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16 de outubro de 2014

CAVALEIRO DO COLORADO (COLORADO SUNDOWN), ÓTIMO WESTERN-B DE REX ALLEN


William Witney
Rex Allen chegou ao cinema aos 30 anos de idade, exatamente em 1950, quando a Republic Pictures criou a série de westerns-B para o cantor transformado em ator. As séries de faroestes encaminhavam-se para o final, perdendo o cinema um segmento que levou alegria e emoção a milhões de crianças e adolescentes no mundo todo. Em quatro anos (de 1950 a 1953), Rex Allen estrelou 20 faroestes e teve a sorte de na metade deles ter sido dirigido por William Witney. Responsável pela direção de alguns seriados clássicos em parceria com John English, entre eles “O Homem de Aço” (Adventures of Captain Marvel), “A Legião do Zorro” (Zorro’s Fighting Legion) e “Os Tambores de Fu-Manchu” (Drums of Fu Manchu), Witney era um mestre na criação de cenas de ação espetaculares. Além de Witney, a partir de 1952 a série de Rex Allen ganhou o reforço do ex-cowboy de rodeios Slim Pickens, substituindo Buddy Ebsen como seu sidekick. Como se percebe nesses filmes Slim merecia mesmo o apelido que tinha, de tão magro que era, muito diferente do ótimo e sempre engraçado ator que vimos em “A Face Oculta” (One Eyed-Jacks), e em “Banzé no Oeste” (Blazing Saddles). “Cavaleiro do Colorado” (Colorado Sundown) é filme exemplar para se conhecer como eram bons os faroestes do trio Witney-Allen-Pickens.


Irmãos vilões:Fred Graham e June Vincent.
Herança disputada - Em “Cavaleiro do Colorado” uma fazenda é deixada em herança e os irmãos Hurley tentam se apossar da propriedade. Eles são Carrie Hurley (June Vincent) e Daniel Hurley (Fred Graham). Ocorre que aos dois toca apenas um terço da herança, ficando os outros dois terços para a jovem Jackie Reynolds (Mary Ellen Kay) e para o estabanado cowboy Joshua Pickens (Slim Pickens). Os inconformados Hurley usam de diversos artifícios criminosos para ficar com toda a herança pois a intenção dos dois é promover uma derrubada maciça de árvores e lucrar com a venda da madeira. Alegam até que as árvores estão infectadas e precisam ser cortadas. Nesse ínterim surge ainda Dusty (John Daheim), um terceiro irmão Hurley. Rex Allen suspeita dos irmãos e entra em contato com o Departamento Florestal, conseguindo evitar o desmatamento comandado pelos Hurley. Não sem antes ter que se confrontar com os irmãos, sendo inclusive alvejado por Carrie quando lutava com Daniel. Mortos Daniel e Dusty, Carrie é presa quando tentava o suicídio.

Louise Beavers, Mary Ellen Kay,
Rex Allen e Slim Pickens.
Ação incessante - A história é simples mas a dinâmica e criatividade de William Witney tornam o filme saboroso. As lutas são eletrizantes e não poderiam deixar de ser uma vez que Fred Graham é o bandidão, ele que foi um dos principais stuntmen do cinema, tendo sido dublê de John Wayne muitas vezes. O Duke nunca apanhava pois era seu dublê Fred Graham quem levava socos por ele. E a ação é contínua com carroças descontroladas, um bandido sádico (Dusty Hurley) capaz de atirar numa mulher indefesa e num cãozinho nervoso, chegando até a uma série de envenenamentos. Claro que num faroeste com Rex Allen tem de haver canções. Afinal ele entrou para o time dos cowboys cantores que tinha Roy Rogers e Gene Autry como expoentes, apenas que com um vozeirão mais poderoso que as vozes de Roy e Gene. Mas as canções que aparecem sempre fora de hora são compensadas pelos momentos de comédia proporcionados por Slim Pickens.

June Vincent roubando o filme.
Carrie, com a maldade na alma - Slim Pickens é vítima constante de um bode branco que sem nenhuma cerimônia chifra o traseiro do cowboy a cada vez que ele se abaixa. Mas ótimo mesmo é ver a mãe de Slim, num enorme medalhão que ele carrega, censurá-lo ou aconselhá-lo. E a mãe de Slim é ele próprio, antecipando o que faria Norman Bates de “Pscicose”. Louise Beavers tem também seus momentos de comédia, o melhor deles caindo perigosamente para trás de uma charrete conduzida em velocidade por Rex Allen. Melhor que Slim Pickens somente a vilã June Vincent, numa interpretação na linha de Barbara Stanwyck em “Dragões da Violência” (Forty Guns) ou de Joan Crawford, a Vienna de “Johnny Guitar”. Elegante e dominadora, June Vincent como Carrie Hurley é a expressão máxima da maldade feminina num western-B, reduto dos mesmos de sempre espertalhões violentos como Roy Barcroft e assemelhados. A diabólica June Dumont, imitando os vilões dos seriados fazendo uso constante de um veneno que coloca no chá de suas vítimas. A maldade de June Vincent é reforçada por sua pose charmosa de mulher fatal de filmes noir-B, o que ela de fato foi, como em “Anjo Diabólico”, de 1946, com Dan Duryea, Peter Lorre e Broderick Crawford.

Louise Beavers e o cão: convalescentes.
Nonsense num faroeste – O espectador só pode reclamar da rapidez com que feridos de bala se restabelecem em “Cavaleiro do Colorado”. O próprio Rex Allen, alvejado quase a queima-roupa por June Vincent se recupera milagrosamente para em seguida exercitar seus saltos acrobáticos e cair sobre a sela de Koko. A rotunda Louise Beavers também recebe um balaço de um dos Hurley mas ao final surge convalescendo com o cachorrinho nos braços. O próprio animalzinho havia recebido um tiro mas parece não ter perdido sequer um pelo. O nonsense total porém é visto numa cena em que a tempestade ameaça inundar toda região e num extenuante trabalho noturno os cowboys constróem um dique. Fazem uma pausa para cantar “Down by the Riverside” puxado pela voz de barítono de Rex Allen. Nem Fellini imaginaria algo igual. Mas o espectador que não conseguir se divertir com essa sequência, não perde por esperar pois Rex Allen não dá nunca trégua aos bandidos, assim como o bode não se esquece de Slim Pickens. Ação e diversão de primeira qualidade fazem de "Cavaleiro do Colorado" um dos melhores faroestes B dos estertores dessa inesquecível época do cinema.

Muito antes de pilotar uma bomba atômica em "Dr. Fantástico", Slim
Pickens aparecia em situações inusitadas, aqui como sua própria mãe
num medalhão; Slim sendo chifrado por duas vezes pelo bode branco.

Rex Allen, o Cowboy do Arizona

2 comentários:

  1. OI, DARCI!
    "O próprio Rex Allen, alvejado quase a queima-roupa por June Vincent se recupera milagrosamente para em seguida exercitar seus saltos acrobáticos e cair sobre a sela de Koko."; O nonsense total porém é visto numa cena em que a tempestade ameaça inundar toda região e num extenuante trabalho noturno os cowboys constróem um dique. Fazem uma pausa para cantar “Down by the Riverside” puxado pela voz de barítono de Rex Allen. Nem Fellini imaginaria algo igual."; ótimo mesmo é ver a mãe de Slim, num enorme medalhão que ele carrega, censurá-lo ou aconselhá-lo. E a mãe de Slim é ele próprio". HAHAHA! PRECISO ACHAR URGENTE URGENTE UMA CÓPIA DESSA PÉROLA NONSENSE, POR ESSAS SEQUÊNCIAS ANTOLÓGICAS E PARA APRECIAR A BELEZA DESSAS MOCINHAS DESSE "BZINHOS", COMO O SENHOR OS CHAMA.UAU! ELAS SÃO APAIXONANTEMENTE LINDAS, ESSA MARY ELLEN KAY E A GALE STORM DE "DEBANDADA", QUE FOI COMENTADO A POUCO TEMPO ATRÁS. FORA AS VÁRIAS OUTRAS, QUE VI EM OUTRA MATÉRIAS AQUI NO BLOG E NO LIVRO DO GRANDE MANTOVI. PODIAM NÃO TER UM TALENTO LÁ GRANDE, MAS SÓ POR SEREM ESSES "COLÍRIOS", JUSTIFICAVA SUAS PRESENÇAS. AI, AI!

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  2. ...esse ainda não vi, mas fiquei curioso, amigo Darci !! Note a arma invertida na última foto... Abraçooo do Beto Montgomery !!

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