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Capa de uma das muitas edições do livro de
Stuart Nathanael Lake;
George O'Brien como Wyatt Earp. |
O livro do
escritor Stuart N. Lake intitulado “Wyatt Earp: Frontier Marshal”, escrito em
1931 e biografando o lendário homem da lei, foi levado ao cinema pela primeira
vez em 1934. O filme se chamou “Frontier Marshal” (no Brasil “O Último Favor”)
e o personagem principal interpretado por George O’Brien recebeu o nome de
‘Michael Wyat’. A razão de não poder ser utilizado o nome do marshal de Dodge
City e Tombstone deveu-se ao fato de Josephine Earp, a viúva de Wyatt, ter
exigido o pagamento de 50 mil dólares. A Fox Films, produtora do filme, se
recusou a fazer esse acordo e Wyatt Earp ‘desapareceu’ da película. Cinco anos
depois a viúva Earp permitiu que a 20th Century-Fox realizasse o segundo filme
baseado no livro de Lake, com o mesmo título “Frontier Marshal” (no Brasil “A
Lei da Fronteira”), com Randolph Scott como Wyatt Earp. Ávida por dinheiro, a
viúva Earp poderia muito bem ter ganho muito mais processando o estúdio pela distância
do filme com a verdade histórica. E o grande responsável pelo conjunto de fatos
inverídicos em “A Lei da Fronteira” é o autor Stuart N. Lake, mais ainda por
declarar que teria conhecido Wyatt Earp e que este lhe teria relatado os
acontecimentos principais de sua vida. John Ford ajudou a construir a lenda em
torno de Wyatt Earp com seu western “My Darling Clementine” (Paixão dos
Fortes), em 1946, também baseado no livro de Lake.
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Cesar Romero (Doc Halliday disputado por Binnie Barnes e por Nancy Kelly. |
Wyatt Earp, conselheiro amoroso - Sam
Hellman foi o autor do roteiro de “A Lei da Fronteira” que acaba sendo um filme
sobre um pouco autêntico Waytt Earp (Randolph Scott) pois o personagem
principal do filme é John ‘Doc’ Halliday (Cesar Romero). Isso mesmo, ‘Halliday’
e não Holliday como de fato era o nome do dentista que no filme é um médico com
centenas de partos no currículo antes de contrair tuberculose. Pelo menos na
doença de Doc a produção acertou... Halliday é um jogador, pistoleiro e
namorador. Em Tombstone seu caso é a saloon-girl Jerry (Binnie Barnes) até que
chega à cidade a enfermeira Sarah Allen (Nancy Kelly) para tentar reatar seu
romance com Doc Halliday. Diante desse triângulo amoroso Wyatt Earp, como bom
amigo, orienta Doc a ficar com a enfermeira mas o jogador-pistoleiro prefere a
garota má. Porém nem com ela Doc fica pois é ferido mortalmente pelo bandido
Curley Bill (Joe Sawyer) e não participa do celebrado duelo no Curral OK que no
filme mais parece um estábulo. Sozinho Wyatt Earp se defronta contra Curley
Bill e seus homens, liquidando-os todos.
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Randolph Scott |
Randolph Scott melhor que nunca - O leitor
deve estar se perguntando a respeito dos irmãos de Earp, dos Clantons e dos
McLauries. Esqueça pois eles não existem nesta versão da passagem de Wyatt Earp
por Tombstone. Mas o descompromisso com a biografia do delegado (deputy) Wyatt
Earp leva o espectador a ver “A Lei da Fronteira” apenas como um pequeno
faroeste de 71 minutos que tem lá seus bons momentos. Com essa metragem este
western dirigido pelo já veterano Allan Dwan (começou a dirigir filmes em 1911)
era destinado a programas duplos e nessa categoria faz bonito. E como é bom ver
Randolph Scott ainda jovem, ele que foi ficando cada vez mais displicente à
medida que passou a produzir seus próprios filmes e, como é sabido, mais
interessado em jogar golfe que se empenhar em lutas contra Lee Marvin, Ernest
Borgnine, Claude Akins e outros durões. A entrada em cena de Scott em “A Lei da
Fronteira” é marcante, descendo lépido de um balcão para acabar com o barulho
promovido pelo desordeiro Indian Charlie (Charles Stevens), sequência que seria
repetida quase na íntegra por Henry Fonda com o mesmo Charles Stevens em
“Paixão dos Fortes”. Ainda que Doc Halliday tenha participação maior que a de
Wyatt Earp, são do marshal os melhores momentos do filme, como a lição aplicada
em Curley Bill, enfrentando os bandidos no Curral OK e fazendo valer sua
autoridade contra a irriquieta saloon-girl Jerry jogando-a num cocho. Vale
mencionar Randolph Scott disparando seu rifle sobre uma diligência em fuga,
antecipando John Wayne em “No Tempo das Diligências” (Stagecoach), do mesmo ano
de 1939.
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Randolph Scott tranquiliza o bêbado Charles Stevens; Scott rendendo Tom Tyler, Richard Alexsander e Harry Woods. |
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Lon Chaney Jr., John Carradine
e Joe Sawyer. |
Pequeno filme, grande elenco - Satisfeita
com o estrondoso sucesso obtido com a romanceada biografia de Jesse James no
western do mesmo nome interpretado por Tyrone Power, a 20th Century-Fox não
pensou duas vezes e produziu “A Lei da Fronteira”. Mesmo num filme de menor
orçamento como este, o elenco é uma atração com a boa presença de Cesar Romero
e das atrizes Binnie Barnes e Nancy Kelly. Binnie contracenara com Scott em “O
Último dos Moicanos” (The Last of the Mohicans), em 1936; Nancy, por sua vez,
acabara de estrelar o referido “Jesse James”, no qual Randolph Scott tem
participação pequena. E o cinéfilo se delicia com a quantidade de rostos
conhecidos como Ward Bond, John Carradine, Lon Chaney Jr., Chris-Pin Martin,
Tom Tyler, Harry Woods, o bigodudo Hank Bell e até Richard Alexander (o
príncipe Barin do seriado Flash Gordon). Eddie Foy Jr. interpreta o próprio pai
Eddie Foy que se apresentava mesmo em casas de espetáculos do Velho Oeste. Ward
Bond atuou nos três filmes baseados no livro de Stuart N. Lake, nos três
fazendo papéis diferentes. Charles Stevens repetiria seu personagem no filme de
John Ford, como já foi dito. Uma pena que os excelentes Ward Bond e John
Carradine tenham sido pouco aproveitados pois seus personagens tiveram
participação pequena.
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A quadrilha comandada por John Carradine e Joe Sawyer a cavalo. |
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Doc Halliday (Cesar Romero) confessando seus problemas à namorada. |
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Randy e Romero comparando suas armas. |
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Randolph Scott como Wyatt Earp. |
Tombstone, uma cidade sem lei –
Antecipando a clássica sequência de “Rio Vermelho” (Red River) em que
Montgomery Clift e John Ireland comentam sobre suas pistolas, “A Lei da
Fronteira” tem cena idêntica. É quando Randolph Scott e Cesar Romero manuseando
suas armas comparam o tamanho das mesmas. E o mesmo Doc Halliday tentando se
desvencilhar da namorada Sarah Allen afirma ambiguamente “ser um homem estranho”. Halliday acha tempo ainda para filosofar
quando diz que “Os covardes morrem muitas
vezes antes de sua morte” pois morrem a morte moral a cada ato de covardia.
“A Lei da Fronteira” mostra como Wyatt Earp levou a lei e a ordem para
Tombstone, cidade convulsionada com a chegada de aventureiros atraídos pela
descoberta de ouro. É lembrado que o cemitério da cidade – Boot Hill – tinha
tantos habitantes quanto a própria cidade, atestando como era perigoso viver
(ou sobreviver) naqueles dias em Tombstone. A civilização um dia chegaria
àquele tempestuoso lugar e isso seria mostrado magistralmente por John Ford em
“Paixão dos Fortes” (My Darling Clementine), western que o cinema esperaria
ainda sete anos para assistir e nunca mais esquecer. Este sim, um faroeste à
altura da lenda criada em torno de Wyatt Earp, do Curral OK e da própria
Tombstone.
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Doc Halliday e Wyatt Earp em ação; Wyatt sozinho no tiroteio do OK Curral. |
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Binnie Barnes, Randolph Scott e Charles Stevens. |
Esse ainda nao vi. Elenco poderoso!
ResponderExcluirOi, Darci!
ResponderExcluir"E como é bom ver Randolph Scott ainda jovem, ele que foi ficando cada vez mais displicente à medida que passou a produzir seus próprios filmes e, como é sabido, mais interessado em jogar golfe que se empenhar em lutas contra Lee Marvin, Ernest Borgnine, Claude Akins e outros durões" - Já escrevi aqui e repito, Randy Scott era daqueles astros que tinham magnetismo, por isso ele nem se esforçava muito. Lee Marvin podia usar lencinho verde, azul , vermelho; brincar com as pistolas sem parar como criança; e dar três piruetas e dois saltos mortais antes de morrer, em "Sete homens sem Destino", que o público queria ver era Scott. Não adianta campanha de difamação contra Scott, não. Rsrsrs. Agora falando sério, o crítico cineasta Peter Bogdanovich em seu livro Pieces of Time, indica "A Lei da Fronteira" como um dos melhores filmes do glorioso ano de 1939. Com o aval desses dois especialistas, Darci e Bogdanovich, com certeza é um filme obrigatório. Abraço.
Robson
Peraí, Robson...
ResponderExcluirEu ao lado de Bogdanovich!?!?!?! Para com isso, amigo. Discordo de você quanto a essa questão de magnetismo, que para mim Scott não possuía praticamente nenhum e Lee Marvin sempre esbanjou. Lee sabia tudo sobre armas e estava sempre à vontade com elas, assim como com uma garrafa. Os demais atores ficavam impressionados com o que Lee fazia e sabia sobre armas. Sete Homens Sem destino é um filme de Lee Marvin, ainda que Randolph Scott tenha tido uma de suas mais empenhadas atuações. Mas não vamos ficar aqui discutindo quem é melhor, uma vez que sou fã de Marvin e você de Scott e os dois juntos, mais Boetticher, resultaram nesse grande western. Sem esquecer Walter Reed, também excelente e Gail Russell. Acho que não existe campanha de difamação contra Randolph Scott, o que existe é que a maioria não vê as tais qualidades que os fãs dele - cinéfilos respeitáveis como você, Dionísio Nomellini e Mario Peixoto Alves, entre outros - vêem. Mesmo Audie Murphy e Alan Ladd têm lá fãs de suas formas de atuar.
Abraço do Darci