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O'Henry |
The Cisco Kid foi o mais mexicano dos
mocinhos. De sua criação pelo escritor O’Henry, passando pelo cinema, rádio,
pelas histórias em quadrinhos e até chegar à TV, esse herói mudou bastante.
Ganhou em educação e elegância, perdendo, no entanto, a rudeza, o atrevimento,
o espírito galhofeiro, características que completam o charme daqueles hermanos
de tierras aztecas. O Cisco Kid que temos na lembrança, a partir do cinema, guarda pouca semelhança com o aventureiro imaginado em 1907 por O’Henry, pseudônimo do
escritor William S. Porter. Criado como uma mescla de Don Quixote de La Mancha
com Robin Hood das florestas de Sherwood, O’Henry colocou seu herói em pequenas
e bem sucedidas histórias desenroladas na região do Novo México.
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Warner Baxter |
No
cinema, Cisco Kid e o Oscar - O cinema, grande passatempo das
primeiras décadas do século XX, sempre à procura de novas histórias e novos
heróis, não tardou em enquadrar Cisco Kid, o galante bandoleiro, solidário com
os oprimidos, a quem defendia dos poderosos. E a primeira aparição do
aventureiro nas telas se deu em 1914, com “The Caballero’s Way” com William R.
Dunn como Cisco Kid. Cinco anos depois, em 1919, foi a vez de Vester Pegg
encarnar o herói mexicano em “The Border Terror”. Warner Baxter era um dos mais
famosos astros de Hollywood quando, em 1929, interpretou Cisco Kid em “No Velho
Arizona”, filme produzido por William Fox. Concorrendo aos prêmios Oscar de
Melhor Filme, Diretor, Roteiro e Cinematografia, “No Velho Arizona” acabou
dando a Warner Baxter o Oscar de Melhor Ator do Ano. Baxter esteve perfeito
como o Gay Caballero, elegante e alegre sim, mas jamais afetado. A Fox não perdeu tempo
e em 1931 lançou “O Galante Aventureiro” (The Cisco Kid). Somente em 1939 o
público voltaria a ver Warner Baxter retomar o mocinho mexicano em “A Volta de
Cisco Kid” (The Return of Cisco Kid), com Cesar Romero no elenco.
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Warner Baxter recebendo seu Oscar por sua interpretação como Cisco Kid. |
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Pôsteres de "No Velho Arizona", "A Volta de Cisco Kid" e "Galante Aventureiro". |
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Cesar Romero |
Cisco
Kid vira série - A 20th Century-Fox percebeu que poderia explorar ainda
mais o promissor filão que seriam as aventuras com o herói criado por O’Henry e
vestiu o próprio Cesar Romero, contratado do estúdio, com as roupas de Cisco Kid para uma série de seis
filmes, o primeiro deles “Coração Bandido” (The Cisco Kid and the Lady), de
1939 mesmo. Cesar Romero, que no cinema encantaria as mulheres em comédias e
musicais com seu charme latino, fez de Cisco Kid um mocinho que mais lembrava
um bailarino, bastante sofisticado, gentil e educado. A figura do êmulo do
Sancho Panza de Cervantes apareceu como ‘Gordito’,
ao lado do Cisco Kid de Cesar Romero sendo interpretado por Chris-Pin Martin,
ambos caricatos mas conquistando o público. Esse sucesso era devido ao
público-alvo daqueles filmes, os jovens que frequentavam as Saturday Afternoon,
correspondentes das nossas matinês dominicais. Os próprios títulos denunciam a
extrema leveza das produções estreladas pela dupla Romero-Martin: “Viva Cisco
Kid”, “Bandoleiro de Sorte”, “Bandoleiro Jovial”, “Audaz Aventureiro” e “Balas
e Beijos”, além do citado “Coração de Bandido”.
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Pôsteres de "Bandoleiro Jovial", "Audaz Aventureiro" e "Balas e Beijos". |
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Duncan Renaldo |
O
herói desce à Monogram - Em 1941 a Fox decidiu abandonar a
série mas o público teve a compensação de se encontrar com seu herói no rádio.
A partir de 1942 e até 1945 Cisco Kid vivia suas aventuras no rádio,
interpretado pelas vozes de Jackson Beck (Cisco Kid) e Luís Sorin (Pancho). Os
frequentadores das matinês foram surpreendidos em 1945, com o retorno do herói em
“A Volta de Cisco Kid”, com Duncan Renaldo como Cisco Kid e Martin Garralaga
como o sidekick agora chamado ‘Pancho
Gonzales’. A pequena produtora Monogram daria sequência a esta série com
mais dois filmes com a dupla, intitulados “O Cavaleiro Destemido” e “Canção da
Fronteira”. Um pouco menos delicado e mais elegante que o Cisco Kid de Cesar
Romero, o reestilizado herói não era ainda o hombre mucho macho que deveria ser. Quem não mudava nunca era
Diablo, o cavalo branco de Cisco Kid.
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Pôsteres de "O Cavaleiro Destemido" e de "Canção da Fronteira". |
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Gilbert Roland |
Com
Gilbert Roland, um Cisco Kid macho - Os fãs de Cisco Kid não tinham do
que se queixar pois em 1946 a Monogram trocaria o empolado Gay Caballero do
rumeno Duncan Renaldo por alguém muito mais próximo do aventureiro que O’Henry
criou. O personagem foi então para as mãos de Gilbert Roland, na vida real o mais
temido, audacioso e bem-sucedido entre os latin lovers que Hollywood gostava de
importar. Primeiro ator mexicano de verdade a interpretar Cisco Kid, com Roland
o personagem se reencontrou com os grandes momentos em que foi vivido por
Warner Baxter, contando com a característica macheza mexicana. Com Gilbert
Roland o herói passou a beber tequila, sorvida com sal e limão e também a ter o
cigarro sempre no canto da boca, de onde só saia para descansar, por instantes,
atrás da orelha do ator. Entre 1946 e 1947, Roland que nascera em Juarez, no México, interpretou Cisco Kid em seis faroestes que tiveram estes títulos no Brasil:
“Justiceiro Romântico”, “Bandido do Deserto”, “O Bandido e a Dama”, “Povoado
Violento”, “O Rei dos Bandidos” e “Robin Hood em Monterrey”. O Italiano Frank
Yaconelli foi o sidekick chamado ‘Baby’
em quatro desses filmes, voltando Chris-Pin Martin a ser o ‘Pancho’ nos outros dois.
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Pôsteres de "Robin Hood em Monterey", "Povoado Violento" e "Bandidos do Deserto". |
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Pôsteres de "O Rei dos Bandidos", "Justiceiro Romântico" e "O Bandido e a Dama". |
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Jack Mather e Harry Lang: Cisco Kid no rádio. |
Sucessos
no rádio e nos quadrinhos - Em 1946, Cisco Kid voltava ao rádio,
agora três vezes por semana e com Jack Mather interpretando o herói, com Harry
Lang como o sidekick ‘Pancho’.
Posteriormente Mel Blanc substituiu Lang e o personagem passou a se chamar ‘Porfírio’. Essa série radiofônica foi
excepcionalmente bem sucedida, perdurando até 1956, sendo produzidos mais de
600 episódios de meia hora de duração. Enquanto fazia sucesso também no rádio,
em 1949 o desenhista argentino José Luís Salinas tentava a sorte nos Estados
Unidos, sendo contratado pela King Features para passar para os quadrinhos as
aventuras de Cisco Kid, com histórias criadas por Rod Reed. José Luís Salinas
desenhou Cisco Kid até 1968, vendo suas edições serem publicadas em 360 jornais
diários do mundo inteiro, proeza que nenhum outro herói do Velho Oeste
conseguiu, Roy Rogers e Lone Ranger incluídos.
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José Luís Salinas e sua arte. |
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Duncan Renaldo e Leo Carrillo. |
The
Cisco Kid chega à TV - Outra vez o mesmo Duncan Renaldo
retomaria o personagem no final da década, em 1949, desta vez tendo como
companheiro ‘Pancho’ interpretado
pelo já veterano Leo Carrilo. A nova série teve cinco aventuras, nenhuma delas exibida no Brasil, com os títulos
“The Gay Amigo”, “The Valiant Hombre”, “Satan’s Cradle”, “The Daring Caballero”
e “The Girl from San Lorenzo”. Esses filmes agradaram o produtor Frederick W.
Ziv que cogitou Renaldo para o papel-título da série que tencionava produzir
para a televisão. Do cinema para a telinha, "The Cisco Kid" com Duncan Renaldo acompanhado sempre por Pancho (Leo Carrillo), teve 156 episódios produzidos
pela independente ZIV Television Programs entre 1950 e 1956. Uma curiosidade é
que a série foi produzida em cores, ainda que os televisores em cores
demorassem alguns anos para dominar o mercado. Esse fato foi determinante para
que o público telespectador assistisse às eternas reprises da série “The Cisco
Kid”, sendo que somente em 1959 outra série western de TV seria produzida em
cores, a clássica “Bonanza”.
DVDs
disponíveis - Se no cinema a figura do herói já havia sido bastante abrandada,
na série para a televisão nunca foi visto o Cisco Kid violento, cruel e
rapinador. O Cisco Kid da TV era um herói para a família toda, um mocinho que
jamais provocava um abriga e nunca atirava para matar, sendo um exemplo de
educação para crianças e adolescentes. Em 1994 ocorreu o retorno de Cisco Kid
em um TV-movie produzido pela TNT, com Jimmy Smits como o herói e Cheech Marin
como ‘Pancho’. O mais autêntico Cisco
Kid, especialmente quando interpretado por Warner Baxter e Gilbert Roland, merece ser conhecido para que se tenha uma ideia melhor da criação de O’Henry, de
certa forma desvirtuada pelos demais atores que o personificaram. Lançados em
impecáveis versões nos Estados Unidos, tanto os três filmes com Warner Baxter quanto toda a série da
Monogram com Gilbert Roland, esses filmes circulam pelas nossas lojas virtuais, valendo à
pena o garimpo para se conhecer o melhor de The Cisco Kid.
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