|
"Reduto de Assassinos", último western da série de Roy Rogers na Republic. |
Dos 'Bs' para a TV - Em 1950 havia 5.343.000 televisores nos Estados Unidos.
Mocinhos que estrelavam séries de westerns B no cinema iniciaram o processo de
migração para a televisão com enorme sucesso. Entre eles estavam Hopalong
Cassidy, The Lone Ranger, The Cisco Kid e Gene Autry. Enquanto isso a produção de
faroestes 'B' dos pequenos estúdios agonizava lenta e inexoravelmente. Em 1951 foi
a vez de Roy Rogers se despedir da sua série na Republic Pictures com os cinco últimos
faroestes que foram “Foguete Misterioso” (Spoilers of the Plains), “Acusação
Injusta” (Heart of the Rockies), “O Paladino da Lei” (In Old amarillo), “Ao Sul
de Caliente” (South of Caliente) e “Reduto de Assassinos” (Pals of the Golden
West). Nesse mesmo ano de 1951 o número de televisores nos Estados Unidos
passou para 13 milhões e em 4 de setembro desse ano ocorreu a primeira
transmissão costa-a-costa (do Pacífico ao Atlântico), com um discurso do então
presidente Harry S. Truman. Em 15 de outubro de 1951 estreava na rede CBS a
série “I Love Lucy”. Em 30 de dezembro de 1951 os telespectadores assistiram ao
primeiro episódio de uma nova série western, o “The Roy Rogers Show”,
transmitido pela rede NBC.
|
Roy Rogers, Pat Brady, Dale Evans e, no quadrinho, Harry Harvey, o sheriff de Mineral City. |
A
turma de Roy Rogers - Nessa série Roy Rogers vivia no seu
rancho, o ‘Double R Bar Ranch’ enquanto Dale Evans gerenciava o ‘Eureka Hotel
and Cafe’ em Mineral City, uma cidade próxima do rancho de Roy. Pat Brady era o
cozinheiro do 'Eureka' e quando era necessário Pat pegava seu jipe chamado Nellybelly e ia atrapalhar
Roy no ‘Double R Bar Ranch’. Roy montava seu palomino Trigger e Dale Evans
montava Buttermilk, seu belo quarto-de-milha. Roy tinha também um cão pastor
alemão chamado Bullet. Harry Harvey interpretava o xerife gordinho de Mineral
City que invariavelmente recorria a Roy Rogers para manter a paz na cidade.
Myron Healey, Reed Howes e até Chuck Roberson também interpretaram o xerife de
Mineral City algumas vezes, todos sempre dependentes de Roy. Os homens-maus que
mais vezes ameaçaram a cidadezinha foram John L. Cason, Gregg Barton e Fred
Graham. Outros bandidos famosos que tentaram tirar a tranquilidade de Mineral
City foram Robert J. Wilke, Tom Tyler e George J. Lewis. Um jovem ator chamado
Charles Bushinky que ficaria famoso como Charles Bronson atuou na série “The
Roy Rogers Show” no episódio “The Knockout”, exibido em 28 de dezembro de 1952,
interpretando um boxeador. No episódio “Bullets and a Burro”, que foi exibido em
15 de novembro de 1953, o convidado especial era Raymond Hatton. [Assista ao
episódio completo abaixo]
Bullets
and a Burro - O episódio “Bullets and a Burro” é um excelente exemplo
de como era a série “The Roy Rogers Show”. Três bandidos (Gregg Barton, Norman
Levitt e Terry Frost) tentam por duas vezes assaltar o velho Raymond Hatton,
sendo impedidos por Roy Rogers que por duas vezes entrega os bandidos ao xerife Chuck
Roberson. E não é que por duas vezes 'Bad Chuck' se deixa ludibriar pelos
foras-da-lei, até que estes são capturados pela terceira e última vez, até porque não havia mais tempo para nova fuga... O burro da
história é o animal de estimação de Raymond Hatton. Dale Evans e Pat Brady
aparecem pouco no episódio, mas Bullett e Trigger mostram que eram mais inteligentes que Pat Brady, ajudando bastante Roy
Rogers. O Rei dos Cowboys troca socos com os bandidos por duas vezes, até ficando
desacordado em uma delas.
Sete
temporadas no ar - A série “The Roy Rogers Show” teve
um total de 102 episódios ao longo dos seis anos e meio em que foi exibida, de
1951 a 1957, todos os episódios com 25 minutos de duração. Nesse tempo as cores
ainda não haviam chegado às séries de TV. Assim como Gene Autry e Hopalong
Cassidy, Roy Rogers decidiu produzir a sua própria série, criando a Roy Rogers
Productions, que lhe rendeu muito mais que os quase cem filmes que fez para o
cinema, 90 deles para Herbert J. Yates, o dono da Republic Pictures. Como se
sabe, Yates pagava a seu atores salários irrisórios diante do que arrecadava com
eles. Roy Rogers, que desde 1940 era “O Rei dos Cowboys” talvez tenha sido o
ator mais explorado por Yates. No Brasil a série de TV era chamada apenas de “Roy
Rogers” e era exibida pela TV Record com legendas. Outros canais continuaram a
exibir a série no Brasil até o advento da TV em cores, quando finalmente os fãs
de Roy Rogers não mais puderam vê-lo pela TV. Sorte mesmo tiveram aqueles fãs
como Lázaro Narciso Rodrigues, o 'Roy Rogers Brasileiro', que teve o privilégio de ver
os filmes do Rei dos Cowboys inicialmente nas matinês dominicais dos cineminhas do interior e mais tarde assistiu a série na TV.
Atualmente Lazinho Kid Blue e outros fãs podem dispor tanto dos filmes da Republic Pictures
como dos 102 episódios da série “The Roy Rogers Show”, lançada em vídeo nos Estados
Unidos.
|
O 'Eureka' da série de TV e um dos restaurantes da extensa rede espalhada pelos EUA. |
A
rede ‘Roy Rogers Restaurant’ - Assim como ocorreu no Brasil, a
série “The Roy Rogers Show” continuou a ser exibida nas décadas de 60, 70 pela
rede CBS e nas décadas seguintes pelos canais a cabo especializados em séries e
em faroestes. Anos depois de finda a série “The Roy Rogers Show” e talvez
inspirados pelo ‘Eureka Hotel and Cafe’ gerenciado por Dale Evans, Roy Rogers
emprestou seu ainda famoso nome à Marriott Corporation que criou uma rede de lanchonetes com a
marca 'Roy Rogers Restaurant', com lanchonetes distribuídas por todos os Estados Unidos. Em
1982 a Marriott adquiriu outra rede de lanchonetes que passou também a ostentar o nome 'Roy Rogers Restaurant' num total de quase 200 lanchonetes. Infelizmente, em
1994 a rede McDonald’s comprou a maior parte da rede Roy Rogers que foi aos
poucos sendo vendida. O último 'Roy Rogers Restaurant' foi fechado em novembro
de 2010, em Long Island, NY. Uma pena pois os fãs de Roy Rogers que viajavam para os Estados
Unidos deixaram de ter o prazer e emoção de comer num restaurante que tinha a marca do Rei dos Cowboys.
|
O boboca Pat Brady e seu Nellybelle |
Tempo
dos ‘Televizinhos’ - A série “The Roy Rogers
Show” não atingiu o status artístico de outras séries como “Gunsmoke”, "Paladin" e "Wanted, Dead or Alive" por exemplo,
mas teve sua importância por ter sido uma das séries pioneiras da TV e por
levar Roy Rogers aos lares de tantos fãs. Campeã de audiência das séries faroestes nos anos 50, nos saudosos tempos dos
‘televizinhos’, as poucas residências brasileiras que possuíam televisores recebiam
grupos de amiguinhos do filho do dono da casa para assistir a uma nova aventura
de Roy Rogers. E nos pequenos aparelhos de 21 polegadas Roy Rogers propiciava a
cada episódio uma aula de integridade, educação, simpatia e elegância. Isto,
claro, além da habilidade como cavaleiro e vigor no trato com os malfeitores. E uma pena que a série não fosse em cores para ressaltar as estilosas indumentárias do Rei dos Cowboys. Roy Rogers estava sempre acompanhado de Dale Evans, do atrapalhado Pat Brady e dos
igualmente queridos Trigger, Buttermilk e Bullet, que se despediam a cada
episódio, ao som de “Happy Trails”, tema da inesquecível série que fez feliz milhões de crianças e adolesentes.