UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

4 de março de 2012

TARANTINO VEM AÍ COM O NOVO DJANGO

Poster da pré-produção do western "Django Unchained", ainda com
Will Smith como o Django negro. Will foi substituído por Jamie Foxx;
Keith Carradine consta do poster e também não atuou no filme.

Quentin Tarantino surpreendeu o mundo, aos 29 anos, com “Cães de Aluguel”, que dirigiu em 1992. Dois anos depois Tarantino renovou a linguagem do filme policial com a obra-prima “Tempo de Violência” (Pulp Fiction). Falava-se do diretor como uma mescla de Orson Welles com Sam Peckinpah numa perfeita mistura de genial criatividade com uma quase excessiva violência.

Os westerns preferidos de Tarantino: "Três
Homens em Conflito" e "Onde Começao Inferno"
AS PREFERÊNCIAS DE TARANTINO – Quentin Tarantino gosta de filmar e mais ainda de falar. Nascido no Tennessee em 1963, Tarantino fala nervosamente pelos cotovelos, braços e principalmente mãos para não negar seu sobrenome italiano. E descobrimos que esse irrequieto diretor se confessa ardoroso fã dos westerns-spaghetti, ainda que em suas listas de melhores filmes feitas para a Sight & Sound e para a Empire Magazine, coloque “Três Homens em Conflito” (Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo) e “Onde Começa o Inferno” (Rio Bravo) como únicos faroestes, ambos encabeçando as respectivas listas. As listas de Tarantino são mais coerentes que suas palavras pois nas referidas listas estão Brian De Palma, Martin Scorsese, outro Hawks, John Sturges, Preston Sturges, Billy Wilder, Steven Spielberg, mas nenhum Gianfranco Parolini, Sergio Corbucci ou outros diretores, que ele sempre gosta de citar como influências, nas entrevistas. Depois de “Pulp Fiction” levou tempo para Tarantino voltar a ser unanimidade entre a crítica com “Bastardos Inglórios”. Antes disso se mostrou fã também dos filmes de samurai com os dois “Kill Bill” e poucos notaram as qualidades de “À Prova de Morte”, homenagem aos cults de Monte Hellman e a todos os filmes em que os muscle-cars eram as maiores atrações.

Tarantino como ator no Django japonês
UM ATOR MUITO ESPECIAL - Tarantino gosta também de aparecer nas telas e não perde uma oportunidade para mostrar a cara em filmes seus ou de outros diretores. Quanto mais exótico o filme mais aumenta o desejo de Tarantino em emprestar seu nome à produção, como foi o caso de filmes com o mexicano Roberto Rodriguez e num faroeste japonês intitulado “Sukiyaki Western Django” em que interpretou o personagem ‘Piringo’. Enquanto prepara seu “Kill Bill 3” Quentin Tarantino achou tempo para demonstrar o quanto ama o western-spaghetti e conseguiu financiamento para sua nova excentricidade, o faroeste “Django Unchained” (Django Libertado), que será lançado brevemente.

DJANGO NEGRO - O elenco all-star de “Django Unchained” reúne Jamie Foxx como o Django negro, Leonardo Di Caprio, Sacha Baron Cohen (o ultrairreverente comediante inglês), Samuel L. Jackson, Christoph Waltz (o Coronel Landa de “Bastardos Inglórios”), Don Johnson (da série “Miami Vice”), Tom Wopat (da série “The Dukes of Hazzard”, Joseph Gordon Levitt, Anthony LaPaglia e muitos outros atores conhecidos. Kevin Costner era um nome certo no elenco de “Django Unchained”, mas desistiu na última hora e foi substituído por Kurt Russell. O western de Tarantino foi filmado nas conhecidas locações de Alabama Hills, em Lone Pine, onde cavalgaram astros da Republic Pictures como Roy Rogers, Rocky Lane, Rex Allen e também muitos outros mocinhos como Randolph Scott, Audie Murphy e Rod Cameron. Por que Tarantino não levou sua troupe para Almería não se sabe. A história de “Django Unchained” fala de um escravo que após ser libertado torna-se caçador de recompensas e sai em busca de sua esposa que está na companhia de um latifundiário no Mississippi.

O maravilhoso "Pacto de Justiça":
Robert Duvall e Kevin Costner
O WESTERN DO ANO – Há 20 anos Clint Eastwood fez seu último faroeste “Os Imperdoáveis” (Unforgiven). Kevin Costner que legou ao gênero a obra-prima “Pacto de Justiça” (Open Range), em 2003, nunca mais fez outro faroeste, ainda que exibisse boa forma física aos quase 60 anos, como demonstrou no final do ano passado quando esteve no Brasil para... cantar rock. Nestes tempos em que não mais se filma westerns, “Django Unchained” torna-se obrigatório pelos nomes envolvidos na produção, especialmente o do diretor. De Quentin Tarantino tudo pode-se esperar, especialmente sabendo-se o quanto ele admira os filmes de Howard Hawks, mais que todos “Onde Começa o Inferno”, western que qualquer diretor gostaria de ter feito, seja ele antigo ou moderno, norte-americano ou mesmo italiano.
O elenco de "Django Unchained": Jamie Foxx - Kurt Russell (acima);
Tarantino e Christoph Waltz - Leonardo Di Caprio - Joseph Gordon Levitt;
Sacha Baron Cohen - Samuel L. Jackson - Anthony LaPaglia (abaixo).

12 comentários:

  1. Não sou os fãs de western, como quem gosta de Tarantino, estão esperando um grande filme.

    O elenco é de primeira qualidade, a questão agora é esperar o lançamento para conferir.

    Abraço

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  2. Grande Darci, como vai?
    Ótimo Post, Ótimo Texto!
    Não sou fã do gênero Spaghetti, mas acho uma dadiva Hollywood trazer sempre de volta o Faroeste as telas. Vamos ver como será,

    Abração

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    1. Para mim a homenagem que Tarantino tinha que fazer ao spaghetti já está feita com INGLORIOUS BASTARDS em que usou trilhas míticas ao longo desse filme. Algumas tão transformadas que quase se tornavam irreconhecíveis pelos fãs.

      O senhor Tarantino é um excêntrico do cinema, parece-me que viu cinema a jorros e por isso dependendo da situação vai sacando cartas da manga. Saliva pelo spaghetti num entrevista, baba-se pelo ozsploitation noutra, brilham-lhe os olhos quando fala do cinema de kung-fu da Shaw Brothers... inegável é que tanta coisa ele bebe que acaba por produzir sempre filmes vibrantes e interessantes, apesar de serem em última análise, produtos reciclados.

      Enfim, coincido com a ideia do Jefferson. O mais importante é mesmo relançar o género pois desde UNFORGIVEN não sai nada que se lhe tire o chapéu. E penso que todos nós adoraríamos que o western voltasse à fama de outros tempo.


      --
      Pedro Pereira

      http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
      http://auto-cadaver.posterous.com

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  3. Claro que filmes como Pacto de Justiça e as recentes refilmagens de 3:10 to Yuma e True Grit não se encaixam no gosto do amigo Pedro Pereira que curiosamente gosta tanto de Os Imperdoáveis de Eastwood, cuja única relação possível com o referido gosto é a dedicatória a Sergio (e Don) no final.
    Em meio a temas extraídos de spaghettis, em Bastardos Inglórios, temos um número enorme de canções de autores-intérpretes em língua inglesa. E o ápice desse filme, seu momento maior é ao som de Cat People, de David Bowie e Georgio Moroder, interpretada por Bowie. Mas parece que preocupado apenas em descobrir o que era de Morricone, o amigo não prestou atenção a essa sequência.
    Darci

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    1. Desses filmes gostei do 3:10 to Yuma que está na minha colecção de dvds. Dos Cohen Brothers também sou fã mas esse remake não me entrou no goto, nem o acabaei de ver.

      Os comentários que fiz são contextualizados no texto que escreveste. Se calhar fiz-me entender mal. Um esclarecimento então, apesar de grande fã de westerns italianos não vivo obcecado pelo género. Aprecio um bom western, seja ele produzido onde for. Nas minhas prateleiras vivem todos em comunhão, o que certamente acontece com a maioria dos leitores deste espaço.

      --
      Pedro Pereira

      http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
      http://auto-cadaver.posterous.com

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  4. Tal como Tarantino eu também gosto muito de RIO BRAVO.
    Muitos dos filmes de Tarantino e Robert Rodriguez são homenagens a westerns-spaghetti (EL MARIACHI, DESPERADO), filmes de Kung-Fu produzidos em Hong Kong (KILL BILL) e filmes sobre a 2ª Guerra Mundial produzidos em Itália no início dos anos 70.
    Lembro-me que INGLORIOUS BASTARDS começa com uma canção mexicana que faz parte do filme ÁLAMO com John Wayne e a primeira sequência abre com uma música de Ennio Morricone usada no filme LA RESA DEI CONTI, com Lee Van Cleef e Tomas Milian.

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  5. Não há duvidas que Pacto de Justiça foi um dos melhores faroestes feitos nos anos ultimos. Ele é perfeito em tudo.

    Quanto ao Tarantino eu até que gosto dele, mas abomino tudo que seu amigo Roberto Rodrigues faz. Ele só faz besteiras! Acho mesmo que a melhor coisa que fez foi Sin Cith. Ele arde!
    Quem duvidar de mim que ele somente faz asneiras, assista seus filmes, desde o primeiro, que foi El Muriachi.
    Este até que, como novidade, ainda se via. Mas...daí em diante!!!

    Não assisti, do Tarantino, Cães de Aluguel e À Prova de Morte. Mas seus filmes, apesar de alguns exageros, são filmes que merecem alguma consideração. Principalmente pelo mesmo, segundo soube, não ter qualquer formação em cinema e que apenas trabalhava numa locadora e que faz seus roteiros escritos à mão.

    Agora: que o Darci tem razão quanto ao papagaio que ele é, isto não tem duvida. O homem parece que nasceu para falar.
    E tem mais: se alguém não lhe der um stop, ele seguirá falando até que não esteja mais uma so pessoa ao seu lado.
    Um motorzinho que, quando ligado, nem faltando energia, ele desliga.

    Porém, gosto de seus filmes. Kill Bill e Pulp Fictin foram formidáveis em todos os sentidos. Bem feitos, muita ação, e sem que achassemos as falhas que achamos em outros filmes por aí, além de Pulp Fiction ter reaberto as porta para o excelente Tony Manero, digo John Travolta.

    Que seja bem vindo Tarantino com seu Django, embora não tenha aprovado muito seu Bastardos Inglórios.
    jurandir_lima@bol.com.br

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  6. Pedro, temo que você não esteja correto ao acreditar que a maioria dos leitores de CINEWESTERNMANIA são apreciadores da vertente do faroeste desenvolvida na Europa. Durante minha longa experiência como cineclubista testemunhei que raros westernmaníacos aceitavam os spaghettis e mesmo assim disfarçando essa quase tolerância. Outro dia foi dito por aqui que não deve haver fanatismo nas preferências dos gêneros cinematográficos, mas há sim, muito fanatismo e preconceito, especialmente entre aqueles com mais de 60 anos. Estes ainda são maioria entre os fãs de faroestes e em suas prateleiras certamente não convivem em comunhão os bang-bangs italianos com seus congêneres norte-americanos. Não fosse por outra razão, porque com o advento do DVD muitos esquecidos e muito bons faroestes das décadas de 40 e 50 foram relançados para alegria dos fãs do gênero.
    Darci

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  7. Tarantino não tem uma formação cinematográfica formal, nem cresceu no meio trabalhando ao lado de outros diretores para aprender ou sofrer influência no futuro. Trabalhou em locadora
    onde devorava filmes diariamente, desenvolvendo seu conhecimento sobre cinema de todos os gêneros. Gosta de filmes antigos e percebeu que a violência tem boa aceitação no mercado. Tem uma forte dose de imaginação e sua grande tirada é dar uma roupa nova e moderna para temas antigos com uma forte dose de violência. Sua paixão pelo cinema é o grande motor de sua carreira. Pessoalmente achava que sua carreira seria curta e passageira, entretanto ele me surpreendeu recentemente com "Bastardos Inglórios". Parece que Tarantino veio para ficar por muito tempo. Quanto a Django
    Unchained" como não assisti não posso opinar, mas tratando-se
    de um western será sempre bem recebido por seus fãs.

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  8. Darci,
    Confesso que estou na expectativa por esse Django. Gosto do original, do Corbucci, meio louco, tétrico; e das inspirações todas, acho que essa é a que promete mais. Tarantino realmente é fã de western europeu, tá nos filmes dele, mas ele é esperto. O fato de ele admitir já foi um ato de nobreza. Muita gente não tem essa coragem, embora se inspire em coisas “duvidosas”. Para mim, Tarantino tem tudo a ver com o western europeu, isso faz a maior diferença no seu estilo. Acho meio cômico o fato de os fãs mais ardorosos do Tarantino quase sempre fazerem pouco caso do western europeu. Gosto dos dois, reconhecendo-lhes méritos e deméritos.
    Abraço!

    Lemarc

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  9. LeMarc, Tarantino é um poço de contradições e de profundo conhecimento de cinema. Ele gosta de veicular a história que aprendeu tudo em locadoras, história típica de gente que sabe se autopromover como faziam Fellini e Welles. Uma coisa é inegável: ele bateu num liquidificador cinematográfico muitas influências, não apenas a dos westerns-spaghetti e o resultado são filmes admiráveis, muito, mas muito acima da média dos cineastas modernos. As tantas citações que ele faz em Bastardos Inglórios é um exemplo do conhecimento dele. E ninguém fala do divertidíssimo À Prova de Morte. Django Libertado vai suscitar muitas discussões, tenho certeza. Um abraço.
    Darci

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  10. José Fernandes de Campos17 de novembro de 2012 às 21:22

    Deve ser mais uma porcaria como tudo que elejá fez. Não tem um filme dele que eu aprecio, imagino que western que vai ser. \muita matança situações inverossímeis e talvez tenha um duelo em camera lenta com o mocinho disparando as seis balas no vilão. Tarantino é um retrocesso no cinema. Até dere´pente.

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