em 'Ernie, the Autobiography',escrita por Ernest Borgnine.

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  4. Darci, essa autogiografia do Borgnine é o meu sonho de consumo desde que foi lançada. Pena que não sei inglês o suficiente para lê-la. Espero que um dia seja publicada aqui.
    Ou na Itália pois em italiano eu "dou minhas cacetadas", como diria o velho Didi Mocó.

    Edson Paiva

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  5. Grandissimo Edson. Il Signore Borgnine era in verità Borgnino i suoi famiglia era venuta del nord d'Italia, della città di Ottiglio, prosima di Torino, piemontese. Me sembra possibile que questa biografia puo essere publicata in Italiano. Saluti, amico.

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  6. Deus lhe ouça, Darci. A origem dos pais do Bornigne podem colaborar mesmo para que tal publicação aconteça. Aí ficarei "troppo contento".

    Um "off-topic" rápido. Aprendi um pouco de italiano (apenas leitura) com os famosos gibis do TEX. Fã incondicional do personagem, após possuir toda a coleção brasileira resolvi adquirir uns exemplares italianos. Apenas para enfeitar a coleção.
    Resultado: hoje tenho a coleção italiana completa também.

    Aliás, lembro que o "Clube Amigos do Western" apareceu em duas edições antigas de Tex, (nº 270 e 271) no início de 1992. Você já fazia parte do grupo naquele tempo?
    E já leu algum gibi do Tex ?

    Edson Paiva

    P.S. Desculpe por ter desviado a conversa para outras bandas, meu amigo.

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  7. Édson, se não estou enganado a revista Tex focalizou o CAW em três edições. Preciso verificar no material que ainda possuo pois descartei muita coisa. No grande evento de 1991 no SESC Pompéia, eu fui à exposição mas ainda não frequentava o CAW, o que comecei a fazer no ano seguinte. Já na Mythos, em 2005, houve um coquetel numa livraria da Al. Jaú e estivemos lá a caráter, inclusive o Dionísio Nomellini. Acredito que ainda possua dois almanacos publicados na Itália. De 20 a 28, em Santo André ocorrerá a exposição Quinhentas Edições de Tex. Entre no site do Tex.

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  8. Como é bom falar e fazer comentários sobre nossos herois e idolos de tempos idos. Melhor ainda ficar conhecendo seus problemas, principalmente os ocorridos exatamente à época em que os descobriamos e os idolatrava.
    Hoje podemos analisar e concluir que eram homens como nós, sujeitos a fraquezas, iras, rancores, sofrimentos, dores e todo o tipo de sentimentos dos quais nós todos experimentamos e passamos. jurandir_lima@bol.com.br

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  9. Darci, tentei encontrar a 3ª participação do CAW em Tex mas não consegui. Talvez tenha acontecido no nº 272, o único, ao redor dos já citados acima, que não consegui achar pois a coleção está toda fora de ordem.

    Acompanho o Texbr e estou ciente da exposição em Sto. André a que, infelizmente, não poderei comparecer.
    Darci, bom saber que você conhece Tex, o único gibi de bang-bang que ainda resiste nas bancas. E com muita vitalidade.

    Voltando ao Borgnine, não tem como não gostar do sujeito. São inúmeros personagens ao longo de décadas nas telas. Sendo co-protagonista ou mero coadjuvante, ele sempre nos brindou com bons desempenhos. E está na ativa, com muitos filmes nos últimos anos apesar da idade já longeva.

    Jurandir, concordo contigo. Poder saber desses momentos de nossos ídolos é muito prazeroso. Esse site é um verdadeiro tesouro.

    Edson Paiva

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  10. Já li um comentário, em que, no filme Sem lei e Sem Alma, o Burt Lancaster teve uns pequenos atritos com o Kirk Douglas, exatamente por achar que era o maioral das artes cênicas e queria ensinar ao Kirk, o seu papel no filme

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  11. Kirk e Burt tinham muitas diferenças, mas pode-se dizer que foram amigos, especialmente quando moravam próximos e seus filhos brincavam juntos. Burt sempre debochou do fato de Douglas ter de usar saltos elevatórios para ficar mais alto. Tanto um como o outro tinham personalidades muito difíceis e judaram muito dos diretores, especialmente quando produziam os filmes.

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