UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

6 de setembro de 2014

DILIGÊNCIA MARCADA (DESERT PASSAGE), O ÚLTIMO WESTERN DE TIM HOLT


Tim Holt
Chamado pelo escritor Buck Rainey de ‘O Cowboy Aristocrático’, Tim Holt era um cowboy muito especial e algumas peculiaridades o diferenciavam de outros mocinhos das matinês. Ao lado de Roy Rogers e de Gene Autry, Tim Holt completava o trio de mocinhos cujos filmes tinham produção mais bem cuidada que os demais ídolos dos faroestes. Raramente a RKO utilizava cenas de arquivo nos westerns de Tim Holt, o que era uma constante nesses filmes de baixíssimo orçamento. Outro fato interessante faz de Tim Holt um ator único entre os mocinhos: sua participação em filmes reconhecidamente importantes. Aos 19 anos de idade Tim fez parte do elenco de “No Tempo das Diligências” (Stagecoach), em 1939. Em 1942 teve destacada participação em “Soberba” (The Magnificent Ambersons), de Orson Welles. Outra vez dirigido por John Ford, Tim Holt interpretou ‘Virgil Earp’ em “Paixão dos Fortes” (My Darling Clementine), em 1946. Outro filme notável em que Tim Holt atuou foi “O Tesouro de Sierra Madre” (The Treasure of Sierra Madre), de John Huston, em 1948. Lançado em 1952, “Diligência Marcada” (Desert Passage) foi o último faroeste de uma série de 29 westerns-B que Tim Holt estrelou para a RKO.

Tim Holt em quatro filmes importantes: "No Tempo das Diligências"
(Stagecoach); "Soberba" (The Magnificent Ambersons); com Ward Bond
e Henry Fonda em "Paixão dos Fortes" (My Darling Clementine);
em "O Tesouro de Sierra Madre" (The Treasure of Sierra Madre).


Os sócios Tim Holt e Chito Rafferty;
Walter Reed e o dinheiro escondido.
Dinheiro bem escondido – Em “Diligência Marcada” Tim Holt e Chito Rafferty (Richard Martin) são sócios em uma empresa que transporta clientes em diligências na cidade de Lavic, no Arizona. Essa cidade está em vias de se tornar uma cidade fantasma, tanto que muitas casas e lojas já estão fechadas, inclusive o Banco de Lavic que não mais existe. Antes, porém, do banco fechar as portas o funcionário John Carver (Walter Reed) deu um desfalque no estabelecimento. Carver foi condenado e cumpriu pena, mas o dinheiro foi por ele escondido e Carver retorna a Lavic para recuperar a soma roubada. Bronson (John Dehner) é o advogado de Carver e sabe da existência do dinheiro, assim como dois ex-companheiros de cela de Carver chamados Langdon (Lane Bradford) e Allen (Denver Pyle). Os quatro chegam a Lavic, para onde também foram Roxie (Dorothy Patrick) e Dave Warwick (Clayton Moore). Todos querem se apropriar do dinheiro roubado do banco que pertencia ao pai de Emily Brice (Joan Dixon). Tim Holt e Chito descobrem as más intenções do grupo e os enfrenta, pondo fim aos gananciosos e oportunistas, recuperando o dinheiro que é entregue a Emily.

John Dehner, Richard Martin, Joan Dixon,
Tim Holt e Walter Reed no posto de troca.
Um luxuoso posto de diligências - Além do roteiro que foge da rotina dos westerns-B, o que mais chama a atenção em “Diligência Marcada” é o bom elenco masculino. Conta o filme com a presença do ainda jovem Denver Pyle, do cínico John Dehner, do Lone Ranger Clayton Moore, do ótimo Walter Reed e do eterno bandido Lane Bradford. O roteiro de Norman Houston assemelha-se a filmes de mistério em que a função do espectador é descobrir quem vai ficar com o dinheiro roubado. Como o crime não podia compensar jamais em westerns-B, o mistério maior é saber como Tim Holt desarticulará os planos dos diversos interessados, inimigos entre si em duplas. E Tim não pode contar com a ajuda do pouco perspicaz Chito José Gonzalez Bustamante Rafferty, seu atrapalhado sócio, para solucionar o caso. Para complicar ainda mais a missão de Tim Holt, há uma loura ardilosa interpretada por Dorothy Patrick mancomunada com Clayton Moore. Reúnem-se todos no melhor posto de diligências apresentado num faroeste, verdadeiro hotel de luxo se comparado com os tão comuns postos de troca de cavalos que o cinema sempre apresentou.

Richard Martin fazendo gesto apropriado para ele mesmo;
Dorothy Patrick e Joan Dixon.

Chito José Gonzalez Bustamante Rafferty
(Richard Martin)
Maltratando Chito Rafferty - O diretor Lesley Selander conduz “Diligência Marcada” com sua comprovada habilidade, não dando, desta vez, oportunidade a Tim Holt de demonstrar o bom cavaleiro que era e nem sua destreza com o revolver. É conhecido o fato de, em menos de um segundo Tim Holt sacar seu Colt e acertar um alvo, o que fazia dele o mais rápido saque entre os mocinhos dos westerns-B. Mas é o próprio Tim quem conduz a diligência em diversas sequências controlando as rédeas das duas parelhas de cavalos. E lembrando John Wayne no western clássico de 1939, Tim Holt acerta os bandidos que o perseguem com a diligência em disparada. No entanto chega a ser irritante a forma impaciente como Tim Holt trata Chito Rafferty, sempre dando ordens ao seu amigo sem a mínima cortesia. A boa aparência de Chito esconde um apalermado sidekick de ascendência mexicana (e irlandesa). E Chito se veste com apurada elegância enquanto Tim Holt sempre foi o mais discreto dos mocinhos sem franjas ou qualquer enfeite em seus trajes.

Lane Bradford e Denver Pyle; John Dehner; Dorothy Patrick e Clayton Moore.

Tim Holt
Fim de carreira precoce - No início da década de 50 Tim Holt era o único contratado da RKO cujos filmes davam lucro pois custavam em média 90 mil dólares e rendiam sempre mais que 500 mil dólares para o estúdio. Tim recebia 65 mil dólares por ano para atuar em seis pequenos faroestes de uma hora de duração como este “Diligência Marcada” que não decepciona e leva à inevitável pergunta: por que Tim Holt não prosseguiu fazendo faroestes nos anos 50? Poderia ter se juntado a Audie Murphy, Rory Calhoun, George Montgomery, Joel McCrea e Randolph Scott, inesquecível time de mocinhos do cinema. Posteriormente a "Diligência Marcada" Tim Holt atuaria em somente dois outros filmes, ambos de ficção-científica, encerrando melancolicamente sua até então bela carreira como ator. Tim Holt faleceu aos 54 anos de idade, em 1973, quando seus filmes eram exibidos nas sessões das tardes da TV Record para alegria da legião de nostálgicos fãs das antigas matinês.



Richard martin e Tim Holt; Tim e Joan Dixon.

3 comentários:

  1. Os filmes de Tim Holt fizeram minha cabeça nos anos 50, durante minha adolescência.

    ResponderExcluir
  2. Olá, Orlando - Para mim Tim Holt esteve presente na infância no cinema e nos gibis. 20 anos depois foi a vez de ver Tim Holt nas sessões da tarde da TV Record. Hoje podemos vê-lo em muitos de seus filmes, alguns clássicos absolutos.
    Darci Fonseca

    ResponderExcluir
  3. Assistia com meu pai e gostavamos por que series q hoje são clássicos de tudo ficou a saudade dos velho que pouco podia assistir comigo davamos risadas juntos muito boa .

    ResponderExcluir