Susan Cabot e Suzan Ball tiveram em suas vidas mais que a simples semelhança de seus nomes artísticos. Entre as muitas coincidências, a maior delas foram as tragédias que se abateram sobre suas existências. Ambas foram jovens morenas e bonitas, projetadas para se tornarem estrelas do cinema, praticamente na mesma época, o que levou muitos fãs até mesmo a confundir as duas ‘Susans’. As tragédias pessoais é que ajudaram definitivamente a saber quem era Susan Cabot e quem era Suzan Ball. Ambas fizeram diversos westerns em suas curtas carreiras, ambas chamavam à atenção pela beleza e ambas tinham nome de uma das mais bonitas e talentosas atrizes norte-americanas que era Susan Hayward que afinal de contas também não foi uma mulher muito feliz. Susan Cabot era a mais velha das duas, tendo nascido em Boston, em 1927, com o nome de Harriet Pearl Shapiro, filha de judeus russos. A mãe de Harriet viveu grande parte da vida internada por problemas mentais e o pai simplesmente desapareceu, nunca mais dando notícias. Harriet morou com oito famílias diferentes em sua infância e adolescência, chegando à High School (Ensino Médio), onde se interessou pela Arte Dramática. Aos 17 anos casou-se com um decorador e, bastante bonita, as oportunidades artísticas foram surgindo até que em 1947 estreou no cinema fazendo uma ponta em “O Beijo da Morte” da Fox. Adotando o nome artístico de Susan Cabot, fez depois uma ponta em “Um Preço para Cada Crime” (Warner Bros.) e o principal papel feminino em “On the Isle of Samoa”, com Jon Hall (Columbia). Depois disso foi para a Universal onde atuou em “Coração Selvagem” (Tomahawk), estrelado por Van Heflin e Yvonne De Carlo. A outra Susan, a Ball, nasceu em 1933 em Nova York, mas sua família mudou-se para Hollywood, onde Susan tinha uma prima atriz já bastante famosa chamada Lucille Ball. Muito bonita e com vocação artística, Susan aos 17 anos era vocalista da Orquestra de Mel Baker. Encantando platéias Susan aos 18 estreava no cinema em “A Lâmpada de Aladin” com Patricia Medina, mudando o segundo ‘s’ de seu nome para ‘z’, tentando diferenciá-la das outras Susan do cinema. Foi então contratada pela Universal que apostou alto na nova contratada, lançando-a como “A Garota-Cinderella de 1952” colocando-a no elenco de “O Mundo em seus Braços”, aventura romântica estrelada por Gregory Peck. Seu próximo filme foi o western “Homens em Revolta” (Untamed Frontier), com Joseph Cotten e Shelley Winters. Os fãs tinham razão para ficar confusos pois as duas novas estrelinhas tinha nomes parecidos, trabalhavam no mesmo estúdio (Universal Pictures) e faziam filmes semelhantes.
Susan com 'S' e Suzan 'Z' |
GRANDE AMOR DE ANTHONY QUINN - O primeiro namorado famoso de Suzan Ball foi Scott Brady. A jovem atriz tinha 19 anos quando conheceu Anthony Quinn por ocasião das filmagens de “Cidade Submersa”. Quinn era um dos mais notórios conquistadores de Hollywood e não iria perder a oportunidade de aumentar sua lista de conquistas com aquela belezinha. O que ele, aos 38 anos não contava é que se apaixonaria perdidamente por Suzan. Quando do segundo filme que fizeram juntos que foi “Ao Sul de Sumatra”, Suzan seria dublada por Julie Newmar num número de dança, mas vendo que Tony Quinn assistia, quis impressioná-lo e num passo mais difícil sofreu uma queda caindo sobre o joelho direito, sofrendo grave luxação. Em um de seus livros autobiográficos, Anthony Quinn relata que havia presenteado Suzan com um Cadillac e foi com esse automóvel que Suzan sofreu novo acidente batendo justamente o joelho direito, aparentemente sem maior gravidade. Conta ainda Tony Quinn que havia iniciado a construção de uma casa para Suzan, em Hollywood. Quinn estava disposto a separar-se de Katharine DeMille, com quem estava casado desde 1937 e com quem tinha quatro filhos. Ele diz em seu livro ‘Tango Solo’: “Suzan foi o único, verdadeiro amor da minha vida... Contar nossa história é mergulhar nos recessos mais profundos da minha alma... Suzan era uma jovem atriz absolutamente espetacular, uma das belezas mais fabulosas da época. Tinha uma radiância mágica.” Tony conta que certo dia Suzan abriu a boca e um dente caiu-lhe na mão. Dias depois ela desmaiou no banheiro e em um mês seus dentes caíram todos. Tony foi então filmar na Itália e sentindo-se só e adoentada, Suzan passou a namorar com o ator Richard Long.
Suzan e Tony em "Ao Sul de Sumatra" |
Suzan e Richard Long |
Susan Cabot acima com John Russell e com Charles Bronson; abaixo "A Mulher Vespa" de Roger Corman |
CENÁRIO DE HORROR TÍPICO DE CORMAN - Ser conhecida como ‘Mulher Vespa’ não era bem era o que Susan queria para sua carreira, mas a efêmera fama trouxe novos pretendentes a Susan Cabot que era uma das mais disputadas solteiras de Hollywood. Em uma festa, em 1959 Susan conheceu o Rei Hussein da Jordânia que se interessou por ela, convidando-a para reeditar a história de “O Rei e Eu” lá na Jordânia. Noticiou-se que Hussein ficara tão apaixonado que chegara a comprar um Rolls Royce para presentear Susan, mas não chegou a dar o presente pois descobriu que ela era descendente de judeus. Depois de Hussein Susan passou a sair com um parente do Xá do Irã e com um número enorme de namorados, entre eles um playboy brasileiro chamada Francisco ‘Baby’ Pignatari. Eram tantos os namorados de Susan que muito se especulou sobre quem seria o pai de seu filho Timothy Scott, nascido prematuramente em janeiro de 1964. A criança nasceu vítima de nanismo, a doença do crescimento, sendo-lhe aplicadas grandes doses de hormônio, o que provavelmente provocou uma doença mental no menino. Em 1968, ainda bastante bonita aos 40 anos, Susan casou-se com Michael Roman, jovem ator de apenas 25 anos. O casamento durou 13 anos, ocorrendo o divórcio em 1981, com Roman alegando que Susan era paranóica e tinha acessos de loucura. Em 10 de dezembro de 1986, Timothy,o filho de Susan que estava com 20 anos assassinou a mãe batendo-lhe na cabeça com halteres enquanto ela dormia. Susan estava com 59 anos e a suntuosa casa em que moravam estava totalmente deteriorada por falta de cuidados. Timothy foi condenado a apenas quatro anos de reclusão e a atenuante de seu advogado foi que ele sofria de doença mental agravada pelos sistemáticos abusos por parte de Susan, sua mãe. Timothy faleceu em 2003, aos 38 anos e sua paternidade sempre foi motivo de especulação, sendo atribuída tanto ao Rei Hussein da Jordânia (e não confirmada por motivos políticos) quanto a Marlon Brando, com quem Susan também se relacionava. A dúvida era motivada pelo fato de tanto Hussein quanto Brando depositarem mensalmente durante muitos anos razoáveis quantias de dinheiro na conta de Susan Cabot pois ambos acreditavam serem pais de Timothy. Susan Cabot jamais se pronunciou sobre o caso talvez porque nem ela tivesse certeza absoluta.
Marlon Brando e Rei Hussein da Jordânia, entre os amores de Susan Cabot |
Susan Ball e Susan Cabot foram duas atrizes de tristes histórias. Ambas exemplificaram com suas trágicas vidas como os sonhos realizados de se transformar em estrelas de Hollywood podem se transformar em tormentos.
Impressionante, Darci. Sabia apenas da história da Ball.
ResponderExcluirAbraços e apareça,
Dentre os, por volta dos quase 250, tópicos colocados em pauta por nosso editor desde a criação do WESTERNAMANIA, este foi o que mais me impressionou por seu conteudo notável, historico e trágico. Passei a conhecer duas mulheres muito lindas e que, mesmo não despontando no topo como grandes atrizes, moveram historias pontuadas de realces dignos de bons filmes, dado ao historico de suas vidas.
ResponderExcluirRevendo minha lista de filmes assistidos observei que vi quase que todos os filmes com estas duas jovens e belas mulheres, mas que jamais me despertaram a atenção, justamente por terem sua área de atuação em filmes de menores portes como A Grande Audácia, que vi há poucos dias. E mesmo ali, naquela copia degradada e desbotada em que assisti àquele filme, eu notei aquela india linda, que falava muito, que acaba o filme nos braços de Denis Weaver e que termina sua vida real daquela forma dolorosa!
Cristo! Como existem historias que beiram o grotesco naquele circulo do cinema em Hollywood!
E eu que imaginava ali permear somente um mar de rosas, de glamour, de riqueza e de felicidade! Como estava enganado! Principalmente depois de conhecer historias como estas, e também outras, que somente atraves do MANIA estou tendo a graça de ficar sabedor!
O outro lado destes astros e estrelas, senão apenas aqueles belos, coloridos e fotogênicos que vemos nas telas, chegam a nos causar espanto e até horror, como o destas duas jovens atrizes!
Um excelente trabalho de bastidores este ora apresentado, e que nos passa a cientes de tantas coisas anormais e até aterrorizantes que ocorriam num mundo em que somente viamos beleza e prazer.
jurandir_lima@bol.com.br
Não conhecia as tristes histórias dessas duas belas atrizes. Atrizes que nunca se destacaram por suas atuações mas que embelezaram os filmes de que participaram e certamente povoaram os sonhos dos fãs de cinema dos anos 50.
ResponderExcluirComo bem isse o Jurandir, esse tópico é muito impressionante e triste. faz-nos pensar em como a vida é repleta de surpresas, muito mais interessante que os roteiros de Hollywood.
Obrigado, Darci, por nos trazer essas histórias. Gosto muito dos textos sobre artistas menos conhecidos ou lembrados.
Edson Paiva
excelente
ResponderExcluirQue mancada a minha Darci...
ResponderExcluirJULHO de 2011, como não vi este post???
São duas estrelas com histórias de vida bem trágicas, muito embora ache Ball melhor atriz que a Cabot. Tenho o ÚLTIMO GUERREIRO, com o Vic Mature, e CIDADE SUBMERSA, com Quinn e o ótimo Robert Ryan. Achava ela uma ótima atriz, e mais linda que a sua xará. Sabia que Ball havia falecido prematuramente de câncer, mas não saia de todos os detalhes de seus dias finais, que aliás, dariam até um roteiro de um filme, caso fizessem uma cinebiografia da atriz, através de uma linda história romântica, quem sabe.
Chega até ser comovente a dedicação de Richard Long, que também teve uma vida curta.
Cabot, para falar a verdade, nunca chamou tanta minha atenção, e outro trágico destino, talvez bem mais violento. Sem querer ser puritano, sabe-se lá bem que vida ela realmente levava. Quem sabe ela mesma buscou seu próprio destino?
Paulo
Olá Darci, que histórias tristes, mas de muito conhecimento de sua parte, parabéns, mesmo. Estava procurando detalhes de alguns filmes que comprei sem indicação sua, dentre eles, Coração Selvagem,com Van Heflin, e deparei com essa história triste, mas linda, devido ao grande conhecimento de sua parte. Paulo Roberto
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