11 de abril de 2014

QUADRILHAS DOS FAROESTES (XIV) – OS BANDIDOS DE “NEVADA SMITH”


O trio de bandidos que assassina brutalmente o pai de Max Sand (Steve McQueen) e sua jovem esposa Kiowa em “Nevada Smith” foi composto por três dos melhores atores coadjuvantes da história de Hollywood. São eles: Karl Malden, Martin Landau e Arthur Kennedy. Para que se tenha uma ideia da importância desses atores, juntos eles totalizaram nada menos que nove indicações para o prêmio Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. Quatro indicações para Arthur Kennedy, três para Martin Landau e duas para Karl Malden. Curiosamente, Kennedy que teve maior número de indicações foi o único a não receber o prêmio. E foi o único dos três atores a ser indicado para a categoria de Melhor Ator, em 1951. Malden recebeu um Oscar participando de “Uma Rua Chamada Pecado”, ao repetir o papel de ‘Mitch’ que interpretara na Broadway ao lado de Marlon Branco em “A Streetcar Named Desire”, com direção de Elia Kazan. Landau foi premiado por seu trabalho em “Ed Wood” em 1994. Karl Malden e Arthur Kennedy já tiveram suas biografias publicadas aqui no WESTERNCINEMANIA.

Karl Malden de arma em punho
em "Nevada Smith".
KARL MALDEN – Quase todos os filmes dos quais Karl Malden participou em seus primeiros 20 anos de carreira são filmes bastante bons, quando não clássicos e a obra-prima “Sindicato de Ladrões”, ao lado de seu amigo dos tempos de teatro Marlon Brando. Entre esses grandes filmes estão alguns faroestes como “O Matador” (The Gunfighter), “A Árvore dos Enforcados” (The Hanging Tree) e “A Face Oculta” (One-Eyed Jacks). Malden esteve também nos elencos de “A Conquista do Oeste” (How the West Was Won), e “Crepúsculo de uma Raça” (Cheyenne Autumn). Karl Malden interpretou padres em alguns filmes e policiais muitas vezes no cinema, mas é mais lembrado como o Tenente Mike Stone da Polícia de São Francisco na série de TV “São Francisco Urgente”, na qual também atuava Michael Douglas. Normalmente ao lado da lei, Karl Malden aparece como bandido em “Nevada Smith” e antes já havia mostrado que pode ser um vilão desalmado nos westerns “A Árvore dos Enforcados” e “A Face Oculta”. O personagem de Malden em "Nevada Smith" implora a Max Sand pelo tiro de misericórdia mas é deixado com várias balas no corpo, duas delas nos joelhos que o deixarão aleijado para o resto da vida. Karl Malden nasceu em 1912 e faleceu em 2009, aos 97 anos de idade.

Karl Malden implora pelo tiro de misericórdia que Steve McQueen não dispara.

Martin Landau em 'Nevada Smith';
o ator atrás dele é Ted De Corsia.
MARTIN LANDAU - Martin Landau foi colega de Steve McQueen (e de James Dean) no lendário Actors Studio, em Nova York, cidade onde nasceu em 20 de junho de 1928. Landau era o que se pode chamar de ‘ator de televisão’, onde se iniciou em 1953, tendo de esperar até 1959 para ter oportunidade no cinema. E isso aconteceu em grande estilo pois Landau teve importante participação como vilão em “Intriga Internacional”, de Alfred Hitchcock. Mesmo sendo notado nesse suspense, Landau voltou a fazer TV num ritmo impressionante, participando de praticamente todos os programas levados ao ar nos anos 50 e 60. Na série clássica “Missão Impossível” Martin Landau interpretou ‘Robin Hand’ em 76 episódios. Em “Cleópatra” (1963) Martin Landau foi um dos principais coadjuvantes e em 1965 interpretou um índio atrapalhado no western-comédia “Nas Trilhas da Aventura” (The Hallelujah Trail). Landau ganhou a notoriedade que ainda não havia alcançado em quase 40 anos de carreira quando atingiu os 60 anos, em 1988, com “Tucker – Um Homem e Seu Sonho” e no ano seguinte com o excelente drama “Crimes e Pecados”, de Woody Allen. Esses dois filmes lhe valeram indicações para o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante. A brilhante e premiada interpretação de Landau personificando Bela Lugosi em “Ed Wood”, de Tim Burton, foi a consagração de uma bela carreira que se estende até os dias atuais. Em “Nevada Smith” Martin Landau é o bandido inescrupuloso que esfola a madrasta índia de Max Sand (Steve McQueen). Torna-se depois jogador, até ser encontrado por Max Sand e travar com ele luta mortal com facas. Max sobrevive.

Martin Landau antes e durante a luta mortal com Steve McQueen.

Arthur Kennedy com roupa de prisioneiro
em "Nevada Smith".
ARTHUR KENNEDY – Ao interpretar o escroque Ned Sharp em “O Intrépido General Custer”, em 1941, parecia que Arthur Kennedy estava definindo sua carreira de ator. Ned Sharp era cínico, torpe e traiçoeiro como todo vilão deve ser. E veríamos Kennedy como esse tipo desprezível em “E o Sangue Semeou a Terra” (Bend of the River) e “Um Certo Capitão Lockhart), faroestes clássicos de Anthony Mann. Em “O Diabo Feito Mulher” (Rancho Notorius) Arthur Kennedy une-se ao bando liderado por Marlene Dietrich para vingar a morte de sua noiva. Kennedy interpretou ‘Doc Holliday’ no intermezzo que John Ford criou em “Crepúsculo de uma Raça” (Cheyenne Autumn). A partir dos anos 70 Arthur Kennedy fez uma série de filmes na Itália, entre eles o faroeste “Caçada ao Pistoleiro” (Um Minuto per Pregare, um Instante per Morire). Arthur Kennedy teve, paralelamente ao cinema, brilhante carreira como ator de teatro, dividindo o palco na temporada novaiorquina da peça “Becket” com Laurence Olivier, de quem recebeu muitos elogios. Em "Nevada Smith" o personagem de Arthur Kennedy é morto impiedosamente por Max Sand nos pântanos da Louisiana. Kennedy nasceu em 1914 e faleceu aos 75 anos de idade em 1990.


Arthur Kennedy encontra a morte num pântano da Louisiana.

4 comentários:

  1. FERNANDO MONTEIRO ESCREVEU:

    Sem dúvida, um trio de primeira -- que Henry Hathaway (diretor pouco lembrado, entre os grandes do western) escalou para "Nevada Smith", um filme que contou com o seu talento para dirigir atores e, eu diria, um "instinto" do gênero que coloca Hathaway, confortavelmente, na companhia de Anthony Mann, Delmer Daves, John Sturges e outros.
    É uma bela obra, entre os faroestes legítimos, essa que trata de vingança conduzida em termos psicologicamente humanos -- e não como uma "vendetta" para vender pipocas em cinemas que deixaram de existir (exceto nos shoppings).
    O trio de bandidos -- lembrança de destacar "quadrilhas" muito interessante, por parte do editor de WESTERCINEMANIA -- tem a mesma força daqueles horríveis sujeitos do clássico de Henry King, "Estigma da Crueldade" (Stephen Boyd, Lee Van Cleef -- este, no seu ambiente -- e mais o sinistro Henry Silva) ou daquele bando maior, e talvez ainda temível, de "A Quadrilha Maldita", de André de Toth, filme que inspiraria, alguns anos mais tarde, um outro filme... se é que "inspirou" é a palavra adequada para uma imitação nada silenciosa na sua estridência de cópia.
    Sobre "A Quadrilha Maldita" -- que muito admiro --, eu li, em qualquer parte, alguém acusando-o de "lento". Bom, nunca existiu um filme de Toth que fosse "lento" -- principalmente westerns! --, e ninguém faria esse húngaro-americano (que deixou sua marca até em "Lawrence da Arábia", como diretor de segunda unidade de influência fundamental na obra-prima de David Lean) acelerar velocidades erradas em filmes cuja dramaticidade e tensão exigem o tempo CERTO...
    É também o que acontece em "Nevada Smith": tudo no seu tempo correto, e nenhuma metralhadora para dar cabo do trio (mas, sim, um a um dos bandidos alcançados de diversas maneiras etc) de mal-feitores exemplarmente representados pelos atores que o Darci Fonseca tão bem analisou nessa abordagem da quadrilha do ótimo filme de Hathaway, "western" autêntico e com uma pitada de sabor épico até na duração maior do que a usual etc.

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  2. FERNANDO MONTEIRO acrescentou:

    ERRATA: "O trio de bandidos -- lembrança de destacar 'quadrilhas' muito interessante, por parte do editor de WESTER-N-CINEMANIA"...

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  3. Olá, Fernando
    Essa seção sobre quadrilhas de faroestes já abordou "Estigma da Crueldade" e "A Quadrilha Maldita", filmes por você citados. Gosto muito de Henry Hathaway, mas desta vez ele passou longe da força dramática do tema vingança do western de Henry King, que reputo mesmo um clássico sobre o tema. André De Toth não é diretor para ser menosprezado. E nos faroestes ele está no segundo escalão, atrás só dos gigantes do gênero.
    Darci

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  4. José Fernandes de Campos11 de abril de 2014 às 18:35

    Taaí, outro filme magnifico que merecia um artigo. A trilha sonora e a interpretação fria de McQuenn são marcantes. Você abordou bem demais os vilões. A sempre canastrice de Karl Malden (vide A Face Oculta) é outro ponto alto do filme. Valeu demais o comentario de Nevada Smith. Nada a acrescentar.

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