Gregory Peck como o padre Chisholm em "As Chaves do Reino"; como o Cap. Ahab em "Moby Dick" e como o advogado Atticus Finch em "O Sol é Para Todos". |
Gregory Peck nasceu na Califórnia no
dia 5 de abril de 1916, portanto há um século. Quando cursava Medicina na
Berkeley University, Eldred Gregory Peck (seu nome de batismo) descobriu o
teatro e levou tão a sério a vocação que foi para Nova York estudar Arte
Dramática. Estreou no teatro em 1942 e com 1,91m de altura e o belo rosto que
tinha seu destino não poderia ser outro senão o cinema. Peck foi lançado já
como ator principal em “Quando a Neve Tornará a Cair”, em 1944 e com seu filme
seguinte, “As Chaves do Reino” não deixou dúvidas que viria a ser um dos
grandes astros de Hollywood. Com essa película teve sua primeira indicação ao Oscar
de Melhor Ator. Praticamente todos os filmes dessa fase inicial de Gregory Peck
se tornaram grande sucesso, entre eles “Quando Fala o Coração”, “Virtude
Selvagem” (nova indicação ao Oscar), “A Luz é Para Todos” (mais uma indicação),
“Almas em Chamas” (quarta indicação para o Oscar de Melhor Ator). Peck se
destacava em dramas românticos da mesma forma que filmes de aventuras como “As
Neves do Kilimanjaro”, “Moby Dick” e “Os Canhões de Navarone”. E os fãs de
faroestes aguardavam ansiosos por seus próximos trabalhos no gênero depois do
sucesso de “Duelo ao Sol” e do ótimo “O Matador”. O Oscar chegaria
merecidamente em 1962 por sua estupenda interpretação em “O Sol é Para Todos”.
A partir de então, tendo passado dos 50 anos, Gregory Peck deixaria de ser o
galã por quem as mulheres se apaixonavam e os homens tentavam imitar. Foi o
tempo de novos sucessos e grandes interpretações como em “A Profecia” e
“Meninos do Brasil”. Seu último filme foi uma participação especial em “Cabo do Medo”
(1991), refilmagem do grande sucesso de 1962 que foi o drama de suspense “O
Círculo do Medo”. Gregory Peck faleceu aos 87 anos em 2003, em Los Angeles e em sua magnífica
filmografia fulguram alguns inesquecíveis faroestes, entre os onze que
participou em uma carreira composta por 53 filmes, muitos deles inesquecíveis como o próprio ator.
OS WESTERNS DE GREGORY PECK
Duelo
ao Sol (Duel in the Sun), 1946 – Creditado como dirigido por King
Vidor, esta superprodução de David O. Selznick foi concebida para ser uma
espécie de “...E o Vento Levou” do faroeste. O fato mesmo é que o próprio
Selznick foi o responsável por tudo no filme, despedindo diversos diretores que
não davam o devido destaque à atriz Jennifer Jones, esposa do produtor. Com um
grande elenco composto por, entre outros, Lilian Gish, Lionel Barrymore, Joseph
Cotten, Charles Bickford e Walter Houston, “Duelo ao Sol” tem alguns dos mais
espetaculares momentos do gênero western. Não consegue, porém, escapar do
melodrama piegas e o final, que muitos julgam inesquecível, é o mais
tragicômico momento de um western.
Céu
Amarelo (Yellow Sky), 1948, Dir.: William A. Wellman – Filmado em
preto e branco este western repleto de reviravoltas mostra Gregory Peck como
chefe de um bando de foras-da-lei. Entre os bandidos estão Richard Widmark e
John Russell, ambos em início de carreira e Anne Baxter é a mocinha que
convence Peck a mudar de lado. Filme bem dirigido por Wellman criando uma
atmosfera de rara crueza, repleto de situações tensas e cujo tema é a ambição
que domina os homens colocando-os uns contra os outros. Embora Peck seja o
astro deste filme, é o sempre sádico Widmark como o frio bandido que não hesita
em trair os comparsas quem brilha mais intensamente.
O Matador
(The Gunfighter), 1950, Dir.: Henry King – Três westerns realizados em 1950 são
considerados fundamentais para o gênero. São eles “Winchester 73”, “Flechas de Fogo”
(Broken Arrow) e “O Matador”, mas indubitavelmente o mais influente deles foi o
dirigido por Henry King. Também em preto e branco e produção modesta com meros
85 minutos de duração conta como o ex-pistoleiro Johnny Ringo tenta se livrar
da fama de gatilho mais rápido do Oeste que o persegue. Gregory Peck surge
inteiramente desglamurizado, vestido com trajes simples e um inesperado bigode.
“O Matador” passou praticamente despercebido quando de seu lançamento, ganhando
através dos anos o status de clássico.
Resistência
Heróica (Only the Valiant), 1951, Dir.: Gordon Douglas – Gary
Cooper era a opção inicial para interpretar o Capitão da Cavalaria injustamente
acusado de responsável pela morte de um tenente. Gregory Peck ficou com o
papel, segundo consta contrariado por ter que fazer mais um western também em
preto e branco em seguida a “O Matador”. Porém a excelente atuação de Peck como
militar que segue estritamente o regulamento é o ponto alto de “Resistência
Heróica”. Ward Bond é o nome mais importante do elenco depois de Peck, elenco
que traz ainda os jovens Gig Young e Neville Brand, além de Jeff Corey um ano
antes de entrar para a Lista Negra de Hollywood e ficar 10 anos sem trabalhar.
Estigma
da Crueldade (The Bravados), 1958, Dir.: Henry King – Após ficar sete
anos longe do Velho Oeste, Gregory Peck se reuniu com Henry King e o resultado
foi outro grande filme. Peck interpreta um rancheiro sedento de vingança pela
morte de sua esposa, assassinato que teria sido cometido por quatro homens.
Determinado a cumprir sua vingança Peck vai atrás de Stephen Boyd, Lee Van
Cleef, Albert Salmi e Henry Silva, matando impiedosamente os três primeiros.
Ocorre então uma inesperada reviravolta que transforma e transtorna o
personagem de Peck possibilitando a ele outro grande momento como ator. O filme
só não é perfeito pela desnecessária e inconvincente presença da bela inglesa
Joan Collins.
Da
Terra Nascem os Homens (The Big Country), 1958, Dir.: William
Wyler – O western seguinte de Gregory Peck produzido por ele e por William
Wyler, foi concebido como uma superprodução com 165 minutos de duração. Assim
como a metragem, tudo deveria ser grande em “The Big Country”, a começar pelo
elenco que trazia Charlton Heston, Charles Bickford, Chuck Connors, Burl Ives,
Jean Simmons e Carroll Baker. As brigas entre Peck e Wyler foram igualmente
grandes, maior até que a marcante sequência da luta a socos entre Peck e
Heston. A excelente fotografia de Franz Planner e a inspiradíssima trilha
musical de Jerome Moross tornam o filme obrigatório, assim como a memorável e
premiada performance de Burl Ives.
A
Conquista do Oeste (How the West Was Won), 1962, Dir.:
Henry Hathaway, George Marshall, John Ford – Outra ambiciosa produção filmada
em Cinerama e com um dos maiores elencos já reunidos em único filme (Peck, John
Wayne, James Stewart, Henry Fonda, Richard Widmark, entre os astros principais,
além ainda de nomes que se tornariam igualmente célebres como Eli Wallach e Lee
Van Cleef). O espetáculo dividido em episódios intitulados ‘Os Rios’, ‘As
Planícies’, ‘A Estrada de Ferro’, ‘Os Bandidos’ e ‘A Guerra Civil’ narra
epicamente como se deu a conquista do Oeste através dos descendentes de duas
famílias (Prescott e Rawlings). Gregory Peck é o jogador Cleve Van Valen que se
torna marido de Lily Prescott (Debbie Reynolds).
A
Noite da Emboscada (The Stalking Moon), 1968, Dir.:
Robert Mulligan – Depois de novo hiato de seis anos Gregory Peck retornou ao
faroeste sob a direção de Mulligan que o havia dirigido em “O Sol é Para Todos”.
Diretor mais afeito a dramas urbanos e que nunca havia realizado um faroeste,
Mulligan surpreendeu com este filme lento que prepara pacientemente o
espectador para o final tão eletrizante quanto sangrento com o confronto entre
o herói (Peck) e o chefe Apache chamado Selvaje. Gregory Peck é um batedor do
Exército que se aposenta e ao invés da tranquilidade almejada enfrenta
verdadeira guerra. Eva Marie Saint é a branca que se torna mulher do Apache e
Peck se mostra em incrível forma física aos 52 anos de idade.
O
Ouro de Mackenna (Mackenna’s Gold), 1969, Dir.: J. Lee
Thompson – Poucas vezes em sua centenária história Hollywood gastou tanto
dinheiro tendo como resultado um filme tão terrivelmente ruim como este.
Gregory Peck ficou com o papel do xerife Mackenna após Clint Eastwood ler o
roteiro e desistir da empreitada ao perceber o desastre em que poderia se
envolver. Peck aceitou e após o lançamento do filme desculpou-se com a imprensa
afirmando ser “O Ouro de Mackenna” um verdadeiro lixo. Essa extravagância
repleta de ‘defeitos especiais’ e autêntica coleção de clichês cinematográficos
traz no elenco Omar Shariff, Telly Savalas, Lee J. Cobb, Edward G. Robinson,
Eli Wallach, entre outros.
O
Parceiro do Diabo (Shoot Out), 1971, Dir.: Henry
Hathaway – Mostrando que se dá melhor em westerns menos ambiciosos, Gregory
Peck volta a ser um homem sequioso por vingança neste filme realizado no vácuo
do sucesso de “Bravura Indômita”. Traído e baleado nas costas por um
companheiro de assalto a banco, Peck cumpre pena de oito anos aguardando o
momento da vingança. Não contava ele porém em ter que tomar conta de uma
pirralha malcriada de sete anos e menos ainda de enfrentar um trio de
pistoleiros comandado por um bandido psicótico. “O Parceiro o Diabo” é mais um
bom trabalho de Hathaway, um dos mestres do gênero e nova excelente atuação de
Gregory Peck num personagem ao qual se molda com perfeição.
Matando
Sem Compaixão (Billy Two Hats), 1974, Dir.: Ted Kotcheff – Este filme
representou a despedida de Gregory Peck dos faroestes, adeus que merecia ser
mais glorioso. Primeiro western norte-americano rodado em Israel, traz Peck
como um fora-da-lei que tem como companheiro de roubos o personagem-título
‘Billy Two Hats’, interpretado por Desi Arnaz Jr. e no encalço de ambos o
xerife durão Jack Warden. Gregory Peck ficava feliz quando se apresentava
oportunidade de variar os personagens que interpretava, merecendo ser lembrado
o Capitão Ahab de “Moby Dick” e chegando ao médico nazista Joseph Mengele de
“Meninos do Brasil”. Neste western, mais uma vez barbado, Peck é um bandido
escocês com sotaque e tudo mais.
Peck como Abraham Lincoln e como o Old Gringo. |
Gringo
Velho e Abraham Lincoln – Em 1982 Gregory
Peck que em sua carreira já havia interpretado o Rei David, o escritor F. Scott
Fitzgerald e o General Douglas MacArthur viveu Abraham Lincoln na série de TV “Norte
e Sul” (The Blue and the Gray), obviamente sobre a Guerra Civil. A série é uma
tentação para cinéfilos reverem diversos nomes famosos do cinema já sem a
antiga evidência, assim como o próprio Gregory Peck. Em 1989 Peck aceitou atuar
ao lado de sua amiga Jane Fonda em “Gringo Velho” (Old Gringo), drama histórico
sobre a Revolução Mexicana. Este filme foi um enorme fracasso de bilheteria,
tendo custado 30 milhões de dólares e rendido menos de três milhões nas
bilheterias, mesmo com os nomes dos dois atores principais como atrações.
Gregory Peck está excelente como o escritor que sabedor que sua morte está
próxima se refugia secretamente no México. Lá, em plena Revolução, testemunha uma
série de fatos históricos e, ao contrário de outros filmes sobre Pancho Villa e
Emiliano Zapata, não é considerado um western.
Parabéns pelo centenário deste que sem dúvida foi um dos maiores atores de todos os tempos. Assisti 6 de seus westerns, cada um melhor que o outro.
ResponderExcluirUm abraço!
O Cara é muito bom! Meu Artista Preferido!
ResponderExcluirUm dos melhores Atores de Faroeste
ResponderExcluirMeu ator preferido , tenho 47 filmes com ele mais biografia
ResponderExcluirFoi um lindo , e respeitado homem
Quaze 20 anos sem ele