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Sterling Hayden |
“A Face Oculta” (One-Eyed Jacks) é
bastante lembrado por ser um faroeste com muitas sequências passadas à
beira-mar, mais precisamente em Monterey, na Califórnia. Porém esse, que foi o
único filme dirigido por Marlon Brando, não foi o western pioneiro ao utilizar
como cenário o oceano Pacífico. Três anos antes uma ultraeconômica produção da
Allied Artists também levou homens do Oeste a cavalgar pelas areias de
Monterey. E mais que isso, com uma história bastante parecida com a do
tumultuado faroeste de Brando. Tendo recebido o nada entusiasmante título
nacional de “O Morto Venceu”, o que poderia levar a crer que, assim como muitos
outros títulos estranhos, este filme tivesse mantido o mesmo título com que foi
batizado em Portugal, o que não é verdade uma vez que nossos patrícios
lusitanos o intitularam, mais apropriadamente, como “Traidores Infames”.
Exibido recentemente na TV por assinatura, o canal Telecine Cult achou por bem
mudar o jocoso título para “Duelo em Monterey”. Ocorre que a história, em sua
maior parte, sequer transcorre em Monterey e sim em Del Rey. E mesmo o título
original em Inglês (‘Gun Battle at Monterey’) engana o espectador porque não há
nenhuma batalha em Monterey. Aliás não temos nem mesmo o aguardado duelo final
neste western que começou a ser dirigido por Sidney Franklin Jr. e foi
concluído com direção de Carl K. Hittleman, provavelmente descontente com o
trabalho de Franklin Jr. Mas Hittleman também não conseguiu melhorar muita
coisa porque este western é dos mais fracos.
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Ted de Corsia |
Um
assalto, uma traição e uma captura - Um dos autores do roteiro original foi
Jack Leonard, o mesmo que escreveu o excelente thriller policial “Rumo ao
Inferno” em 1952. Em “O Morto Venceu” dois assaltantes de banco, após
praticarem um assalto, se escondem num local à beira-mar. Um deles é Max Reno
(Ted de Corsia) que decide ficar com o dinheiro do roubo só para ele e atira
pelas costas no companheiro Jay Turner (Sterling Hayden) quando este distraidamente
entra no mar. Reno acredita que Turner tenha morrido e o deixa para que as
ondas o levem e os peixes o devorem. Aparece na praia a jovem Maria Salvador
(Pamela Duncan) que resgata Turner ainda com vida, o leva para o pequeno rancho
do pai e consegue curá-lo das feridas provocadas pelos tiros de Reno. Turner se
recupera e parte determinado a se vingar, procurando seu quase assassino por
várias cidades. Encontra-o em Del Rey, onde Max Reno se tornou dono do saloon
local. Reno reconhece Turner que está sem barba, mas este o engana dizendo
chamar-se ‘John York’. Turner/York é nomeado delegado de Del Rey e mais tarde revela
sua real identidade para Reno, prendendo-o e o conduzindo até Monterey, onde
ele é procurado por assassinato e por roubo a banco. Atendendo aos pedidos de
Maria, Turner também se entrega e confessa ao xerife de Del Rey ser um dos
assaltantes do banco.
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Sterling Hayden |
Confundindo
Sterling Hayden - A princípio a história de “O Morto
Venceu” desperta certo interesse, até pela similaridade com “A Face Oculta”. A trama,
no entanto, se torna absurda quando o bandido Max Reno se deixa convencer que
Turner não é Turner. Quer dizer, convencido mas nem tanto. E que não se pense
que seu ex-comparsa usou algum disfarce que o tornasse irreconhecível pois o
que fez apenas foi retirar a barba, barba rala por sinal. Imagina-se quantos
homens tem a cara nórdica de Sterling Hayden, sua altura, porte físico, voz
(inalterada), jeito de andar e a ironia em cada frase. Só mesmo se Ted de
Corsia fosse substituído por Larry, Moe ou Curly... Por fim vem a opção dos roteiristas por um
desfecho inusitado, inconvincente e totalmente sem graça, sem o aguardado duelo
prometido pelos títulos nacionais, mesmo porque o ‘morto’ não vence o oponente
e acaba preso como ele. O que leva Turner a esse gesto tão honesto? O amor pela
mexicana que lhe salvou a vida e que lhe pede para agir com nobreza de caráter
incomum. Só que esse amor aflorou em algum momento que o filme deixou de
mostrar. Nesse ponto merece ser comentado um pouco da personalidade do ator
Sterling Hayden.
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Sterling Hayden e Pamela Duncan; Pamela Duncan |
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Lee Van Cleef |
Lee
Van Cleef salva o filme - Lançado em Hollywood como ‘o homem
mais bonito do cinema’, Sterling Hayden desde logo mostrou ser avesso ao
star-system não permitindo ser usado pelos estúdios e pelos produtores. Ao
contrário, ele é quem usava Hollywood ganhando dinheiro para fazer o que mais
gostava na vida que era navegar pelos diversos mares. A indústria vingou-se
dele rebaixando-o para filmes de categoria inferior, para não dizer ínfima. E o
comportamento de Hayden é facilmente percebido na tela com o desdém com que
interpreta Jay Turner mesmo sequências ‘de amor’. Daí que o menos provável é o
que o roteiro tentou impor como solução, ou seja, que Turner tivesse se
apaixonado pela mexicana. E Hayden não está sozinho ao não levar a sério esta
produção já que o mesmo acontece com Ted de Corsia que claramente também não
faz o mínimo esforço para ser o vilão cruel e ameaçador de tantos filmes. Mas
nem tudo está perdido neste western porque Lee Van Cleef brilha com boa atuação
como o traiçoeiro capanga, além da bonita e sensual Mary Beth Hughes como a
moça má de coração de ouro.
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Lee Van Cleef e Sterling Hayden; Ted de Corsia e Lee Van Cleef |
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Sterling Hayden |
Direção
claudicante - Sem duelos, sem ator principal comprometido e com roteiro
e direção claudicantes, “O Morto Venceu” tem lugar assegurado entre os mais
fracos westerns dos anos 50, década repleta de grandes westerns e de pequenos
grandes westerns também. Sidney Franklin Jr. nunca mais dirigiu filme algum e Carl
K. Hitleman, que dirigiu poucas vezes, atuando mais como produtor, também
desistiu de dirigir. Ainda bem. Estes westerns menores utilizam atores que se
especializam em papeis característicos como I. Stanford Jolley e Mauritz Hugo,
ambos no elenco que traz ainda em uma única sequência Kermit Maynard. O irmão
de Ken Maynard chegou a ser mocinho em pequenos westerns nos anos 30. Outra
curiosidade é a presença de Pat Comiskey, ex-boxeur peso-pesado com o invejável
retrospecto de ter nocauteado 60 oponentes em 87 lutas disputadas. Mary Beth
Hughes que surgiu como uma bela promessa como atriz não chegou fazer sucesso,
isto apesar de sua beleza. Sterling Hayden que já havia tido dias melhores no
cinema, viria a ter momentos muito melhores pelas mãos de Stanley Kubrick e
Francis Ford Coppola. O que o ajudou a se esquecer de filmes como “O Morto
Venceu”.
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Mary Beth Hughes; Mary Beth e Sterling Hayden |
APRENDI A GOSTAR DE FAROESTES COM O MEU PAI. QUANDO TINHA FOLGA DO TRABALHO NOS LEVAVA.
ResponderExcluirPodia ser bem melhor, porém é assistível! Vale mesmo é pelo L. V. Cleef!
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