21 de fevereiro de 2015

TOP-TEN WESTERNS DO ILUSTRADOR GOIANO ALEXANDRE ‘HOSS’ MASTRELLA


Nos tempos da TV em preto e branco
Alexandre assistia "Bonanza".
O avô do menino Alexandre Ramos Mastrella vivia em Catalão, Goiás e era, nos anos 60, correspondente de revistas editadas em São Paulo e Rio de Janeiro. O jornalista enviava para essas capitais as matérias que escrevia e recebia das editoras material para ser divulgado na região. Fanático por cinema, o senhor Mastrella guardava tudo que se referisse à então chamada 7.ª Arte, mostrando para o neto Alexandre fotos de artistas famosos e filmes de sucesso. Foi assim que o menino de Catalão fez os primeiros contatos com o mundo cinematográfico, reconhecendo muitos dos artistas nos filmes que a televisão exibia. Filho de professora, o menino Alexandre seguia regras rígidas quanto aos horários de estudo e poucas horas eram dedicadas à ainda incipiente programação televisa. Boa parte dessa programação era preenchida por séries produzidas nos Estados Unidos, diversas delas do gênero western, as preferidas de Alexandre. Mais que qualquer outra, a série “Bonanza” era a favorita do menino que torcia para que o episódio girasse em torno do gigante ‘Hoss’ Cartwright. Alexandre adorava o personagem de Dan Blocker e nas brincadeiras de mocinho nas ruas do bairro ele era sempre o ‘Hoss’, escolha que os demais meninos não conseguiam entender direito. Havia para escolher o Little Joe, o Adam Catwright, o Bret Maverick, o Cheyenne, o Paladino, o Gunsmoke e não é que o Alexandre cismou justamente com o simpático ‘Hoss’...

Roy Rogers, um dos mocinhos que
Alexandre mais desenhava.
Desenhando no papel de embrulho - A fase da adolescência de Alexandre foi marcada por muito trabalho para ajudar nas despesas da casa. O primeiro emprego foi como pacoteiro de supermercado, passando depois para entregador de carnes de um açougue, sendo ‘promovido’ a açougueiro tempos depois. Só havia um problema: Alexandre vivia levando broncas do dono do açougue devido à sua mania de desenhar nas folhas de papel para embrulhar carnes. Os clientes já estavam até acostumados a levar para casa contra-filé, carne moída, alcatra e, como bônus, no papel de embrulho, desenhos de Roy Rogers, Lone Ranger, Rocky Lane e mais que todos eles desenhos de ‘Hoss’ com seu chapéu seven galons. A arte do desenho se manifestava fortemente no jovem Alexandre que, além de desenhar gostava também de cantar. Como não podia cantar no açougue, era em casa que o adolescente imitava a voz e o estilo de seus cantores favoritos. A cantoria só cessava quando chegava a hora sagrada de assistir “Laredo”, “Chaparral”, “O Homem de Virgínia” e o imperdível “Bonanza”.

O jovem cantor Alexandre Mastrella,
cover de Elvis Presley.
Cover de Elvis e de Lionel Ritchie - Aos 17 anos de idade Alexandre e alguns amigos de Catalão formaram um grupo musical denominado ‘Os Comodoros’. O grande ídolo de Alexandre nessa época era Elvis Presley, que ele procurava imitar até mesmo nas roupas. Com o recente falecimento do Rei do Rock (16/8/1977), quando interpretava as canções de Elvis, especialmente "Are You Lonesome Tonight?", Alexandre emocionava o público. Como vocalista principal da banda, o estilo de cantar de Alexandre era semelhante ao de Lionel Ritchie dos ‘Commodores’, conjunto norte-americano que emplacava um sucesso atrás do outro no hit parade norte-americano. Alexandre perdeu a conta de quantas vezes cantou e bisou “Three Times a Lady”. Outros hits que Alexandre fazia covers eram “How Deep is Your Love” (Bee Gees), “Sailing” (Christopher Cross) e “I’ll Be There” (Jackson Five). Nas apresentações dos “Comodoros” Alexandre não deixava de cantar “Say You, Say Me” e costumava finalizar os espetáculos levantando o público com “All Night Long”, ambos sucessos solo de Lionel Ritchie. A carreira de Alexandre como cantor durou até os 22 anos quando ele foi para Goiânia estudar na Faculdade de Desenho e Arte de Goiânia, iniciando em seguida sua vida como profissional de criação.

Aqui Alexandre como pistoleiro.
Os cowboys paulistanos - Dedicando-se à publicidade, Alexandre sempre encontrava tempo para desenhar histórias em quadrinhos ambientadas no Velho Oeste. E quando não desenhava estava assistindo a algum faroeste, paixão que sempre o acompanhou. Foram-se os tempos das séries de TV e os lançamentos de westerns no cinema eram cada vez mais raros, isto já no início dos anos 90. Foi quando algumas reportagens em jornais, revistas e programas de televisão chamaram à atenção de Alexandre. Elas falavam de um grupo de westernmaníacos que se reunia semanalmente em São Paulo, inclusive trajando-se como Buck Jones, Hopalong Cassidy, Roy Rogers, Rocky Lane e outros. Havia até mesmo um bandido extravagante que se vestia como mexicano, com baleiros, poncho, sombrero e um enorme bigodón. Alexandre passou a colecionar aquelas reportagens sobre a Confraria dos Amigos do Western, grupo fundado pelo médico-ginecologista paulistano Aulo Barretti. Alexandre sabia que cedo ou tarde iria conhecer o excêntrico grupo e conseguiu fazer contato com dois membros da confraria, exatamente aqueles que lhe despertaram mais simpatia: o bandoleiro El Mexicano (Carlos Jorge Mubarah) e Kid Blue (Lázaro Narciso Rodrigues), o Roy Rogers brasileiro.

Uma das páginas da HQ
"Os Últimos Durões".
“Os amigos Durões” - Por mais de dois anos Alexandre manteve contato por telefone e também trocando correspondência com El Mexicano e com Kid Blue, até que seu trabalho como publicitário o levou, por alguns dias, a São Paulo. Além de conhecer seus ‘ídolos’ brasileiros, Alexandre teve oportunidade de fazer novos amigos no grupo e ainda assistir a uma sessão de faroestes. Como todos na confraria tinham um apelido, Alexandre pediu para ser chamado de ‘Hoss’, pois seu patrono não podia ser outro senão o gigante Cartwright. Alexandre ‘Hoss’ gostou tanto da confraria paulistana que elaborou duas histórias em quadrinhos cujos personagens eram os cowboys agora seus amigos. Publicadas pela revista ‘Pardner’, são de autoria de ‘Hoss’ as HQs “Minha Vontade é Lei” e “Os Amigos Durões”, esta última postada recentemente aqui no WESTERNCINEMANIA. El Mexicano e Lazinho Kid Blue, em ocasiões diferentes viajaram 700 quilômetros para visitar o amigo ‘Hoss’ em sua casa em Catalão, prova do enorme carinho e amizade pelo amigo goiano.

Mocinhos da Confraria em ação: Lazinho Kid Blue esmurrando Celso Rocky
Lane, enquanto Marco Durango Kid está prestes a levar uma coronhada
do traiçoeiro bandoleiro El Mexicano.

Acima foto do sábado em que Alexandre visitou a confraria dos cowboys
paulistanos; abaixo destaque da foto vendo-se Mexicano, Alexandre,
Cláudio Caltabiano, Aulo Barretti e Marcão Durango Kid.

Trabalho do ilustrador Alexandre
com o uso de computação gráfica.
Um Black Marshal - O tempo passou, ocorreu um distanciamento momentâneo superado finalmente com as facilidades das redes sociais. Sem necessidade de nenhum ‘Wanted – Reward’, o ‘Hoss’ de Catalão foi localizado nos contando de suas atividades como desenhista-ilustrador e de seu permanente amor pelo faroeste. Tanto que parte do seu trabalho é dedicado ao Velho Oeste, como uma recente HQ baseada numa história verídica, intitulada “O Marshal de Yankee Hill” em que o homem da lei é um negro. Antigas histórias em quadrinhos estão sendo colorizadas por Alexandre ‘Hoss’, para uma editora espanhola. Outra série em que ele trabalha atualmente é “Rastros do Vento” para a qual o ilustrador goiano colorizou desenhos do italiano Ivo Milazzo, criador de Ken Parker.


Kevin Costner, um nome respeitado - Fã incondicional de John Wayne, Alexandre reputa ser Kevin Costner (foto ao lado) o grande nome do western nas últimas décadas, isto depois que Clint Eastwood se aposentou como cowboy. Alexandre admira os excelentes trabalhos que Costner fez e continua a fazer no gênero. O ilustrador goiano comenta que não faz nenhuma restrição ao western spaghetti que, de certa forma, revitalizou o faroeste, ainda que sua preferência recaia pelos norte-americanos. Solicitado a relacionar seus westerns preferidos, aqueles que considera os melhores, Alexandre listou seu Top-Ten Westerns que publicamos abaixo:














O discreto Alexandre Ramos Mastrella vira na foto o 'MC Mastrella', ostentando
boné, óculos, anel e correntes; montagem para cartão de Natal.

3 comentários:

  1. Parabéns ao Alexandre pelos belos trabalhos de ilustrador e cover de Elvis (muito parecido com o Rei) e também pela bela lista de westerns preferidos, especialmente por "Rastros de Ódio" (também é meu número 1), "Era uma Vez no Oeste", "Os Imperdoáveis", "Dança com Lobos" e "Sete Homens e um Destino".
    Abraço ao Darci, Alexandre e demais seguidores do WCM!

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  2. Parabéns! Considero o seu blog o melhor e mais completo meio de informação sobre o gênero western Darci, só achei que faltaram alguns nomes importantes neste ranking, como por exemplo: Meu Ódio Será Sua Herança 1969 ou o matador 1950, gosto muito dos filmes do Kevin Costner mais este Wyatt Earp achei muito lento, mais isso é só minha humilde opinião.

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  3. Pra variar uma lista diferenciada, com uma mescla de clássicos americanos e spaghetti westerns- ainda que só dois destes últimos. Mais um com coragem de escolher também exemplares do congênere italiano. Só para citar não canso de ver Il mio nome é nessuno, uma obra de arte com muita posia e filosofia e também apresentando uma das melhores trilhas de todos os tempos. Outra grande escolha foi Pacto de justiça, o renascimento dos grandes clássicos americanos.


    Mr Bean, Westernmaníaco.

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