Charles Starrett, o Durango Kid dos westerns de Ray Nazarro. |
Em 1955, um ano após protagonizar
“Johnny Guitar” Sterling Hayden atuou em dois pequenos westerns com títulos
próximos: “Top Gun” (Ágil no Gatilho) e “Shotgun” (Escreveu Seu Nome a Bala). O
primeiro, com 73 minutos de duração, foi dirigido por Ray Nazarro, mais
lembrado pelos 38 faroestes ‘B’ da série “Durango Kid”, com Charles Starrett
que ele dirigiu para a Columbia Pictures. Quando terminaram as séries de
westerns ‘B’ dos pequenos estúdios (a série da Columbia terminou em 1952), a
televisão já produzia suas próprias séries com 25 minutos de duração. Faroestes
com duração entre 70 e 80 minutos passaram a ser produzidos para complementar
os programas duplos de muitos cinemas, o que ocorria também aqui no Brasil. O
mais influente western da década de 50 foi sem dúvida “Matar ou Morrer” (High
Noon) e “Ágil no Gatilho” é mais um dos muitos filmes cuja história se aproxima
bastante do clássico de Fred Zinnemann estrelado por Gary Cooper.
Acima Denver Pyle, Hugh Sanders e William Bishop; abaixo Sterling Hayden e Regis Toomey. |
Uma
cidade em pânico - Em “Ágil no Gatilho” o pistoleiro
Rick Martin (Sterling Hayden) retorna a Casper (Wyoming), pequena cidade que
deixara anos antes após ter matado três irmãos em legítima defesa. A população
de Casper nunca perdoou Rick Martin que é hostilizado nesse seu retorno, sendo
intimado pelo xerife Bat Davis (James Millican) a sair da cidade no dia imediato
ao da sua chegada. Martin, porém, pretende acertar contas com Canby Judd
(William Bishop), assassino de sua mãe e dono da maior parte da cidade. Na
ausência de Martin, o desonesto Judd ficou noivo de Laura Mead (Karin Booth),
antiga namorada de Rick Martin. Sabedor da fama de ‘top gun’ (maior pistoleiro)
que Martin adquiriu em suas andanças, o inquieto Lem Sutter (Rod Taylor) o
provoca para um duelo e acaba sucumbindo diante da rapidez e pontaria certeira
do pistoleiro ‘top gun’. Martin é preso pelo xerife Bat Davis e informa ao
xerife que o bandido Tom Quentin (John Dehner) tenciona invadir a cidade com
seu bando composto por 15 homens. A cidade entra em pânico pois sabe que não
terá condições de se defender, tendo então que pedir ajuda ao próprio Rick
Martin. A quadrilha de Tom Quentin é dizimada, restando apenas o líder que
duela com Martin e é morto por este. Durante o duelo Canby Judd tenta matar
Martin mas é morto por Laura Mead. Martin e Laura reatam o romance e partem de
Casper para viver na Califórnia.
Sterling Hayden entre dois fogos mas salvo por Karin Booth. |
Duplo
enfrentamento - A cidade acuada pela chegada dos bandidos revela a face
covarde de seus habitantes, antes fortes para exigir que o pistoleiro
recém-chegado desapareça do lugar. Desesperados, passam a ver em Rick Martin a
única chance de não ter suas propriedades pilhadas e queimadas. E é o humilhado
Martin quem coordena o enfrentamento com os saqueadores liderados por Tom
Quentin. Durante o confronto a inépcia dos moradores de Casper faz com que
Martin tenha como único companheiro nessa luta o amigo dono do hotel Jim O’Hara
(Regis Toomey). Além do roteiro próximo a “Matar ou Morrer”, há ainda algumas
referências a esse western, como a própria presença de James Millican, também
presente no western de 1952 e consultando seu relógio quando da chegada dos
bandidos, claramente lembrando ‘Will Kane’ (Gary Cooper). A principal
referência, porém, é sem dúvida quando Laura Mead dispara pelas costas em Canby
Judd, da mesma forma que fizera Grace Kelly em “Matar ou Morrer”. E essa
sequência final de “Ágil no Gatilho” tem um dos mais inusitados duelos dos
faroestes, quando o Rick Martin tem que se haver com um bandido pronto para
sacar contra ele e o outro vilão, Canby Judd, pronto para alvejá-lo pelas
costas.
O provocador Rod Taylor. |
O
jovem provocador - Desde que o pistoleiro Jimmy Ringo
(Gregory Peck) teve que reagir à provocação do imaturo pretendente à fama de
gatilho mais rápido (Richard Jaeckel) em “O Matador” (The Gunfighter), muitos
outros westerns repetiram a fórmula. Neste “Ágil no Gatilho” é Rod Taylor quem
interpreta o jovem sequioso por se tornar ‘top gun’ desafiando o experiente e
famoso pistoleiro. Montando seu filme com sequências que se tornaram clichês no
gênero, Ray Nazarro demonstra perfeito domínio da narração mantendo o interesse
do espectador na trama, por mais previsível que ela seja. Sterling Hayden
repete seu tipo de interpretação sem nenhum excesso, parecendo mesmo
desinteressado, no melhor estilo ‘Robert Mitchum’. Há o interessante duelo de
vozes: a voz gutural de Hayden contra a perfeita voz de locutor de John Dehner.
Este mais uma vez é o vilão da história, sempre convincente. Quem não consegue
convencer como bandido é William Bishop, bem apessoado demais, ele que foi
herói em alguns faroestes e vilão em outros. Penúltimo filme de James Millican,
ator que faleceu em 1955 aos 45 anos de idade. E como de hábito, boa presença
de Regis Toomey e, num papel menor, Denver Pyle.
O homem mau John Dehner com um cinturão mal colocado. |
Hayden e Karin Booth |
Figura
altamente expressiva - Sem ser uma daquelas pequenas joias
que, por vezes, diretores menos conceituados como Ray Nazarro costumam criar,
“Ágil no Gatilho” é diversão garantida. Isto desde que seja escolhido como
programa sem maiores pretensões, assim como Sterling Hayden jamais teve grandes
pretensões em sua carreira de ator. Hayden é, certamente, o mais desleixado
homem do Oeste, pouco se importando com os trajes largos e ensebados que
combinam com seu andar, o menos elegante de todos os cowboys. Ainda assim a
figura enorme e expressiva de Hayden se impõe sobre todos os demais personagens.
Sterling Hayden à esquerda em "Ágil no Gatilho" e à direita em "Escreveu Seu Nome a Bala"; a camisa de Hayden é a mesma... |
Gostei desse simpático faroeste.
ResponderExcluirFraquissimo filme... Diálogos fracos, trama mal escrita, personagem principal entediado/desleixado, muitas cenas copiadas de Matar ou Morrer... em suma, um dos piores filmes do gênero que já assisti...
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