17 de setembro de 2019

ROMÂNTICO DEFENSOR (ALBUQUERQUE) – RANDOLPH SCOTT BOM DE BRIGA E DE BEIJOS


Randolph Scott fazendo o que mais
gostava de fazer: jogar golfe

Depois que passou a atuar exclusivamente em westerns Randolph Scott, que já estava com 50 anos em 1948, gostava de ter sempre diretores que não exigissem muito dele, ainda que não fosse exatamente um veterano. Scott não queria se machucar durante as filmagens para estar inteiro nas partidas de golfe que disputava, esporte que levava tão ou mais a sério que os filmes que fazia. E o astro apelidado de ‘Cara de Pedra’ se deu bem com André De Toth, com Edwin L. Marin e mais tarde com Budd Boetticher com quem fez sua mais famosa parceria. Porém antes desses diretores houve Ray Enright que dirigiu Scott nada menos que oito vezes. Neste “Romântico Defensor” há pelo menos uma sequência em que Randy é bastante exigido, quando se defronta em uma violenta luta corporal com o fortíssimo Lon Chaney Jr. E é este, apesar de já estar bastante acima do peso, quem demonstra grande agilidade e coragem.  A história de autoria de Luke Short teve o título original “Albuquerque”, que é a mais populosa cidade do Novo México, sendo este western chamado no Brasil de “Romântico Defensor”. Mesmo que Randolph Scott não interprete um cowboy apaixonado e sonhador ele, sempre econômico tanto nos confrontos corpo a corpo quanto nos beijos, premia a mocinha Catherine Craig com um rápido ósculo.


George Cleveland; Randolph Scott
Disputa em família - O texano Cole Armin (Randolph Scott) chega a Albuquerque onde se associa ao seu velho tio John Armin (George Cleveland), homem autoritário que domina tiranicamente a extração de minério da região. Cole deveria ser o sucessor do tio nos negócios mas discordando do seu modo violento e criminoso de agir decide participar de uma nova sociedade com os irmãos Ted Wallace (Russell Hayden) e Celia Wallace (Catherine Craig). John Armon lança mão de todos os expedientes sórdidos para destruir a pequena empresa concorrente e, quando seu brutal capanga Steve Murkill (Lon Chaney Jr.) e o xerife local a quem tem a soldo, falham, faz uso de uma estratégia aparentemente infalível. O velho Armon contrata a bela Letty Tyler (Barbara Britton) para servir de espiã trabalhando para a empresa do sobrinho. Quando nem esse plano dá certo, Armon recruta um pequeno exército para liquidar Cole e seu fiel empregado Juke (George ‘Gabby’ Hayes). A população de Albuquerque, cansada de viver sob a tirania de John Armon, reage e se une a Cole que conta ainda com a ajuda providencial de Letty Tyler que se bandeou para o lado do bem. Assim foi decretado o fim do implacável e injusto John Armon.

Barbara Britton e Catherine Craig
Trama amorosa - Com 90 minutos de duração “Romântico Defensor” mescla razoavelmente momentos de ação com aqueles em que a trama é desenvolvida com diálogos. E há espaço ainda para intriga amorosa pois tudo leva a crer que Cole Tyler venha a preterir a namorada Celia Wallace pela bela forasteira Letty Tyler. Envolvido numa denúncia falsa que demonstrava que Cole e Letty poderiam ter um caso, a questão vai parar nas barras de um tribunal e o desmoralizado Cole parece que irá terminar a história sem uma namorada. Embora não muito engenhoso o roteiro faz com que tudo termine em paz (e amor) e Letty fique com Ted Wallace. O ‘The End’ vem com o desajeitado Juke se rendendo à sua rotunda e querida Pearl (Judy Gilbert) que afinal lhe corta a barba. Essas subtramas se encaixam nas sequências em que Randolph Scott tem que demonstrar porque se tornou um aclamado westerner do cinema.

Catherine Craig e Randolph Scott; Judy Gilbert e George 'Gabby' Hayes

Lon Chaney Jr. e George Cleveland
Bandidão em cadeira de rodas - “Romântico Defensor” significou o retorno e a despedida de Randolph Scott à Paramount, berço de sua carreira. Filmado no processo ‘Cinecolor’, espécie de primo-pobre do Technicolor, é um faroeste bonito com locações no Iverson Ranch (Califórnia) e em Sedona (Arizona). Uma pena que em diversas sequências tenham sido usados, sem disfarçar, painéis de fundo imitando cenários. E a história de Luke Short procura fugir do convencional em que um vilão poderoso tenta se apoderar de terras para expandir suas possessões ou porque as terras serão valorizadas com a chegada da estrada de ferro. Desta vez o principal homem mau (George Cleveland) dirige seu império de uma cadeira de rodas e o que pretende é o monopólio do transporte da extração de minérios. De resto não há novidades, a não ser que o mocinho é ajudado por um boboca (sidekick) como eram chamados os companheiros engraçados dos mocinhos dos western B.

Randy em boa forma - Randolph Scott monta, briga, dispara, se mostra romântico e sua interpretação é boa como sempre porque o roteiro dá margem a tudo isso. Além da sequência de sua briga com Lon Chaney Jr. há um eletrizante momento típico de seriados quando carroções puxados por cinco ou seis parelhas parece que se chocarão inevitavelmente. Antes já havia ele parado uma diligência disparada sem condutor como uma menina dentro. Randolph Scott não é espetaculoso e nem precisa ser assim. Sua figura íntegra e corajosa é altamente convincente. Mais ainda quando se expõe fisicamente como na sequência citada de luta corporal.

Luta entre Randolph Scott e Lon Chaney Jr.

Randolph Scott e George 'Gabby' Hayes
Gabby Hayes menos engraçado - Randolph Scott conta com a ajuda de George ‘Gabby’ Hayes, sidekick famoso mas que não chega a ser tão engraçado, isto pela falta de naturalidade, aquela naturalidade que sobra em Walter Brennan, por exemplo. Ah, mas Brennan é um ator de excepcional qualidade... OK, então vamos lembrar de Slim Pickens, outro sidekick que brilhou intensamente nos westerns. Quase tudo em Gabby Hayes é um tanto forçado, até mesmo seu jeito de andar e são cansativas as frases proverbiais que repete a todo momento. “Romântico Defensor” traz ainda uma atriz infantil (Karolyn Grimes), bem no estilho ‘pirralho chato’ que deixa o espectador feliz quando sai de cena. Ray Enright poderia dirigir melhor tanto Gabby Hayes quanto a pequena atriz. Para compensar os senões há Scott parecendo mais jovem do que os 50 anos que tinha e a beleza de Barbara Britton.

George 'Gabby' Hayes

Randolph Scott e Barbara Britton
em foto promocional
A linda Barbara Britton - O bom elenco de “Romântico Defensor” conta com Lon Chaney Jr. excelente como capanga mais bruto do também ótimo vilão George Cleveland. Uma pena a carreira de Lon Chaney Jr. ter tomado o rumo que tomou em razão de seu alcoolismo. George ‘Gabby’ Hayes que foi sidekick de Hopalong Cassidy se reencontra com Russell Hayden, ator que também fazia companhia às aventuras de Hoppy. Barbara Britton e Catherine Craig bem poderia ter invertido os papeis ainda que Barbara convença como mulher má redimida ao final. Lindíssima atriz, atuou por três vezes ao lado de Randolph Scott. Catherine Craig, cuja carreira como atriz foi pouco expressiva, foi esposa de Robert Preston por quase 50 anos, até a morte do ator em 1987. Mesmo que jamais venha a ser listado entre os melhores westerns de Randolph Scott, “Romântico Defensor” é agradável de ser visto.

Barbara Britton

Randolph Scott


2 comentários:

  1. O DIRETOR RAY ENRIGHT JÁ FEZ COISAS MELHORES NO GÊNERO. O ROTEIRO NÃO AJUDA MUITO E O MELHOR É O TIROTEIO FINAL. Nota 7.

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