UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

25 de agosto de 2016

BANDOLEIROS DE DURANGO (GUN DUEL IN DURANGO), COM GEORGE MONTGOMERY


George Montgomery com
Hedy Lamarr (acima)
e com Gene Tierney.
Audie Murphy e George Montgomery foram dois dos atores que mais se destacaram nos pequenos westerns produzidos massissamente nos anos 50. Audie se tornou muito mais conhecido e conquistou uma legião de fãs, o que não chegou a acontecer com George, e isso não deixa de ser uma flagrante injustiça. Ambos lutaram na II Guerra Mundial, com a diferença que Murphy voltou com o peito coberto de medalhas e a fama de ter sido o mais condecorado soldado norte-americano naquele conflito, o que lhe abriu as portas para o cinema. A Universal investiu bastante em Audie Murphy e seus faroestes tinham, como regra geral, melhores diretores, bons elencos e eram quase sempre filmados em cores. Muito melhor ator que o inexpressivo Murphy, George Montgomery viu-se confinado a produtores mais modestos e a filmes infinitamente mais pobres. Montgomery era alto até para os padrões hollywoodianos (1,91m) e tão boa pinta que manteve longo romance com Hedy Lamarr, uma das mais belas estrelas de todos os tempos. Bom sujeito e muito querido, Montgomery tinha entre seus amigos Roy Rogers, Gene Autry, Randolph Scott e muitos outros atores e atrizes que o admiravam por sua inteligência e sensibilidade artística, ele que era pintor, escultor e designer de móveis de estilo country e ainda decorador. Com tudo isso, a cada pequeno western de George Montgomery, como este “Bandoleiros de Durango” (Gun Duel in Durango), é inevitável a constatação que Hollywood investiu muito em Audie Murphy e pouco no excelente George Montgomery.


Acima Boyd 'Red Morgan', Al Wyatt Sr.,
Don 'Red' Barry, Steve Brodie e
Henry Rowland; abaixo George
Montgomery e Ann Robinson.
Fugindo do passado (outra vez) - “Bandoleiros de Durango” conta a história muitas vezes levada à tela do fora-da-lei que busca se regenerar mas seu passado lhe cria obstáculos. George Montgomery é Will Sabre, homem que fez parte do bando liderado por Jack Dunsten (Steve Brodie). Sabre quer mudar de vida e muda inicialmente de nome, dizendo chamar-se Dan Tomlinson, para não ser reconhecido. No caminho para Durango, onde pretende se reencontrar com Judy Ollivant (Ann Robinson), Sabre encontra o menino Robbie que acabara de perder o pai. Dunsten e seus homens procuram por Sabre pois o chefe do bando não quer perdê-lo, contando com ele para próximos assaltos. Chegando a Durango Judy acolhe o menino em sua fazenda enquanto Will Sabre, usando o nome Dan Tomlinson, consegue emprego como caixa do banco local. Sabre é descoberto e passa a ser chantageado por Dunsten que pretende que Sabre facilite os roubos ao banco onde trabalha, o que de fato acontece. O xerife Howard (Frank Ferguson) conclui que Dan Tomlinson é, de fato, o bandido Will Sabre e tenta prendê-lo como cúmplice dos assaltos, o que faz com que Sabre fuja, indo atrás do bando e conseguindo dizimá-lo. Tendo provado que quer ser um homem de bem, Sabre inicia nova vida ao lado de Judy e do menino Robbie.

George Montgomery (acima) e com
Bobby Clark.
História mal alinhavada - Com apenas 73 minutos de duração, “Bandoleiros de Durango” dirigido por Sidney Salkow não se aprofunda nos tão comuns problemas pessoais do ex-malfeitor não sugerindo ao menos o que o teria levado a trilhar abandonar a vida de crimes. Sabe-se apenas que antes disso Will Sabre fora sócio de Judy Ollivant num cassino em New Orleans, onde os dois se relacionaram. Will Sabre aconselha o menino a nunca usar de violência e ele próprio reluta em fazer uso de armas mesmo quando se defronta com criminosos. Isso acontece durante o assalto ao banco de Durango, com o fazendeiro Blaisdell (Roy Barcroft) testemunhando a incapacidade de Sabre em reagir aos tiros disparados pelo bando de Dunsten. Anteriormente, durante uma perseguição à mesma quadrilha por parte de Texas Rangers, Sabre não conseguiu sacar sua arma e ajudar a patrulha liderada pelo Capitão Ranger (Denver Pyle). E Sabre era admirado por membros do bando ao qual pertenceu, especialmente por Larry (Don ‘Red’ Barry) que se manifesta a favor de Sabre contrariando Dunsten. A falta de maior coesão neste western é que demonstra porque os pequenos faroestes de Budd Boetticher com roteiros de Burt Kannedy eram tão bons, mesmo com metragens ao redor dos 70 minutos de duração.

Acima Roy Barcroft com Montgomery;
abaixo Frank Ferguson e Denver Pyle.
Mocinho atrás do guichê - Com um mínimo de ação e mesmo assim pouco brilhante nos momentos movimentados, o melhor deste filme em preto e branco é a esplêndida atuação de George Montgomery, convincente mesmo num personagem mal estruturado. E curiosamente Montgomery passa mais tempo no filme atrás do guichê do banco que trocando tiros e socos ou montado em um cavalo. Muito boa a presença do ator infantil Bobby Clark que infelizmente não fez carreira no cinema, mesmo tendo participado de filmes conhecidos como “Os Dez Mandamentos” e “Vampiros de Almas”, o clássico sci-fi de Don Siegel. Por falar em ficção científica, Ann Robinson é a leading-lady de George Montgomery, ela que atuou no também clássico “A Guerra dos Mundos”, em 1953. Steve Brodie é bem melhor em filmes policiais e Don ‘Red’ Barry tem poucas oportunidades para exercitar sua irascibilidade. Frank Ferguson desta vez como xerife e num papel maior que de costume, aparecendo ainda Denver Pyle. Aqueles que vibravam com seriados e westerns B, reconhecerão certamente o grande homem mau Roy Barcroft e ainda Syd Saylor, veterano coadjuvante e muitas vezes sidekick de Bob Steele.

Bandidos ruívos: Boyd 'Red' Morgan e Steve Brodie; Steve Brodie e Don 'Red' Barry'.

Faroestes superiores - Produzido para completar programação dupla dos cinemas de pequenos centros, “Bandoleiros de Durango” é um western sem maiores ambições e um dos mais fracos da série que teve George Montgomery como herói. Melhor ficar, entre outros, com “Até o Último Tiro” (The Lone Gun), “Ases do Gatilho” (Masterson of Kansas), “De Homem para Homem” (Gun Belt) ou mesmo “Covil de Feras” (Robber’s Roost), este dirigido pelo próprio Sydney Salkow. E prestigiar o ótimo e injustiçado mocinho George Montgomery.


Um comentário:

  1. Alguém conhece a edição da classicline do filme FLECHAS ARDENTES (ou Flechas de Fogo) ? Sabe me dizer se é uma boa cópia ? Já comprei boas edições dessa distribuidora mas já tive o desprazer de comprar deles dvds com cópias de vhs, péssimas.

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