Rui Queirós segurando o DVD com o western que dá título a seu blog. |
1.º)
O Homem que Matou o Facínora
(The Man Who Shot Liberty Valance), 1962 – John Ford
O rude cowboy Tom Doniphon (John Wayne)
perde a cidade e a mulher que ama para o idealista advogado Ransom (James Stewart).
O nostálgico adeus ao Velho Oeste de John Ford é um dos meus dois ou três
filmes favoritos em qualquer gênero.
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2.º) Onde
Começa o Inferno (Rio Bravo), 1959 – Howard Hawks
Um xerife (John Wayne) tem que defender
a prisão de um grupo de bandidos a soldo do senhor da cidade, contando apenas
com a ajuda de um bêbado (Dean Martin), um velho (Walter Brennan) e um rapaz
(Ricky Nelson). Western clássico entre os clássicos, cujo tema daria origem a
inúmeras variantes (como o excelente “Assalto à 13.ª Delegacia”, de John Carpenter)
também pode ser visto como um filme sobre a redenção de um homem (Martin), só
aparentemente uma personagem secundária).
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3.º) Rastros
de Ódio (The Searchers), 1956 – John Ford
John Wayne persegue durante anos um
bando de índios que massacrou a família do irmão e raptou a sua sobrinha
(Natalie Wood). Quando finalmente a encontra, ela já é uma squaw, e ele hesita
entre matá-la ou levá-la de volta. Nunca o Monument Valley foi tão belo e nunca
Wayne foi tão violento como nesta obra-prima do cinema, que Godard não hesitou
em comparar a Homero.
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4.º) Os
Imperdoáveis (Unforgiven), 1992 – Clint Eastwood
Ao 16.º filme atrás da câmara, Clint
Eastwood recebe a consagração dos seus pares (Oscar para melhor filme e melhor
realizador), ao desconstruir o seu próprio mito. A vaga dos westerns ‘revisionistas’
começou ainda nos anos 50, mas é aqui que atinge o seu ponto mais alto.
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5.º)
Duelo ao Sol (Duel in the
Sun), 1946 – King Vidor
Scorsese começa o magnífico ‘Uma Viagem
Pessoal pelo Cinema Americano’ a falar deste filme, que viu com a sua mãe
quando tinha quatro anos e que o fascinou até hoje. Foi assinado por um dos
grandes pioneiros de Hollywood, King Vidor, que se fartou de interferir até o ponto de Vidor bater com a porta (e
o filme passou, em maior ou menor grau, pelas mãos de cinco outros
realizadores, incluindo William Diertele e Joseph Von Sternberg). Melodramático,
de forte pendor erótico e filmado em exuberante Technicolor, foi a tentativa de
Selznick repetir o êxito de “E o Vento Levou”, agora com Jennifer Jones, isto
é, Mrs. Selznick.
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6.º) Johnny
Guitar (Johnny Guitar), 1954 – Nicholas Ray
Não há cinéfilo português que não
conheça a lenda de João Bénard da Costa à volta deste filme, o filme a sua
vida, que segundo o próprio viu 68 vezes entre 1957 e 1988. (E se não me falham
as contas, um dos três westerns que programou para o ciclo ‘Como o Cinema era
Belo’, 50 filmes para comemorar 50 anos da Gulbenkian). Quem já o viu, não
esquece um dos diálogos mais memoráveis da história do cinema.
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7.º)
Cavalgada Trágica (Comanche
Station), 1960 – Budd Boetticher
Sétimo e último western protagonizado
por Randolph Scott sob a direção de Budd Boetticher, um antigo toureiro convertido
em grande realizador de westerns série B. Aqui Scott é um antigo oficial, um
solitário que passa a vida em território Comanche resgatando mulheres raptadas
pelo índios, em troca de bens. A sua persona lacônica e desencantada esconde a
esperança de encontrar a sua própria mulher, raptada dez anos antes. Um
belíssimo filme, enésima prova que em cinema os orçamentos têm pouco a ver com
o resultado final.
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8.º)
Os Abutres Têm Fome (Two
Mules for Sister Sara), 1970 – Don Siegel
Sem dúvida o filme mais divertido desta
lista, juntando uma dupla mais que improvável: Shirley MacLaine e Clint
Eastwood. O argumento é de Budd Boetticher, muito longe do ambiente de seus
próprios filmes, e está também nos antípodas do que se esperaria de um filme de
Don Siegel. Eu quando o vi lembrei-me de... Billy Wilder (que nunca filmou um
western)!
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9.º)
Gringo/ Uma Bala para o General
(Quién Sabe?), 1966 – Damiano Damiani
Obviamente a ausência mais notória
deste Top-Ten Westerns é Sergio Leone, mas o pai do western spaghetti é um
realizador que eu admiro mas não amo. Devo ser caso único à face da terra, mas
a verdade é que prefiro os ‘westerns zapata’, em que bandos de
revolucionários/salteadores espalham o terror pela paisagem mexicana. Este,
Assinado por Damiano Damiani, com Gian Maria Volonté, Klaus Kinski e Lou
Castel, é uma verdadeira pérola desse subgênero de subgênero.
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10.º)
O Preço de um Homem (The Naked
Spur), 1953 – Anthony Mann
James Stewart persegue um conterrâneo,
procurado por assassinato (grande papel de Robert Ryan), para com o dinheiro da
recompensa recuperar o rancho que perdeu por causa de uma mulher. Mas vai ter
que escolher entre recomeçar com dinheiro ou com recomeçar com outra mulher (Janet
Leigh). Todo filmado em exteriores, sendo a paisagem uma personagem por direito
próprio, “O Preço de um Homem” é o meu preferido dos famosos westerns que Super
Mann filmou com Jimmy Stewart nos anos 50.
Parabéns ao Rui Queirós pela belíssima seleção! Ao Darci os parabéns por manter sempre a excelente qualidade do blog.
ResponderExcluirMárcio/MG
Obrigado, Márcio, pelo incentivo. - Darci Fonseca.
ExcluirO Top-Ten é a publicação que mais aguardo no WCM. Nesta ótima lista do Rui, pelo menos 7 dos filmes costumam figurar com frequência nas publicações dos 10 melhores do gênero. Parabéns ao autor e ao Darci.
ResponderExcluirMas o que Howard Hughes tem a ver com "Duelo ao Sol"?????
Abraços!
Nada a ver, de facto... comecei a falar do Scorsese e o meu subconsciente levou-me ao Howard Hughes! Na frase seguinte, aliás, já refiro o verdadeiro produtor, o Selznick... Peço ao amigo Darci para corrigir a argolada e agradeço o comentário!
ResponderExcluirAbraço.