24 de dezembro de 2012

OS PRESENTES DE NATAL MAIS DESEJADOS PELOS GAROTOS DOS ANOS 50


Quando criança morei no bairro do Bom Retiro, em São Paulo. O cineminha das matinês de domingo era o Cine Marconi, a duas quadras da famosa Rua José Paulino tradicional rua das lojas dos judeus que vendiam roupas até a prestação para toda a família. Encravada entre as centenas de estabelecimentos dos Isaacs, Abrahãos e Jacós havia a Casa Samuel que vendia artigos diversos para presentes. A meninada do bairro adorava ir à Casa Samuel pois havia uma vitrine exclusiva de artigos para fãs de faroestes. E deslumbrados os meninos olhavam as caixas de cinturões e revólveres expostos. Havia o cinturão de Roy Rogers (o mais bonito), de Gene Autry, Hopalong Cassidy, Durango Kid e alguns outros sem identificação de heróis. E só restava sonhar com a chegada do Natal. Mas primeiro precisava 'passar de ano' (ser aprovado) no Grupo Escolar Prudente de Morais, até hoje no mesmo lugar na Avenida Tiradentes, ao lado da Pinacoteca do Estado, ambos vizinhos das centenas de árvores do maravilhoso Jardim da Luz. Ah, vale dizer para quem não conhece São Paulo e nem aquela região, que a Rua José Paulino começa na tradicional Estação da Luz. Alguns garotos felizardos encontravam no dia 25 de dezembro uma caixa que certamente embalava o cinturão pedido ao Papai Noel. Outros, com menos sorte e de pais mais modestos, ganhavam um simples revólver de espoleta, daqueles cor grafite e com o cabo branco com a figura de um touro em relevo. Ganhei muitos desses. E o dia de Natal era sempre uma inesquecível festa para as crianças que, mais que nunca, se sentiam como se fossem seus heróis, os queridos mocinhos das matinês e dos gibis. Nas fotos abaixo alguns dos brinquedos que fizeram a felicidade das crianças dos anos 50 e 60.

Hopalong Cassidy tinha muitos fãs, talvez o maior deles fosse Umberto 'Hoppy'
Losso, um dos patronos deste blog. Entre os produtos licenciados com a marca
do mocinho dos cabelos brancos estavam, além dos cinturões, um painel de
tiro-ao-alvo, a lancheira e um rádio para escutar as aventuras do mocinho
criado por Clarence E. Mulford, veiculado com sucesso em programa de rádio.


Qual menino não queria ter sua bicicleta? Nos Estados Unidos a bicicleta mais
vendida era a de Hopalong Cassidy que, infelizmente, não chegou ao Brasil.

A marca 'Hopalong Cassidy' vendia desde botas, cintos, relógios e máquinas
fotográficas. Mesmo se ser sheriff havia a estrela com a figura de Hopalong.


Levar o lanche numa lancheira 'Hopalong Cassidy' fazia inveja aos demais garotos.
E na hora de comer a petizada limpava o prato só para ver Hopalong montado
no Topper. Claro que as canecas dos fãs tinham de ser com a figura de Hoppy.

The Lone Ranger, 'Zorro', aqui no Brasil também era muito querido pela garotada
e muitos itens foram fabricados com a marca do Cavaleiro Solitário. No quadro
vemos um belo binóculos, lancheira, pistola de tiro-ao -alvo, lanterna e um
relógio de bolso onde se vê Lone Ranger e Tonto.

Este coldre e revólver do Cavaleiro Solitário é um item raríssimo, mesmo
no mau estado de conservação. O revólver perdeu as laterais da coronha
e o cinturão sofreu o desgaste do tempo ou das brincadeiras de mocinho.


O 'Rei dos Cowboys" foi o campeão da venda de produtos para a garotada que
queria se sentir o próprio Roy Rogers. Os mais bonitos cinturões expostos nas
vitrines eram os de Roy. Havia até mesmo uma caixa com revólver, estrela
e esporas. Será que Roy Rogers algum dia usou a pequena pistola que foi
também licenciada em seu nome? Quem usava as Derringers eram s bandidos...


O curioso revólver 'Flash Draw' que disparava um facho de luz simulando
um disparo.


Máquina fotográfica Roy Rogers no modelo da nossa Kapsa; revólver de
pulso e jogo com diligência e cabana, tudo para os fãs de Roy Rogers.

Muito vendidas também no Brasil a lancheira do Rei dos Cowboys, quase
sempre com Dale Evans, Trigger e Bullet.


Nos anos 40 somente um mocinho rivalizou com Roy Rogers na preferência da
meninada. Era Gene Autry e disso se aproveitavam as fábricas de brinquedo
para lançar cinturões e revólveres 'iguais' aos de Gene Autry.

Outros modelos para os pequenos 'Gene Autrys'.




LESLIE-HENRY COMPANY

O maior fabricante norte-americano de brinquedos do gênero western era a Leslie-Henry Company, sediada na Pensilvânia. Ninguém mais que essa empresa levou tanta alegria para as crianças que idolatravam seus ídolos do cinema e da TV. Os brinquedos que sobreviveram são muito disputados por colecionadores e por essa razão tornaram-se itens valiosíssimos, como pode ser contatado em sites como a e-Bay e congêneres. 

Belos Colts que tornavam os petizes verdadeiros mocinhos do cinema e dos gibis.

Jogo de cinturão e revólveres de Buffalo Bill, e das séries de TV Wild Bill Hickok
e Caravana, esta última sucesso também no Brasil.


Quem aprendeu a gostar de faroestes assistindo as séries de TV também
podia ganhar presentes licenciados como "O Homem do Rifle", "O Rebelde
Johnny Yuma", "Caravana" e "Gunsmoke".

Que se saiba nunca foi fabricada a caixa homenageando Rocky Lane, mas os
milhões de fãs do grande mocinho podiam ter um canivete de seu ídolo.
O belo revólver da foto maior é do Paladino do Oeste; os menores da série
de TV Maverick; e os nostálgicos fãs de Buck Jones tinham seu canivete.


Fãs brasileiros também possuem seus 'brinquedos' como o colecionador
André Bova, acima com parte de sua coleção voltada para o Velho Oeste
no quadro ao lado. Abaixo o Roy Rogers brasileiro, Lazinho Kid Blue com
seus Peacemakers de cano longo; à direita 'Hoppy' Losso, o Hopalong
Cassidy de Santos com seu maravilhoso par de réplicas de Colt 45.


Ninguém empunha réplicas com mais autoridade que Aulo 'Doc' Barretti,
o fundador da confraria dos amigos do western, em São Paulo; abaixo
Doc Barretti com uma réplica de Winchester.

El Bandolero Mexicano com seu Colt Navy da Civil War.
Curioso que mesmo com esse poderoso trabuco El Mexicano
sempre morria nas brincadeiras de mocinho e (ele) bandido.


Lau Shane Mioli empunhando uma réplica de rifle de repetição para, caso seja
necessário, dar uma ajuda a Shane e a Joe Starrett; o sorriso de Hoppy Losso
explica a felicidade de quem possui os brinquedos da foto;
abaixo Lazinho Kid Blue e o editor do Westerncinemania, prontos para
enfrentar os Lee Marvins, Dan Duryeas e Jack Elans que surgirem.

12 comentários:

  1. Grande Darci, que post nostálgico...
    Gostaria muito de ter vivido minha infância ou adolescência nesses anos maravilhosos que foram os de pós-guerra...
    Quanta ingenuidade possuíam esses brinquedos, mesmo sendo réplicas de armas de fogo, não tinham mal algum.... hoje tudo e todos estão tão maliciosos e com o peito cheio de maldades que jamais lançariam esses tipos de brinquedos... uma lástima infelizmente....

    Parabéns pelo organizado e muito bem ilustrado post... Como sempre, invejável...

    Feliz Natal e um ótimo 2013!

    Abração

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  2. Ah, Darci, lhe enviei um e-mail no yahoo com uma dúvida de uma leitora, você leu? Apesar de ser uma dúvida, creio eu, meio difícil... para você que é fã dos Westerns talvez não terá dificuldades...
    Qualquer coisa me de um retorno ok!

    Abração mais uma vez...

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  3. Olá, Jefferson - De fato, foi um tempo maravilhoso. Brincava-se de mocinho e bandido nas ruas que não ofereciam nenhum tipo de perigo. E nem em sonhos se podia imaginar os tão comuns massacres dos tempos atuais. A pureza da alegria daquelas crianças é algo também que desapareceu de vez pois a maioria delas hoje assiste à novela das nove. Só resta mesmo lembrar e agradecer por ter vivido a infância no pós-guerra, com nossos mocinhos do cinema e dos gibis e também a inocente TV dos anos 50 e 60. - Grande abraço, Boas Festas e muito cinema em 2013. - Darci Fonseca.

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  4. Ótima postagem, os colecionadores devem ficar loucos com estas raridades.

    Infelizmente hoje as crianças são manipuladas desde pequenas para consumir. Antigamente brinquedos simples como estes alegravam as crianças por meses, hoje um brinquedo novo e geralmente caro é deixado de lado dias depois.

    Abraço e um ótimo Natal!

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    1. De fato, Hugo, as crianças preservavam seus brinquedos que chegavam a durar anos. Azar dos papais modernos nestes tempos em que tudo é descartável. Um abraço do Darci.

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  5. Darci, que post bacana! Eu também gostaria de ter vivido essa época -- mas só peguei o finalzinho, lá pelo início dos maravilhosos (por outros motivos) anos 60, quando ainda brinquei de mocinho (na minha terra se dizia "artista") e bandido, com aqueles revólveres grafite que vc. citou.

    Era um tempo em que ainda levávamos revistas prá trocar na porta do cinema... em que passávamos o intervalo na escola comentando o faroeste ou o Tarzan que passou ontem... em que parávamos tudo prá ouvir a novela do Jerônimo, O Herói do Sertão, às 18:30h na Rádio Nacional...

    Mas tudo bem, não é? Em compensação, hoje temos DVDs, vídeos, Blue-Rays etc prá reassistir todos esses filmes quantas vezes quisermos, o que erá impossível naqueles tempos: "perdeu o filme do John Wayne? Então, meu filho, adeus, agora é tarde...". Até revistas dá prá curtir de novo pela Internet. Compensações, compensações...

    Um abraço, parabéns pelo post (e pelo site), Feliz Natal!!!

    José Tadeu
    Poços de Caldas

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    1. Olá, José Tadeu - Você tem razão quando diz que a tecnologia atual até compensa a perda daqueles tempos. Só não traz de volta a nossa infância querida, que como dizia o poeta, "os tempos não trazem mais". Escutei muito "Jerônimo, o Herói do Sertão". Curiosamente a revista Jerônimo não foi muito longe.
      Por acaso você conheceu o Jandir Bussate, colecionador aí de Poços de Caldas? Estive aí e fui até o endereço dele e me informaram que há tempos ele havia deixado aquele prédio na Rua São Paulo.
      Obrigado, grande abraço e Boas Festas. - Darci Fonseca

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  6. Caro Darci, Eu repito os parabéns dos seus outros leitores. Gostei de ver as armas, os colts, as esporas e a coleção de lembranças para ter em casa - canecas, pratos, lancheiras e não sei mais quantas. Nunca prestei muita atenção à indumentária, acessórios e ornamentos, nem dos Mocinhos, nem dos Bandidos. Ficava mesmo ligada ao Mocinho Cavaleiro e Justiceiro e seus amigos quatro-patas, o Cavalo, o Cachorro. Uma vez ou outra me siderava pelos cabos dos revolveres que eu supunha serem em prata lavrada. E, quando me levavam à Missa dos Domingos, ficava observando os vasos e castiçais da Igreja - acabava por achar que os desenhos das armas, das bocas dos vasos, do acabamento dos castiçais se assemelhavam. Ajoelhada ou em pé, na Igreja de Santa Cruz em Araraquara, eu gostava de olhar a prata com seus ricos detalhes mais do que qualquer outra coisa, mesmo mais do que os Esplendores nas imagens. Não brinquei de Mocinho e Bandido. Até nem sei explicar como. Deveria ter brincado pois minha educação foi ajudada por um bando de uns 15-20 moleques, todos da turma do meu irmão e um pouco mais velhos do que eu. O que me emocionava total eram os seriados, eu tinha que esperar uma semana inteira para o próximo episódio. E havia episódios que terminavam com o herói preso na linha do trem, ou tendo que atravessar um despenhadeiro com a roda da carruagem ameaçando quebrar, ou o Cavalo Caído e Machucado. O Cavalo Machucado para mim era martírio. Ou melhor, é martírio, pois a lembrança é viva, coisa de hoje, de agora, deste momento. As ilustrações que você colocou na postagem são excelentes. Perfeita a sua pesquisa. Bom, acabei falando de coisas outras que não Western. Culpa dos horizontes de grande extensão do mundo Western que me alimenta a intensa ficção que, ao final, acaba com ares de vida real, palpável. Gostei particularmente do WesternCineMania da véspera de Natal, um presente de primeira qualidade do Papai-Noel Western. Tudo do melhor, até breve, Cibele

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    1. Olá Cibele - Seriados eram a atração maior das matinês. Confesso que peguei o finalzinho deles. Você no interior de SP deve ter sido mais feliz porque eles passavam seriados mais antigos. Amigos da minha idade, chegando aos 70, e que moravam no interior viram quase tudo de importante dos seriados. Brincar de mocinho e bandido era prolongar a emoção dos faroestes dominicais, em balados ainda pelos gibis e as fotos maravilhosas dos mocinhos. Obrigado pelas palavras amáveis e pelas Si Belle léttres de sempre. - Um abraço do Darci.

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  7. Oi, Darci

    Adorei esse artigo sobre os presentes dos meninos que gostavam de faroestes. Mas, não eram só eles que ganhavam esses brinquedos.
    Eu (uma menininha) tive um, mas era de madeira, feito pelo meu pai que era marcineiro. E também tive uma estrela de xerife. Nem lembro como meu pai arrumou essa estrela.
    Usei para brincar de Zorro e Tonto com a minha amiga Mariana. Meu Zorro usava estrela. E a máscara era feita com qualquer pano escuro que minha mãe me dava.
    Foi muito divertido. Parei de brincar, quando Mariana mudou para um outro bairro.
    Um grande abraço

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  8. Olá, Janete - duvido que exista algum garoto dos anos 50 que não tenha feito sua máscara de pano preto para ser o Zorro (Cavaleiro Solitário). Mas ninguém queria ser o Tonto... Percebe-se que sua infância foi divertidíssima, especialmente para uma menina.
    Acredito que até o final dos anos 70 ainda era possível comprar revólver e cinturão sem que isso fizesse da criança um futuro bandido. - Grande abraço do Darci.

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  9. Olá. Onde vocês conseguem comprar essas replicas? Quero uma do Colt Peacemaker, mas não acho em lugar nenhum.

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