13 de abril de 2011

PAREM COM ESSA MAZURKA!!! GRITOU JOHN FORD


Para fazer um grande filme é necessário o trabalho conjunto de muitos talentos: roteiristas, diretores, cinegrafistas, atores e atrizes, montadores e, claro, a música que fica por conta dos maestros. Quem banca tudo é o produtor que às vezes quer mandar mais que todos durante a produção. As centenas de grandes filmes que assistimos não deixam dúvidas quem são os maiores nomes da história do cinema. Na música serão sempre lembrados o vienense Max Steiner e o russo de origem ucraniana Dimitri Tiomkin. Ambos compuseram uma interminável e irretocável lista de trilhas sonoras para filmes que muitas vezes se tornaram inesquecíveis por causa da própria música. Mas até esses dois excepcionais talentos se depararam às vezes com as implicâncias de quem nem formação musical possuia.

O Galante Aventureiro” (The Westerner) é um belíssimo western com Gary Cooper e Walter Brennan, dirigido por William Wyler e produzido por aquele que foi, provavelmente, o maior de todos os produtores independentes de Hollywood: Samuel Goldwyn. Aí é que começaram os problemas de Dimitri Tiomkin, responsável por musicar esse western. Simplesmente Goldwyn não gostou da trilha sonora criada por Tiomkin e chamou Alfred Newman, a quem encarregou de criar uma trilha inteiramente nova para o filme, para grande desgosto de Dimitri.

Rastros de Ódio” (The Searchers) é um dos melhores filmes dirigidos por John Ford, diretor que não tem meias palavras, ainda que elas possam soar como muito francas ou mesmo mal-educadas. Ford nem tinha o hábito de ver seus filmes depois de prontos, mas decidiu ver como havia ficado esse western com John Wayne. Mal a porta se abriu no início do filme e Ford saltou da cadeira exasperado gritando: “Parem, parem com isso!!! O que é isso? Uma mazurka no meu filme?” De fato, a retumbante introdução composta por Max Steiner, era seguida por uma música que mais parece uma espécie de mazurka que música de western. Ela foi substituída pela singela canção “The Searchers”, de autoria de Stan Jones e maravilhosamente interpretada pelo conjunto Sons of the Pioneers, resultando num dos mais perfeitos prólogos que um western já teve. Por sinal a segunda parte da canção encerra o filme quando a porta se fecha, ao final. E a mazurka de Max Steiner, acabou em outra parte de “Rastros de Ódio” e pode ser ouvida na sequência em que a índia Wild Goose Flying in the Sky/Look (Beulah Archuletta), acompanha Ethan Edwards (Wayne) e Martin Pawley (Jeffrey Hunter) na busca incessante pela pequena Debbie.

Nenhum desses dois incidentes impediu que os maestros continuassem a perpetrar suas obras-primas e enriquecer os filmes nos quais trabalharam na parte musical. Afinal eram gênios da música para filmes, quer Ford e Goldwyn queiram ou não.

Nota do Editor: "Mazurka" é um tipo de dança típica polonesa com música característica.

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