UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

7 de junho de 2012

“VERA CRUZ”, “RIO BRAVO” E “RASTROS DE ÓDIO” - WESTERNS QUE DESAGRADAM CRÍTICOS


“Vera Cruz, “Onde Começa o Inferno” e “Rastros de Ódio”
estão em muitas das listas do melhores faroestes de
todos os tempos e são admirados por quase todos os fãs
do gênero. Mas, por incrível que possa parecer há quem
 não goste desses filmes e os critique impiedosamente.

Cooper e Lancaster sem nenhuma etiqueta...
“VERA CRUZ”, UM SHOW DE SADISMO - Bosley Crowther foi durante 27 anos o principal crítico de cinema do mais poderoso jornal norte-americano, o “The New York Times”. Suas resenhas podiam levar um filme ao sucesso ou ao fracasso. Em 27 de dezembro de 1954 Crowther analisou “Vera Cruz” e massacrou o western de Robert Aldrich, dizendo, entre outras coisas que o filme era um melodrama barulhento, mal fotografado e que desperdiçou talentos potenciais. Disse ainda que “Vera Cruz” era uma atrocidade com desnecessária violência e que não havia muitas outras formas tão eficientes de torturar o público como esse show de sadismo repleto de clichês. Segundo Crowther, “Vera Cruz” era uma mera exibição de como os homens podem ser perversos, traiçoeiros e depravados. Sobre os atores principais o crítico disse que nem Gary Cooper e nem Burt Lancaster impressionam bem no filme e que Lancaster é um vilão imundo que faz acompanhar cada uma de suas mesquinharias com uma diabólica gargalhada. Finaliza dizendo que nada pode redimir “Vera Cruz”.

“RIO BRAVO”, O MAIS SUPERESTIMADO DOS FAROESTES – Paul Simpson é um autor de livros sobre cinema e escreveu “The Rough Guide to Westerns”. De forma abrangente e sucinta Simpson percorre toda a história do faroeste e seu alvo não é atingir os estudiosos do gênero e sim os que querem se iniciar no universo do Western. De modo geral Paul Simpson fala respeitosamente dos mais cultuados faroestes, mas ao chegar em “Onde Começa o Inferno” o autor desanca por inteiro o filme de Howard Hawks. Simpson lembra que “Onde Começa o Inferno” tem muitos admiradores mas que há uma minoria que o considera um faroeste superestimado que possui mais defeitos que qualidades. Diz que nem os cenários ou as excessivas sequências claustrofóbicas do filme se equiparam à grandeza de “Rio Vermelho”, do mesmo Hawks. Simpson adjetiva o filme como muito monótono, muito relaxado e muito vulgar. Diz que uma história tão pobre como aquela não poderia jamais render um filme de 141 minutos. O autor finaliza seu texto sobre “Onde Começa o Inferno” lembrando que muitos críticos escreveram persuasivos argumentos sobre as sutilezas do filme, mas que, segundo ele Simpson, deve-se apreciar um western sem necessidade de profundas elocubrações..

Lindsay Anderson e o ator
Malcolm McDowell em "If...".
INGLÊS ‘MUY AMIGO’ DE JOHN FORD - John Ford era o cineasta preferido de muitos cineastas, entre eles Orson Welles, Akira e Kurosawa e Lindsay Anderson. Para quem não se lembra de Lindsay Anderson, ele foi um diretor inglês que concorreu quatro vezes à Palma de Ouro, em Cannes, saindo-se vencedor em 1968 com o filme “Se...” (If...), estrelado por Malcolm McDowell. Anderson dirigiu 34 filmes entre 1948 a 1995, e “O Pranto de um Ídolo” (This Sporting Life), estrelado por Richard Harris, é um dos mais conhecidos. Lindsay Anderson acumulava a função de diretor de cinema com a de crítico cinematográfico e nunca escondeu a profunda admiração que tinha por John Ford. Anderson tornou-se amigo de Ford analisou toda a filmografia do mestre no livro “About John Ford”, um clássico absoluto da crítica cinematográfica. Apesar da grande amizade entre os dois diretores, a amizade era temporariamente abalada quando Lindsay Anderson não falava bem dos filmes de Ford. Se o irascível diretor norte-americano tivesse chegado a ler esse livro lançado em 1981 certamente nunca mais iria querer ouvir falar de Lindsay Anderson depois do que ele escreveu justamente sobre um dos mais admirados filmes de Ford, “Rastros de Ódio”.

“RASTROS DE ÓDIO”, UM FILME MENOR - Lindsay Anderson começa falando da trajetória de “Rastros de Ódio”, dizendo que de um filme praticamente ignorado pela crítica quando de seu lançamento chegou a atingir o status de obra-prima por parte de críticos, diretores e semiologistas. Em poucas linhas de um único parágrafo Anderson reconhece algumas qualidades em “Rastros de Ódio”, concluindo que o filme é um imponente trabalho de um grande diretor, mas nunca uma obra-prima. Em seguida, o escritor utiliza seis páginas escritas em tipo pequeno para desfilar argumentos excepcionalmente bem fundamentados com os quais mostra ao leitor que “Rastros de Ódio” é um filme menor na obra de John Ford. Anderson questiona o roteiro dizendo que não há nenhuma razão lógica para Martin Pawley acompanhar o tio Ethan Edwards em uma jornada de cinco anos na busca pela sobrinha, mesmo porque apenas gradualmente Martin percebe a secreta determinação de Ethan matar Debbie. E o filme falha, segundo Anderson, em não aprofundar psicologicamente o personagem de Martin Pawley, em não igualá-lo a Ethan Edwards na ênfase dramática do personagem. Crítica ainda o famoso gesto feito por John Wayne antes que a porta se feche ao final do filme, dizendo que o gesto fala mais de John Wayne e de Ford e de Harry Carey do que de Ethan Edwards.

JOHN WAYNE: EFEITO ESPASMÓDICO - E Lindsay Anderson segue desqualificando “Rastros de Ódio” lembrando que Ford afirmou a Peter Bogdanovich que Ethan Edwards era um solitário, quando a razão do seu profundo senso de exclusão é a clara indicação do amor entre ele e a cunhada. O problema é que ninguém menciona ou dá importância a esse fato (Anderson se esqueceu do olhar de reprovação do Reverendo-Capitão Samuel Johnston Clayton, foto ao lado). Falando de Ethan Edwards, Anderson taxa esse personagem de desigual e concebido desorganizadamente. E cita diversos exemplos, entre eles, a bipolaridade de comportamento quando Ethan e Clayton estão atirando nos índios na margem do rio. Num momento ele brinca com Clayton ao lhe passar um revólver (foto ao lado) dizendo que a arma está carregada; em seguida esbraveja com o reverendo quando este tenta impedi-lo de disparar contra os índios que bateram em retirada e estão distantes. Anderson chama de espasmódicos os efeitos dos close-ups dados em Ethan Edwards, especialmente aquele feito quando Ethan sai do posto militar onde foi procurar pelas meninas raptadas.

ATORES MAL DIRIGIDOS - Para Lindsay Anderson o nível de interpretações em “Rastros de Ódio” é desigual, ficando as boas interpretações com Ward Bond, Olive Carey e John Qualen. John Wayne e Jeffrey Hunter sofrem da mesma superficialidade. Vera Miles tem apenas agressividade, faltando-lhe o componente mais sentimental. Ken Curtis parece uma paródia com o sotaque texano e Harry Carey Jr. parece repetir as falas que lhe são sopradas fora da câmara. Anderson diz que Hank Worden interpreta o tolo-sabido Moss Harper de forma amadorística. No parágrafo seguinte Anderson diz que as interpretações ruins são resultado da direção de Ford, na qual faltou firmeza e consistência. Quanto ao estilo, “Rastros de Ódio” varia continuamente indo do poético ao farsesco, do sublime ao mundano e do convincente ao rotineiro. E nem pensar no tragicômico, estilo em que Ford era magnífico pois a justaposição de cenas dramáticas com outras pretensamente engraçadas se faz abruptamente e quase sempre entre Ethan Edwards e os demais personagens.
Nas fotos à direita: Ward Bond, Olive Carey e John Qualen.

FALTARAM A GRAÇA E A POESIA DE JOHN FORD - O arsenal de Lindsay Anderson parece interminável e o crítico comenta que as tão festejadas imagens de “Rastros de Ódio” funcionam mais pictórica que poeticamente. Critica também que a longa busca por diferentes regiões, no filme parecem não ter consumido mais que algumas poucas semanas e pateticamente ninguém envelhece durante esses anos, só Debbie. Lindsay Anderson cita a cruel função desempenhada pela Cavalaria no filme no ataque ao acampamento dos índios. As limitações de “Rastros de Ódio”, segundo Anderson, podem ser sintetizadas na coincidência ocorrida no casamento de Laurie em que Moss diz onde está o chefe Scar. Anderson finaliza o longo capítulo dedicado a “Rastros de Ódio” escrevendo que há muito de Ford nesse faroeste, muito de seu talento, da ambiguidade que magicamente coloca em seus filmes. Mas em meio a tudo isso não se acha o senso de harmonia, de firmeza e fé e mais que tudo, não se acha a graça e a poesia dos melhores trabalhos de John Ford. Apesar das críticas contidas em “About John Ford”, o conceito de “Rastros de Ódio” nunca parou de aumentar, sendo considerado em quase todas as enquetes o melhor western de todos os tempos.

John Wayne: efeito espasmódico, segundo Lindsay Anderson.

19 comentários:

  1. Darci, quais os filmes de Ford, faroestes ou não, que Lindsay Anderson aponta como superiores a Rastros de Ódio?

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  2. Ivan - Pelo que pude perceber as preferências de Lindsay Anderson estão nesta ordem: Paixão dos Fortes - O Homem que Matou o Facínora - Legião Invencível - Caravana de Bravos - No Tempo das Diligências - Rio Grande. Ele não comenta os filmes do cinema mudo. Para Anderson o grande filme de John Ford não é um western e sim o drama de guerra Fomos os Sacrificados (They Were Explendable), ao qual ele sempre se refere. Na última lista que Lindsay Anderson fez (ele morreu em 1994) para a enquete decenal da Sight and Sound, em 1992, ele relacionou apenas Fomos os Sacrificados entre os dez melhores filmes de todos os tempos. Está na lista também Era Uma Vez em Tóquio. E não é que o modesto Lindsay Anderson relacionou também um filme chamado If..., que por acaso ele próprio dirigiu... Perde um pouco o crédito, não é mesmo? - Darci

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  3. Curta e brilhante postagem, Darci! Digna de um verdadeiro cowboy. Ela passa para além da anuência com o que está posto. Mostra que há saudáveis divergências, embora que possam ter motivações pouco salutares. Dos três filmes citados aquele por que tenho menos apreço é Rio Bravo. Concordo com boa parte do que diz o crítico. Acho Rio Vermelho muito melhor que Rio Bravo. Sem dúvida é um filme superestimado, a meu ver. Mas os três são sim bons filmes, apesar de algumas falhas. The Searchers é o mais sofisticado dos três, e Vera Cruz uma deliciosa aventura, com clichês realmente, mas que oferece uma leitura bem interessante sobre alguns comportamentos do homem. Talvez, o fato de não seguir o modelo clássico tenha chocado alguns críticos. Mas, como sempre digo, são todos western e já saem na frente. Ah, tenho que dar uma olhada nesse If...

    Abraço!

    Lemarc

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  4. Vinicius - Bosley Crowther escreveu seu artigo em 1954, portanto deve-se considerar que Vera Cruz tenha se excedido em mostrar os homens como muitos deles sempre foram através dos tempos. O público adorou pois foi um enorme sucesso. E os esboços dos personagens de Sergio Leone parecem ter saído sempre daqueles de Vera Cruz (Lancaster, Borgnine e até Bronson já com sua harmonica de boca). Gosto de tudo em Rio Bravo. Costumo dizer que é o Cantando na Chuva dos faroestes.Já Rastros de Ódio faz pensar naquela assertiva de Pauline Kael: obras de arte nunca são perfeitas. O problema é que Rastros de Ódio tem mais imperfeições do que se poderia permitir e ainda assim é um western que se encaixa na categoria da tal obra de arte de que fala a exigente Pauline Kael. Lindsay Anderson tem um outro livro muito apropriadamente chamado Never Apologise (Nunca se Desculpe). Nesse caso deveria sim pedir desculpas pois conhecia bem John Ford, não apenas por haver se intoxicado com toda a filmografia do Mestre das Pradarias, mas e principalmente por saber que no caso de Rastros e Ódio, Ford nunca quis fazer nenhum filme precioso, brilhante, que entrasse para a história do cinema como um marco do gênero. Mesmo assim, Anderson reconhece que é um trabalho imponente e digno de um grande diretor.
    Um abraço - Darci

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    1. Darci,

      Realmente eu esperava muito de Rio Bravo quando o assisti e me decepcionei um pouco. Talvez isso explique algo. Mas, talvez o motivo seja mesmo o fato de eu ser apenas um cinéfilo bem amador e o fato de eu tê-lo assistido depois de já ter visto a maioria dos filmes do velho Duke, inclusive o posterior Eldorado, do mesmo diretor, com o qual divide algumas semelhanças. Também o vi uma única vez. Claro que está na lista das revisões, bem mais atentas, claro, para me certificar do que vi. Os filmes de que tenho feito esse tipo de revisão, em geral, têm se mantido com poucas alterações na minha avaliação, mas sinto que Rio Bravo merece essa nova passada de vista. Hoje, penso que Rio Bravo tem um belo roteiro, é enxuto, mas falta-lhe alguma coisa fundamental. Realmente não o coloco entre os 20 maiores, por exemplo. Entre os critérios para que eu coloque um western na lista dos meus melhores, simplificando, já que não entendo mesmo do assunto, é o quanto ele contribuiu para que eu me rendesse ao cinema. Fui apanhado pelo western em boa parte pelo que tive contato com filmes como Red River, com os de Ford, encabeçados por The Man Who Shot Liberty Valance, Shane, High Noon, os de Leone, Mann...

      Abraço!

      Lemarc

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  5. Puxa vida! Esses criticos sacam e atiram mesmo! E atiram para matar e não para amedrontar!
    Não gosto de me guiar por opiniões desses que se nomeiam grandes conhecedores de cinema. Isso porque não entendo como, nem porque eles podem entender mais de cinema que nós, também, e muito assiduos, cinéfilos.

    São apenas suas opiniões e que temos que ler por sairem em jornais e revistas, enquanto o que dizemos ou comentamos tem de ficar restritos a estes blogs que muitos menos têm acesso ou conhecem.

    De qualquer modo todos têm o direito de dizer o que quer. E dizer é uma coisa muito diferente da realidade que outros entendem como verdade.

    Claro que todas obras, em qualquer tipo de arte, estão sujeitas a algum tipo de imperfeição, já que ninguém é infalível nem erra por querer errar.
    Mas daí a tudo isso que acabo de ler aqui, "eu", dentro de minha concepção aceitar, é algo muito diferente.

    Não vi Fomos os Sacrificados, que deve ser sim, uma boa obra do Ford. Porém, ainda insisto em considerar seu melhor trabalho fora do genero western, Vinhas da Ira, enquanto vejo em Rastros de Odio e O Homem Que Matou o Facinora seus melhores westerns.

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  6. Grande Darci, como vai?
    Cara, Maio nunca foi um mês muito bom para mim, esse ano mais uma vez pude concluir isso.... Correrias relacionadas a universidade, novo trabalho e outros pequenos problemas contribuíram com meu "sumiço" do meu blog e dos meus amigos, mas enfim, estou de volta...
    Fantástico seu post,
    Eu sou bem radical em minha opinião sobre críticos, para mim eles e NADA são as mesmas coisas.
    Note que TUDO que em sua época de lançamento foi mal aceito ou detonado pela crítica, com o passar dos anos foi se transformando em verdadeiros clássicos, já outros que eram bem aceitos se perderam nos efeitos do tempo e no gosto do público.
    Os três faroestes em questão são ótimos e a opinião sobre eles dada por esses srs são absurdas, mas enfim.... falar mal e criticar é fácil, vamos dar uma câmera na mão desse povo e ver o que eles fazem?!

    Grande abraço e apareça...

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  7. Jefferson - Discordo de você. Embora eles irritem bastante, são uma espécie de mal necessário. Nos ajudam a descobrir nuances não percebidas em filmes e só não podemos fazer de suas palavras a única verdade. Praticamente todos têm lá suas idiossincracias e cabe a nós, justamente, aproveitar o melhor do que eles falam ou escrevem. Além disso, cada um de nós não deixa de ser um crítico...
    Um abraço - Darci

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  8. Vinicius - Que história é essa de cinéfilo bem amador. Todo aquele que ama o cinema e assiste mais que dois filmes por semana é um cinéfilo. Uns nasceram antes e assistiram a mais filmes, outros mais jovens têm, como não poderia deixar de ser, um certo déficit. Lendo tudo que você escreve e mesmo sua colaboração com o Westerncinemania posso lhe assegurar que você é um cinéfilo e dos bons, com invejável sensibilidade e uma facilidade fantástica de escrever com elegância, clareza e objetividade. Rio Vermelho não possui a calidez de Rio Bravo. Já perdi a conta das vezes que vi Rio Bravo e, incrível, cada vez com maior prazer.
    Darci

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  9. Jefferson;

    Dou as boas vindas ao amigo e registro que, se não andar não come. Tem mesmo de cair para cima pois, somente a partir daí algum resultado positivo advirão.

    E sobre estes criticos, é como falou; que eles peguem uma camara e vamos ver que resultados virão. Ora, amigo; não tem coisa melhor que falar. E, se falar mal, melhor ainda para eles. Quer dizer: assim eles imagimam.
    Abraço companheiro
    jurandir_lima@bol.com.br

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  10. Darci;

    Vendo a coisa por este angulo que colocas, pode sim se tirar proveitos destes criticos, e que nós também o somos, sem duvida.

    Mas não deixa de ter razão o Jefferson quando diz o que diz. Mas, que eles são um mal necessário, isso é. De uma forma ou de outra sempre tiramos algo das idiitices que dizem.

    Afinal tudo neste mundo tem algum proveito, não é verdade?
    jurandir_lima@bol.com.br

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  11. Darci?

    Não consegui localizar nesta postagem o trecho do Vinicius onde você lhe responde! Já revi todos os comentários mais de uma vez e não vejo nada do Vinicius por aqui.
    jurandir_lima@bol.com.br

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  12. Jurandir - O Vinicius é o próprio Vinicius LeMarc. Lindsay Anderson foi um dos mais conceituados diretores ingleses da segunda metade do século passado. Portanto pegou na câmara também. Foi um dos poucos críticos que conseguiram se aproximar de John Ford, que detestava críticos.
    Darci

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  13. Não é difícl criticar de forma negativa qualquer filme ou obra artística. Afinal a crítica depende do olhar e das idiossincrasias de cada um. É até salutar vermos filmes tidaos como definitivoas em seu gênero serem ocasionalmente "espinafradas". Como diz o Darci, ajuda-nos a perceber idéias ou detalhes que passaram batidos.
    Dito isso, tudo ok. Agora, concordar com o que foi dito já são outros quinhentos, não? O que importa é se a crítica faz sentido para nós. E nas críticas acima não percebi nada que pudesse causar uma única mancha nos filmes citados.

    Draci, a matéria foi bastante interessante. Sempre que tiver algo semelhante sobre nossos westerns preferidos por favor publique. Mais que os elogios de sempre esse tipo de matéria até reforça as qualidades que admiramos em nossos filmes pois se nem mesmo críticos renomados nos convencem é sinal que os filmes realmente são os melhores.

    Edson Paiva

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  14. Paiva;

    Mesmo porque, conforme já citamos eu e o Darci, criticos nós também o somos, de uma maneira ou de outra, não é isso mesmo?

    E lembrando uma frase sua, da qual sempre sorrio quando me recordo, "ainda bem que não trucidamos os criticos destes 3 classicos, não?"
    Pelo que tenho lido nos comentários, nós podemos nos considerar bastante civilizados ao ler o que lemos na postagem e manter um posicionamento classico, adequado, educado e consciencioso.

    O máximo que dissemos das criticas acima foi que "cada um diz o que sente, o que pensa, cada um critica conforme seu ponto de vista". Jamais caimos sobre eles com as virulentas armas com que eles cairam sobre Vera Cruz, Rio Bravo e Rastros de Ódio.

    Aprecio por demais este nosso civilismo, essa nossa visão sobre aqueles que criticam. Isso é riqueza de caráter.
    E você, mais que todos, foi bastante consciencioso quanto ao que disseram, compreendendo que criticar não passa de mais uma visão de alguém sobre a obra de outro alguém, e acrescentando que não captou nada nos comentários que manchasse nenhum dos tres classicos. O que não deixa de ser uma pura verdade.

    E como eu fui mais carregado no meu comentário que o amigo, o parabenizo por este rápido e equilibrado estilo de pensar.
    jurandir_lima@bol.com.br

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  15. Lemarc;

    Me desculpo com o amigo por desconhecer que o Vinicius, a quem o Darci se referiu, ser o mesmo Lemarc com quem tantas vezes dialoguei.

    Mas, endosso aqui o que disse o Darci, já que apanho nos seus comentários, igualmente como ele, muita harmonia e equilibrio.

    A respeito dos filmes que cita como mais elaborados para você, acaba de mostrar uma reação tipica de quem vê cinema com respeito e justiça.

    E sua alegação de que, principalmente, precisa rever o classico Rio Bravo para ter uma melhor consideração sobre ele, e lhe por, ou não, uma nova avaliação, é uma amostra de que imagina algo sobre a fita, porém precisa de uma revisão nela para por comentários mais concisos.

    E considerações assim é mostrar que estás desejoso de apenas ser justo, fato que elimina o amadorismo citado.

    E fica mesmo muito dificil falar de um filme que vimos há anos.
    Este fato de não ter muitas condições de fazer um comentário mais presente é natural, já que é sempre aconselhavel falar de uma pelicula ela estando mais fresca em nossa memória.

    E tal situação não o torna um amador e sim estar num instante sem o material preciso na memória para o comentário, fator ocorrente em mim com muita constancia.
    Grande abraço
    jurandir_lima@bol.com.br

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    1. Caro Jurandir,

      Não se preocupe com nada. Talvez eu que devesse me desculpar por demorar tanto para responder a sua observação. Realmente eu acho que para avaliar melhor um filme é preciso vê-lo algumas vezes, e com muita atenção, mas, isso nem sempre é possível de ser feito no exato momento em que gostaríamos, o que nos leva a dar pareceres mantendo a cautela para não cometer injustiças que não contribuem para nada útil. Sou sincero quando digo que Rio Bravo não foi o que eu esperava quando o vi, mas não tomei isso como um veredito final. A concorrência é grande mas qualquer hora dessas quero revê-lo, para melhor avaliá-lo, se não é pretensão falar assim. Quanto aos críticos, fazem seu papel, mas não podem tomar lugar sobre nossa razão, apenas nos auxiliar se nos permitirmos aceitar seu tipo de auxílio. Isso é algo natural. Agradeço, por fim, os comentários elogiosos e envio um forte abraço.

      Vinícius Lemarc

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  16. Jurandir, a verdade é que a crítica nos influencia mais quando aponta pontos positivos nos filmes. Não lembro de ter algum dia mudado de ponto de vista após ler uma crítica negativa. Mesmo com ela em mente quando revemos a obra esta costumar ficar do mesmo tamanho. Não é a crítica que nos faz "desgostar" de um filme mas sim o tempo e o aprendizado que adquirimos com ele. Afinal, o filme é e sempre será o mesmo.
    Mas já passei a gostar de determinados filmes após críticas positivas. Não ao ler a crítica, claro, mas após revê-lo tempos depois. O que não denota falta de personalidade ou firmeza de idéias mas sim que podemos aprender com outra opinião.
    E quantas vezes assistimos a um filme excelente mas no dia errado, quando podemos estar excessivamente distraídos, com má vontade ou algum problema qualquer? O momento em que o assistimos influencia demais nossa opinião. Fora outros elementos como maturidade intelectual, bagagem cultural e tempo de vida, claro.
    Ver um filme aos 15, 20 ou 25 é completamente diferente de assisti-lo aos 50, 60 ou 70 anos. Nesses intervalos de tempo muita água passa debaixo da ponte. Não apenas pode mudar nosso olhar, nossa perspectiva mas também a sociedade, os costumes, a ideologia influente em determinada época e os conceitos e padrões sobre o que é ou não relevante.

    Mas não importa nada disso pois lá no fundo o que sempre prevalecerá é o ponto de vista pessoal. E, quase sempre, mais emocional que racional.
    Ainda bem, não? Porque se filmes fossem sempre avaliados por critérios supostamente científicos ou racionais poderíamos criar estatísticas para mensurá-los e seria então fácil dizer quais os melhores ou piores. Haveria unanimidade absoluta, não? Felzimente não é assim.

    Edson Paiva

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  17. Edson - Vale lembrar ainda a pressão que os estúdios fazem sobre os críticos para que eles sejam mais generosos em seus comentários. Por outro lado, lembro que Shane nunca mais foi o mesmo depois que Bazin e Kael falaram sobre esse tão querido western. O background intelectual e a visão de mundo das pessoas tendem a crescer com o tempo e com ela alguns filmes melhoram e outros inevitavelmente se tornam filmes menores.
    Darci

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