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21 de agosto de 2011

"EMBOSCADA PARA BILLY THE KID" (Billy the Kid Trapped) - O FIM DO BANDIDO NOS "Bs"


A PRC – Producers Releasing Corporation – era um dos mais pobres estúdios de Hollywood. Especializado naquele tipo de filme que só mesmo com muita boa vontade pode ser chamado de “B”. Mas foi dali que saiu, em 1945, o cult “Curva do Destino” (Detour), dirigido por Edgar G. Ulmer. Mas que ninguém espere algo parecido de um dos 214 filmes dirigidos por Sam Newfield e mais ainda se for um western. Sam Newfield, cujo verdadeiro nome era Samuel Neufeld, muitas vezes dirigia filmes usando os nomes de Sherman Scott e Peter Stewart. Era irmão de Sigmund Neufeld quem administrava o pequeno estúdio com mão de ferro na base da mais extrema economia. Sam Newfield dirigiu em 1942 “Emboscada para Billy the Kid” (Billy the Kid Trapped).

Al St. John
BILLY THE KID NA CADEIA - Na série ‘Billy the Kid’, o lendário personagem era um cowboy injustamente acusado de crimes e que tentava provar sua inocência praticando sempre o bem, colocando na cadeia os foras-da-lei. E em “Emboscada para Billy the Kid” não é diferente, com o roteiro de Joseph O’Donnell repetindo a conhecida fórmula de ser atribuído ao herói os assaltos a diligências que vêm sendo cometidos. Billy the Kid (Buster Crabbe) e seus companheiros Fuzzy Jones (Al St. John) e Jeff Walker (Bud McTaggart) são procurados porque três bandidos usando roupas iguais às suas cometem os assaltos. A intenção é incriminar Billy e seus amigos para condená-los. Esse plano engenhoso foi urdido por Boss Stanton (Glenn Strange), o chefão dos bandidos que atua em conjunto com o juiz da cidade (Milton Kibee). No final Billy the Kid e seus amigos conseguem desmascarar os bandidos trazendo a tranquilidade para Mesa City.

ELENCO DE PRIMEIRA - O melhor de “Emboscada para Billy the Kid” é a presença do elétrico sidekick Al St. John um dos melhores e mais engraçados ‘bobocas’ dos westerns em série. Buster Crabbe tem apenas uma cena de fistfights para mostrar que ele era bom de briga, além de simpático, sempre sorridente. O atlético Buster Crabbe era um mocinho bastante agradável de se ver e juntamente com Al St. John compensava a total inadequação de Bud McTaggart que completava o trio. Entre os bandidos está Glenn Strange, desta vez de terno e gravata, em nada lembrando o bartender ‘Sam’ do seriado “Gunsmoke” da TV. Glenn Strange atuou em nada menos que 229 episódios dessa que foi a mais bem sucedida série da TV norte-americana. Outros malfeitores são os conhecidos George Chesebro e Jack Ingram. Ted Adams desta vez é um xerife baleado em pleno peito e que tem o projetil extraído com uma faca, no meio do mato, por Billy the Kid. A cirurgia foi tão perfeita que no dia seguinte o xerife já está à postos atrás dos bandidos. Perdida entre mocinhos e bandidos está Sally Crane interpretada por Anne Jeffreys em sua estréia no cinema.



UMA ESTRANHA NO NINHO - Anne Jeffreys tinha apenas 19 anos quando foi lançada em “Emboscada para Billy the Kid”. Logo em seguida tornou-se a mocinha de Bill Elliott em seis de seus westerns na Republic. Atuou ainda em faroestes B com Robert Mitchum e em dois policiais “Dick Tracy” com Ralph Byrd. Em 1948 Anne Jeffreys interpretou a bandida ‘Cheyenne’ em “A Volta dos Homens Maus” (Return of the Bad Men), com Randolph Scott. O verdadeiro talento de Anne Jeffreys vinha sendo, de certa forma desperdiçado em filmes de pequeno orçamento e dirigidos ao público pouco exigente das matinês, pois Anne era uma cantora de belos recursos vocais no gênero operístico. Depois de sua passagem pelo cinema Anne chegou à Broadway onde alcançou grande sucesso atuando em “Kiss me Kate”, musical com canções de Cole Porter baseado em “A Megera Domada”, de Shakespeare. Anne Jeffreys subiu ao palco nada menos que 887 vezes para interpretar a Katherine/Lili Vanessi. Essa peça foi levada ao cinema com o título de “Dá-me um Beijo”. Anne Jeffreys participou ainda de outros musicais encenados na Broadway e teve duas séries próprias de televisão. Nascida em 23 de janeiro de 1929, Anne Jeffreys ainda vive e está em plena atividade artística.

O FIM DE BILLY THE KID - A série ‘Billy the Kid’ foi produzida pela PRC, inicialmente com o mocinho Bob Steele como Billy the Kid. Quando Steele foi para a Republic Pictures, em 1940 para fazer parte do trio The Three Mesquiteers, foi substituído por Buster Crabbe que ficou no estúdio até 1946. Buster Crabbe fez um total de 36 filmes para a PRC doze deles como ‘Billy the Kid’, personagem que fazia bastante sucesso entre crianças e adolescentes. Devido a esse sucesso setores da sociedade começaram a pressionar a PRC pois não era admissível que o cinema transformasse um notório assassino como Billy the Kid em ídolo dos jovens. Sigmund Neufeld decidiu então transformar ‘Billy the Kid’ em ‘Billy Carson’, que foi o personagem que Buster Crabbe interpretou até se desentender com o avarento Neufeld e deixar a PRC em 1946. Só o cinema mesmo para conseguir a proeza de fazer o público a imaginar que o lendário William Bonney (Billy the Kid) pudesse um dia ter a imagem atlética e simpática de Buster Crabbe. Nas fotos à esquerda vemos acima o verdadeiro Billy the Kid e abaixo o Rei dos Seriados do cinema.

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