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9 de abril de 2012

OS MAL ENCARADOS (Ambush at Tomahawk Gap), VIOLENTO E DIFERENTE WESTERN-B


O rótulo de filme “B” somente enobrece algumas produções, como acontece com “Os Mal Encarados” (Ambush at Tomahawk Gap), típico caso de western de pequeno orçamento com qualidade não alcançada por produções onde se gastou dez vezes mais. Dirigido por Fred F. Sears, esse faroeste tem ainda algumas peculiaridades que o tornam bastante interessante, ou mais que isso, indispensável mesmo.


Desesperada busca por dez mil dólares.
QUATRO HOMENS E UM CEMITÉRIO - A história de autoria de David Lang conta como quatro prisioneiros são colocados em liberdade após cumprirem cinco anos de pena pelo roubo de dinheiro pertencente ao Exército. O produto do assalto nunca foi recuperado pois havia sido escondido na cidade de Tomahawk Gap que se tornara mais uma cidade-fantasma do Velho Oeste. McCord (John Hodiak), é um dos homens que cumpriram pena porém no caso dele injustamente uma vez que era pessoa de bem e acabou preso em lugar de Frank Egan, o chefe do bando, morto posteriormente. McCord entende que por ter passado cinco anos na prisão faz jus a uma espécie de indenização, indenização esta que seria sua parte dos dez mil dólares escondidos por Frank Egan no cemitério de Tomahawk Gap. Os demais ex-prisioneiros são Egan (David Brian), irmão de Frank Egan; Doc (Ray Teal) e Kid (John Derek). Os quatro homens partem para a cidade-fantasma em busca do dinheiro e no caminho encontram uma índia navajo (Maria Elena Marques) que escapara dos apaches de quem era prisioneira. Em Tomahawk Gap há um único habitante, um velho maluco chamado Travis (John Qualen) que cuida do cemitério local e espera pela volta dos moradores que abandonaram a cidade. Junta-se a eles um agente disfarçado do Exército chamado Stranton (Otto Hulett), cuja missão é seguir os ex-prisioneiros e recuperar o dinheiro. Após descobrir que a pequena fortuna não fora escondida no cemitério pois Frank pretendia se apossar sozinho do produto do roubo, os quatro homens praticamente reviram pelo avesso toda a poerenta cidade abandonada e antes de encontrar o dinheiro são atacados pelos apaches. Os únicos que sobrevivem são Kid e a índia navajo.

Loucura: John Qualen; amizade: Teal e Derek
GANÂNCIA E LOUCURA - Seria quase inimaginável, em 1953, ser filmado um faroeste “B” sem um herói, o chamado mocinho de toda história do Velho Oeste. Ainda que o personagem de John Hodiak não seja exatamente um bandido, acaba se deixando levar pela motivação única de se apossar do dinheiro roubado, mesmo sentimento dos três outros homens. A influência de “O Tesouro de Sierra Madre” é evidente, e a personalidade de cada um vai se delineando enquanto as diferenças pessoais dominam os passos desses homens obcecados. Voltam eles a se unir apenas diante do inimigo comum representado pelos apaches. John Hodiak que poderia ser o herói da história transforma-se num personagem tão cansado, sujo e desesperado como todos os demais naquela angustiante cidade morta em que se desenrola esta história que não comporta heróis. Há ainda a trágica figura de John P. Travis (John Qualen) levado à loucura pela solidão de Tomahawk Gap e para completar o tenebroso quadro há a selvageria dos apaches, nunca antes demonstrada de forma tão violenta na tela, justamente num tempo em que a moda era rever o índio como personagem-vítima do homem branco. Não há espaço para romance em Tomahawk Gap e a única concessão afetiva permitida em “Os Mal Encarados” é a bastante ambígua relação de Doc (Ray Teal), com Kid (John Derek), em que o homem mais velho quer que o jovem se afaste do crime e reinicie uma nova vida, se possível junto dele.

Cena jamais vista com o índio alvejado por
uma flecha incendiária na barriga;
stuntman a cavalo caindo numa vidraça;
John Derek, David Brian e John Hodiak.
DIFÍCIL ACREDITAR, MAS É UM FILME “B” - Filmes “B” como “Os Mal Encarados” eram produzidos com orçamento máximo de 100 mil dólares, isto num tempo em que astros como John Wayne, Gary Cooper e Burt Lancaster cobravam 300 mil dólares por participação numa película. E o cronograma de filmagem de um filme “B” jamais ultrapassava três semanas, sem direito a ensaios ou a refazer cenas que não ficaram boas. Levando-se tudo isso em conta é admirável a qualidade técnica e artística de “Os Mal Encarados”, dirigido pelo menosprezado Fred F. Sears. Algumas sequências são simplesmente antológicas, como o índio sendo alvejado no estômago por uma flecha em chamas, assim como o impressionante trabalho dos não creditados stuntmen em espetaculares quedas de cavalos ou de cima de telhados. Cenografia (Louis Diage), cinematografia (Henry Freulich) e música (Ross DiMaggio-Paul Sawtell) perfeitas numa produção de Wallace McDonald, produtor que ao lado de Sam Katzman respondia pela produção “B” da Columbia. John Hodiak com a carreira em declínio é o único nome do elenco de maior apelo junto ao público uma vez que a Columbia ao filmar “Os Mal Encarados” objetivava somente produzir um complemento para programas duplos. Mas assim como aconteceu muitas vezes com Budd Boetticher, Joseph E. Lewis, Phil Karlson e alguns outros, o resultado sempre podia ser um surpreendentemente brilhante pequeno filme, neste caso um pequeno clássico.

Fred Sears como ator ao lado de Charles
Starrett em "Bandidos de Eldorado",
faroeste B de 1949, da série Durango Kid.
PRESENÇA MARCANTE DE RAY TEAL - O nome mais forte do elenco de “Os Mal Encarados” é o de John Hodiak, seguido pelo ainda jovem John Derek e por David Brian, todos os três apostas de Hollywood para se tornarem astros, o que a rigor acabou não acontecendo com nenhum deles. John Hodiak tem bom desempenho diante dos sofríveis Derek e Brian mas o grande nome do filme é Ray Teal que num papel com maior profundidade psicológica tem um formidável desempenho. Uma surpresa é o canadense John Qualen visto tantas vezes na tela em tipos característicamente nórdicos, o mais famoso deles o sueco Lars Jorgensen em “Rastros de Ódio” (The Searchers), que em “Os Mal Encarados” interpreta um delirante velho esquecido em Tomahawk Gap que faz do cemitério local seu mundo e razão de sua vida. Maria Elena Marques, uma invenção mexicana para concorrer com a bem sucedida Katy Jurado, é fraca e nunca mais fez outro filme em Hollywood. Maria Elena Marques já havia atuado em “Assim são os Fortes” (Across the Wide Missouri), com Clark Gable e John Hodiak. Cinéfilos reconhecerão o engraçado Percy Helton, o eterno vilão Trevor Bardette, aqui como xerife da cidade de Twin Forks e John Doucette. Ainda no elenco o pouco conhecido Otto Hulett. “Os Mal Encarados” tem um único pecado que é o inconvincente final, mas seu muito bem elaborado roteiro repleto de cenas de ação e antecipando a violência que seria vista nos faroestes dez anos mais tarde, confirma a qualidade de Fred F. Sears como diretor. Sears que faleceu precocemente aos 44 anos de idade em 1957, tinha tudo para se tornar um diretor respeitado, mesmo tendo rodado 30 filmes “B” no período de 1953 a 1957, um deles justamente “Os Mal Encarados”.

14 comentários:

  1. O fato de muitos filmes de baixo, ou baixissimos orçamentos, fazerem sucesso, não é coisa rara.

    Kirk Douglas se queixava de Walsh. Alegava que ele trabalhava rápido e com ares de quem desejava logo que o dia acabasse para ir para casa.

    No entanto quase tudo que Walsh fez foi, ao menos por mim, muito bem aceito. E era considerado um diretor de filmes B.

    E, conforme é citado nesta reportagem, os diretores Phil Karlson, J Lewis e Budd Boetticher eram também diretores de fitas B.

    Vi de Phil Karlson diversos filmes, faroestes ou não, mas principalmente faroeste, como Sangue de Pistoleiro, com Heflin e Hunter, que é classificado um filme B.

    Do J Lewis posso citar o muito bom Obrigado a Matar, com Randy Scott.
    E com o Boettticher nem era aconselhavel a perguntar a ele se seu filme era B, porque ele se engasgava de ira.

    Ora: afinal o que é um filme B?
    Um filme feito rapidamente, para complemento de sessões, com pouco dinheiro, ou filmes curtos, sempre em preto e branco, feito em uma semana ou menos, como os filmes de Rogers, Autri, Elliott, Cassid, etc?

    Posso considerar como B a segunga opção, já que os demais eram fitas feitas com bons ou com promissores atores, bom elenco de apoio, normalmente coloridos e, quase sempre, fitas feitas com tanto carinho que saiam com qualidades inesperadas, como é um dos casos o filme Os Mal Encarados.

    Prefiro classisificar um filme por seu teor, sua qualidade, sua confecção, seus astros e não pelo fato de não se repetir cenas para evitar gastos, fazer rapidamente um filme ou coisas assim, já que economia e perda de tempo nunca fez mal a ninguém.

    Eastwood faz filmes sempre assim; rápidos, com poucos gastos, sem repetir cenas e, quem vai dizer que seus filmes são B por estas razões?


    E não vejo nem Obrigado a Matar, nem Os Mal Encarados, tão pouco Sangue de Pistoleiro como filmes B.

    Tudo que se faz com carinho, com boa fé, com atenção, despojamento e bom gosto, termina sempre se saindo além do esperado.

    E vou deixar uma pergunta no ar. Mas alerto; não tenho a intenção de ferir ou insultar quem quer que seja;
    Os filmes Rastros de Ódio, A Arvore dos Enforcados, No Tempo das Diligencias, Represália e mais O Irrersistivel Forasteiro, são considerados filmes B?
    Se alguém achar que sim ou que não gostaria que me pusessem as razões que os fizeram crer assim.
    jurandir_lima@bol.com.br

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  2. Jurandir, 85 por cento dos cinemas dos Estados Unidos (e aqui no Brasil também) passavam sessões duplas nos anos 40, 50 e até 60. Os melhores cinemas eram os lançadores e passavam apenas um filme. para suprir o mercado de sessões duplas os estúdios escalavam atores novos ou decadentes ou ainda de menor expressão, bem como diretores e técnicos acostumados com um ritmo de trabalho diferente do chamado filme A. Esses filmes chamados de programmers tinham sempre uma duração menor, entre 60 a 85 minutos e o custo final deles jamais ultrapassava 40 mil dólares (nos anos 40) e cem mil dólares nos anos 50. Nos anos 40 os filmes B eram quase sempre em preto e branco, mas com o barateamento da película colorida começaram a ser feitos em cores também. Muitos filmes B se tornaram clássicos pela competência de seus diretores que, como se diz, tiravam leite de pedra. O que confunde um pouco é que os filmes B da Metro e da Paramount quase se comparavam com filmes A de outros estúdios. Os faroestes feitos em série pelos estúdios mais pobres não são exatamente filmes B pois eles eram destinados a um certo tipo de mercado e eram exibidos em dias certos. Nos Estados Unidos nas matinês de sábado e aqui no Brasil nas matinês de domingo nos bairros em programações especiais diferentes da programação noturna. Um filme B de boa qualidade será sempre um filme B. Um filme A de má qualidade acabava se transformando num filme B com o passar do tempo. Os exemplos que você citou, exceto Represália, que tem diretor e atores de menor expressão e uma duração mais curta, são todos produção classe A.
    É inimaginável um estúdio mandar para o Monument Valley um ator que cobrava 500 mil dólares por filme, um diretor com quatro Oscars na estante, uma multidão de técnicos, extras, cavalos, gastar quase quatro milhões de dólares para fazer um filme B. Com esse dinheiro a Batjac faria quase 20 Sete Homens sem destino, que custou 200 mil dólares e é um filme B de alta qualidade. E olhe que desses 200 mil dólares 50 mil foram para Randolph Scott, que também produzia filmes B com orçamento parecido.
    No caso de Rastros de Ódio houve um lucro razoável, ainda que não estrondoso. Mas investir muito dinheiro num filme A é sempre uma aventura, um enorme risco porque nunca se sabe o que vai ser sucesso ou não.
    Darci

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  3. O tal "b" que marca alguns filmes tem sentido apenas em termos de orçamento, condições de filmagem e, em boa parte das vezes, pelo fato dos nomes envolvidos não pertencerem ao primeiro escalão do cinema em termos de fama e prestigio. Filmes despretensiosos, corriqueiros, de rotina, feitos por quem precisava trabalhar e pagar as contas da casa. Temos a tendência de achar que diretores e artistas fazem suas obras pensando em entrar para a Historia do cinema. Esquecemos que aquilo pode ser rotina, trabalho diário, como muitas vezes fazemos o nosso, dia apos dia.

    Essa classificação pelas letras do alfabetos não tem a ver necessariamente com qualidade.
    "Balas Que Não Erram", do Jack Arnold com o tampinha do Audie Murphy, é considerado um filme "b". "O Álamo" do Duke é uma superprodução classe "a".
    Mas eu inverteria facilmente o "a" e o "b" de ambos se o critério for a qualidade da película.
    Portanto, viva os grande filmes "b" classe "a".

    Edson Paiva

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  4. Interessante para alimentar esta discussão seria reler os comentários sobre Balas que Não Erram, neste blog. O Álamo é um filme estigmatizado e a cada vez que é assistido revela-se melhor. Se não chega a ser uma obra-prima do gênero, creio que não mereça ser considerado um filme B. É uma superprodução com belos momentos e excelentes cenas de batalha, além de boas interpretações de modo geral.
    Darci

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  5. Darci/Paiva;

    Li atentamenter seus comentários.

    O que posso dizer ao Darci é que faz todo sentido a explicação que me apontou.
    Ocorre que, por Salvador ser uma cidade semi interiorana, ao menos na época onde eu era cinemaniaco de carteirinha, não ocorria aqui o que ocorria em outros estados, como em SP, por exemplo, a respeito dos filmes para completar a sessão.

    Tinhamos aqui muitos cinemas, mas todos, digo, quase que todos, com suas sessões continuas, ou seja, só faziam lançamentos, que iam exatamente, das 14 às 22 hrs..

    E os cinema de programas duplos não passava um filme A e um B como complemento. Eram sempre todos B, conforme sua descrição para filmes assim.

    Daí eu estranhar esta diferença entre A e B, achando que os B eram aqueles de Hopalong, Autri, Mix, Rogers, Jones,Elliott e etc, filmes curtos e normalmente em P&B.

    Agora me clareou mais e me fez entender a coisa melhor.

    Mas, amigo Paiva, não dá para fazer comparações com os dois filmes que colocaste. O Alamo, com todos os seus pecados, é uma Super Produção que quase leva o Duke à bancarrota, além de ter muita qualidade em todos os parametros que busquemos.

    É um filme polemico, quase que anverso ao que aconteceu de verdade naquele forte, com Duke enfeitando demais sua produção para lhe dar movimento, e pondo ali coisas que nunca aconteceram.
    Isto tudo é verdade? É sim. Mas aquilo ali é CINEMA, apesar de eu não concordar com todas essas extrabagancias do Duke.

    Mas é uma fita boa e, pior; muito acima do bom Balas que Não Erram, que notamos um filme quieto, sem chamariz, mas bem feitinho e com um desfeche inesperado. É uma fita ruim? Não, não é. Mas compará-la a O ALAMO é querer igualar mel feito de açucar com o mel verdadeiro.

    Que me perdoe o amigo minha intervenção em seus pontos de vista, apesar de eu, também, estar apenas expressando o meu.
    jurandir_lima@bol.com.br

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  6. Darci, Referente seu comentário em meu último Post, realmente era exatamente como você disse, a cerca das diversas atrações exibidas em uma sessão de cinema, eu já tinha um breve conhecimento sobre isso graças a alguns extras em DVDS de filmes clássicos da Warner onde Leonard Maltin explicava exatamente como eram realizadas as antigas sessões e nos extras do determinado filme procuravam reproduzir isso da maneira mais fiel possível, sendo assim, junto ao filme o DVD sempre trazia um desenho, um cinejornal, um curta, um seriado e um trailer e ai sim o longa. Aqui no Brasil eu não sabia que funcionava da mesma maneira e somente tive a conclusão disso ao ler uma reportagem sobre o acidente do Oberdan no jornal folha da manhã, (Leia na primeira coluna o tópico COMO OCORREU A CATÁSTROFE: http://acervo.folha.com.br/fdm/1938/04/12/145) antes dos filmes principais sempre tinham os seriados e curtas que eram a grande paixão das crianças e adolescentes, observe que interessante a maneira que eles escreviam, a forma poética e intelectual, quando que hoje alguém entenderia um texto com esses termos?!
    Enfim, Obrigado mais uma vez por sua participação em meu espaço, é sempre uma honra recebe-lo por lá.
    Grande abraço.

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  7. Será que exagerei na comparação? Usei “Balas Que Não Erram” e “O Álamo” por serem dois opostos que poderiam muito bem ilustrar os filmes tidos como “b” e “a”.
    O primeiro foi realizado com baixíssimo orçamento e certamente em uma ou duas semanas. O segundo um dos mais caros westerns já feitos e repleto de profissionais do mais alto calibre da industria de cinema.
    Não diria que “O Álamo” é um filme ruim. Longe disso. Mas não é, que minha memória não me traia, tão prazeroso de se ver como o filme com o Audie Murphy. “Balas Que Não Erram”, por ser um filme pequeno, passa distraído, quase que hoje esquecido. Se tivesse um diretor de mão mais firme seria um clássico pois sua trama é bastante interessante e poderia ter sido mais desenvolvida . Fico a imaginar um Henry Fonda ou um Burt Lancaster no papel que foi do Murphy e um diretor como Anthony Mann ou Edward Dimitrik no comando de “Balas Que Não Erram”. Não duvido que corria o risco do filme aparecer com freqüência em listas dos 10 mais do gênero.
    Não aconteceu. Mas ainda assim é um filme que merece ser conhecido.

    Talvez eu devesse rever “O Álamo”. Já faz uma boa pá de tempo que o assisti e não me entusiasmou muito daquela primeira vez. Fiquei com aquela impressão de ser um filme pesado, monótono, de muitas pretensões e pouco resultado. Mas vou confiar nas opiniões dos amigos Jurandir e Darci e dar um jeito de vê-lo de novo.

    Edson Paiva

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  8. Paiva;

    Não se entusiasme nem saia correndo atrás do Alamo para reve-lo, pois irá se arrepender.
    Quando eu o comparei, sobre seu comentário, com Balas que Não Eram, não quis por o filme do Duke lá nas altura não. Somente pus comparação em termos de produção, astros, grandiosidade, investimentos, etc. Mas ele realmente não saiu, nem mesmo como o Duke desejava. Por isso ele, o filme, quase mata o velho Cawboy de desilusão, pois muito pouco rendeu nas bilheiterias, mal cobrindo as despesas. E ainda assim em longo tempo de exibição.

    Ainda outro dia eu tentei reve-lo, mas não consegui. Não é um filme ruim, mas está ultrapassado, com cenas já classicamente muito vistas e repetidas, com Duke sorrindo e bebendo muito para enlevar seu filme. Até criando situações que nunca existiram, como o roubo daquele gado para o povo do forte, por exemplo.

    Se for para escolher e rever, eu também reveria Balas que Não Erram pois, como disseste, é curto e se passa sem que percebamos, além de ser um filme agradável e fácil de ver.

    Agora uma coisa falaste super corretamente; um roteiro daquele nas mãos de um Mann ou Dmitryck, ou mesmo um Sturges, por certo teria um outro ritimo. Ainda mais se um Stewart, um Lancaster ou um Fonda fosse o astro principal.

    E posso dar ao amigo duas provas mais que simples; lembra-se de O Homem dos Olhos Frios? Recorda de O Homem do Oeste? Volte mais um pouco e recorde de A Lança Partida.

    É o que tento mostrar o que um bom diretor, secundado por um grande ator, faz de uma pelocula relativamente simples.
    Percebeste a interpretação de Tracy naquele filme, especialmente naquele tribunal onde é julgado por danos causados numa mina que contaminava a água que seu gado usava?

    Ele está perfeito. Seus trejeitos, suas explosões, suas caras, o brilho de ira de suas pupilas! Tudo arrancado de uma interpretação brlilhante, de um também brilhante ator.
    E não tem roteiro mais simples que o de O Homem dos Olhos Frios nem de O Homem do Oeste, que Mann transformou em dois belos filmes.

    Sua sacada foi perfeita. Parabens.
    jurandir_lima@bol.com.br

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  9. Jurandir, você citou um de meus westerns preferidos "O Homem dos Olhos Frios". Henry Fonda nesse filme está espetacular. Ele certamente foi o maior dos atores de sua geração. Bastam alguns segundos em cena para percebermos de que barro seu pistoleiro é feito. Homem duro, destemido e consciente de suas habilidades. Curiosamente esses dias revi "O Homem Errado" do Hitchcock onde ele faz um personagem completamente diferente: frágil, inseguro, sem a mínima noção de como reagir diante dos pesadelo kafkiano em que se vê metido.
    O mesmo ator, a mesma face, em filmes da mesma época. E num instante a gente sabe que temos ali dois homens completamente distintos. Henry Fonda era um verdadeiro "monstro" na arte de interpretar. Sem exageros , sutil, com o personagem que vinha de dentro dele.Era impossivel não acreditar nele.

    "O Homem do Oeste" é um filme muito interessante mas como western eu sou meio cismado com ele. Não gosto do personagem do Cooper, que é o oposto do Henry Fonda em "O Homem dos Olhos Frios". Fico o filme todo com a impressão de que ele é um "banana". Um mocinho passar o filme quase todo sem tomar atitude me deixa bastante irritado. O filme na verdade é do L.J. Cobb que engole todo o resto do elenco.
    me parece mais uma peça de teatro (boa) que um faroeste dos legítimos, não acha?

    E não vi "A Lança Partida". Ao invés de assistir "O Álamo" então irei conferir esse faroeste que é uma das muitas lacunas em minha lista.

    Edson Paiva

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  10. Jurandir, não critico a atuação do Cooper. Compreendo seu personagem e o contexto que o impedia de agir. Só digo que, em westerns, não gosto de mocinhos que ficam limitados como ocorreu com ele. Nada contra o Cooper e sim contra seu personagem. Ele simplesmente se deixa levar pelos acontecimentos. É mais uma questão minha em relação ao papel de "mocinhos" em filmes de bang-bang. Eles podem ser qualquer coisa, inclusive anti-herois. Mas nunca passivos em excesso o que o roteiro de "O Homem do Oeste" obriga o personagem de Cooper a ser.

    Agradeço sua oferta do "Lança Partida" ,Jurandir. Normalmente consigo westerns antigos e mesmo raros via downloads na internet. E sempre com imagens ótimas pois são quase sempre de dvds. Contabilizo mais de 200 faroestes obtidos dessa forma em minha coleção. Você nao imagina como se acha quase tudo na internet. Inclusive "Bandeirantes do Norte", que ja vi disponivel para "baixar". Coisa que farei apos sua dica. Se não encontrar o filme do Tracy recorro a você, meu caro.

    Um abraço,
    Edson Paiva

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  11. Caro Edson Paiva
    E não perca mais um minuto para fazer isso. Irá confirmar que Hollywood era palco de grandes nomes, como neste filme de 1954, é o Tracy. Um faroeste digno de um ator como ele.

    Achei bastante oportuna sua posição quanto ao homem Fonda. Num instante ele é aquele sujeito frio, calado, quase que opaco em O Homem dos Olhos Frios. Logo o sujeito se mostra uma outra criatura completamente oposta à anterior, no bom filme do Hitchcock. Incrivel como ele encarnava seus personagens.

    Mas tivemos outros grandes exemplos na consteleção de Hollywood capazes de proezas como as de Fonda. Anthony Quinn era um ator com igual capacidade de fazer enes papeis, assim como o James Mason, o Douglas, o Lancaster, dentre outros mais.

    Mas não fiquei muito satisfeito nem concordei com sua posição quanto ao O Homem do Oeste.
    Fica claro que é um filme onde o Cobb domina do inicio ao fim. Isso independente de ser assim em quase tudo o que fez.

    Mas tem de se ver o Cooper e sua situação. Ali ele estava; desarmado, sob os olhares criminosos de Denner e a ameaça constante de Lord, e ainda tendo de proteger uma mulher sem muitas condições para isso.
    A situação dele é terrivel! E note; não fosse seu parente, acho que tio, Lee J Cobb, ele seria fritado logo que reapareceu
    no lugar.

    Então, não vamos comparar o Cooper ao Fonda em termos de atuação nos filmes citados, pois as situações de ambos são completamente diferentes. Enquanto o Fonda tem uma arma, é um caçador de recompensas e visto por todos como um homem que arrasta perigos, o Cooper tem uma situação totalmente contrária. Não concorda?

    Veja; eu tenho comigo gravado A Lança Partida. E um filme copiado de TV através da SKY em um DVD que grava e reproduz.

    Se procurar copia dele e não encontrar e o meu puder ser util para que possas ver o Tracy num dos melhores momentos de sua carreira, basta falar.
    Tenho ainda com ele Bandeirantes do Norte, de 1940, uma raridade de fita.
    Forte abraço
    JURANDIR BERNARDES DE LIMA
    jurandir_lima@bol.com.br

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    1. Jurandir, postei uma mensagem em resposta a essa sua no local errado. Ficou justamente acima da sua.
      No mais um abraço, meu amigo.
      Edson Paiva

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  12. Paiva;

    Peguei seu comentário e está tudo bem. O ponto alto de tudo isso são os contatos que fazemos, as trocas de idéias e posições que mostramos para o outro e o prazer de falar sobre cinema.

    Paiva? Como o li com toda a atenção seu comentário e tenho, como você e todos que comentam, as mesmas necessidades, que é assistir a filmes, ficaria agradecido se o amigo me informasse em que site consegue baixar estes faroestes que citou.

    Conheço alguns, mas que somente soltam 10 11 minutos dos filmes ou outros que soltam os filmes sem legendas.

    Então, se o amigo conhecer um site onde possa se encontrar diversos westerns, agradeceria a indicação.
    Abraço
    jurandir_lima@bol.com.br

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  13. Filmes classe 'B' e 'C', são os melhores

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