UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

11 de fevereiro de 2014

TOP-TEN WESTERNS DE JUCÉLIO BUBACK, JOVEM CAPIXABA QUE AMA O CINEMA


Nada mais anacrônico que faroestes, em se tratando de gêneros cinematográficos. O número de westerns produzidos neste século atesta esse fato, ainda mais quando comparado com a produção de Hollywood dos anos 50 ou a produção europeia dos anos 60. Nessas décadas tanto Hollywood quanto Itália e Espanha produziam por volta de uma centena de faroestes por ano. Nas últimas décadas uma ínfima quantidade de faroestes foi produzida e houve mesmo alguns anos em que a produção de westerns foi zerada. Como a enorme maioria dos frequentadores de cinema atualmente é composta por jovens e Hollywood procura atender essa clientela, a dedução lógica é que os jovens não são atraídos pelo gênero que sustentou o cinema por tanto tempo. Mas toda regra tem suas exceções e WESTERNCINEMANIA, blog inteiramente dedicado ao faroeste, tem a alegria de ter como leitor um jovem que, como cinéfilo de verdade, mergulha nas maravilhas dos primórdios do cinema e nas obras-primas das décadas de ouro de 30, 40 e 50 e nos grandes filmes das décadas seguintes. Sendo assim esse jovem está totalmente familiarizado com o que de melhor foi produzido no gênero western, isto apesar de ter apenas 33 anos, recém completados dia 31 de janeiro último. Ele é Jucélio Buback.

Cantores capixabas: Roberto Carlos, Nara Leão,
Paulo Sérgio e Sérgio Sampaio.
Berço de talentos - Nascido em Alfredo Chaves, cidade do interior do Espírito Santo, Jucélio trabalhou na roça nas plantações de banana e café cultivadas na propriedade da família. Esse trabalho duro era amenizado pelas músicas no estilo sertanejo que Jucélio gostava de cantar e que muito cedo começou também a compor. O jovem roceiro queria mesmo era ser artista e para isso, nada melhor que seguir os passos de espírito-santenses famosos como Paulo Sérgio, Zé Renato, Sérgio Sampaio e o mais executado e querido de todos, o 'Rei' Roberto Carlos. E falando desse simpático Estado que é berço de talentos como Carlos Nobre, Raul Sampaio, Joelma e o versionista Rossini Pinto, nunca é demais lembrar que Roberto Menescal, um dos principais músicos deste país não é carioca não, mas sim nascido em Vitória do Espírito Santo, também terra natal da inesquecível e maravilhosa Nara Leão.

A dupla 'Júlio César e Alexandre';
Júlio César/Jucélio está à direita.
Carreira como cantor - Seguindo os passos de tanta gente de talento, Jucélio chegou ao Rio de Janeiro em 2001, aos 20 anos de idade, carregando na mala seus cadernos com as muitas composições de sua autoria. Zezé de Camargo e Luciano, Chitãozinho e Xororó reinavam absolutos entre as duplas de cantores e viram nascer um sem número de outras duplas que buscavam o sucesso. Jucélio conheceu no Rio de Janeiro um amigo também cantor chamado Adílson e formaram a dupla ‘Júlio César e Alexandre’ que lançou, em 2009, um CD produzido de forma independente. Esse disco que tem o título “Júlio César e Alexandre” contém dez composições de Jucélio Buback, no estilo romântico.  Paralelamente à carreira artística, Jucélio trabalhou por seis anos numa loja de fotografias que com o advento da foto digital acabou falindo. Em 2007 Jucélio passou a trabalhar em uma imobiliária, onde foi contratado para atender telefones. Dois anos depois o moço de Alfredo Chaves se tornou o responsável pelo departamento financeiro da empresa e interrompeu momentaneamente a carreira artística. A principal razão desse hiato é porque a atualidade musical brasileira é dominada, como ele próprio diz, “pelo sertanejo universitário e por cantores incapazes de gravar músicas que tenham mais que uma sílaba”.

Arnold Schwarzenegger em "O Predador".
A descoberta do cinema - O cinema entrou na vida de Jucélio Buback através da televisão e foi o pai de Jucélio quem lhe apresentou John Wayne, Terence Hill e Bud Spencer e os faroestes de modo geral. O primeiro filme que Jucélio viu no formato VHS, em 1991, foi “O Predador”, com Arnold Schwarzenegger, na sessão mensal que era exibida no Colégio Pio XII, onde estudava. Mas cinema de verdade Jucélio só foi conhecer quando chegou ao Rio de Janeiro. O jovem nunca mais se esqueceu daquela tarde de sábado, em 2001, quando sozinho foi ao Cine Roxy, em Copacabana, que exibia “Dia de Treinamento” com Denzel Washington. Foi o verdadeiro início de uma paixão arrebatadora pelo cinema que Jucélio nunca mais deixou de frequentar assiduamente. Atualmente Jucélio mescla as idas aos cinemas com as sessões domésticas nas quais assiste aos clássicos que adquire em DVDs originais. Assistindo a filmes novos e antigos, o cinéfilo de 33 anos não esconde sua preferência pelos clássicos falados e legendados, evitando as versões dubladas que considera o mesmo “que chupar bala sem tirar o papel”.

Os filmes do coração - Nas conversas com o editor deste blog, Jucélio ressaltou que seu filme de cabeceira, o preferido entre muitos que admira bastante, é “O Poderoso Chefão”. Como curiosidade WESTERNCINEMANIA publica também os dez filmes não-westerns preferidos de Jucélio que faz questão de lembrar que “Matar ou Morrer” (3.º) e “Três Homens em Conflito” (4.º) fariam parte dessa lista caso não fossem incluídos no seu Top-Ten Westerns. Eis os melhores filmes não-westerns na opinião de Jucélio Buback:

1.º) O Poderoso Chefão (The Godfather), 1972 – Francis Ford Coppola
2.º) Casablanca (Casablanca), 1942 – Michael Curtiz
3.º) A Felicidade não se Compra (It’s a Wonderful Life), 1946 – Frank Capra
4.º) Janela Indiscreta (Rear Window), 1954 – Alfred Hitchcock
5.º Quanto Mais Quente Melhor (Some Like it Hot), 1959 – Billy Wilder
6.º) Um Lugar ao Sol (A Place in the Sun), 1951 – George Stevens
7.º) O Morro dos Ventos Uivantes (Wuthering Heights), 1939 – William Wyler
8.º) Cantando na Chuva (Singin’ in the Rain), 1952 – Stanley Donen/Gene Kelly
9.º) A Ponte do Rio Kwai (The Bridge on the River Kwai), 1957 – David Lean
10.º) Farrapo Humano (The Lost Weekend), 1945 – Billy Wilder

Acima: Al Pacino e Marlon Brando - Humphrey Bogart e Ingrid Bergman - Donna Reed
e James Stewart - James Stewart - Tony Curtis, Marilyn Monroe e Jack Lemmon;
Abaixo: Montgomery Clift e Elizabeth Taylor - Laurence Olivier e Merle Oberon -
Gene Kelly - Alec Guinnes - Ray Milland.

Carlitos em "Luzes da Cidade".
Filmes inesquecíveis - A lista de filmes que encantam Jucélio tem ainda "Aconteceu Naquela Noite"(It Happened One Night) - "Psicose" (Psycho), de 1961 - "Um Sonho de Liberdade" (The Shawshank Redemption) - "Golpe de Mestre" (The Sting) - "12 Homens e uma Sentença" (Twelvy Angry Men), de 1957 - "O Bebê de Rosemary" (Rosemary's Baby) - "Alphaville" - "A Noviça Rebelde" (The Sound of Music) - "Amadeus" - "A Regra do Jogo" (La Règle du Jeu) - "Ben-Hur", de 1960 - "Anatomia de um Crime (Anatomy of a Murder) - "Do Mundo Nada se Leva" (You Can't Take it with You) - "Ladrões de Bicicletas" (Ladri di Biciclette) - "Luzes da Cidade" (City Lights) - "Núpcias de Escândalo" (The Philadelphia Story) - "O Dia em que a Terra Parou" (The Day the Earth Stood Still) - "Perdidos na Noite" (Midnight Cowboy) - "Platoon" - "Os 39 Degraus" (The 39 Steps), de 1935) -  "O Silêncio dos Inocentes" (Silence of the Lambs) - "Sabrina", de 1954. Como Jucélio é ainda bastante jovem, certamente esta lista de filmes inesquecíveis irá se ampliando cada vez mais.


Parte da DVDteca de Jucélio Buback (ver em destaque no final desta postagem).

Polêmico, como já demonstrou ser com sua opinião sobre "Os Brutos Também Amam" e "Rastros de Ódio", Jucélio Buback fala sem a comum reverência sobre filmes de diretores famosos:
Malcom McDowell em "A Laranja Mecânica".
"Eu não gosto de Stanley Kubrick, amado por tantos cinéfilos que, só de dizer isso, querem te matar. Adorei "A Laranja Mecânica", mas em compensação em outros que vi - "2001", "Dr. Fantástico", "O Iluminado", "Spartacus", "De Olhos Bem Fechados", "Nascido para Matar" - em cada um desses filmes eu sinto uma presunção exacerbada que compromete todo seu trabalho. "Cidadão Kane", que é citado por tanta gente como 'o maior filme de todos os tempos', em mim não causou nada, mesmo sabendo de toda sua revolução técnica e narrativa para a época. Não existe revolução alguma que o coloque em um pedestal de supremacia cinematográfica. Temos o exemplo de "Avatar", que fui ao cinema conferir sua 'revolução' tecnológica em 3D e realmente sai da sala com uma gostosa sensação, foi prazeroso assistir ao filme. Mas sua história é tão boba, tão rasa, que vale a experiência e só isso."


Top-Ten Westerns - Eis os dez westerns preferidos de Jucélio Buback, aqueles que ele considera os melhores de todos os tempos, seu Top-Ten Westerns: (Os comentários em itálico são de autoria de Jucélio)



1.º) Matar ou Morrer (High Noon), 1952 - Fred Zinnemann
O melhor western de todos os tempos. Impossível não se colocar no lugar do xerife em meio à tensão representada por aquele relógio contando o tempo da chegada dos bandidos. Ótima interpretação do Gary Cooper, trilha sonora perfeita e a presença de Grace Kelly. Fantástico filme.



2.º) Três Homens em Conflito (Il Buono, Il Brutto, Il cattivo), 1966 - Sergio Leone
Gosto muito dos filmes do Leone e esse é o melhor deles. Lee Van Cleef e Eli Wallach estão soberbos, além da trilha de Morricone, na minha opinião a trilha de cinema mais impactante da história.



3.º) Sete Homens e um Destino (The Magnificent Seven), 1960 - John Sturges
Clássico que deveria fazer parte da lista de qualquer amante da sétima arte. Adoro esse filme. Aquelas pessoas desarmadas e frágeis da vila, a forma como o grupo é montado, o elenco muito inspirado, partindo do 'Chris' interpretado de foma excepcional pelo Yul Brynner, torna essa obra dirigida por John Sturges obrigatória.



4.º) Galante e Sanguinário (3:10 to Yuma),
1957 - Delmer Daves

Valeu muito ver esse filme pelas atuações de Glenn Ford e Van Heflin e o clima criado por Delmer Daves. Outro filme marcado pela tensão psicológica. Afinal, será que 'Ben Wade' vai embarcar no trem?



5.º) Rio Vermelho (Red River), 1948 - Howard Hawks
O primeiro da lista com o meu ator preferido de westerns: John Wayne. Um monstro das telas, o caubói perfeito. Tem pessoas que poderiam ser eternas e ele era uma delas. Além de ser brilhantemente dirigido por Howard Hawks, um dos meus diretores prediletos.


6.º) Por uns Dólares a Mais (Per Qualche Dollaro in Più), 1965 - Sergio Leone
Muitos falavam da trilogia dos dólares e ao assistir "Por um Punhado de Dólares" fiquei com a sensação de ter visto um grane filme. Mas mudei ao ver "Por uns Dólares a Mais" pois tive uma surpresa positiva com essa obra e confesso que a presença do Lee Van Cleef é diretamente responsável pelo carinho que tenho ao lembrar as cenas desse longa. O duelo final é magnífico.



7.º) No Tempo das Diligências (Stagecoach), 1939 - John Ford
Excelentes personagens, excelentes atores e uma história muito bem construída pelo grande John Ford apoiada pelo cenário exuberante de Monument Valley. Se tem um filme que pode ser chamado de clássico é esse, o westerns que definiu o que seria feito de sua época em diante.



8.º) O Homem que Matou o Facínora (The Man Who Shot Liberty Valance), 1962 - John Ford
A história de Dorothy M. Johnson magistralmente dirigida por John Ford, num de seus últimos westerns, com a a presença do Duke e James Stewart e ainda Lee Marvin. O conflito entre a força e a inteligência me deixa um pouco perplexo. O que faríamos em determinadas situações? Nessas horas eu vejo porque amo o cinema. 


9.º) O Cavaleiro Solitário (Pale Rider), 1985 - Clint Eastwood
Existe nesse filme uma clara 'homenagem' para "Os Brutos Também Amam" e é exatamente aí o porque de eu amar essa película dirigida pelo Clint Eastwood. O filme simplesmente acerta em todos os detalhes em que "Shane" erra. a forma oculta que o padre parece carregar em sua sombra, aquela gangue aterrorizante de sobretudos pronta para matar e o duelo final dirigido de forma tão extraordinária. Além de ser um grande diretor, Eastwood é um baita ator e aqui ele está brilhante.



10.º) Butch Cassidy e Sundance Kid (Butch Cassidy), 1969 - George Roy Hill 
Confesso que vi esse filme sem maiores pretensões. talvez por isso tenha gostado tanto. A química entre Paul Newman e Robert Redford é algo que se nota desde as primeiras tomadas. A comédia, as trapalhadas, enfim, foi tudo feito, na minha opinião, com muito bom gosto.

Gostaria de destacar aqui mais dez faroestes que tem lugar de destaque em meu coração:

11.º) Winchester 73 (Winchester ’73), 1950 – Anthony Mann
12.º) Meu Ódio Será Sua Herança (The Wild Bunch), 1969 – Sam Peckinpah
13.º) O Último Pistoleiro (The Shootist), 1976 – Don Siegel
14.º) Onde Começa o Inferno (Rio Bravo), 1959 – Howard Hawks
15.º) Bravura Indômita (True Grit), 1969 – Henry Hathaway
16.º) Paixão dos Fortes (My Darling Clementine), 1946 – John Ford
17.º) Dança com Lobos (Dances with Wolves), 1990 – Kevin Costner
18.º) Os Imperdoáveis (Unforgiven), 1992 – Clint Eastwood
19.º) Pacto de Justiça (Open Range), 2003 – Kevin Costner
20.º) Por um Punhado de Dólares (Per un Pugno di Dollari), 1964 – Sergio Leone



DVDteca básica para um cinéfilo de verdade.


Cena rara: Jucélio Buback não assistindo a um filme clássico.


8 comentários:

  1. Olá, Jucélio

    Tuas listas de Top-Ten estão ótimas!
    Parabéns!
    Janete

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    1. Olá, Janete, a amiga de sempre do Westerncinemania. Um abraço do Darci.

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  2. Jucélio Buback
    Parabéns , sem comentário você arrasou , já vi que em matéria de Westerns você é mestre, quantos aos seus 10 preferidos western são excelentes.

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  3. Olá, Joaquim Murieta, que alegria vê-lo nestas paragens, você que já cavalgou pelas terras bravias do faroeste. Um abraço do Darci.

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  4. Parabéns ao Jucélio pela lista de preferidos. São grandes filmes,sem dúvida!

    Uma saudação ao Joaquim Murieta ! Abraço !!

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  5. Senti falta de uma música do homenageado, mas, afinal, como aqui é western, talvez não coubesse. Gostei muito, ainda, de ler a frase “Tem pessoas que poderiam ser eternas e ele (o Duke) era uma delas.” Não há como não concordar. Também gostei dos filmes do top; só acho que, mesmo bons, não colocaria os dois últimos. O nono tenho que rever, pois o Darci sempre fala bem dele, e acho que passei batido quando o vi.

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  6. Olá, Vinicius
    Bem lembrado a falta de uma música gravada pelo Jucélio. Vamos ver se é possível inserir uma gravação da dupla que el tinha. O Cavaleiro Solitário é, para mim, um dos grandes e mais injustiçados westerns de Clint Eastwood.
    Abraço do Darci

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