“Amanhecer na Fronteira” (Dawn on the Great Divide) foi o derradeiro western de Buck Jones, exibido postumamente uma vez que o querido mocinho havia falecido aos 51 anos, em 30 de novembro de 1942. Produzido pelo pequeno estúdio Monogram Pictures, “Amanhecer na Fronteira” foi lançado às pressas 18 dias após o falecimento do ator, certamente para aproveitar a comoção popular despertada por sua morte. Buck Jones teve uma das mais belas carreiras de um cowboy no gênero western e este filme póstumo não deixa de ser uma justa, merecida e profética homenagem a ele. Para o padrão da Monogram, “Amanhecer na Fronteira” é uma verdadeira superprodução e o incomum investimento deve ser creditado à necessidade de não perder público com o desfalque de Tim McCoy ocorrido na série ‘Rough Riders’. Como a Republic Pictures havia acertado ao criar um trio de mocinhos chamado The Three Mesquiteers, outras companhias imitaram a Republic, formando também seus tercetos. O trio da Monogram era o ‘Rough Riders', composto por Tim McCoy, Buck Jones e Raymond Hatton que fizeram oito westerns de muito boa aceitação. Em 1942 Tim McCoy foi convocado para servir as Forças Armadas Norte-Americanas, ele que era Coronel da Reserva. A Monogram tratou de substituir Tim McCoy, contratando Rex Bell que já havia feito alguns filmes como mocinho dos Westerns B. “Amanhecer na Fronteira” reuniu então pela primeira (e última vez) Buck Jones,Raymond Hatton e Rex Bell.
Buck Jones acima; no centro Harry Woods e Roy Barcroft; abaixo Buck e Mona Barrie |
AS MULHERES DA CARAVANA - Se na série ‘Rough Riders’ o trio de mocinhos era formado pelos Marshals Buck Roberts, Tim McCall e Sandy Hopkins, respectivamente Buck Jones, McCoy e Hatton, em “Amanhecer na Fronteira” Buck Roberts (Buck Jones) e Sandy Hopkins (Raymond Hatton) são apenas batedores encarregados de conduzir uma caravana até a cidade de Beaver Lake. A caravana viaja repleta de suprimentos e sua chegada ameaça o poder de Jim Corkle (Harry Woods), que domina a cidade. Corkle tem a seu serviço um bando chefiado por Chuck Loder (Roy Barcroft) que tenta impedir o sucesso da caravana atacando-a com os bandidos vestidos de índios. Com a ajuda de Jack Carson (Rex Bell), os batedores Buck Roberts e Sandy Hopkins conseguem desbaratar a quadrilha e permitir que os membros da caravana se instalem em Beaver Lake. O roteiro de “Amanhecer na Fronteira” é da conhecida Adele Buffington que como de costume destaca as personagens femininas, entre elas a ambiciosa Sadie Sand (Mona Barrie), a decidida Sarah Harkins (Maude Eburne) e sua sonhadora filha Mary Harkins (Christine McIntyre) e ainda Elmira Corkle (Betty Blythe). Além delas muitas outras mulheres fazem parte da caravana, tantas quanto são os homens. A história não privilegia tanto os personagens masculinos, que são arquétipos dos homens do Oeste. Já as mulheres têm seus dramas e anseios melhor desenvolvidos.
ROY E MONA ROUBANDO O FILME - Lançado com 63 minutos de duração, “Amanhecer na Fronteira” teve a clara intenção de ser um pequeno épico, contendo diversas cenas com os muitos carroções passando por situações perigosas, entre elas o ataque dos índios que não passam de brancos disfarçados, liderados por Roy Barcroft. O grande herói do filme que deveria ser Buck Jones tem uma participação quase secundária em razão das várias subtramas como a história da mãe que falece no caminho e mais especialmente do casal formado por Sadie e Matt Sand (Tristram Coffin). Mona Barrie era uma atriz inglesa que atuava em dramas, filmes policiais e comédias. Bastante talentosa ela interpreta uma mulher forte e disposta a vencer, com ou sem o marido que morre no ataque à caravana. E Sadie (Mona Barrie) é sensualíssima, dominando todas as cenas em que aparece. Além de Mona Barrie, “Amanhecer na Fronteira” apresenta ainda o encontro de dois dos maiores bandidos dos westerns B, que são Harry Woods e Roy Barcroft. Nesse ‘duelo’ todo particular Roy Barcroft demonstra porque foi logo em seguida contratado pela Republic Pictures onde se tornaria o Rei dos Bandidos. Dirigido por Howard Bretherton, “Amanhecer na Fronteira” reuniu um excelente elenco pois além das muitas mulheres ainda atuam Dennis Moore, Robert Lowery, Robert Frazer, I. Stanford Jolley, Bud Osborne e pontas de Iron Eyes Cody, Art Mix e rápida aparição de Spade Cooley. Quanto a Rex Bell, que seria o terceiro ‘Rough Rider’, ainda bem que abandonou o cinema para tornar-se Governador do Estado de Nevada e tendo como primeira dama sua esposa, a famosíssima Clara Bow de tantas histórias apimentadas.
O ADEUS DE BUCK JONES - É lamentável que “Amanhecer na Fronteira” nunca consiga se decidir entre ser um western pretensioso ou mais um filme dos ‘Rough Riders’. A perfeita recriação da caravana, os momentos idílicos ou tristes como o do funeral mãe adoentada, ambos valorizados pelas canções e ainda a tenacidade dos aventureiros com suas carroças chega a lembrar “Caravana de Bravos” (Wagonmaster), o maravilhoso, poético e menosprezado filme de John Ford. Por outro lado, a própria metragem de “Amanhecer na Fronteira” impede uma mais rica caracterização dos personagens. A versão lançada em DVD tem 70 minutos, sete a mais que a versão original, o que leva a crer que cenas de arquivo foram acrescentadas para valorizar este último trabalho de Buck Jones. Esse grande mocinho do cinema, igualmente ídolo dos faroestes mudos e dos falados atua com a discrição de sempre, na linhagem de William S. Hart e mais tarde de Randolph Scott. Mas “Amanhecer na Fronteira” é um filme que entristece os fãs de Buck Jones. Em diversas sequências suas falas parecem pressentir a fatalidade que o esperava, como se este fosse um filme profético e ele estivesse dizendo adeus a seus fãs. E quando a figura impressionante de Buck Jones surge na tela enfrentando Roy Barcroft entende-se porque ele se tornou verdadeiramente amado por fãs como os autores Buck Rainey, João Lepiane e Doutor Aulo Barretti, o ‘Doc Jones’ brasileiro.
Buck tinha estilo.
ResponderExcluirO Falcão Maltês
Darci, que tal um post sobre o grande John Hodiak?
ResponderExcluirO Falcão Maltês
Votei na enquete...
ResponderExcluirO Falcão Maltês
Antonio, a enquete não seria completa sem seu voto. O John Hodiak bem merece ser focalizado e a sugestão foi anotada, ainda que ele tenha feito muitos filmes de guerra e policiais noir e me parece apenas três westerns.
ResponderExcluirEu lamento muito não ter vivido os tempos em que esse cowboys de filmes "B" reinavam nas telas. Nunca vi um filme com Buck Jones, Tim McCoy, Tom Mix e outros. Minha adolescência foi na 1ª metade dos anos 80 e fiquei restrito aos westerns (longa-metragens)que vieram após esses grandes nomes do bang-bang.
ResponderExcluirNão posso reclamar pois acompanhei Randolph Scott, John Wayne, Glenn Ford, Henry Fonda, James Stewart, Audie Murphy e muitos outros. Mas na tela da tv e não nos cinemas, que já não exibiam seus filmes.
Conheci os cowboys das matinês apenas lendo a antiga e saudosa Cinemim, que destacava esses ídolos. Hoje existe a internet, que permite conseguir velhas fitas de bang-bang e tentarei com o tempo "tirar o atraso".
Virei assíduo leitor desse espaço, que considero o melhor, o mais completo e o mais apaixonado de todos os que já encontrei na rede. Quem é ama bang-bang certamente se sente bem lendo esses belos textos. Muito obrigado.
Edson Paiva
P.S. Vou aproveitar e fazer um pedido também. Gostaria muito de ler um artigo sobre o Slim Pickens, um dos coadjuvantes que marcaram o gênero dos anos 50 em diante. Aliás, até quando o filme não era faroeste ele continuava a interpretar cowboys, sempre de chapéu.
Um abraço prá vocês !!
Olá, Édson. Tenho na agulha a matéria sobre Slim Pickens, que considero o melhor de todos os sidekicks. Obrigado pelo elogio. São palavras como as suas que entusiasman a fazer um trabalho cada dia melhor.
ResponderExcluirNão alcancei estes idolos, e os canais de TV a cabo,por exemplo, que poderiam reprisar filmes com estas lendas do cinema de faroeste, não o fazem, fazendo com que nós, que os desconhecemos, sigamos assim.
ResponderExcluirJá citei anteriormente e repito; sinto inveja destes que viram estes herios atuando. Gostaria que Darci Fonseca, que desta vez esqueceu, citasse a causa/mortis de Buck Jones.
jurandir_lima@bol.com.br
Jurandir, também não vi Buck Jones e outros mocinhos no cinema. O que ajuda a formar a idéia do significado dele e de outros são depoimentos de pessoas mais velhas, os muitos livros que falam dos Westerns B e principalmente o garimpo achando esses filmes. Nem sempre as cópias e legendagem são boas, mas dá para imaginar como era assisti-los nas matinês de antigamente.
ResponderExcluirbuck jones foi o cowboy que mais marcou minha infância josé simões filho
ResponderExcluirFoi um bom tempo
ResponderExcluirFez parte de minhs infância. Grandes momentos. Saudades
ResponderExcluirUbiratan Brandão França - Quando nasci, esse grande ator já havia falecido, mesmo assim, assistir vários filmes dele sem saber do seu falecimento, pensando eu que ele estava vivo. Comprei inclusive revistas em quadrinhos cuja capa apresentava a foto dele numa pose bem característica com o seu chapéu de cowboy. Grande ator, ótimos filmes. Sou um felizardo em ter podido acompanhar esse cowboy em seu filmes. Infelizmente, nos dias de hoje, não vejo uma boa vontade em colocar em cartaz na NETFLIX e mesmo nos canais de televisão. Precisam lembrar que nós, idosos, adoraríamos tem a felicidade de poder assistir alguns dos seus filmes. Que fique aqui registrado o meu pedido na esperança de ser atendido. Obrigado se porventura venhamos ser atendidos.
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