Lee Van Cleef faz parte de uma cruel
quadrilha em “A Morte Anda a Cavalo” (Death Rides a Horse/Da Uomo a Uomo). Tão
sádicos são os componentes do bando que o próprio Lee se volta contra ele
durante este western. Quem comanda a quadrilha é Luigi Pistilli, que lidera os
facínoras Anthony Dawson, José Torres e Angelo Susani. Não bastasse esse
quarteto, Lee tem que enfrentar também Mario Brega e Bruno Corazzari, capangas
de Pistilli. Lee Van Cleef dispensa apresentação, mas o resto da quadrilha é
bem menos conhecido e vale à pena falar um pouco sobre eles.
Luigi
Pistilli (1929-1966) – Após separar-se da quadrilha, Walcott se torna o homem mais importante
de Lyndon City. Sua ganância é ilimitada e sabe que a política é um meio fácil
para enriquecer ilicitamente. Ator italiano com formação teatral, Luigi
Pistilli estreou no cinema em 1961, mas foi em seu segundo trabalho no cinema,
como um dos bandidos em “Por Uns Dólares a Mais” (Per Qualche Dollaro in Più)
que passou a ser notado. Pistilli foi dirigido novamente por Sergio Leone em
“Três Homens em Conflito” (Il Buono, Il Brutto, Il Cattivo), interpretando um
padre. No mesmo ano (1968) em que atuou em “A Morte Anda a Cavalo” Luigi
Pistilli criou o bandido Pollicut no clássico “O Vingador Silencioso” (Il
Grande Silenzio). Luigi Pistilli participou indistintamente de dramas e filmes
policiais mesmo no auge da produção dos westerns spaghetti e entre os filmes
mais importantes em que atuou com destaque está “Cadáveres Ilustres”, de
Francesco Rosi. Luigi Pistilli cometeu suicídio devido à depressão resultante
de uma separação amorosa.
Anthony
Dawson (1916-1992) – Os quatro ases tatuados em seu peito não
impediram o bandido Burt Cavanaugh de
se tornar ‘respeitável’ dono de saloon em Holly Spring. Ameaçado por Ryan (Lee
Van Cleef), Cavanaugh tenta subornar o
ex-companheiro, que exige ‘indenização’ de 15 mil dólares pelos 15 anos que
passou na cadeia. Este escocês de 1,88m de altura é lembrado pelos cinéfilos
por algumas participações marcantes em filmes famosos: foi chantageado por Ray
Milland em “Disque ‘M’ para Matar”, de Alfred Hitchcock; perseguiu Doris Day em
“A Teia de Renda Negra”; foi morto por James Bond em “O Satânico Dr. No” depois
de ter esvaziado sua arma no Agente Secreto 007 que friamente lhe diz: “Essa pistola é uma Smith Wesson e você já
deu seis tiros com ela...”. Nos anos 60 Dawson com seu rosto alongado e
olhar ameaçador passou a ser visto em euro-westerns como “A Morte Anda a
Cavalo”; “A Pistola é Minha Bíblia” (...E per Tetto um Cielo di Stelle), com
Giuliano Gemma; e “Sol Vermelho” (Soleil Rouge), com Charles Bronson.
José
Torres – Com a cicatriz cortando-lhe o rosto verticalmente, Pedro jamais seria esquecido pelo menino
Bill (John Phillip Law), disposto a executar vingança. Quem interpreta Pedro é o ator venezuelano José Torres
que se iniciou como ator infantil em 1941 em seu país. Nos anos 50 passou a
atuar no cinema francês onde fez vários filmes sempre como coadjuvante. Na
década seguinte radicou-se na Itália, onde nunca lhe faltou trabalho com a
explosão da produção de westerns spaghetti. Dos quase 30 faroestes em que
Torres atuou, normalmente como bandolero, os principais foram “O Dia da
Desforra” (La Resa dei Conti), “Vou, Mato e Volto” (Vado... L’Amazzo e Torno),
“Viva Django!” (Preparati la Bara), “Quando os Brutos se Defrontam” (Faccia a
Faccia). O versátil José Torres era capaz de interpretar não só bandidos, mas
também personagens simpáticos, como Ramirez em “Corre Homem, Corre” (Corri
Uomo, Corri) e El Piojo em “Tepepa”. Retornando à Venezuela, José Torres
continuou a atuar e é considerado uma lenda em seu país.
Angelo
Susani – Pedro é irmão
de Paco, este o bandido que usa um
brinco em forma de argola. Paco é morto
por Bill em El Viento, o que leva o irmão Pedro
ao desespero e à sumária vingança, apenas não consumada pela estratégia de Walcott. Angelo Susani estreou como ator
em 1966 em “O Dia da Desforra” (La Resa dei Conti), num pequeno papel como um
bartender mexicano. Seguiram-se participações de Susani em uma dúzia de westerns
spaghetti, entre eles “Django, o Bastardo” (Django, il Bastardo), “Uma Longa
Fila de Cruzes” (Una Lunga Fila di Croci), “Peça Perdão a Deus, Nunca a Mim”
(Chiedi Perdono a Dio... Non a Me), “Apocalipse Joe” (Un Uomo Chiamato
Apocalisse Joe), “Exercito de Cinco Homens” (Um Esercito di 5 Uomini), “Trinity
Ainda é Meu Nome” (Continuavano a Chiamarlo Trinità) e “O Último Grande Duelo”
(Il Grande Duello). A impressão que fica ao se conhecer a filmografia de Angelo
Susani é que seu tipo marcante não foi devidamente aproveitado no cinema, mesmo
após seu bom trabalho em “A Morte Anda a Cavalo”.
Mario
Brega (1923-1994) – O enorme e bem vestido homem de confiança de Walcott sucumbe aos tiros de Ryan. Mario
Brega foi um dos grandes, na mais completa acepção do termo, atores
característicos do cinema italiano, sendo bastante utilizado nos westerns
spaghetti ainda que tenha se destacado em comédias e dramas. Do início de
carreira de Mario Brega, o grande destaque é “Marcha Sobre Roma”, filme de Dino
Risi, em que Brega tem um dos principais papéis ao lado de Vittorio Gassman e
Ugo Tognazzi. Presente em todos os filmes da Trilogia dos Dólares de Sergio
Leone, o diretor não esqueceu de Brega em “Era Uma Vez na América”. Entre os
principais westerns spaghetti em que Brega atuou estão “Bounty Killer, o
Pistoleiro Mercenário” (El Precio de un Hombre), “O Seu Nome Clamava Vingança”
(Il Suo Nome Gridava Vendetta) e especialmente “O Vingador Silencioso” (Il
Grande Silenzio). Segundo Giulio Petroni, pessoalmente Mario Brega era o
autêntico romano: falastrão, abrutalhado, provocador e antipaticamente
autossuficiente.
Bruno
Corazzari – O cínico bartender do saloon de Holly Spring ruma para
Lyndon City e morre em El Viento. Esse foi o filme de estreia de Bruno
Corazzzari, um dos rostos mais conhecidos dos westerns spaghetti. Sua marcante
presença, invariavelmente como vilão foi vista, entre outros, em “O Vingador
Silencioso” (Il Grande Silenzio), “Os Quatro da Ave Maria” (I Quattro dell’Ave
Maria), “Sabata Adeus” (Indio Black, Sai che te Dico: Sei um Grande Figlio
di...), “Vivo pela Tua Morte” (Vivo per la Tua Morte). Corazzari participou da
produção norte-americana rodada na Itália “Sledge, o Homem Marcado” (A Man
Called Sledge), western estrelado por James Garner. E no grande elenco de “Era
Uma Vez no Oeste” (C’Era Uma Volta Il West), Corazzari era um dos homens de
Cheyenne (Jason Robards). Passada a fase dos westerns spaghetti, Bruno
Corazzari continuou em atividade em comédias e filmes policiais, como em “O
Gato Negro”, baseado em história de Edgar Allan Poe. Corazzari atuou bastante
também em produções para a televisão.
Anthony Dawson dando-se mal com James Bond em "O Satânico Dr. No". |
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