O título nacional foi “O Sabre e a Flecha”
e em Inglês este western teve dois títulos diferentes: The Sabre and the Arrow
e Last of the Comanches. Produzido pela Columbia em 1953 foi dirigido por André
De Toth, húngaro que nos anos 50 se especializou em westerns, dirigindo nada
menos que dez, seis deles com Randolph Scott. “O Sabre e a Flecha” é um dos
melhores, mesmo porque De Toth teve nas mãos um elenco sem grandes estrelas e
contando uma história que o cinema já vira por duas vezes: em 1935 (“A Patrulha
Perdida”, de John Ford) e em 1943 (“Sahara”, de Zoltan Korda). Transportada
para o western, esta versão conta como o pelotão da Cavalaria reduzido a seis
homens, encontra uma diligência, tendo que atravessar uma região inóspita em
plena seca e com os índios hostis fortemente armados e chefiados por um cacique
sanguinário chamado Black Cloud (John War Eagle). O rude e experiente Sargento
Matt Trainor (Broderick Crawford) lidera não só seus cinco soldados, mas também
todo e qualquer movimento dos relutantes civis. O grupo sofre um ataque dos
índios e perde toda a água que tinham, restando só os quase vazios cantis. Na
fuga encontram o pequeno índio Little Knife que indica onde há um poço numa
missão espanhola abandonada. Mas os índios, que também estão sem água, sabem do
poço e assediam desesperadamente a missão. O Sargento Trainor decide enfrentar
os índios para retê-los por mais tempo, e relembra a todos o gesto heróico do
General Custer em Little Big Horn. Little Knife é incumbido, sozinho, de
atravessar 150 quilômetros de deserto e alcançar o forte mais próximo, em busca
de ajuda da Cavalaria. O Sargento Trainor e o grupo resistem bravamente e,
quando o extermínio de todos parece inevitável, ouve-se ao longe o toque da
salvadora Cavalaria que chega a tempo e resgata ainda com vida o Sargento
Trainor e outros quatro sobreviventes.
Heroica resistência - Nunca houve um elogio
maior nem a “O Sabre e a Flecha” e muito menos a André De Toth. As referências
a esse diretor são sempre modestas, para dizer o mínimo, nunca sendo comparado,
por exemplo, a Budd Boetticher, diretor que também com orçamento limitado realizava
westerns de qualidade e nos quais os críticos sempre encontraram profundidade
psicológica. Poucos westerns de médio orçamento e com 85 minutos de duração,
como “O Sabre e a Flecha”, conseguiram tanta ação e tão intensas sequências
dramáticas, resultando num excelente filme. Cuidadosamente explica-se que o
chefe índio Black Cloud é um dos últimos caciques que não aceitam a paz, ou
seja, os demais índios aceitaram a paz dos brancos e com os brancos convivem
bem. Mas esse é um dos raros aspectos de “O Sabre e a Flecha” que levam a
refletir sobre o roteiro conciso e de notável simplicidade.
Yakima Canutt movimentando o western - Broderick Crawford,
aos 42 anos e já entrando na péssima forma física que o caracterizaria até o
final de sua carreira, não poderia ter sido uma escolha menos adequada para
liderar o elenco pois o papel era talhado para John Wayne, Kirk Douglas, Burt
Lancaster ou James Stewart, todos atrações de bilheteria. Porém, grande ator
que era, Broderick Crawford domina o filme todo como o áspero e frio Sargento
Trainor. Barbara Hale (Julia) representa o lado humano e moderador de Trainor.
Completam o elenco Lloyd Bridges (que também atuou em “Sahara”), Mickey
Shaughnessy em sua estréia no cinema, Martin Milner, Chubby Johnson e George
Mathews. Pontas de Steve Forrest e Jay Silverheels. Participação quase especial
de Carleton Young num momento a la John Ford, na cena final. Filmado totalmente
em locações nas Buttercup Dunes da Califórnia, em meio a tempestades naturais
de areia e sol abrasador, salienta-se nas sequências de ação o dedo de Yakima
Canutt como diretor de 2.ª unidade, realizando cenas espetaculares, dignas de
um Western de grande orçamento e fazendo com que “O Sabre e a Flecha” seja um
pequeno e despretensioso ótimo western.
O tão cobiçado Oscar que premia as
melhores interpretações nem sempre impulsiona as carreiras de quem o leva para
casa e são diversos os casos de atores que encontraram dificuldades para
conseguir bons papeis depois de premiados. São s casos de Victor McLaglen (“O
Delator”, 1936), Paul Lukas, (“Horas de Tormenta”, 1944), Ernest Borgnine
(“Marty”, 1956), Art Carney (“Harry, o Amigo de Tonto”, 1974). Em comum eles
têm a característica de não serem exatamente o tipo de ator que Hollywood
sempre busca para atrair o público que prefere ver gente bonita nos papeis
principais. Atores acima do peso, com traços fisionômicos brutos e desprovidos
de charme só funcionam mesmo como coadjuvantes, até para ressaltar a
‘perfeição’ física dos galãs que ao final ficam com as heroínas. Broderick
Crawford é outro desses intérpretes que após receber um Oscar como Melhor Ator
(“A Grande Ilusão”, 1949) raras vezes viu seu nome ser cogitado para papeis principais.
“Nascida Ontem” (1950) e “A Trapaça” (de Federico Fellini, 1955) são exceções
numa filmografia pontilhada de participações como coadjuvante. Corpulento, rude
e até mesmo desagradável com sua voz áspera, Broderick Crawford sabia das
limitações que sua imagem lhe impunha. E ainda havia o vício da bebida que o
ajudou a envelhecer muito rapidamente. Apesar do prêmio recebido em 1950 o
salário por filme de Crawford era baixo o suficiente para ser contratado, com
vantagem para os produtores, como astro principal de um faroeste da Columbia.
Nada mal um recente vencedor do Oscar estrelando uma movimentada aventura no
Velho Oeste. Sabe-se lá por qual razão Randolph Scott ou Glenn Ford, atores de
muito maior prestígio, mesmo sem Oscar nas prateleiras, não foram escalados
para esse western dirigido pelo competente André De Toth.
Assisti a pouco tempo...é um daqueles filmes q pouco se tem noticias dele, mas quando assisti pela primeira vez, vc percebe q encontrou um grande achado. filmão!
ResponderExcluirÓtimo faroeste.
ResponderExcluirMuito bom
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