UMA REVISTA ELETRÔNICA QUE FOCALIZA O GÊNERO WESTERN

5 de fevereiro de 2015

SÉRIES WESTERNS DE TV – BONANZA, A SÉRIE DE TV MAIS ASSISTIDA NO MUNDO INTEIRO


David Dortort quando jovem
e anos mais tarde realizado com
o sucesso da série "Bonanza".
O ano de 1959 assistiu ao recorde de séries westerns produzidas para a televisão norte-americana. Nada menos que 48 programas de faroeste disputavam os horários durante a semana dividindo o público telespectador. Havia heróis (e sidekicks) de todos os tipos e parecia que nada de novo poderia surgir para os fãs do gênero. David Dortort tinha, porém, um projeto diferente com um inusitado ponto de partida: os heróis seriam um pai viúvo três vezes e seus três filhos, um de cada casamento. Na sinopse de Dortort o clã se denominava Cartwright e o patriarca era Benjamim, dono de vastíssima extensão de terras denominada Ponderosa, em Nevada. Os três filhos de Ben Cartwright eram solteiros, cada um com personalidade própria e em comum tinham a integridade de caráter e a coragem para enfrentar todo tipo de perigo, componentes herdados do patriarca. Os Cartwrights defendiam sua extensa propriedade mas não se negavam a acolher aqueles que porventura precisassem por ela passar e até mesmo permanecer por algum tempo. O projeto ambicioso de David Dortort se intitulava “Bonanza” e mirava não só o telespectador que gostava de faroestes, mas reunir toda a família em torno da televisão. Não apenas mais uma série western com o inevitável tiroteio final e sim um programa sobre as relações humanas dos Cartwrights com todo tipo de pessoa.

Acima Lorne Greene acusando
Hope Lange em "A Caldeira do
Diabo"; Pernell Roberts e
Randolph Scott em "O Homem
que Luta Só"; Dan Blocker em
um de seus primeiros trabalhos
no cinema.
A montagem do elenco central - David Dortort iniciou as tratativas com a National Broadcasting Corporation – NBC e conseguiu um acordo com a RCA Victor que patrocinaria a série toda ela filmada em cores, uma novidade nas séries para a televisão. A RCA numa inovadora estratégia de marketing visava promover um grande aumento na venda de seus televisores em cores e sabia que as belas paisagens dos faroestes tinham um apelo irresistível. Com o sinal verde David Dortort começou a montar o elenco escolhendo em primeiro lugar, para interpretar o patriarca do clã, o canadense Lorne Greene dono de belíssima voz e respeitáveis cabelos já bastante embranquecidos para seus 44 anos de idade. Greene havia impressionado bem no cinema como o agressivo promotor de “A Caldeira do Diabo”, drama que fez enorme sucesso de público e daria ao personagem ‘Ben’ a necessária respeitabilidade. Pernell Roberts, 13 anos mais novo que Lorne Greene foi contratado para ser ‘Adam’ o mais velho e mais sério dos irmãos Cartwrights. Pernell Roberts havia sido visto nos faroestes “O Irresistível Forasteiro” (The Sheepman), de 1957 e “O Homem que Luta Só” (Ride Lonesome), de 1959. O mais engraçado dos irmãos deveria ser ‘Eric’, apelidado ‘Hoss’ devido a seu cavalar tamanho, papel perfeito para Dan Blocker, igualmente apenas 13 anos mais novo que Lorne Greene. A escolha de Blocker não foi devida a nenhum dos poucos filmes que fez, nos quais aparecia em pontas como bartender ou ferreiro, mas sim aos seus 1,95m de altura e 145 kg de peso. Um pouco mais trabalhosa foi a escolha do ator que iria interpretar o mais novo dos três irmãos.

Michael Landon como
Tom Dooley.
Michael Landon vence dois Roberts - ‘Joseph’, chamado de ‘Little Joe’ deveria ser jovem, forte, viril e ainda simpático pois iria interpretar o mais galante dos irmãos. Dortort estava em dúvida em escolher entre Robert Blake e Robert Fuller, enquanto Michael Landon, que havia se candidatado, não agradara ao produtor. Dortort assistira, com a esposa Rose, ao western “Assassino Covarde” (The Legend of Tom Dooley), protagonizado por Landon. Rose gostou de Michael Landon e fez lobby junto ao marido para que contratasse o jovem ator, 21 anos mais jovem que Lorne Greene. David Dortort atendeu à esposa e nunca se arrependeu pois ninguém jamais levou tão a sério o trabalho em “Bonanza” que Michael Landon, como veremos adiante. Os Cartwrights tinham muitos afazeres na gigantesca Ponderosa e as refeições do quarteto ficariam a cargo do cozinheiro chinês Hop Sing que seria interpretado por Victor Sen Yung. Na famosa série ‘Charlie Chan’ estrelada por Warner Oland, Victor Sen Yung era o atrapalhado filho ‘N.º 2’ do detetive. Ao contrário do que se pensava, Yung era norte-americano, nascido em São Francisco. O veterano Ray Teal, com extensa filmografia, foi chamado para interpretar o xerife ‘Roy Coffe’ de Virginia City.

Livingston e Evans e abaixo
David Rose.
A vibrante canção-tema - Junto com cada série western de TV eram criados temas musicais uns mais marcantes, outros menos. Para a nova série foi encomendada uma música-tema aos premiados compositores Jay Livingston e Ray Evans, vencedores de três prêmios Oscar de Melhor Canção. A dupla apresentou uma vibrante canção que impressionou bem, mas cuja letra não agradou a ninguém. O arranjo da canção intitulada “Bonanza” foi feito por Billy May e a orquestra do maestro David Rose se incumbiu da execução. O episódio de lançamento, intitulado “A Rose for Lotta”, foi ao ar em 12 de setembro de 1959 e teve como atriz convidada Yvonne De Carlo. Com atores fixos relativamente pouco conhecidos, “Bonanza” assim como outras séries trazia em cada episódio atores famosos como convidados, forma de atrair o público. A maior parte desses ‘guest stars’ recebia pela participação única um pagamento maior que aqueles recebidos por Greene, Roberts, Blocker e Landon. Estes acreditavam que a série faria sucesso e com o tempo os tornaria famosos, fazendo jus a salários mais condizentes e satisfatórios. Mas as coisas não transcorreram como eles imaginaram, pelo menos a princípio.

Anúncio do novo horário de exibição
de "Bonanza"; Dan Blocker sobre um
Camaro 1967, Pace-Car da F-Indy.
Início claudicante - Com episódios de uma hora de duração (52 minutos), a série foi exibida pela rede NBC aos sábados no horário das 19:30/20:30 horas, isto nas duas primeiras temporadas. Apesar da esmerada produção a audiência na primeira temporada não foi a esperada e “Bonanza” não conseguiu ficar entre os Top 30 programas mais vistos. A NBC cogitou o cancelamento da série, mas Dortort conseguiu mantê-la no ar por mais uma temporada. Nesse segundo ano de exibição “Bonanza” subiu para a 17.ª colocação, ainda aquém da expectativas. Sabia-se que esses resultados fracos no Nielsen Ratings (instituto que media a audiência dos programas) eram devidos à concorrência de horário, em que “Bonanza” disputava o público com “Perry Mason”, então um dos programas mais vistos da televisão nos Estados Unidos. Para a 3.ª temporada a NBC passou a exibir “Bonanza” às 21:00 horas nos domingos à noite e a audiência explodiu, levando a série produzida por David Dortort ao segundo lugar entre os programas de maior audiência. O patrocinador não era mais a RCA Victor e sim a fábrica de automóveis Chevrolet, divisão da General Motors. Conquistado o público, os quatro atores que interpretavam os Cartwrights se tornaram celebridades e seus salários estavam entre os maiores entre os atores de séries de TV. Somava-se ao salário as campanhas publicitárias que os quatro faziam para os belos automóveis da Chevrolet. Melhor que isso era a expectativa de longevidade da série, garantia de fama e salários cada vez maiores. Mas como em toda família, as diferenças cedo ou tarde começam a surgir.

Pernell Roberts
A insatisfação de Pernell Roberts - Raros eram os episódios em que Ben Cartwright e seus três filhos se envolviam juntos nas mesmas aventuras. Quando muito dois deles enfrentavam os bandidos que ameaçavam Virginia City e arredores. Na maior parte das vezes apenas um deles era o protagonista da história e o público telespectador se dividia na preferência por Adam, Little Joe e Benjamim. O gentil gigante Hoss era uma espécie de unanimidade como segundo na preferência de todos pois os episódios nos quais participava eram os mais engraçados. Diretores e escritores se revezavam nos episódios e a qualidade oscilava de acordo com o material fornecido. Pernell Roberts começou a ficar incomodado com o número menor de histórias nas quais era o protagonista e mais ainda por não serem essas histórias as mais interessantes. Suas reclamações junto a David Dortort se tornaram mais constantes e o ator não escondia dos três colegas a sua insatisfação. O produtor ainda tentou contornar a situação inventando um casamento para Adam, o que faria com que Pernell Roberts pudesse se afastar da série sem abandoná-la definitivamente. Mas Roberts, conforme confidenciou a Lorne Greene, queria novos desafios para sua carreira de ator. Mais sensato, Greene respondeu: “Fique por aqui mesmo e logo você terá tanto dinheiro que poderá contratar Tennessee Williams para escrever uma peça para você”. O ‘caso Pernell Roberts’ foi levado à direção da NBC que decidiu dispensar o ator justamente quando “Bonanza” era, pelo terceiro ano seguido, o programa mais assistido da televisão norte-americana. Roberts praticamente desapareceu do mundo artístico pelos próximos anos, tempo em que “Bonanza” seguiu sua trajetória de sucesso.

O ex-Zorro em Ponderosa - Para substituir Pernell Roberts o produtor Dortort introduziu um meio-irmão (por parte de mãe) de Little Joe, chamado Clay e interpretado por Barry Coe. Não deu certo e Guy Williams que havia feito sucesso com a série “Zorro” surgiu em Ponderosa como Will Cartwright, sobrinho de Ben. Williams também não agradou ao público como havia feito quando era Don Diego de La Vega e durou poucos episódios no elenco fixo. David Dortort desistiu de tentar substituir Adam Cartwright e as histórias de “Bonanza” ficaram restritas ao patriarca e seus dois filhos. Adam foi citado em alguns episódios como tendo ido para São Francisco, até que ninguém mais falou nele.

Lorne Greene com Guy Williams; Michael Landon com Barry Coe.
Williams e Coe foram duas tentativas mal sucedidas de substituir Pernell Roberts.

Lorne Greene e Geraldine Brooks
As três senhoras Cartwright - Benjamin Cartwright se casou três vezes e enviuvou outras tantas vezes. Suas finadas esposas foram apresentadas nos episódios “Elizabeth, my Love”, “Inger, my Love” e “Marie, my Love” interpretadas respectivamente por Geraldine Brooks, Inga Swenson e Felicia Farr. Houve ainda o episódio “Journey Remembered”, em que Inger é lembrada quando Ben e Hoss acompanham... o nascimento de um potro. Ben se casou pela primeira vez, com Elizabeth, quando estava na Marinha Mercante e com ela teve o filho Adam. Posteriormente, numa viagem a Illinois o viúvo Ben encontra a sueca Inger Borgstrom, com quem se casa e tem o filho Eric (Hoss). Viúvo duas vezes, Ben conheceu Marie numa viagem que fez a New Orleans e tiveram o filho Joseph (Little Joe). Esse tipo de situação encantava o público que parecia participar da saga de Ben Cartwright em busca da felicidade, mas após a morte de Marie, Ben resistiu a algumas paixões e outros assédios e nunca mais se casou.

Felicia Farr como Marie, a terceira e última esposa de Ben Cartwright;
Ben com a segunda esposa Inger Bergstrom (Inga Swenson).

David Canary
O capataz e o órfão - “Bonanza” era um verdadeiro fenômeno pois se transformou em uma série não só admirada por sua qualidade artística, mas adorada pela legião de espectadores. Nenhum outro programa no gênero western se manteve, antes ou depois de “Bonanza”, por dez anos consecutivos entre os Top-10 mais assistidos. Mesmo com o sucesso da série, na 9.ª temporada foi acrescentado o personagem ‘Candy Canaday’, um capataz contratado por Ben Cartwright e interpretado por David Canary. Bem aceito pelo público, em 1970 Canary entendeu que deveria ganhar o que ganhavam os atores que interpretavam seus patrões Cartwrights. Dortort não concordou e Canary desapareceu da série. Para substituir David Canary foi contratado Mitch Vogel, ator de 14 anos de idade, para interpretar Jamie Hunter, um órfão que foi adotado por Ben Cartwright.

Lorne Greene e Mitch Vogel; David Cabary entre Michael Landon e
Dub Taylor no episódio "The Horse Traders".

Michael Landon
A importância de Michael Landon - Envolvendo-se cada vez mais com a série “Bonanza”, a certa altura parecia ser Michael Landon o verdadeiro produtor, chegando a incomodar David Dortort. Landon fazia questão de ler todos os roteiros dos episódios, mesmo aqueles nos quais não participava e exigia muitas modificações para que a série não perdesse a qualidade. Michael Landon, que já havia escrito as histórias para diversos episódios passou também a dirigir alguns deles sendo o mais importante “Forever”, homenagem a Hoss Cartwright. No total Michael Landon escreveu 20 histórias e dirigiu 14 episódios de "Bonanza". Finda a série Michael passou a produzir e estrelar a bem sucedida série “Little House in the Prairie”, exibida no Brasil como “Os Pioneiros”, dirigindo 89 dos 203 episódios produzidos nos nove anos em que “Little House in the Prairie” se manteve no ar.

Dan Blocker
O fim de “Bonanza” - Mesmo com sua capacidade criativa e carisma junto ao público, não foi Michael Landon a figura determinante entre aquelas que fizeram a história da série “Bonanza”. A morte prematura de Dan Blocker, no início da 14.ª temporada da série fez com que a audiência de “Bonanza” caísse verticalmente, deixando depois de muitos anos de frequentar a lista dos Top-30 programas mais assistidos. Esse fato decretou o cancelamento da série cujo último episódio foi exibido em 16 de janeiro de 1973. No início da última temporada “Bonanza” passou a ser exibido às terças-feiras às 20:00 horas, fato inequívoco da perda de popularidade da série. Sobre a morte de Dan Blocker, ler a postagem “O Melancólico, infeliz e ingrato fim da série Bonanza”, neste blog, clicando abaixo:
http://westerncinemania.blogspot.com.br/2013/11/o-melancolico-infeliz-e-ingrato-fim-da.html


Ben Cartwright com seus filhos
Hoss, Little Joe e Adam.
Eternamente reprisado - Em suas 14 temporadas de exibição, “Bonanza” teve produzidos um total de 430 episódios, todos em cores e com uma hora de duração. “Bonanza” perde em longevidade somente para “Gunsmoke”, série que foi produzida por 20 anos com um total de 635 episódios, parte deles em preto e branco e com 25 minutos de duração. Antes mesmo de ser cancelada, a série “Bonanza” teve como concorrente em outro horário episódios das primeiras temporadas, programa exibido com o título “Ponderosa”. “Bonanza” nunca deixou de ser exibida em alguma parte do mundo nos últimos 40 anos após o fim de sua produção. As reprises sempre mantiveram excelente audiência fazendo com que novas gerações conhecessem a série, como ocorre no Brasil desde 2007, quando o Canal TCM passou a exibi-la em dois horários. Todas as 14 temporadas foram exibidas integralmente para alegria do incontável número de fãs que continua, ainda em 2015, fiel à audiência de sua série western de TV preferida. Não seria nenhum exagero afirmar que “Bonanza” é a série de TV mais assistida na história da televisão mundial.


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Dan Blocker faleceu aos 43 anos no dia 13/5/1972; Lorne Greene faleceu aos 72 anos 11/9/1987; Michael Landon morreu aos 54 anos em 1.º/7/1991; Pernell Roberts faleceu aos 81 anos em 24/1/2010; Victor Sen Young faleceu aos 65 anos em 1.º/11/1980; Ray Teal morreu aos 74 anos em 2/4/1976; Bing Russell (pai do ator Kurt Russell) faleceu em 8/4/2003.

Victor Sen Yung; Bing Russell; Ray Teal,

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Os cavalos dos Cartwrights eram, todos eles, alugados do Estábulo Fat Jones, sogro do ator Ben Johnson. Na série “Bonanza”, os cavalos receberam estes nomes: ‘Buck’/Ben Cartwright; ‘Chub’/Hoss; ‘Cochise’/Little Joe; ‘Sport’/Adam.

Os belos cavalos alugados do Fat Jones Stables.

O cavalo Buckskin, montado por Lorne Grene na série "Bonanza" foi
utilizado também por James Arness (Matt Dilon) na série "Gunsmoke".
Arness gostou tanto de Buckskin que acabou por comprá-lo.

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Após a primeira temporada os Cartwrights passaram a usar sempre as mesmas roupas. Essa determinação da produção visou economizar com a possibilidade de utilizar cenas de arquivo e ainda facilitar o trabalho dos dublês.

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A audiência da série “Bonanza”, medida pelo Nielsen Ratings apresentou os seguintes números durante os 14 anos de exibição:
  1.ª temporada – 1959/1960 – Abaixo dos Top-30
  2.ª temporada – 1960/1961 – 17.ª colocação
  3.ª temporada – 1961/1962 – 2.º colocado
  4.ª temporada – 1962/1963 – 4.º colocado
  5.ª temporada – 1963/1964 – 2.º colocado
  6.ª temporada – 1964/1965 – Campeão de audiência
  7.ª temporada – 1965/1966 – Campeão de audiência
  8.ª temporada – 1966/1967 – Campeão de audiência
  9.ª temporada – 1967/1968 – 4.º colocado
10.ª temporada – 1968/1969 – 3.º colocado
11.ª temporada – 1969/1970 – 3.º colocado
12.ª temporada – 1970/1971 – 9.º colocado
13.ª temporada – 1971/1972 – 20.º colocado
14.ª temporada – 1972/1973 – Abaixo dos Top-30


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É difícil encontrar alguém que não associe os primeiros acordes do tema de “Bonanza” com a série. Esse tema foi gravado por inúmeros cantores e orquestras, sendo que a gravação de Al Caiola foi a mais vendida. O músico brasileiro Sergio Dias Batista relatou em entrevista que aprendeu a tocar guitarra executando o tema de “Bonanza”, ao lado do irmão Arnaldo, membros do grupo Os Mutantes.

Ídolos eternos dos fãs de séries westerns:
Michael Landon, Pernell Roberts, Lorne Greene e Dan Blocker.

10 comentários:

  1. Prezado Darci,
    Como você comentou, a série “Bonanza” foi a de mais longa duração depois de “Gunsmoke” e obteve grande audiência enquanto foi exibida (e ainda continua).
    Porém, para mim, as maiorias das histórias eram mais para melodrama (principalmente entre a família) e com desconhecidos que surgiam em Virginia City com algum problema pessoal ou com a lei. Os diálogos predominavam sobre a ação física ou a tensão psicológica. Poucos episódios tinham a vibração de um clássico western, as tramas eram confinadas em interiores (até a Ponderosa foi montada visivelmente em “sound stage” (Palco de Som) que tirava muito o impacto visual. Poucas cenas eram filmadas ao ar livre, como ocorria nos chamados “westerns adultos” da mesma época (Wyatt Earp, Gunsmoke [P&B], Cimarron City, The Lone Ranger [P&B], “The Virginian” “Lancer” [outra versão de Bonanza] e muitos outros).
    Quanto aos atores principais, todos, com exceção de Dan Blocker, tinham tipo urbano. Mesmo Michael London que participou de muitos Westerns para TV estava mais para James Dean, inclusive os episódios que participou eram os mais melodramáticos de toda a série.
    Existia uma maldição Cartwright com os personagens principais, todas as noivas morriam antes do casamento, até mesmo Ben Cartwright além das três mães de cada filho (para justificar as diferenças físicas), a quarta já com os filhos adultos também morreu.
    Parnel Roberts disse que ele não agüentava mais dizer: sim pai, ok pai, obrigado pai, tem razão pai etc..
    Tenho todos os episódios gravados da TCN e o que me faz gostar da série são os atores convidados e os coadjuvantes como Lee Van Cleef, Leo Gordon, Allan Lane, Ben Johnson, Jim Davis, Myron Healey, Nevile Brand, Jack Elam, James Coburn, Rory Calhuon, Yvonne de Carlo, Inger Stevens, Vera Milles, Ray Teal, Bing Russell, Lee Marvin, Dan Duryea, Jane Greer, George Montgomery e muitos outros
    Porém, um detalhe que sempre me deixou intrigado era os cinturões de todos os personagens e figurantes não possuíam cartucheiras (local onde as balas façam armazenadas). Pergunto: “quando faltavam balas nos revólveres de onde eles os recarregavam. Do bolso?”.
    Acho que essas séries westerns para TV chamados adultos e “melodramáticos” e a quantidade exibidas, colaboraram para desgaste do gênero. Embora, a partir do final dos anos ’70 em diante as mini-séries e os longas realizados para a TV não deixaram o western “tradicional” sucumbir definitivamente.
    Suponho, também, que os roteiros eram elaborados para competir com os “Soap Operas” os quais tinham grandes audiências. Hoje são os de sexo, máfia, corruptos, vampiros, zumbis, prostituição etc. que lideram as audiências. Felizmente, “Hell on The Wheels” (western verdadeiro), ainda, está tendo audiência. Está na quarta temporada.
    Por fim, esta minha opinião não invalida o valor que a série BONANZA tem para os fãs e pelo sucesso que fez e ainda faz nas reexibições.
    É apenas uma opinião.

    Mario Peixoto Alves

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    1. Caro Mario
      Curioso e mesmo contraditório você não apreciar a série Bonanza e ter gravado todos os 430 episódios produzidos. Faltam-me 20 episódios para ter a série completa e assim como você minha coleção foi gravada do Canal TCM. Porém ao contrário do prezado amigo eu gosto bastante da série que considero a mais querida entre as séries westerns de TV e seguramente uma das melhores já produzidas. Afirmo isso não apenas porque assim penso mas pelo enorme sucesso junto ao público norte-americano, brasileiro e, segundo se lê, de muitos outros países. Você está certo quando cita o apelo melodramático de muitos episódios, mas esse era justamente um dos atrativos da série e, a rigor, de todas as séries e filmes em geral.
      Parece-me impossível que uma série tão longeva como Bonanza, com um incontável número de escritores e diretores, pudesse manter o mesmo padrão de qualidade em todos os episódios. Nem mesmo os mais conceituados diretores, Ford, Wilder, Wyler, Fellini, Visconti, Lean, para citar apenas alguns, realizaram apenas obras-primas. Gunsmoke, que eu conheço bem e gosto bastante teve também muitos episódios gravados em estúdio e a cidade cenográfica de Bonanza no lote da Paramount era tão característico que muitos filmes para o cinema a utilizaram como cenário. E você deve conhecer bem, por exemplo, a famosa rua do estúdio da Fox, reconhecida em tantos westerns clássicos. Com isso quero dizer que o cenário não é definidor de um filme melhor ou pior. Mesmo obras-primas como Rastros de Ódio são lembrados por cenas sofrivelmente gravadas em estúdio.
      Alguns atores como Joel McCrea, Glenn Ford, Slim Pickens, Ben Johnson, Ronald Reagan eram cowboys natos, outros mal sabiam montar, como Jack Palance em Shane. Lorne Greene e Pernell Roberts eram os que menos jeito de cowboy levavam, mas tanto tempo passaram filmando a série que se identificaram sim, na minha opinião, como homens do Velho Oeste. Greene, inclusive gravou inúmeros álbuns voltados às canções westerns e de forma muito convincente. Discordo totalmente de você quando fala de Michael Landon, um ator admirável e que se sairia muito bem caso sua carreira não fosse marcada pelas séries Bonanza e Os Pioneiros, esta inclusive, criação do próprio Landon. Se Michael Landon tivesse os irritantes tiques de James Dean ninguém suportaria vê-lo por quase meio século ininterruptamente vivendo personagens do Velho Oeste.
      Confesso que não me lembro, até porque não assisti à totalidade dos episódios de Bonanza, do quarto casamento do patriarca. Lembro sim do constante assédio que ele sofria por parte de mulheres interessadas nele e em seu patrimônio.
      A questão dos cinturões usados em Bonanza sempre foi alvo de discussão pois cinturões eram largos na altura justamente para comportarem munição extra, sempre necessária em andanças mais longas. A teimosia dos responsáveis por Bonanza em insistir com aqueles cinturões, ainda que tiroteios fossem raros na série, lembra um pouco os mocinhos que ingenuamente disparavam dezenas de vezes sem recarregar seus Colts.
      O cinema, dos anos 50 em diante se encarregou de produzir westerns chamados adultos, psicológicos, revisionistas e outros rótulos. Cabia à TV, veículo menos pretensioso em suas produções, fazer o contraponto com filmes mais leves como era o caso de Bonanza que vez por outra resvalava em temas mais complexos. E discordo de você novamente, caro Mario, quando aponta as séries westerns de TV como responsáveis pelo fim do gênero. Os musicais deixaram de ser produzidos no cinema sem que a televisão passasse a produzi-los. A televisão acabou com as grandes salas, mas não com o cinema e o próprio público passou a determinar quais gêneros queria assistir, fosse na telinha ou nas salas exibidoras.
      Ainda bem, como você lembrou, que de quando em vez a televisão, muito mais que o cinema, produz bons westerns para os fãs do gênero, fãs, creio eu cuja imensa maioria não frequenta mais os cinemas.
      Darci Fonseca

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    2. Prezado Darci,

      Nada tenho a discordar do seu ponto-de-vista (está na lei da relatividade). Mas, eu cometi um engano quando disse que a personagem que seria a quarta mulher de Ben Cartwright, também, morria. No entanto, revendo o episódio 226, sétima temporada, cujo título é "Her Brother's Keeper", a personagem (Nancy Gates) foge de Virginia City, mesmo com o pedido de casamento formalizado por Ben, a fim de proteger seu irmão (e o próprio Ben) que além de vigarista sofria de uma doença respiratória incurável a qual ela se culpava de ter provocado.

      O irmão (Wesley Lau) já havia enganado Ben tomando dinheiro emprestado, sem que ela soubesse.

      Apenas duas suplementação: 1) A cidade de Virginia City como você disse era filmada no Paramount Ranch, já demolido para se transformar em estacionamento. Após o incêndio (episódio 362, temporada 12, "The Night Virginia City Died") , Virginia City passou para a "Western Street" da Warner Bros., também, já demolida.
      2) A casa da Fazenda Ponderosa era construída dentro de um palco de som e ficava aparente que as plantas, o chão etc. eram falsos. Existe uma réplica, porém, real em em Nevada, próxima ao Lago Taho, aberta para visitantes. Em 1963, em Mesa, Arizona, Lorne Greene construiu uma réplica chamada Ponderosa II, onde ele morou até sua morte. Hoje é atração turística. Tem um site www.lornegreenesponderosa.com.

      Mario Peixoto Alves

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    3. Caro Mario
      Grato pelas informações, sempre importantes. Lembro desse episódio com Nancy Gates e Wesley Lau e, que ambos tentam enganar Ben Cartwright.
      Darci Fonseca

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    4. Tenho 33 anos e comecei a assistir em 2005. Sou de outra cultura. Bonanza não se explica. É uma paixão, e pronto.

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  2. Olá Darci,

    Minha mãe era fãzoca do Adam, eu tinha 12 anos, e lembro bem, toda tarde nós assistíamos juntos.
    Já eu e minha irmã gostavamos mais do Hoss.
    Não perdíamos um episodio do bonanza e do durango kid.
    Abração.

    Júnior.

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  3. Olá, Darci!
    Infelizmente, por eu não possuir TV Paga e pelo fato da série não ter sido distribuída de forma digna no brasil em DVD, ficando a cargo apenas de distribuidoras desprezíveis, a série Bonanza ainda permanece inédita para mim. Conheço apenas o tema musical. Quem sabe ainda terei a chance de acompanha-la de uma forma ou de outra.
    Agora me tire uma dúvida, por favor. A famosa rua da Fox que você mencionou em seu comentário é aquela utilizada nos clássicos "Consciências Mortas" e "O Matador"? Esta rua foi utilizada nesta série?
    Um abraço!

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    1. Olá, Thomaz
      A rua é exatamente essa e entre tantos outros filmes clássicos rodados lá merecem ser lembrados 'Minha Vontade é Lei' e 'Dragões da Violência'. Veja quantos showdowns foram realizados por lá...
      Abraço do Darci

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  4. Oi, Darci!
    Me desculpe se estou sendo lento das ideias, pode ser que já tenha no texto e me escapou, mas como este nome foi escolhido para série, por qual motivo? E tem a ver com a palavra bonança? Nunca entendi, nem minha mãe soube me explicar quando assistíamos as reprises no anos 1980 na Record.

    Abraço - Robson

    Abraço. - Robson

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  5. Olá, Robson
    Naquela região (Nevada) teria ocorrido a exploração de prata e os mineradores esperavam sempre pela 'Bonanza'. Essa palavra de origem espanhola tem o mesmo significado da nossa 'bonança', mais conhecida pelo provérbio famoso 'Depois da tempestade vem a bonança'. Ou seja, depois de muito escavar haveria o tempo da bonanza. Mas lembro que a fazenda dos Cartwrights era chamada de 'Ponderosa'. - Abraço do Darci.

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