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Sandra Dee |
Nos anos 50
Audie Murphy era o investimento mais seguro da Universal Pictures, investimento
com retorno garantido em especial se o filme fosse um faroeste. O lucro com os
westerns do ex-herói de guerra possibilitava ao estúdio produzir filmes de arte
como “A Marca da Maldade” (The Touch of Evil) e “Psicose (Psycho). E Sandra Dee,
a atriz preferida não só dos adolescentes mas de muita gente mais madura também,
rendia igualmente muito dinheiro à Universal. Nascida em 1942, aos 16 anos
Sandra era muito famosa graças a filmes como “Brotinho Indócil”, “Maldosamente
Ingênua” e, mais que todos, a nova versão de “Imitação da Vida”, estrelado por
Lana Turner. Presa sob contrato à Universal Pictures, foi a contragosto que
Sandra Dee teve que aceitar a ideia do estúdio de fazê-la contracenar com Audie
Murphy num western. Acostumada aos modelos elegantes usados em outros filmes,
Sandra iria nesse filme usar um vestido de algodão e aparecer na tela suja e com os cabelos
desgrenhados. Além disso Sandra teria como pai Strother Martin, ela que havia tido no
cinema pais aristocráticos como Rex Harrison e Arthur O’Connell, bem mais educados
que Martin. O novo filme teve o provocativo título “The Wild and the Innocent”
(O Selvagem e a Inocente), que no Brasil foi chamado de “Antro de Desalmados”.
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Audie Murphy com Sandra Dee e com Joanne Dru (abaixo). |
Um simplório entre dois amores - Yancy
(Audie Murphy) é um jovem caçador que vai à cidade de Casper vender peles e se
vê seguido por Rosalie (Sandra Dee), adolescente que foge do pai Ben Stocker
(Strother Martin). Rosalie sabe que o pai pretende dar a filha em casamento com
o primeiro homem que aceitar trocá-la por algumas peles. Sem conseguir se livrar
da moça Yancy chega a Casper durante as comemorações da independência num 4 de
julho. Durante os festejos o tímido Yancy se apaixona pela prostituta Marcy (Joanne Dru), enquanto
Rosalie desperta duplo desejo no xerife Paul (Gilbert Roland). Paul se sente
atraído por Rosalie e quer que ela trabalhe no seu saloon depois de passar por
sua cama, ele que mesmo como representante da lei, explora o lenocínio. Após algumas
desavenças com o valentão Chip (Peter Breck), Yancy descobre que Marcy não é
mulher para ele e percebe que Rosalie o ama e não merece ser uma
nova Marcy. Porém para tirar Rosalie das mãos do xerife Paul, Yancy tem que
enfrentá-lo e quando isso ocorre Yancy leva a melhor, matando Paul. Yancy e
Rosalie retornam então, como namorados e futuros esposos, à vida simples de
caçadores, longe das tentações e maldades da cidade.
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Gilbert Roland assediando Sandra Dee. |
Temas pouco edificantes - “Antro de
Desalmados” poderia ter sido mais um daqueles filmes para toda família no
melhor estilo criado pelos estúdios Disney. No entanto a história escrita por
Sy Gomberg toca, ainda que sem maior aprofundamento, nos temas da exploração de
lenocínio, corrupção de menor, e mostra (lugar comum) um vilão travestido em
homem da lei. O diretor Jack Sher conseguiu a proeza de, esbarrando nesses
assuntos nada edificantes, realizar um filme tão leve e agradável quanto
previsível, para alegria dos fãs de Audie Murphy e de Sandra Dee. Sem muitos
momentos de ação, “Antro de Desalmados” mostra um Audie Murphy apaixonado pela
saloon girl e que sofre ao descobrir um tipo de mulher que ele ainda
desconhecia, a mulher de todos que podem pagar. O personagem Yancy se aproxima, pela
ingenuidade, do Tom Destry que Audie Murphy interpretou em “Antro da Perdição”
(Destry), western de 1954. Mas o que torna “Antro dos Desalmados” mais
interessante são as mulheres do filme.
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O xerife dono do saloon (Roland) tentando uma nova saloon-girl (Sandra Dee). |
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Acima Joanne Dru; abaixo à esquerda Wesley Marie Tackitt e Betty Hartdord. |
Todo poder ao bandido - Além de
Sandra Dee (Rosalie) que passa pouco convincentemente de garota humilde a uma quase
saloon girl, há ainda no filme de Jack Sher outras presenças femininas que
superam em importância os homens do filme: Joanne Dru (Marcy), outra vez e
ótima como mulher fácil; Wesley Marie Tackitt é a cafetina Ma Ransome, braço
direito de Paul na administração do saloon, isto é, da casa de tolerância; e
Betty Hartford como a senhora Forbes que domina implacavelmente o marido (Jim
Backus, antes dominado também em "Juventude Transviada") e lidera o preconceito contra as meretrizes de Casper. E a população dessa
cidade não difere em nada de tantas outras comunidades que, por medo ou
comodismo ou ambos, assiste passivamente um homem vil se tornar o mais poderoso
da cidade. Ele é vivido por Gilbert Roland, que está pouco preocupado em atuar,
fazendo pose o tempo todo com a indefectível cigarrilha na boca e olhar de
conquistador latino, sua marca registrada desde o início do cinema falado.
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Peter Breck e Frank Wolff. |
Audie Murphy cantando - Este 26.º filme de Audie Murphy tem uma
atração extra que é a presença de Strother Martin criando o tipo desprezível
com o qual brilharia em tantos outros filmes. Peter Breck, fortíssimo com seus
1,85 de altura, é a vítima da vez dos punhos do diminuto Audie Murphy. George
Mitchell é 'Uncle Lije', o tio caipira de Yancy e que canta em dueto com Audie
Murphy a canção “Touch of Pink”. Fãs dos westerns-spaguetti devem procurar por
Frank Wolff em início de carreira, antes de se firmar no cinema europeu
participando de obras-primas do faroeste como “Era Uma Vez no Oeste” e “O Vingador Silencioso”. Frank Wolff cometeu suicídio aos 43 anos, em 1971. Sandra Dee
por quatro anos seguidos, de 1960 a 1963, esteve na lista dos Top-Ten Moneymakers do
cinema norte-americano e depois de “Antro de
Desalmados” faria ainda três filmes de muito sucesso que foram “Amores
Clandestinos” (com Troy Donahue), “Retrato em Negro” (com Lana Turner e Anthony
Quinn) e “Quando Setembro Vier” (com Gina Lollobrigida, Rock Hudson e seu então
marido, o cantor Bobby Darin). Depois disso a carreira de Sandra Dee entraria
em decadência e a graciosa atriz desapareceria do cenário cinematográfico, até
ser lembrada com a canção “Look at Me, I’m Sandra Dee”, no filme “Nos Tempos da
Brilhantina”. Audie Murphy prosseguiria fazendo pequenos filmes bem
sucedidos nas bilheterias, com os quais mantém até hoje um número enorme de fãs.
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O janota Audie Murphy e a desglamourizada Sandra Dee. |
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Final feliz com Audie cantando "Touch of Pink" para Sandra Dee. |
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