9 de agosto de 2013

RHONDA FLEMING, 90 ANOS DE UMA DESLUMBRANTE ESTRELA


Sergio Leone afirmou certa vez que não dava destaque às mulheres em seus filmes porque a presença feminina tornava os faroestes monótonos. E como exemplo citou “Sem Lei e Sem Alma”, dizendo que cada vez que Rhonda Fleming surgia na tela o western de John Sturges se tornava lento e perdia a graça. Estranhamente, em “Era Uma Vez no Oeste”, o último faroeste do diretor italiano, o principal personagem é ‘Jill’, uma mulher interpretada por Claudia Cardinale. Leone pode até ter razão em sua teoria sobre a presença de mulheres em faroestes, mas que Rhonda Fleming transformou cada western em que atuou numa festa para os olhos dos espectadores, isso é indiscutível. Neste ano de 2013 Rhonda Fleming completa 90 anos de idade e sua fulgurante beleza nunca será esquecida, ela que foi uma das mulheres mais bonitas do cinema norte-americano.

Rhonda Fleming em seu primeiro filme
como estrela, ao lado de Bing Crosby.
Olha que coisa mais linda... pelas ruas de Hollywood - Nascida em Hollywood em 10 de agosto de 1923 com o nome de Marilyn Louis, a bonita adolescente era fã de Deanna Durbin, jovem atriz que fazia enorme sucesso atuando e cantando no cinema. Enquanto sonhava vir a ser uma nova Deanna Durbin, Marilyn foi descoberta pelo caçador de talentos Henry Wilson que, segundo se conta, a viu andando por uma avenida em Hollywood em direção ao colégio, com os livros sob o braço. Wilson parou a moça e perguntou se ela queria ser atriz. A mãe de Marilyn, Effie Graham, que havia sido uma modelo famosa e gostaria de ver sua filha no show-business deu, claro, a maior força. A primeira aparição de Marilyn no cinema, já com o nome artístico ‘Rhonda Fleming’, foi como dançarina em “Quando a Mulher se Atreve" (Old Oklahoma), western com John Wayne e Martha Scott, em 1943. É necessário procurar por Rhonda em meio às demais dançarinas. Em 1944 Rhonda participou do filme noir “Uma Estranha Aventura”, num papel maior e contracenando com outro jovem pretendente ao estrelado que atendia pelo nome de Robert Mitchum. Em 1945 Rhonda Fleming teve destacada participação em “Quando Fala o Coração”, de Alfred Hitchcock, estrelado por Gregory Peck e Ingrid Bergman. Em seguida Rhonda atuou em “Silêncio nas Trevas” (com Dorothy McGuire) e “Fuga ao Passado” (outra vez com Robert Mitchum). O filme que fez de Rhonda uma estrela mais conhecida nos meios cinematográficos foi o musical “Na Corte do Rei Arthur”, no qual ela canta em parceria com o astro do filme, Bing Crosby. Foi com esse filme em Technicolor que a beleza de Rhonda impressionou vivamente, fazendo com que nos filmes seguintes ela passasse a ser chamada pelo apelido de ‘Queen of Technicolor’. Quando começou no cinema, Rhonda Fleming já estava casada e tinha um filho, tendo se divorciado do primeiro marido em 1948.

Acima à  esquerda Rhonda com Lloyd Bridges;
à direita entre Ronald Reagan e Bruce Bennett;
abaixo Rhonda entre John Payne

e Dennis O'Keefe.
Rhonda e Ronald - Rhonda Fleming atuaria em sua carreira em doze faroestes, sendo o primeiro deles “Rua dos Conflitos” (Abilene Town), com Randolph Scott, em 1946. No elenco estavam ainda Ann Dvorak e Lloyd Bridges que fazia o par romântico de Rhonda. Veio a seguir “A Águia e o Gavião” (The Eagle and the Hawk) (1950), com John Payne, ator com quem Rhonda faria ainda outros três filmes. Em 1951 Rhonda contracenou com Glenn Ford em “A Mensagem dos Renegados” (The Redhead and the Cowboy). Durante as filmagens Rhonda sofreu um acidente por culpa de Glenn Ford, de quem Rhonda se tornou grande amiga até a morte. Glenn, disse à amiga que a cena que estavam filmando ficaria melhor se ela própria montasse um cavalo que desenvolveria um rápido galope e depois estancaria bruscamente, o que ela aceitou. Quando a cena estava sendo rodada, Rhonda foi jogada ao chão e pisoteada pelo animal. Por verdadeiro milagre ela saiu ilesa, sem quebrar nenhum osso e sem ter seu lindo rosto sequer arranhado pelos cascos do cavalo. Nesse mesmo ano de 1951 Rhonda atuou em “A Revolta dos Apaches” (The Last Outpost), tendo Ronald Reagan como galã. Rhonda e Ronald simpatizaram instantaneamente um com o outro e se tornaram também grandes amigos embora Rhonda tivesse confessado mais tarde que, nos intervalos das filmagens, o ator preferia ficar junto dos outros atores e homens da equipe, dominando a roda onde só se falava de política.

Rhonda Fleming com Glenn Ford em "A Mensagem dos Renegados".

Acima Rhonda e Stewart Granger; à direita
desenho de "A Audácia é Minha Lei"; abaixo
Rhonda com Charlton Heston.
Sem lei, sem alma e sem Rhonda - Em seu próximo western, em 1953, Rhonda Fleming contracenou com Charlton Heston em “As Aventuras de Buffalo Bill” (Pony Express), filme em que disputava Buffalo Bill (Heston) com Jan Sterling. Claro que Rhonda foi a vitoriosa pois a ótima atriz Jan Sterling não era páreo para a beleza da exuberante ruiva. Em 1955 Rhonda se reencontraria no mesmo faroeste com dois atores que admirava muito: Ronald Reagan e John Payne, no ótimo “A Audácia é Minha Lei” (Tenneessee’s Partner). O ano de 1957 deu a Rhonda Fleming a oportunidade de atuar ao lado de dois dos maiores astros de Hollywood dos anos 50, que eram Burt Lancaster e Kirk Douglas, em “Sem Lei e Sem Alma” (Gunfight at the OK Corral). Lamentavelmente Wyatt Earp (Lancaster) e Doc Holliday (Douglas) interessavam-se mais um pelo outro do que pela, mais linda do que nunca, Rhonda Fleming, num grande desperdício cinematográfico. Talvez até por isso Leone tenha dito a frase famosa lá do primeiro parágrafo. Ainda em 1957 foi a vez do inglês Stewart Granger ter nos braços Rhonda Fleming no western “A Arma de um Bravo” (Gun Glory), também em Technicolor, realçando a beleza da atriz, sempre lembrada quando se falava dos mais belos rostos de Hollywood. Aquele time formado por Elizabeth Taylor, Kim Novak, Rita Hayworth, Natalie Wood, Ava Gardner e poucas outras. No caso de Rhonda, não era apenas o rosto que era admirado, mas também seu corpo escultural.

Cenas de "Sem Lei e Sem Alma" que aparentemente não deixaram o personagem
de Rhonda Fleming muito satisfeito.

Desenho de "A Vingança Deixa
a Sua Marca" (acima); abaixo
Rhonda com Bob Hope.
A Rainha do Technicolor - Em 1958 Rhonda Fleming foi estrela do elenco de “A Vingança Deixa a Sua Marca” (Bullwhip), ao lado de Guy Madison. Para esse pequeno faroeste Rhonda teve que aprender a usar o chicote com o qual se impõe sobre os cowboys do filme. Em 1959 a United Artists produziu um faroeste com Bob Hope, ou seja, um western-comédia, intitulado “Valentão é Apelido” (Alias, Jesse James). Muitos astros famosos fizeram pequenas participações nesse filme, entre eles Gary Cooper, Roy Rogers, James Arness, Hugh O’Brian, Gail Davis, Bing Crosby e Jay Silverheels. Nenhum desses astros porém ofuscou o brilho da beleza de Rhonda Fleming que parecia cada vez mais bonita a cada filme que fazia. E Rhonda, que foi uma das estrelas que mais atuou em faroestes no anos 50, aparecia bem em filmes de qualquer outro gênero, especialmente naqueles filmados em cores. O Technicolor, processo do qual Rhonda foi a Rainha, era imperioso em seus filmes, uma vez que em películas filmadas em preto e branco, o provocante tom avermelhado de seus cabelos e a beleza de seus olhos verdes perdiam bastante. Decididamente o preto e branco não era para uma beleza do cinema como Rhonda Fleming que, mesmo sem jamais comprometer com suas interpretações, não teve jamais a pretensão de ser uma atriz do naipe de Katharine Hepburn, Barbara Stanwyck, Audrey Hepburn, Deborah Kerr e outras grandes atrizes dramáticas.

A Cleópatra Rhonda Fleming.
Voz afinada e muito sensual - Em sua vida pessoal, Rhonda Fleming se casaria pela segunda vez com o médico Dr. Lewis Morrell, casamento que perdurou de 1952 a 1958. Fora do gênero western Rhonda mostrou igualmente sua beleza e simpatia, sendo estes os seus filmes mais conhecidos nos anos 50: “Mercado de Paixões” (com Mark Stevens); Hong Kong” e “O Carrasco do Trópicos” (ambos com Ronald Reagan); “Ouro dos Piratas” (com John Payne); “O Falcão Dourado” (com Sterling Hayden); "Escravas do Harém" (com Jeff Chandler); “A Serpente do Nilo” (em que interpretou Cleópatra); “O Assassino Anda à Solta” (dirigido por Budd Boetticher); “No Silêncio de uma Cidade” (de Fritz Lang); “O Palhaço que não Ri”, a biografia de Buster Keaton (com Donald O’Connor); “O Grande Circo” (com Victor Mature). Quando se fez necessário cantar no cinema, Rhonda Fleming mostrou ser dona de voz agradável e melodiosa. Em 1957 Rhonda gravou pelo selo Time Records um long-playing intitulado “Rhonda Fleming Sings Just for You” com impecáveis gravações de standards da canção norte-americana, como “Love or Leave Me”, “I’ve Got you Under My Skin”, “Around the World” e outras. Quem já ouviu esse álbum e outros gravados por Rhonda sabe que sua voz sensual leva o ouvinte a saborosos devaneios.

Rhonda Fleming em cena de "Pão de Açúcar".
Rhonda no Pão de Açúcar - A partir dos anos 60, Rhonda passou a atuar menos no cinema e mais em séries de TV. Em 1963 Rhonda veio ao Brasil filmar “Pão de açúcar”, ao lado do galã italiano Rossano Brazzi, tendo participado desse filme a brasileira Odete Lara e o cantor Neil Sedaka. Em 1965 Rhonda foi para a Itália filmar “Amor à Americana”, contracenando com Ugo Tognazzi. Belíssima aos 53 anos de idade Rhonda foi um dos muitos nomes conhecidos de “Won-Ton-Ton, o Cão que Salvou Hollywood”. Em 1980 Rhonda participou de seu último filme, “A Bomba que Desnuda”, comédia com Don Adams. Quando de sua passagem pelo Brasil para filmar “Pão de Açúcar”, os fãs e a imprensa se admiraram com o tratamento carinhoso que Rhonda dedicava a todos, sem exceção, comportamento distante da afetação dos astros que por aqui passavam. Rhonda fez grandes amigos e conquistou a todos com sua impressionante beleza, mais deslumbrante ainda ao vivo.

Rhonda acima com Tedd Mann e abaixo
com seu atual marido Darol W. Carlson.
Criadora de projetos beneficentes - Rhonda Fleming entrou nos anos 60 tentando mais uma vez encontrar a felicidade ao lado do ator Lang Jeffries, com quem atuou em “A Revolta dos Escravos”, épico filmado na Itália. O casamento com Jeffries durou apenas dois anos (1960-1962). Em 1966 Rhonda se casou novamente, sendo seu quarto marido o ex-ator, escritor, produtor e diretor Hall Bartlett com quem Rhonda permaneceu casada por seis anos (1966-1972). Somente em 1978 Rhonda voltaria a se casar, desta vez com o empresário do ramo de entretenimento Ted Mann, casamento no qual Rhonda encontrou a felicidade e que terminou com a morte de Ted Mann em 2001. Rhonda e Mann criaram inúmeras entidades beneficentes e, à medida que sua carreira como atriz declinava, mais Rhonda se dedicava a causas humanitárias. A idade pouco roubou da beleza de Rhonda Fleming, ao contrário de tantas estrelas que envelheceram mal. Isso pode ser comprovado através de fotos de poucos anos atrás com Rhonda participando como convidada de eventos. Essas fotos mostram uma senhora muito bonita e muito mais jovem do que os quase noventa anos de idade de Rhonda poderiam demonstrar. O último casamento de Rhonda Fleming, com Darol Wayne Carlson, ocorreu em 2003, mantendo-se até o presente.


O carinho com os fãs brasileiros - Um aspecto da personalidade de Rhonda Fleming que merece ser ressaltado é sua enorme atenção e simpatia para com os fãs, inclusive brasileiros. Através de sua secretária, Rhonda não deixa e-mail sem resposta, sempre querendo saber o quanto ela é querida no Brasil. Em contatos com fãs, a atriz os presenteia com revistas e envia-lhes graciosamente um de seus magníficos CDs, sempre com dedicatória. Esse carinho e gentileza fazem com que Rhonda Fleming seja ainda mais querida e sempre lembrada como a maravilhosa ‘The Queen of Technicolor’ e inesquecível atriz de tantos e tantos faroestes. À direita a capa da revista 'Wildest Westerns', editada por Ed G. Lousararian e gentilmente enviada por Rhonda Fleming para o editor do WESTERNCINEMANIA. A atriz é a principal focalizada do número cinco da excelente 'Wildest Westerns', que lamentavelmente deixou de ser editada após alguns poucos números publicados.


9 comentários:

  1. Uma das atrises mais bonitas do cnema. Fez muitos fareste e filmes de avetnura. Não sabia representar, mas sua belesa compensava tudo. Outro dia mesmo, assisti A Arma de um Bravo, com ela e o Stewart Granger. O filme é ruim, mas ela continuava linda.
    Parabéns, Rhonda, você vai morar para sempre no coração dos fans.

    Jair
    Poloni

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não sabia interpretar, ê mesmo, tem certeza? Ou é somente uma tentativa de analise vazia e sem sentido? Afinal, quem vc pensa que ê? Como ousa desmerecer o trabalho de outra pessoa?

      Excluir
  2. Assisti um filme com ela e Randolph Scott ainda no final dos anos 50 no Cine Adolfo
    o cinema do Sr.Pazin,que trazia sempre para nós os filmes em 16 e os grandes seriados
    da época. Filme p&b "meia boca" mas guardei para sempre o nome da Rhonda Fleming !!
    (cine Adolfo ficava na cidade de ADOLFO-sp -500km de S.Paulo e que sobreviveu,ainda existe)

    ResponderExcluir
  3. Lau Shane
    Esse filme 'preto e branco, meia-boca' que você assistiu em Adolfo é 'Rua dos Conflitos', filme de 1946. Rhonda conta que gostou muito de atuar com Randolph Scott e é uma pena que não tenham se reencontrado em outro western a cores.
    Bom saber que há cinemas que resistiram, como o Cine Adolfo.
    Darci Fonseca

    ResponderExcluir
  4. Desculpe,a cidade é que ainda existe !! Falha nossa !!!!!

    ResponderExcluir
  5. Caro Darci,

    Ótima lembrança de Rhonda Fleming que, segundo a foto acima, é uma senhora ainda bonita.
    Recordo que em 1970 ou 71 quando seu então marido Hal Bartlett dirigia o filme "Capitães de Areia" (Sandpit General), aqui em Salvador, baseado no romance de Jorge Amado, tive a sorte de conhecê-la pessoalmente no momento em que ela estava no set acompanhando o seu filho Kent Lane que interpretava o personagem Bala (Bullet) naquele filme.

    Realmente ela era um mulher linda, educada, sempre com um sorriso impecável em seu rosto.

    Rhonda Fleming além de boa atriz (para mim), era ótima cantora, basta ouvir sua interpretação de "Love-me ou Leave-me" que chega perto da de Doris Day.

    Outra atriz, também, linda e sensual era Jacqueline Bisset que conheci aqui em Salvador quando filmava "Orquídea Selvagem" (Wild Orchid), creio que foi em 1887 ou 88.

    A revista "Wildest Westerns" era muito boa, impressa em papel de ótima qualidade, que infelizmente não resistiu muito tempo.Tenho todos os sete números.

    Mario Peixoto Alves

    ResponderExcluir
  6. Olá Mário
    Você falou com propriedade sobre Rhonda Fleming. E deve ter sido um grande alegria tê-la conhecido e ver de perto a beleza da então quarentona. Poucas atrizes conjugaram tão bem beleza e simpatia.
    Dei uma olhada no IMDb para saber mais sobre o filme da Jacqueline. Se bem me lembro o filme foi mais um dos fracassos de Mickey Rourke, aquele que chamaram de 'o novo Brando'.
    Estão na Internet todos os sete números da 'Wildest Western'. Uma pena que com todas as matérias truncadas. Penso que o editor queira vender os números em estoque.
    Darci

    ResponderExcluir
  7. Adolescente assisti ao filme Rainha da Babilônia no cinema Ideal, em Recife. Encantei-me com sua beleza principalmente na cena da dança dos véus diante do rei Nabucodonosor. Sua beleza contrastava com os traços rude do ator principal do filme Fernando Lamas (Amal). Para mim, ficou sendo a atriz que sorria com os olhos.

    ResponderExcluir
  8. Rhonda Fleming, sempre fui seu fã, assisti seu filme Rainha de Babylonia, e após, já me tornei seu fã n° 1. Esse filme marcou muito em minha infância, e você muito mais! Fiquei muito feliz por saber de você, ainda entre nós no Plano Terreno! E linda como sempre! Sua beleza é como quem foi rainha, sempre será majestade! Toda a felicidade do mundo pra você, sim? De seu eterno fã, que nunca a esquecerá! 😉😉😉

    ResponderExcluir