15 de abril de 2011

ROY BARCROFT, O GRANDE VILÃO DOS SERIADOS


Roy Barcroft nasceu em 1902, no Estado de Nebraska e seu verdadeiro nome era Howard Clifford Havenscroft. Aos 16 anos Howard fazia parte das tropas norte-americanas que lutaram na França na I Guerra Mundial, tendo sido ferido em batalha. Finda a guerra Howard trabalhou em barcos de pesca, foi ferroviário e também vaqueiro. Seu próximo trabalho foi como vendedor e como sua voz não era lá muito boa ele decidiu fazer parte de um teatro amador como forma de melhorar sua dicção. E gostou tanto da experiência que abandonou as vendas e procurou trabalho como ator, iniciando-se como extra, logo fazendo figuração no filme “Mata Hari”, da MGM, estrelado por Greta Garbo. Howard adotou o nome artístico de Roy Barcroft e prosseguiu em busca de oportunidades em diversos estúdios como a Columbia, a Universal e também nos estúdios pequenos da chamada ‘Poverty Row’, participando de filmes em todos esses estúdios, a princípio sem receber créditos. Vale lembrar que, diferentemente das últimas décadas, antigamente não mais que oito ou dez nomes de atores apareciam nos créditos iniciais. O porte físico bastante avantajado de Roy Barcroft lhe abriu facilmente espaço para atuar em muitos filmes e seriados. ainda pouco conhecido, Roy apareceu em vários seriados, dos quais os primeiros foram “Dick Tracy, o Detetive” e “Guarda-Costa em Alerta” (S.O.S. Coast Guard), ambos de 1937 e estrelados por Ralph Byrd. Em 1938 Roy apareceu em Flash Gordon no Planeta Marte, com Larry Buster Crabbe. Depois esteve em Fronteiras em Chamas (Flaming Frontiers), com Johnny Mack Brown, 1938. Os Demônios do Círculo Vermelho (Daredevils of the Red Circle), 1939. Nesse mesmo ano atuou em Perigos do Sertão (The Oregon Trail), com Johnny Mack Brown, seriado em que Barcroft interpreta o Coronel Custer. A Sombra Destemida (The Phantom Creeps), também de 1939, com Bela Lugosi. Em 1940 Barcroft participou de Flash Gordon Conquista o Universo, terceiro e último seriado em que Buster Crabbe interpretou o heroí criado por Alex Raymond. Em seguida esteve em Conquistadores do Oeste (Winners of the West), com Dick Foran; A Caveira (Deadwood Dick); A Volta do Besouro Verde (The Green Hornet Strikes Again), todos de 1940. Em 1941 Barcroft participou de Águia Branca (White Eagle), com Buck Jones e Guerra no Ar (Sky Raiders). Ainda em 1941 Barcroft fez parte de Os Cavaleiros da Morte (Riders of Death Valley), 1941, com Buck Jones e Dick Foran, promovido como O Seriado de Um Milhão de Dólares. Do mesmo concorrido ano de 1941 foi Contra a Quinta Coluna (King of the Texas Rangers), com Sammy Baugh, um famoso astro do American Football convertido em ator que, ainda bem, teve curtíssima carreira. Roy ainda teve tempo em 1941 para atuar em O Vale dos Desaparecidos (The Valley of the Vanishing Men), com Bill Eliott.
Roy Barcroft em quatro grandes interpretações em seriados: Capitão Mephisto -
Monstro Púrpura - Retik, o Mestre da Lua - Comissário Angus Cameron (G-Men)
Entre todos esses seriados, Roy Barcroft já havia se revelado um vilão por excelência, dando muito trabalho principalmente aos mocinhos Hopalong Cassidy, Johnny Mack Brown e Tex Ritter, em muitos B-Westerns. Atuou também em alguns poucos filmes da Republic Pictures, defrontando-se por exemplo com Gene Autry em  “Mexicali Rose”, em 1939, western em que o principal vilão,  é Noah Beery, que rouba inteiramente o filme. “Mexicali Rose” é, seguramente, um dos mais agradáveis B-Westerns já produzidos. Free-lancer que era, Roy Barcroft fez também pontas em grandes produções como “A Estrada de Santa Fé” e “O Intrépido General Custer”, ambos com Errol Flynn. Em 1942 atuou em “Amanhecer na Fronteira” (Dawn on the Great Divide), último filme de Buck Jones, rodado na Monogram. Era impossível não notar a presença forte de Roy Barcroft, mesmo que em participações pequenas nos seriados e em outros filmes, tanto que em 1943 a Republic Pictures lhe ofereceu um contrato de dez anos de duração, isso quando a norma dos contratos era de sete anos. Herbert J. Yates, o chefão da Republic sabia o que estava fazendo pois já percebera que os vilões que sempre morrem nos filmes tinham vida mais longa em suas carreiras que os mocinhos, muitos deles não passando do três ou quatro filmes. E na Republic Pictures Roy Barcroft enfrentou todos os mocinhos da casa: Bill Elliott, Don Red Barry, Gene Autry, Roy Rogers, Bob Steele e Allan Lane. Roy Barcroft tinha na Republic uma verdadeira ‘licença para morrer’. Quando se defrontava com Allan Rocky Lane, então era um capítulo à parte pois ambos se empenhavam para que as esperadas lutas a socos que travavam nos westerns fossem as mais realistas possíveis provocando intenso alarido nas platéias compostas pela garotada das matinês. Por vezes a Republic colocava Roy Barcroft em uma produção de melhor qualidade como em “Quando a Mulher se Atreve” (In Old Oklahoma), 1943 e “Romance dos Sete Mares” (The Fighting Seabees), 1944, ambos estrelados por John Wayne. Na Republic Roy Barcroft atuou em mais de uma centena de filmes, em sua grande maioria B-Westerns, tornando-se o Bandidão-Mór do estúdio (depois de Herbert J. Yates, claro). Mas se foi grande homem mau nos westerns e policiais, os seriados ajudaram e muito a imortalizar Roy Barcroft.
Uma das muitas e sangrentas brigas com Rocky Lane

Linda Stirling foi a absolta Rainha dos Seriados e Clayton Moore disputou com Larry Buster Crabbe o título de Rei dos Seriados, porém ninguém poderia competir com Roy Barcroft numa disputa para ser O Maior Vilão dos Seriados, conforme se pode verificar pela lista de participações do ator nesse tipo de filme em capítulos: 1943 – A Tribo Misteriosa (Daredevils of the West), com Allan Lane; O Maravilhoso Mascarado (The Masked Marvel), com William Forrest. 1944 – O Porto Fantasma (Haunted harbor), com Kane Richmond. 1945 – O Segredo da Ilha Misteriosa (Manhunt of the Mistery Island), com Richard Bailey; Marte Invade a Terra (The Purple Monster Strikes), com Dennis Moore. 1946 – O Cavaleiro Fantasma (The Phantom Rider), com Robert Kent; A Filha de Don Q (The Daughter of Don Q), com Lorna Gray. 1947 – O Filho do Zorro (The Son of Zorro), com George Turner; A Volta de Jesse James (Jesse James Rides Again), com Clayton Moore. 1948 – G-Man Never Forget, com Clayton Moore. 1949 – O Segredo dos Túmulos ( Federal Agents vs. Underworld, Inc.), com Kirk Alyn. 1950 – A Quadrilha do Diabo” (Desperadoes of the West), com Tom Keene. 1951 – O Rastro do Terror (Don Daredevil Rides Again), com Ken Curtis; A Legião Fantasma (Government Agent vs. Phantom Legion), com Walter Reed. 1952 – Cody, o Marechal do Universo” (Radar Men of the Moon), com George Wallace; Zumbis da Estratosfera” (Zombies of the Stratosphere), com Judd Holdren. 1954 – A Vingança de El Látego (Man with the Steel Whip), com Dick Simmons, seu último seriado.

O MAIOR VILÃO DOS SERIADOS

Roy Barcroft atuou em 31 seriados e a partir de 1945, sempre interpretou o principal vilão nesses filmes em capítulos. Em alguns desses seriados a presença de Roy Barcroft foi determinante para o sucesso dos mesmos. Ninguém jamais se esqueceu dele como O Monstro Púrpura em Marte Invade a Terra, ou como Retik, o Mestre da Lua em Cody, o Marechal do Universo, ou ainda como o Capitão Mephisto em O Segredo da Ilha Misteriosa. Por sinal Roy Barcroft afirmou que o Capitão Mephisto foi seu personagem preferido no cinema, curiosamente estes seus três grandes sucessos não eram westerns, o que demonstra a versatilidade de Roy. Barcroft deixou também sua marca naquele que foi o último dos westerns em série do cinema, “Pistoleiro por Equívoco” (Two Guns and a Badge), com Wayne Morris, rodado em 1954, filmado quando Barcroft já havia também dado adeus à Republic, já que seu contrato havia expirado em 1953. Roy voltou a ser free-lancer, atuando indistintamente em outros estúdios e na TV. Em 1955, para a TV, fez parte do elenco das série “The Adventures of Spin and Marty”, produzido por Walt Disney e no qual Barcroft era o Colonel Hogan. Nesse mesmo ano ele foi visto em “Homem sem Rumo”, (Man Without a Star), de King Vidor, soberbo western com Kirk Douglas, e atuou na superprodução “Oklahoma”, musical dirigido por Fred Zinnemann. Nos últimos anos de sua carreira Roy Barcroft atuou predominantemente na TV, mas nunca deixou o cinema em definitivo, participando, entre outros filmes de “Dois Contra o Texas” (Texas Across the River), com Dean Martin e Alain Delon; “Desbravando o Oeste” (The Way West), com Kirk Douglas; “O Preço de um Covarde” (Bandolero!), com James Stewart; “O Bebê de Rosemary”, com John Cassavettes e “Os rebeldes”, com Steve McQueen. Roy Bracroft encerrou sua carreira atuando em “Um Homem Difícil de Matar” (Monte Walsh), estrelado por Lee Marvin, lançado em 1970.

BIG ROY, UM SUJEITO ALEGRE E BRINCALHÃO

Roy Barcroft iniciou-se como vilão nas telas tendo como modelo o badman Harry Woods, mas conseguiu superá-lo e tornou-se o mais conhecido bandidão dos B-Westerns com uma extensa carreira de mais de 150 filmes nos quais ficou evidenciada sua qualidade de bom ator. Ao contrário dos personagens desalmados que por toda vida artística interpretou, Roy Barcroft, cujo apelido era “Big Roy”, era uma pessoa que fazia amigos com facilidade, era bastante alegre e brincalhão. Muito respeitado por ser um dos principais artistas da Republic (e também por seu tamanho...), o senso de humor de “Big Roy” o levou por diversas vezes a esconder as perucas de mocinhos como o calmo Bill Eliott e o esquentado Don Red Barry. “Big Roy” Barcroft faleceu aos 67 anos, em 28 de novembro de 1969, permanecendo sempre vivo na lembrança dos fãs mais antigos de faroestes.



4 comentários:

  1. Gastei bastante sou um fã dese cara☺

    ResponderExcluir
  2. A sua presença era tão constante em seriados e filmes de faroestes B, que a garotada o chamava de João Branco, o legendador dos filmes.

    ResponderExcluir