UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

13 de junho de 2012

TOP-TEN WESTERNS DE JOSÉ CARLOS ELORZA, CATEDRÁTICO ECLÉTICO


Conheci José Carlos Elorza em 1991 na confraria dos amigos do western, o CAW, quando a confraria ainda se reunia nas dependências do Foto Cine Clube Bandeirante, então situado à Rua José Getúlio, no bairro da Aclimação, em São Paulo. O CAW congregava um grupo de aproximadamente 50 fãs de faroestes que se reuniam aos sábados para assistir faroestes projetados em 16 mm. Em meio a tantos westernmaníacos, destacava-se José Carlos Elorza. E destacava-se pela educação, fidalguia, conhecimento de cinema e, acima de tudo, pela privilegiada memória. Se o assunto era boxe o Elorza ilustrava a conversa com os nomes dos pugilistas, data e local da luta em questão, o round do nocaute e ainda o tipo de golpe que havia provocado o knock-out. Elorza parecia saber as escalações de todos os esquadrões de futebol dos anos 40 e 50, inclusive das seleções estrangeiras. Certo dia falávamos de Caryl Chessman e Elorza citou a data e a hora da execução do ‘Bandido da Luz Vermelha’ original. Curiosamente, sempre que comentava algum assunto, no sábado seguinte Elorza trazia a ‘prova’, em forma de jornal da época para que não pairassem dúvidas sobre suas afirmações. E nem era necessária essa ‘prova’ pois Elorza era (e ainda é) um eclético catedrático e daqueles que parecem possuir coleções completas de jornais e revistas antigos.

Mario Lanza
O GLOBE-TROTTER - Outras grandes qualidades de José Carlos Elorza são sua generosidade e humildade, jamais fazendo alarde de seus conhecimentos e sempre brindando os amigos com cópias de jornais, revistas, filmes e CDs de música. Na minha discoteca há raros LPs de oito polegadas (aqueles menores) de Doris Day e Orlando Silva, presentes do amigo Elorza. Nascido na pequena Pirajuí, interior de São Paulo, José Carlos Elorza formou-se advogado exercendo a profissão há quase 50 anos. Seus hobbies são, cinema, música e viajar. Tendo vivido o final da época de ouro do cinema, Elorza teve a possibilidade de assistir a praticamente todos os grandes filmes dos anos 50 e 60. Antes, quando garoto, assistiu a dezenas de seriados no cinema e incontáveis faroestes B de seu herói favorito, o mascarado Durango Kid. Elorza se orgulha de possuir todos os filmes de Mario Lanza e muitos dos discos desse tenor, o que indica ser ele um apaixonado por ópera, tendo inclusive estudado canto para aperfeiçoar sua belíssima voz de tenor. Mas que ninguém pense que Elorza é um daqueles pedantes fãs de música lírica pois ele conhece e canta, de memória, todo o repertório de Francisco Alves, Orlando Silva, Nelson Gonçalves e outros grandes cantores brasileiros. O terceiro hobby de Elorza é rodar o mundo, podendo ser considerado um verdadeiro globetrotter já que conhece quase todos os países da Europa, inclusive os escandinavos e até mesmo a Praça de São Petersburgo, em Moscou. Conhece também países da América do Sul mas gosta mesmo de percorrer a Calle Florida em Buenos Aires. Elorza não passa ano sem ir a Nova York para se abastecer das raridades musicais e cinematográficas que não são encontradas por aqui.

TOP-TEN - O grande amigo José Carlos Elorza atendeu ao pedido de WESTERNCINEMANIA e relacionou sua lista de dez melhores westerns. Adjetiva a todos como ‘extraordinários’, acreditando que seria injusto colocar qualquer um deles em ordem de superioridade. Porém, caro leitor, após incontáveis horas de conversa (e aprendizado) com Elorza, posso afirmar sem medo de errar que seu faroeste preferido é “Os Brutos Também Amam”, seguido por “Minha Vontade é Lei” e por “O Anjo e o Bandido”. Este último deve-se certamente ao carinho que Elorza dedica à memória de Gail Russell, sua atriz favorita. Segue então o Top-Ten de José Carlos Elorza por ordem de ano de lançamento, valendo lembrar que o moço de Pirajuí admira fortemente “Duelo ao Sol” (Duel in the Sun), de 1946, que acabou ficando fora desta lista.

1945 – “Cidade Sem Lei” (San Antonio) – David Butler (Raoul Walsh)

1947 – “O Anjo e o Bandido” (The Angel and the Badman) – James Edward Grant

1950 – “Calibre 45” (Colt 45) – Edwin L. Marin

1950 – “Duelo Sangrento” (The Kid from Texas) – Kurt Neumann

1953 – “Os Brutos Também Amam” (Shane) – George Stevens

1954 – “Johnny Guitar” – Nicholas Ray

1956 – “Rastros de Ódio” (The Searchers) – John Ford

1958 – “Da Terra Nascem os Homens” (The Big Country) – William Wyler

1959 – “Minha Vontade é Lei” (Warlock) – Edward Dmytryk

1961 – “O Último Pôr-do-Sol” (The Last Sunset) – Robert Aldrich



Para conhecer melhor o cinéfilo José Carlos Elorza, WESTERNCINEMANIA publica uma pequena crônica que ele escreveu há algum tempo, lembrando dos primeiros filmes que assistiu.



Foi a partir da segunda metade dos anos 40 que o cinema passou a fazer parte integrante da minha vida. Residia, então, em Cafelândia, na Média Noroeste, cidade pequenina para os conceitos de hoje, mas acolhedora e gostosa, à época, de ser habitada. O Cine São José tinha sessões somente às quartas-feiras, sábados e domingos e, nestes, também no matinê. Comecei a frequentá-lo por volta de 1946, e o primeiro filme que assisti foi "Branca de Neve e os Sete Anões". Na ocasião também foi exibido um episódio de "O Último dos Moicanos", do qual não tenho nenhuma lembrança, a não ser do título. Lembrança, sim, eu tenho de outras ocasiões, quando mais familiarizado com o que já cognominavam de Sétima Arte, assisti a outros filmes como "O Rei das Jaulas", "Nostalgia", "Transgressores da Lei", "Choque", entre muitos.

O primeiro seriado de que tenho perfeita recordação foi "O Porto Fantasma", seguido de outro gigante chamado "O Maravilhoso Mascarado", que me deixou fascinado e, daí em diante, os seriados penetraram em minha vida que eu aguardava, com ansiedade, pelo próximo a ser exibido, não importando seu gênero. Já no ano de 1948, todos os domingos a minha ida ao matinê era sagrada, com seriado ou não. Na verdade, este não era passado com frequência, havendo intervalo de meses até que outro aparecesse. Para compensar sua ausência, às vezes o Cine São José reprisava capítulos alternados, o que, de alguma forma, satisfazia à garotada, ávida por rever o seu mocinho e a sua mocinha em situações ainda na memória. Aquele, porém, que mais me ficou na lembrança foi "Os Tambores de Fu Manchu'. Impossível esquecê-lo.

Depois de um tempo enorme sem seriado efetivo, ele chegou e nos emocionou. Fu Manchu, Allan Parker, Cetro Sagrado, quanta emoção! Já pelo meio do ano, ainda em 1948, tive a tristeza de vê-lo findar-se. Seu último episódio tornou o domingo melancólico e, como Fu Manchu não morreu, achávamos nós, os garotos, que 'A Volta de Fu Manchu" aconteceria, o que nunca ocorreu. Para piorar ainda mais as coisas, ao sair do matinê, fui à sorveteria ao lado do cinema e, enquanto deglutia meu “gelato”, ouvia, através o relato de Aurélio Campos, pela Rádio Difusora de São Paulo, o Torino massacrar a Portuguesa de Desportos por 4x1, embora o time luso fosse considerado capaz de bater o esquadrão italiano. Pouco depois, mudei-me com a família para Pirajuí, cidade vizinha a Cafelândia, também, à época, pequena mas igualmente gostosa e movimentada, onde mais me aprofundei em questões de cinema.

"Transgressores da Lei"
Lá, o Cine Salvador, ao contrário, funcionava diaria-mente, com matinê dominical. Foi onde tomei contato com Roy Rogers, Bill Elliott, Johnny Mack Brown, Rocky Lane, Hopalong Cassidy, Durango Kid, principalmente, quando voltei a assistir "Transgressores da Lei" e onde vi "Forasteiro Intrépido", "Aconteceu no Sertão", "A Barca do Jogo", "O Lutador", "O Anjo e o Malvado", "Mosqueteiros do Mal", "O Filho de Tarzan", "O Tapete Mágico", "Tentação de Zanzibar", "Estrada 301", entre muitos outros inumeráveis. Lá, também, os seriados já eram mais constantes, às terças-feiras e no matinê, além do sábado à noite. Quando cheguei exibiam "A Volta do Aranha Negra", aos domingos à tarde e "Os Perigos de Nyoka", na terça-feira. Depois vieram "A Sombra do Terror", "O Vigilante", os dois "Super-Homem", "Capitão América", "O Misterioso Dr. Satan", "Lutas sem Tréguas", "Brick Bradford", "O Falcão do Deserto", "A Garra de Ferro", entre muitos outros. Nunca imaginei que um dia, graças ao milagre do vídeo-cassete e agora do DVD, a quase todos eu iria rever, muitas décadas depois.

Cine São Salvador, em Pirajuí, um dos cinemas
frequentados pelo menino José Carlos.
Os edifícios do Cine São José e do Cine São Salvador ainda perduram. O primeiro intato, com seu nome gravado na fachada do prédio. Após a desativação do Cine São José, o edifício permaneceu fechado até ser adquirido pela Prefeitura local que o transformou num Centro Cultural onde são promovidos eventos artísticos, inclusive com projeção de filmes. A fachada do prédio mantém até hoje a identificação gravada, como no passado. O Cine São Salvador, por sua vez, após ser fechado foi ocupado pela Casa da Lavoura de Pirajuí. Posteriormente transformou-se em Templo Evangélico e depois outra vez voltou a ser Casa da Lavoura de Pirajuí. Hoje funciona novamente como cinema, com o mesmo nome de Cine São Salvador. Detalhe interessante é que as poltronas de madeira são as mesmas ainda dos tempos em que eu o frequentava na década de 40. Hoje, uma grande porção do que vi nas telas, na infância, faz parte da minha videoteca, não muito farta, porém, que me proporciona as mais doces recordações de um passado inesquecível. O contato com o Durango Kid, o Roy Rogers, com Fu-Manchu. Com o Gordo e o Magro, com o Tarzan, leva-me a sentir-me novamente um menino, embalado por um louco desejo de voltar àquela época dourada, consciente de que o tempo não trará mais.
                                                                                                                  José Carlos Elorza

23 comentários:

  1. Muita bacana a lista, onde destaco a presença de Colt 45, do Randy Scott. A crônica é supimpa!

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  2. Fico feliz quando vejo um cinéfilo dar preferencia a um filme por sua especial apreciação a uma atriz.
    Normalmente não é dificil ser fã de Gail Russel, pois ela era, além de muito linda, uma boa atriz.
    Ví apenas dois filmes com ela e fiquei fã da menina à primeira vista. E foi em Sete Homens Sem Destino, ao lado de Scott, que a descobri. Mesmo já havendo visto O Anjo e o Bandido, a achei belissima no filme de Boeticher. Revi então o filme do Grant e ela está mesmo deslumbrante, apesar da fita em P&B.

    De uma forma geral não costumo por ingerencia nos filmes que os cinéfilos escolhe como seu Top Ten. Acredito ser uma tarefa dificil tal seleção, mais ainda os colocar por preferencia.
    Mas é sim uma seleção de respeito, mesmo deixando Duelo ao Sol de fora, muito mais, creio, por falta de espaço para o mesmo. Assim como vejo o Elorza incluir Da Terra Nascem os Homens em sua lista, fato que me faz passar a ve-lo ainda com muito melhores olhos, tendo em vista este seu paladar muito refinado.

    Com independencia a tudo que digo, e colocando um apuro que me despertou muito a atenção, que foi o Elorza não se preocupar muito com a ordem dos filmes, já que ele os classificou por ano, o que poderia passar a ser uma ordem geral para se classificar as fitas, já que é muito doloroso se por uma ordem em dez classicos.

    O parabenizo pelo ineditismo, pelo bom gosto e por vir a fazer parte, com sua experiencia, deste mundo de amantes do bom faroeste.
    jurandir_lima@bol.com.br

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  3. Darci;

    Em muitos momentos da vida, revendo filmes de minha adolescencia, tenho a mesma sensação de saudosismo que sentes.

    Não deixam de ser instantes de muito sabor, de um retorno mental delicioso e agradável. Porém, no mesmo instante a pancada forte da realidade de que os pensamentos não passam de um sonho, e que logo tudo irá entrar em estabilidade real.

    Como sonhar é gratis, vou deixando sempre as asas da imaginação me colocar onde elas desejem, toda vez que houver oportunidade para tal viagem mental.
    Grande abraço
    jurandir_lima@bol.com.br

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  4. Legal a lista com filmes famosos em meio a outros que pouco frequentam a relação dos mais lembrados pela crítica.
    Gosto muito de "Calibre 45". Na verdade gosto de quase todos que sejam estrelados por Randolph Scott, meu cowboy preferido.
    De vez em quando vejo algum faroeste com ele e é sempre uma experiência bacana, e nostálgica, pois são absolutamente descompromissados, sem preocupação outra que a diversão. E a presença dele sempre vale qualquer western não importando se este é mais ou menos elaborado em seu roteiro.

    Agora, bom mesmo foi ler a crônica do José Carlos. Ainda que não tenha vivido aquela época quando leio ou ouço relatos como esse fico com a sensação de que sei do que ele escreve. Como dizia uma letra do grupo Legião Urbana é como se fosse uma "saudade que eu sinto de tudo que eu ainda não vi".
    Pena que da forma e com a emoção que o José Carlos viu eu realmente nunca verei.

    Edson Paiva

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  5. Jurandir - Atente para o autor da crônica que é o moço de Pirajuí, José Carlos Elorza e não eu. Com alguns poucos anos a mais ele conseguiu ver muita coisa interessante no cinema. Outros amigos da minha idade viram muito mais que eu porque eram do interior e quanto mais distante ficavam as cidades dos grandes centros, mais os filmes demoravam a chegar ou eram reproduzidos até gastar. Por essa razão eles tiveram sorte de ver muito mais seriados que aqui em São Paulo, onde os seriados deixaram de ser exibidos mais ou menos em 1954 ou 1955, exatamente quando comecei a me apaixonar por cinema. Imagine que um amigo de Brejão, Pernambuco, assistiu ao seriado O Homem de Aço (As Aventuras do Capitão Marvel, de 1941), já na década de 50. Eu assisti ao seriado O Maravilhoso Mascarado, filmado em 1943, no ano de 1955 e adivinhe onde? No cineminha da Igreja Nossa Senhora Auxiliadora, aqui em São Paulo, que um padre chamado Francisco exibia nos domingos à tarde para a garotada que não tinha dinheiro para pagar a matinê no cinema. Pena que o padre Francisco foi transferido e o outro padre, chamado Mário, era contra filmes 'violentos', só passando O Gordo e o Magro...
    Darci

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  6. Edson - Interessante que as gerações posteriores àquelas que viram no cinema as séries com os mocinhos dos faroestes B, divergem quanto ao mocinho preferido. Você falou em Randolph Scott e outros gostam mais de Audie Murphy... Você é capaz de imaginar o que foi assistir O Pirata Sangrento ainda menino?
    Darci

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  7. Muitas coisas me encantam em um western, mas uma das que me chamam mais a atenção é o fato de ser um gênero “elástico”, acessível a pessoas simples e compatível com gente de alta cultura. É de fato algo que parece mágico (desculpem o excesso). Lendo o material percebemos isso. Gostei muito da lista e da crônica. Na lista, me chama a atenção a inclusão de “O anjo e o Bandido”, um faroeste por quem tenho muita afeição. Uma informação adicional sobre os DVDs lançados com ele no Brasil: o da Continental, tem cerca de 5 minutos cortados, diferentemente do da Works, creio, que está completo. Quanto à crônica, entre outras coisas mostra como os jovens de um tempo atrás buscavam cultura (hoje, há uma espécie de “opressão de baixa cultura” sobre eles, que de nada desconfiam), além de tocar nos sonhos e registros que sempre carregamos pela vida.

    Abraço!

    Lemarc

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  8. Lemarc, "elástico" foi uma definição perfeita para o western. Realmente ele tem ingredientes para agradar a todos. E nao você não exagerou com o termo "magico". Uma pena nos tempos atuais os bons filmes de bang-bang terem sumido da tv. A garotada de hoje perde a chance de conhecer bons filmes e se divertir bastante.

    Darci, não vi "O Pirata Sangrento" no cinema mas o assisti várias vezes ainda bem garoto na velha "Sessão da Tarde". E era meu filme de pirata preferido. As acrobacias do Burt Lancaster me inspiravam nas macaquices que eu fazia nas árvores da região em que morava até mais que as do Tarzan do Ron Eli ou do Weissmuller. Foi com ele, mais "O Gavião e a Flecha", que comecei a ser fã do Lancaster.

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  9. Olá, Vinicius - Você ao falar que o faroeste agrada gente de alta cultura me fez lembrar de Tonia Carrero. Essa famosa atriz com mais de meio século de teatro, cinema e TV, atuou em peças importantes e mais que isso, conviveu com tantos dramaturgos e atores igualmente importantes. Pois ela, certa vez numa entrevista disse, ao falar de cinema, que detestava faroestes. Lembro que ela comentou que havia assistido Rio Vermelho e que não suportava ver aquele gado pra lá e pra cá e aqueles cowboys tipo John Wayne. Pra valer acho que intelectual ainda torce o nariz para o faroeste, salvo as exceções, claro. Gostaria de estar errado. Lembrei agora de um que adorava westerns, o cubano Cabrera Infante, mas são raros os que confessam isso.
    Um abraço - Darci

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  10. Olá !! MInha saudação ao estimado amigo ELORZA .
    Que bom que SHANE foi relacionado como um dos favoritos.
    Creio que , se ordenado pela preferência o filme de Alan Ladd
    seria o primeirão !!!
    Um abraço ao Elorza e demais amigos !!
    Laudney (Indaiatuba)

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  11. Darci,

    Não temos nenhum dado sobre isso, mas não resta dúvida de que o western é um gênero pouquíssimo apreciado por intelectuais. E existem muitos motivos para isso, inclusive cautela em não assumir um gosto simplista por algo que representa muito para os americanos e para outros povos nada ou quase nada. Outro aspecto é o fato de a violência se parte essencial no gênero; e quem em sã consciência pode defender violência? Acontece que essa visão é limitada, como todo preconceito, e sofre da ausência de reflexão. O fato é que há muitos aspectos, espaciais, temporais, sociais, etc. a se considerar, e a questão é difícil. O cinema como um todo sofre sempre da desconfiança dessa gente que valoriza, por exemplo, uma dança criada no interior do fim do mundo, por um povo que nunca viu uma sala de aula, e é capaz de entrar em transe assistindo a uma apresentação. Enfim, o negócio é muuuito complicado.

    Abraço!

    Lemarc

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  12. LeMarc, de um modo geral os enredos de faroestes são simplistas e não permitem grandes elocubrações psico-político-sóciológicas. Creio que por isso os intelectuais enxergavam o gênero com desdém. Veja você como se comportava John Ford diante de perguntas mais profundas sobre seus filmes. O pobre Peter Bogdanovich, que venerava Ford, sofreu bastante nas mãos daquele homem que entendiam o ser humano tanto quanto ou mais que Bergman, por exemplo. Cito Bergman porque ele também era admirador da obra de Ford. Ingmar Bergman é um cineasta maravilhoso e Cenas de um Casamento é exemplar em demonstrar como ele radiografa a alma humana. Mas Ford e Anthony Mann também faziam isso em seus westerns. Mas convenhamos que falar de Bergman dá muito mais status. Prefiro falar de westerns até porque me emocionam mais, por vezes até às lágrimas, coisa que Bergman não consegue.
    Um abraço - Darci

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  13. Doctor Lau, escrevi mais ou menos isso que você disse, Shane na frente. Mas conhecemos bem o amigo Elorza, incapaz de cometer uma injustiça até mesmo com filmes que ele admira. Além do que ele sempre fez o tipo misterioso, enigmático, uma espécie de Harry Lime. Só fui descobrir que ele torcia para o Corinthians dez anos depois de conhecê-lo. Ninguém é perfeito...

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  14. Darci;

    Em algum momento da leitura devo ter me perdido e transportado para você o texto do Elorza. Nada de tão mal ou errado assim, não é isso mesmo?

    Agora, por uma estranha coincidencia, eu, meus irmãos e amigos, lá pelos idos dos anos 1955, também frequentavamos uma Igreja onde tinhamos aulas de catecismo, jogavamos bola e viamos filmes que os padres passavam.

    Isso ocorria sempre nos domingos pela tarde, periodo semanal pelo qual ficávamos todos esperando que chegasse cheios de ansiedade.
    Era uma folia, uma delicia e momentos sempre muito esperados.
    Porém, olhando a coisa por outro angulo, era pura educação o que tinhamos. E tudo dada por padres, que ainda nos serviam uma rápida merenda e também palestras.

    Outros tempos, amigo! Outros tempos!
    E estes fatos, estas passagens em nossas vidas, também compartilharem muito de nossas formações como homens decentes, educados e dotados de caráter muito exemplar.
    jurandir_Lima@bol.com.br

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  15. Caros Comentaristas;

    Seria ótimo que todos os participantes não deixassem nunca de colocar seu nome no final da sua participação ou mesmo seu email.

    Tal comportamento facilita a quem os lê ter a oportunidade de responder se dirigindo a quem fez o comentário, como é o caso que cito no parágrafo abaixo.

    Existe um comentário nesta postagem, datada de 15/06/12, às 21.34hs, cujo titulo do participante aparece como ANONIMO, e neste comentário ele se dirige ao Lemarc e também ao Darci, mas que não assina, nos deixando sem a condição de um contato com o mesmo.

    Insisto; como gosto de trocar idéias com meus companheiros participantes, fiquei neste caso sem poder me comunicar, razão pela qual faço esta solicitação.
    jurandir_lima@bol.com.br

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  16. Shane;

    Se o Elorza houvesse feito sua seleção utilizando o critério que ele utilizou, pondo os filmes por ordem de ano e não por preferencia, antes de eu mostrar meu Top Ten, esta teria sido a forma que eu utilizaria.
    Muito bom este critério.

    Mas na proxima seleção utilizarei o mesmo posicionamento, que é muito mais fácil, simples,
    coerente e menos doloroso.

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  17. Darci,

    Só gostaria de acrescentar que esses personagens do western americano, por exemplo, não são totalmente ficção. Eles têm a ver com nossas vidas. Eles existem. Ou já existiram. Talvez você tenha visto algum. Os filmes não existem no vazio.
    Abraço!

    Lemarc

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  18. Jurandir - O blog continuará solicitando que o Top-Ten Western seja feito em ordem decrescente. Cabe ao autor da lista descobrir as qualidades que diferenciem, por exemplo, Da Terra Nascem os Homens de Calibre 45, faroestes colocados pelo José Carlos Elorza em pé de igualdade. Descobrir as qualidades torna-se uma tarefa por vezes árdua mas bastante prazeirosa para os fãs.
    Darci

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  19. Verdade, Vinicius, isso mesmo apesar de por tantos anos o cinema ter mostrado os personagens mais famosos do Velho Oeste de modo bastante irreal. Um bom exemplo é Billy the Kid que era mostrado como o herói de uma série da PRC interpretado pelos mocinhos Bob Steele e depois Buster Crabbe, série destinada ao público infanto-juvenil. Depois de 20 filmes como Billy the Kid os já politicamente corretos da década de 40 alertaram que era um mau exemplo para as crianças e o personagem virou Billy Carson. Imagine o nó que deve ter dado na cabeça da molecada que antes já se emocionava com o mesmo Billy the Kid.
    Darci

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  20. Meu tio Ze Carlos, irmão de minha mãe. Realmente uma pessoa culta, solidário, um orgulho e exemplo em nossa família. Fico muito feliz em poder ler esse artigo e saber que meu tio é querido e respeitado, parabéns e um abraço ao blogueiro!

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  21. Olá, João Vicente
    Seu tio é daquelas pessoas raras, seja na educação, na fidalguia, na honestidade, no conhecimento sobre variados assuntos e na inteligência. Tenho José Carlos Elorza como um dos melhores amigos.
    Darci Fonseca

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  22. É muito bom ter José Carlos Elorza como amigo : Nota dez José Carlos Elorza.
    Abraços

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