“Johnny Guitar” é um dos westerns mais aclamados do cinema, seja sob seu aspecto psicológico, político ou artístico. Ainda assim está longe de ser uma obra-prima como tantos críticos e cinéfilos apregoam. O senão maior do filme de Nicholas Ray foi justamente a pretensão do diretor em amalgamar todas essas questões em um faroeste, gênero que comumente prima pela simplicidade e que, quando envereda pela grandiosidade ou pelo preciosismo de linguagem, quase sempre abre mão da sua naturalidade. Além disso “Johnny Guitar” tem Joan Crawford.
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Acima Ward Bond e Sterling Hayden; abaixo Nicholas Ray. |
Mais que um rato, um verme - Impossível deixar de analisar “Johnny Guitar” sob o viés político pois o filme foi realizado num momento difícil da perda da força do Macarthismo, quando pequenos e grandes atrevimentos já eram permitidos no cinema. O mais notável desafio àquele movimento tenebroso que empobreceu a arte cinematográfica foi feito por “Matar ou Morrer”, de Fred Zinnemann e a partir daí as ousadias foram se manifestando. O roteiro de “Johnny Guitar” é oficialmente atribuído a Philip Yordan tendo sido, de fato, escrito por Ben Maddow, roteirista impedido de trabalhar por estar na Lista Negra de Hollywood. Yordan foi aquilo que se chamou de ‘testa-de-ferro’ para roteiristas perseguidos pelo Macarthismo. A escolha do elenco de "Johnny Guitar" foi um primor de cinismo, a começar por Sterling Hayden, uma das testemunhas que denunciaram colegas diante do comitê que apurava atividades comunistas. 20 anos mais tarde Hayden declararia: “Fui um rato ao relacionar nomes de grandes amigos que entraram para a Lista Negra de Hollywood. Todos eles foram privados de suas subsistências. Mais que um rato, fui um verme!” Em “Johnny Guitar” o cruel roteiro faz Hayden responder a Dancin’ Kid (Scott Brady), pistoleiro canhoto, quando este lhe oferece a mão para um cumprimento: “Não dou a mão a canhotos!”, recusando-se a cumprimentar o rival. Ward Bond, por sua vez foi um dos mais radicais perseguidores de artistas com tendências ou meras simpatias de esquerda em Hollywood e seu personagem em “Johnny Guitar” é parecido com o que ele viveu na vida real. O roteiro vinga-se de Ward Bond fazendo seu personagem se acovardar na recusa em chicotear o cavalo de Vienna (Joan Crawford) na cena do enforcamento e também se recusando a matá-la quando da cena final. O brutal Bond virou covarde no texto de Ben Maddow. O personagem interpretado por Royal Dano chama-se 'Corey', não sem razão, remetendo ao ator Jeff Corey, outra infeliz vítima do Macarthismo. E a metáfora do próprio tema principal de “Johnny Guitar” que é o medo da estrada de ferro que deve chegar mudando a vida daquele lugarejo dominado por Emma Small (Mercedes McCambridge), baronesa do gado que não admite a mudança da ordem estabelecida (por ela). Nicholas Ray antes ou depois de “Johnny Guitar” jamais realizou trabalho com teor político tão acentuado. Em 1979, como ator, pudemos ver Nicholas Ray, em “Hair”, interpretando um general norte-americano que é vítima de um monumental deboche por parte dos recrutas que estão prestes a embarcar para a morte no Vietnã. Aí a briga de Hollywood já não era mais com a caça às bruxas, sem nenhuma maldosa referência a Joan Crawford...
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Diálogo com referências ao Macarthismo. |
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Dancin' Kid (Scott Brady) morto por Vienna. |
Paixões não correspondidas - Vienna (Joan Crawford) possui um bem montado saloon chamado ‘Vienna’ em Red Butte, cidade dominada por Emma Small (Mercedes McCambridge). A ferrovia logo vai alcançar a pequena cidade, o que significará aumento de clientela para o saloon de Vienna, que vive sempre às moscas. Emma, por sua vez, não deseja a chegada da ferrovia. Chega ao ‘ Vienna’, convidado pela proprietária o músico e pistoleiro Johnny ‘Guitar’ Logan (Sterling Hayden) que no passado foi amante de Vienna. Guitar encontra-se no saloon com Dancin’ Kid (Scott Brady), chefe de quadrilha que assalta bancos e diligências. Dancin’ Kid gosta de Viena, enquanto Emma é apaixonada por Kid. Emma manipula os cidadãos de Red Butte para que enforquem Vienna e também o bandido Turkey (Ben Cooper) por terem assaltado o banco da cidade. Vienna é salva por Guitar e fogem para o esconderijo da quadrilha de Dancin’ Kid, sendo seguidos por Emma e um grupo que se propõe a fazer justiça independentemente da lei. Johnny Guitar mata Dancin’ Kid e Vienna se defronta com Emma, matando-a também.
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Dancin' Kid, que ama Vienna com Emma Small, que ama Dancin' Kid. |
Cowboys eloquentes - Histórias de amor aparecem em quase todos os westerns mas de forma acessória à trama principal que invariavelmente envolve desbravamento de territórios, vingança, justiça e afirmação de personalidade. Quando o romance procura sobrepujar a importância da ação nos westerns estes perdem sua essência, como ocorreu em “Duelo ao Sol”, de King Vidor. No filme de Ray parece que o roteiro buscou inspiração na poesia do nosso Carlos Drummond, parafraseado por Chico Buarque nos versos “Carlos amava Dora que amava Lia que amava Léa que amava Paulo que amava Juca, que amava Dora que amava toda quadrilha...” Em “Johnny Guitar” Emma ama Dancin’ Kid que ama Vienna que ama Johnny Guitar... Sem esquecer que Turkey (Ben Cooper) também gosta de Vienna... À parte todo esse enredo de amores, há ainda o ódio de Emma por Vienna, sentimento que pode ser interpretado como uma latente relação homossexual não realizada. Todos esses ‘amores’ tentam durante o filme passar de temas subjacentes a um único tema central que seria a generalizada insatisfação amorosa. Mas não se pode esquecer que “Johnny Guitar” é um faroeste. Os diálogos que permeiam as contendas dos casos passionais são primorosos e sarcásticos, lembrando as melhores linhas de grandes filmes noir ou as afiadas ironias das parcerias de Billy Wilder com Charles Brackett ou de I.A.L. Diamond. Mas não se pode esquecer, repito, que “Johnny Guitar” é um faroeste. E longe de se imaginar que não possa haver diálogos inteligentes num western. Apenas não podem os diálogos dominar um filme deste gênero, ambientado na fronteira do Arizona, em meio a cowboys, foras-da-lei e homens sem rumo como Johnny ‘Guitar’ Logan, todos eles se expressando com a eloqüência de intelectuais do Leste e filosofando incansavelmente. Os excessivamente ricos diálogos de Yordan/Maddow criam personagens irreais e distantes do Velho Oeste. Tanto o diálogo tem importância menor em um western que se fossem reunidas todas as falas de John Wayne e Clint Eastwood nos faroestes em que atuaram, não falariam tanto quanto se discute com tanta inteligência nos diálogos de “Johnny Guitar”.
O estrelismo de Joan Crawford - Sabe-se que Joan Crawford foi uma das pessoas envolvidas na produção de “Johnny Guitar”. Com a carreira em baixa Joan decidiu colocar dinheiro num filme que lhe possibilitasse novo sucesso. A primeira escolha de Nicholas Ray para interpretar Emma Small seria Barbara Stanwyck, porém a Republic Pictures que coproduziu e distribuiu o filme teria se recusado a contratá-la em razão do alto salário pedido por Barbara. Outra versão, muito mais provável, conta que Barbara teria sido vetada por Joan Crawford que não admitia que ninguém pudesse ofuscar seu estrelismo. E que estrelismo! A cada sequência um traje diferente cuidadosamente escolhido em sua função pictórica para destacar a atriz do cenário e dos demais atores, como quando ela veste-se de branco e todos estão de roupas pretas, inclusive Emma. O artifício do roteiro para essa composição seria o enterro do irmão de Emma. Ao chegar molhada no esconderijo do bando de Dancin’ Kid, novo traje é providenciado a Vienna/Crawford, desta vez uma exuberante camisa amarela emprestada de Turkey, traje complementado com lenço vermelho que ela, com extremo cuidado ajeita para ficar ainda mais elegante, parecendo que ia para uma festa country. Afinal Vienna iria duelar com Emma Small, esta toda molhada e respingada de lama após passar pelo mesmo caminho trilhado por Vienna. A empostação de Joan Crawford, situada acima dos demais intérpretes, olhando-os com arrogância e superioridade chega a ser patética para um western. A cena do enforcamento, feita na medida para destacar o desespero de Joan Crawford, acaba sendo inteiramente roubada por sua inimiga no filme e na vida real, McCambridge em mais um ótimo momento dramático. Metade de "Johnny Guitar" se passa dentro do saloon denominado ‘Vienna’, espécie de catedral barroca onde pontifica suprema e magnânima a personagem de Crawford. A justificativa para essas cansativas composições cênicas seria que o filme todo gira em torno de Vienna, um personagem unidimensional.
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As caprichadas roupas da estrelíssima Joan Crawford em "Johnny Guitar". |
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Mercedes McCambridge; abaixo Royal Dano e Ernest Borgnine. |
Pequena Emma Small - A grande personagem do filme, no entanto, é Emma Small, aquela que é loucamente apaixonada por Dancin’ Kid e é por ele desprezada; aquela que quer a todo custo exterminar Vienna e seu saloon e tudo que ele representa de ameaça; aquela que comanda um grupo de poderosos criadores e comanda até mesmo a lei. Pois esta personagem passa para um plano inferior, sacrificando para dar uma dimensão maior à produtora de “Johnny Guitar”, digo, Vienna, a poderosa Joan Crawford. Aos 49 anos de idade e longe da bela atriz que foi um dia, torna-se difícil acreditar que Scott Brady e Sterling Hayden se apaixonassem loucamente por Joan Crawford. E o filme ganha qualidade quando a afetada Vienna cede espaço para o desenvolvimento dos personagens de Guitar, Dancin’ Kid e Bart Lonergan (Ernest Borgnine), todos distantes da teatralidade com que Joan Crawford compôs a sua Vienna. E essa teatralidade resulta praticamente vazia, como vazio é o pretenso psicologismo da temida dona do saloon, a quem um dos empregados insinua ser um verdadeiro homem de saias.
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Bart Lonergan (Ernest Borgnine). |
Olhando todos do alto - Grandes westerns têm como personagem maior os espaços quase infinitos das pradarias, desertos, vales e canyons. Quando o claustrofóbico saloon é queimado, “Johnny Guitar” transforma-se em verdadeiro western e ocorrem as magníficas cenas de ação. Esquece-se até do clichê, tantas vezes usado pela Republic, que é a passagem secreta que leva até o esconderijo do bando de Dancin’ Kid no alto de um morro. Após a sequência dos enforcamentos Johnny Guitar se defronta com o sádico Bart Lonergan (Ernest Borgnine, sensacional) e com Dancin’ Kid (Scott Brady parecendo Marlon Brando). E o filme atinge o clímax com a troca de tiros entre Guitar e os homens de Kid, cena que Crawford se esforçou para estragar olhando fixamente para a linha do horizonte, ela que estava posicionada, como sempre, na parte mais alta do cenário. Ainda assim, a sequência em que Emma mata Dancin' Kid é uma das melhores do filme.
‘O Grande Triunfo de Joan Crawford’ - "Johnny Guitar" é uma produção muito acima do padrão da Republic, e teve uma feliz reunião de ótimos atores como Hayden, Borgnine e Mercedes McCambridge, todos brilhantes e outros atores característicos perfeitos como John Carradine, Ward Bond e Royal Dano, além de Scott Brady em muito boa caracterização como Dancin’ Kid. Ben Cooper é o ponto negativo do elenco principal, fazendo ‘escada’ o tempo todo para uma irritante Joan Crawford. Com todos os contratempos passados durante as filmagens e lidando com o ego da produtora, Nicholas Ray realizou um trabalho bastante apreciável. Joan Crawford impediu que lhe fizessem closes em cenas externas para não mostrar a ação do tempo em seu rosto. Quando Mercedes fez a cena em que discursa diante dos produtores de gado, foi aplaudida por todos que estavam presentes no set, menos por Crawford que escondida espreitava a cena. Logo em seguida Joan dirigiu-se a Ray exigindo que a sequência fosse cortada pois a estrela do filme era ela e não Mercedes. Ray manteve a cena, mas os posters do filme mostram sempre Joan Crawford em destaque com a frase: “O Grande Triunfo de Joan”.
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Sequência filmada em estúdio com cenário de fundo pintado e nuvens imóveis. |
Um Faroeste Cult - Não bastassem esses fatos, durante as filmagens A Republic estava indeciso em transformar o filme em 3.ª Dimensão, a novidade de 1953, exigindo de Nicholas Ray que objetos fossem lançados contra a câmara, como em qualquer 3D. A edição final conseguiu contornar essa inconveniência. Perdendo o terreno conquistado com o fim dos faroestes ‘B’, a Republic tentava produzir filmes ‘A’ como “Rio Grande”, “Depois do Vendaval” “A Última Barricada” e “Até a Última Bala”, mas o estúdio não conseguia se desfazer da prática da economia o que é percebido em “Johnny Guitar”. A parede de pedra lembra bastante as paredes das cavernas dos antigos seriados, confeccionadas com papel pedra. E os cenários externos vistos a partir do saloon de Vienna são pintados, expondo o pobre hábito de Herbert J. Yates, o dono da Republic. A trilha musical de Victor Young ressalta em muitos momentos os excessos cênicos de Joan Crawford e a bela canção-tema, composta por Young e Peggy Lee caberia bastante melhor num daqueles melodramas de Douglas Sirk e não em um faroeste. “Johnny Guitar” é um western diferente de qualquer outro até hoje produzido, tendo sido prejudicado pelo inaceitável e sinistro estrelismo de Joan Crawford. Tão lembrada quanto o filme foi a frase de Sterling Hayden que afirmou: “Não há dinheiro neste mundo que me faça voltar a contracenar com Joan Crawford. E olhem que eu gosto muito de dinheiro!” “Johnny Guitar" transformou-se em um faroeste cult, e hoje pertence à galeria dos westerns clássicos.
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A imponente catedral gótica onde imperou Vienna. |
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Joan Crawford com as filhas adotivas no set de "Johnny Guitar"; Joan Crawford e Nicholas Ray; a abertura de "Johnny Guitar" com cenário imitando a abertura de "Os Brutos Também Amam". |
Prezado Darci, fico feliz em ter a oportunidade de ler uma análise de tamanha riqueza e inteligência como esta que você publicou sobre "Johnny Guitar". Você chama atenção para o fato de que "quando o romance procura sobrepujar a importância da ação nos westerns estes perdem sua essência, como ocorreu em “Duelo ao Sol”, de King Vidor". De fato isso me incomodou muito em "Duelo ao Sol", um filme "over" neste e em tantos outros aspectos. Com relação a "Johnny Guitar" não senti o mesmo incômodo, em parte por não ter levado muita fé no próprio romance entre Johnny e Vienna. Crawford, ao tentar construir uma "falsa frieza" para Vienna, acaba por torná-la uma personagem de fato fria. Na leitura de seu texto fiquei a pensar que provavelmente isso se deve a algo que está para além do filme em si: o "estrelismo" de Crawford, ao qual você se refere recorrentemente (e com razão!) com uma forte dose de antipatia. Penso que Johnny ficou ofuscado pelo brilho intenso de Vienna, mas Mercedes McCambridge não deixou por menos e fez de sua Emma uma vilã brilhante, mesmo com o figurino constrastante ao da heroína e a insistência em ser sempre mostrada de maneira inferior à Vienna. François Truffaut, com toda a simpatia que demonstrou pelo filme, o descreveu como um "falso faroeste", destacando sua teatralidade, ressaltando, também, que este "choca por sua extravagância". E você, Darci, desculpe ser repetitivo, desenvolveu uma análise primorosa, como sempre, com atenção a detalhes bastante significativos dos pontos de vistas estético e substantivo. Nicholas Ray é um dos meus diretores favoritos e reconheço que diversos de seus filmes (Juventude Transviada, Amarga Esperança, Delírio de Loucura, por exemplo) são melhores do que o Johnny Guitar. Ainda assim, Johnny Guitar é, para mim, uma espécie de "filme de cabeceira", que me encanta muito e que revejo de tempos em tempos.
ResponderExcluirAbraços,
Márcio/MG
Olá, Márcio
ExcluirObrigado pelas palavras elogiosas.
Não sabia que o próprio Truffaut havia achado Johnny Guitar extravagante. Concordo com ele. Você tem razão quando citou filmes de Nicholas Ray melhores que Johnny Guitar. E o fato de você, e tantos cinéfilos, gostarem desse western só pode ser pela aura de cult que ele adquiriu através dos tempos.
Um abraço do Darci
Darci eu amo este filme "johnny guitar" o romance não me incomoda analise do filme e perfeita e uma aula as cores fortes a interpretação da Mercedes mccambridge e espetacular ela morde os dentes um abraço meu amigo guru do seba.
ResponderExcluirOlá, Sebá Wayne
ExcluirHá quem ache excessiva performance de Mercedes McCambridge, mas é inegável que ela foi uma grande atriz.
Um abraço do Darci
Pessoal,
ResponderExcluirGosto muito desse filme, e tenho certeza que um romance como um dos temas principais, cabe muito bem num faroeste. Também acredito que, apesar do personagem bem caracterizado, Hayden não foi o ator mais apropriado para "Guitar", mas concordo que Mercedes McCambridge "rouba" o filme. O desenrolar é muito bem conduzido pelo diretor, e o final é dos melhores já vistos.
Francisco.
Sem dúvida,um filme de bons atores ! Além da Mercedes e da Joan Crawford em desempenhos memoráveis,gostei muito do John Carradine,discreto,mas marcante sua participação.Interessante que poucos gostaram do Sterling Hayden no papel principal.
ResponderExcluirMais um filme de cabeceira,prá se rever,vez em quando !!! Abraço a todos !!
Olá, Lau Shane
ExcluirPara mim Sterling Hayden está perfeito como o cínico e cético Johnny Guitar. Deve ser difícil convencer como apaixonado por aquela Joan Crawford. Sterling Hayden é por muitos chamado de 'o John Wayne dos filmes B'. E você deve lembrar dele como o Sargento McCluskey, que é morto por Michael Corleone numa cantina.
Um abraço do Darci
Que belíssima análise.
ResponderExcluirOlá, Rafael
ResponderExcluirQue grata surpresa seu comentário.
Darci
Olá, Darci
ResponderExcluirPrimeiramente queria lhe parabenizar pelo seu blog que é muito rico. Western é um gênero cinematográfico que sempre me despertou a atenção no começo de minha cinefilia - anos atrás. Acredito que o gênero seja o mais profundo e significativo do cinema, e estou até escrevendo sobre a força que ele exerceu nos outros gêneros cinematográficos para no futuro postar em um blog que mantenho sobre cinema.
Sobre Johnny Guitar, queria complementar o que o Márcio disse aqui nos comentários. O filme, logo depois de seu lançamento, foi abraçado pela galera francesa do Cahiers Du Cinéma e o Truffaut chegou a falar: "Este filme teve mais importância na minha vida do que na vida de Nicholas Ray".
Também acho que existem outros filmes do gênero que superam este Western do Nicholas Ray, mas acredito que o filme - quando analisado profundamente - acaba sendo finalizado com um saldo bem positivo.
Queria finalizar falando que sua análise esta excelente e é muito gratificante aprender coisas novas sobre filmes que achamos que sabíamos tudo. E fique ciente que estou lendo todos os textos sobre os filmes que já vi e que você analisou e já estou anotando o outro monte que ainda não vi.
Abraço!
darcy darling, seu comentário seria totalmente válido se voce não tentasse desmerecer e demonstrasse total antipatia pela gloriosa, única e irrepetível Joan Crawford. Foi ela que descobriu numa livraria de hollywood o romance de roy chanslor 'johnny guitar' comprou os direitos de filmagem e o levou a Republic para ser filmado lá.Ela queria sua grande amiga Barbara Stanwyck no papel de Emma, mas Herbert J. Yates disse que não poderia pagar o salário de outra estrela, e ela teve que se conformar com Mercedes, atriz bem inferior a Barbara, diga-se de passagem. A frase de Sterling Hayden é até aceitável pois segundo Miss Crawford 'Mr. Hayden não se conformava em ser o segundo nome do elenco'. E voce Darcy dizer que a carreira de Miss Crawford estava em baixa, é puro engano- dois anos antes ela foi indicada ao Oscar por sua grande interpretação no noir 'Precipícios D'alma'-sudden fear, que foi uma das maiores bilheterias da RKO do ano, e antes de Johnny guitar ela fez na Metro o musical "se eu soubesse amar"-torch song, também sucesso de bilheteria, e finalizando sr. Darcy, todo o seu extenso comentário sobre esse clássico absoluto de Nicholas Ray se rsume a duas frases -
ResponderExcluiro filme não existiria se não fosse Joan Crawford
e o filme funciona exclusivamente como um veículo para ela.
o resto é blah blah blah
hoje ninguém mais se lembra de mercedes, ou mesmo sterling hayden, mas a glória de Joan Crawford é eterna.
ela triunfou em duas carreiras; como uma das grandes atrizes do cinema, numa carreira ilustre de quase meio século
e como executiva da Pepsi-Cola. seus fans agradecem emocionados.
JAIME PALHINHA
Olá
ResponderExcluirA referida antipatia parece ser proporcional á idolatria que o autor do comentário tem pela atriz Joan Crawford. E a comunidade de Hollywood também não morria de amores pela estrelíssima intérprete de Mildred Pierce. Não só Sterling Hayden e Mercedes McCambridge detestavam a personagem principal do livro 'Mommie Dearest' que virou o filme "Mamãezinha Querida". Sugiro também que o amigo leia o livro de Sondra Locke 'The Good, the Bad and the Very Ugly', no qual Sondra narra a experiência de ter trabalhado na casa de Joan.
A decadência de um ator ou atriz é medida pelos salários que ela recebe e quando estes caem verticalmente é devido a uma queda de popularidade. Mesmo o ator principal (leading-man no caso) é uma forte indicação de queda de popularidade da leading-lady. Procure saber quanto Joan passou a ganhar no período em que foi filmar na Republic Pictures.
Qualquer cinéfilo de nível médio conhece Mercedes McCambridge, seja por seu trabalho em "A Grande Ilusão" (Oscar), seja pela participação em "Giant" e até pela mais recente em "E Exorcista". Quando a Hayden, vamos ficar apenas com "O Segredo das Jóias", "Dr. Fantástico" e "O Poderoso Chefão", filmes que são vistos, revistos e estudados.
Até onde se conhece o fato, Joan Crawford não fez nenhuma carreira como executiva, mas sim herdou do marido quando este faleceu uma montanha de ações que fez dela presidente do conselho da Pepsi. Ela se casou com esse marido em 1956 e o infeliz bateu as botas em 1959 e Joan ficou com a fortuna do homem. Que eu saiba ela jamais havia dirigido sequer o fogão de sua casa.
Ademais não sei porque razão estou respondendo já que o amigo entende que tudo com o que não concorde é 'blá-blá-blá', argumento que encerra qualquer discussão.
Darci Fonseca
Darcy Miss Crawford recebeu 200 mil dólares mais 10% da renda nas bilheterias por Johnny Guitar.
ResponderExcluirQualquer cinéfilo de nível médio, não, do nosso nível sim, conhecem Mercedes eu adoro Sterling Hayden a quem tive o prazer de conhecer em 1982, em Sausalito, na California, onde ele era prefeito da cidade, já estava muito envelhecido e doente, mas para mim ainda era o grande Sterling Hayden - e voce não falou no melhor filme dele - O grande golpe- the killing.
Já que voce falou no famigerado Mamãezinha querida, de verdade só o prologo onde ela se levanta as 4 da manhã e começa seu ritual de estrela, depois no carro que a leva até o estúdio e dentro dele autografa várias fotos para seus fans - e o fato dela quando seu marido Alfred Steele morreu, só lhe deixou dívidas, pois ela havia vendido sua mansão em Hollywood e emprestado o dinheiro para ele completar o total que havia pago pelo duplex que comprou em nova york- os diretores da Pepsi não a queriam no lugar do marido e queriam que ela pagasse em "suaves" prestações o emprestimo que ele fez para pagar o luxuoso apartamento-
ela deu uma lição neles inesquecível- foram eles que mataram o marido dela de tanto ele trabalhar para promover a Pepsi (Joan o acompanhou em todas as viagens, e Joan aprendeu com ele como ser uma eficiente executiva) ela disse que eles é que deviam dinheiro para ela e não o contrário e que se eles não a colocassem não no lugar do marido, mas sim como executiva e embaixadora mundial da Pepsi ela iria oferecer seus serviços para a coca cola, e aí eles iriam ver o que era concorrencia- eles ficaram apavorados e a contrataram imediatamente. Sem ela a Pepsi não seria o que é hoje- de 1959 até 1973 quando se aposentou ela viajou por dezenas de Países inaugurando novas fábricas e sendo recebida por Presidentes, Ministros e as mais altas autoridades do País visitado e todos diziam da admiração que tinham por ela, pois essa gente toda cresceu vendo os seus filmes-
Quando esteve da última vez em São Paulo em 25 de Janeiro de 1970, o governador Abreu Sodré disse em seu discurso- 'a parte do grande valor empresarial dessa fábrica em interlagos estou muito feliz por estar presente um ídolo da minha juventude que não perdeu no tempo o valor de seu talento hoje dividido entre o cinema e o mundo dos negócios'
ResponderExcluirMiss Crawford adorava receber os amigos em sua mansão de Hollywood e cozinhar para eles e nos últimos anos de vida cozinhava para os fans que iam ve-la em seu apartamento de new york.
em relação ao blá blá blá quiz dizer que voce se prolongou num comentário sobre o johnny guitar se esquecendo de deixar bem claro que o filme existiu por causa dela e funcionava como um veículo para ela. creio que nesse aspecto devemos concordar que ela sempre foi a estrela absoluta de todos os seus filmes e sempre deu 110% de seu talento em todos eles.
tenho todos os 82 longas que ela fez em sua carreira de 48 anos e voce nunca encontra ela relaxando em nenhuma cena de nenhum deles. Foi uma autentica e verdadeira estrela, como não se fazem nem nascem mais. Lutou até o fim da vida para se manter no topo, e conseguiu a custa de muito sacrifício, críticas e solidão.
Para finalizar - ao morrer deixou o grosso de sua fortuna para a caridade e velhos e antigos fans que se correspondiam com ela desde o início.
Sua secretária de 37 anos Betty Barker disse ao ver o filme mommie dearest
"Eu devo ter trabalhado em outra casa - eu nunca vi nada daquilo acontecer, ela nunca bateu em cristina com cabides de arame - cristina sempre foi problemática desde a adolescencia até o final- as outras duas filhas de Joan - Cathy e Cinthia disseram a mesma coisa, e romperam relações com a irmã depois de lerem o livro e assistirem ao filme.
Darcy desculpe ter ocupado seu precioso tempo, mas eu amo de paixão Miss Joan Crawford- sempre foi minha atriz favorita, me tratou muito bem quando eu fui ve-la na tarde de 29 de janeiro de 1970 no Othon palace hotel - pensei que nem ia me receber- eu tinha apenas 17 anos- quando ela saiu do elevador e veio em minha direção quase desmaiei- disse Hello, me beijou e autografou o livro dela The films of Joan Crawford que levei - tinha mais de 40 fans nessa tarde, esperando para ve-la- mandou o gerente servir pepsi e salgadinhos para todos- e disse em alto e bom som-
ResponderExcluirVoces são os meus amigos do Brasil, voces me fizeram, sem meus fans eu não existiria, tudo o que sou devo a voces - obrigado por voces existirem - Deus abençoe a todos.beijou um por um, deu autografo a todos, conversou com alguns que falavam ingles, e deu 200 dolares a um casal de pessoas de cor, muito modestos que tinham vindo da periferia para ve-la- disse para eles voltarem de taxi.
Quando um executivo da Pepsi lhe disse que já estava atrazada para o encontro com o prefeito Paulo Maluf que ia lhe dar as chaves da cidade ela disse num tom irritado- "ele que espere, meus fans vem sempre em primeiro lugar - sempre!
Darcy como não amar uma mulher dessas?
abraço de Jaime Palhinha
Pois é Palhinha, mesmo considerando tudo que você relatou, como grande fã de Joan Crawford, a imagem que ela criou, como atriz e mulher, permanece, ao menos para mim. Como a verdade tem sempre duas faces, cada qual aceita aquela que lhe for mais conveniente. Johnny Guitar é um show de arrogância e estrelismo de Joan.
ResponderExcluirBem lembrado "O Grande Golpe", de Kubrick. Sterling Hayden foi um dos mais injustiçados atores de Hollywood devido à política de caça às bruxas. Não se deve misturar a pessoa com o ator (ou atriz), a questão é que no caso de Joan Crawford é quase impossível dissociar.
Abraço do Darci