Nenhum outro autor, seja nacional ou não, ocupa mais espaço na minha estante que Ruy Castro. São livros de gêneros diversos, alguns já lidos e relidos, outros ainda por adquirir até porque Ruy não para de escrever mesmo depois de merecidamente vestir o fardão da Academia Brasileira de Letras. Independentemente dessa honraria Ruy seria para mim um ‘imortal’ das letras. Encontro com ele quatro vezes por semana na sua coluna na Folha de S. Paulo, certamente a coluna mais lida do jornal, coluna que é lida não querendo que acabe de tão saborosa, mesmo quando o assunto é espinhoso. Comecei a admirar os textos de Ruy Castro na jamais igualada revista ‘Senhor’, edições que, cheio de arrependimento, delas me desfiz. Mas tenho ainda algumas páginas por ele escritas que destaquei daquela publicação. Com o passar dos anos tudo que Ruy escrevia, geralmente sobre cinema, eu arquivava e minha pasta dessas magníficas matérias de página inteira na Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo e novamente na Folha é um dos meus tesouros, tão valioso quanto todo o conjunto de livros sobre cinema. Se ele trocava a Folha pelo Estadão, lá ia eu assinar o jornal dos Mesquitas. Sem falar quando assinava artigos na Playboy e em outras revistas. E claro, se Ruy lança um livro sobre cinema sou dos primeiros a adquirir. Ruy, posso dizer, moldou meu gosto, ainda que por vezes (raríssimas vezes) discorde do que ele escreve. Ruy acha que Garrincha foi melhor que Pelé e que a Semana de Arte de 22 não teve muita importância.
O extraordinário escritor, biógrafo, cronista e colunista e parte de sua obra |
A bem da verdade, o Western não é o gênero que mais contribuiu para as dezenas e dezenas de publicações de Ruy Castro nos referidos jornais. E sabemos que os musicais, os policiais, dramas noir, as grandes aventuras e tudo de Billy Wilder formam a preferência de Ruy Castro. Porém, ao escrever sobre faroestes, sobre John Wayne, Henry Fonda, Clint Eastwood ou mesmo sobre os mocinhos dos westerns-B, o texto inimitável que informa, opina e delicia vale mais que muitos livros que se pretendem definitivos. Minha dívida com Ruy é do tamanho do amor que ele tem pelo cinema e pela música, ou seja, enorme. E como não há jeito de pagar essa dívida, presto esta pequena homenagem publicando seu Top-Ten Westerns. Em 1988 a Folha de S. Paulo fez uma enquete com uma dúzia de renomados jornalistas, entre eles Paulo Francis, Sérgio Augusto, Orlando Lopes Fassoni, Inácio Araújo e Ruy Castro. E nessa enquete Ruy elegeu seus faroestes preferidos. É certo que a lista poderia soar defasada passados quase 40 anos de sua publicação, mas fora o efêmero renascimento do gênero com “Dança com Lobos”, “Os Imperdoáveis”, “Tombstone” e poucos outros mais, pode-se dizer que eles são pouco próximo às dezenas e dezenas de clássicos do faroeste dos anos 30 aos anos 70. Daí a lista de Ruy Castro se manter atual e ser escolhida para encerrar esta grande enquete. Eis o Top-Ten Westerns eleito por Ruy Castro em 1988:
1.º) O Homem que Matou o Facínora (The Man who Shot Liberty Valance), 1962
- Dir.: John Ford
2.º) No Tempo das Diligências (Stagecoach), 1939 - Dir.: John Ford
3.º) Os Brutos Também Amam (Shane), 1953 - Dir.: George Stevens
4.º) Paixão dos Fortes (My Darling Clementine), 1946 - Dir.: John Ford
5.º) Rastros de Ódio (The Searchers), 1956 - Dir.: John Ford
6.º) O Matador (The Gunfighter), 1950 - Dir.: Henry King
7.º) Meu Ódio Será Sua Herança (The Wild Bunch), 1969 - Dir.: Sam Peckinpah
8.º) Conspiração do Silêncio (Bad Day at Black Rock), 1954 - Dir.: John Sturges
9.º) A Marca do Zorro (The Mark of Zorro), 1940 - Dir.: Rouben Mamoulian
10.º) Johnny Guitar (Johnny Guitar), 1954 - Dir.: Nicholas Ray
Que belo texto meu caro Darci! É possível mandar para o Ruy ? Quem sabe chega até ele. Seria uma boa!!! Parabéns.Abraço!! E o Ruy sabe das coisas,até de faroeste!!!!!!
ResponderExcluirJosé Luís ilha, Belas Escolhas meu Western Preferido está nesta Lista, Somente Grandes Clássicos....
ResponderExcluirInfelizmente o honrado critico tem um gosto um tanto diferenciado da maioria dos cinéfilos, pois uma lista de 10 faroestes sem nenhum do Sergio Leone, Howard Hawks e John Sturges é inválida na minha opinião.
ResponderExcluirOps, John Sturges tem, desculpem.
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