22 de setembro de 2014

A VINGANÇA DOS DALTONS (WHEN THE DALTONS RODE) – WESTERN EM RITMO ALUCINANTE


O verdadeiro Emmett Dalton e o
diretor George Marshall.
Em 1939 o cinema assistiu à romanceada biografia cinematográfica dos irmãos foras-da-lei do Missouri em “Jesse James”, com Tyrone Power, Henry Fonda e mais Randolph Scott e Brian Donlevy. Dois anos depois, em 1941, após o sucesso desse western de Henry King, foi a vez dos irmãos Dalton chegarem à tela, num filme dirigido por George Marshall e mais uma vez com Randolph Scott e Brian Donlevy no elenco. O veterano Marshall fora o responsável pelo delicioso “Atire a Primeira Pedra” (Destry Rides Again), surpreendente versão da história de Max Brand em tom de comédia ainda que com final infeliz. Para contar a vida dos Daltons, Marshall optou pelo mesmo estilo, dando a uma história familiar trágica um andamento irresistivelmente alegre e dinâmico. Os créditos iniciais do filme indicam que o roteiro de Harold Shumate foi baseado no livro “When the Daltons Rode”, de autoria de Emmett Dalton (1871-1937), único dos irmãos que foi capturado vivo. Após ser condenado à prisão perpétua, Emmett ganhou a liberdade por bom comportamento depois de cumprir 14 anos da pena, escrevendo então suas memórias dos tempos de crime. E como diz a legenda explicativa inicial, “...eram tão incríveis os Daltons, que ninguém pode afirmar onde terminam os fatos e onde começa a fantasia”.


Bob Dalton (Broderick Crawford)
como homem da lei e assaltando
um banco com o irmão Grat
(Brian Donlevy.
Opressão e revolta - O western de George Marshall recebeu o título “A Vingança dos Daltons” (When the Daltons Rode) e conta que Grat (Brian Donlevy), Bob (Broderick Crawford), Ben (Stuart Erwin) e Emmett (Frank Albertson) são os quatro irmãos que vivem com Ma Dalton (Mary Gordon). A família tem uma fazenda nos arredores de Coffeyville, no Kansas e Ben é o xerife da cidade e namorado de Julie King (Kay Francis). Caleb Winters (George Bancroft) é o proprietário da empresa Kansas Land and Development, que pretende se apropriar das terras dos Daltons. Acidentalmente Ben Dalton mata um funcionário da Kansas Land and Development e vai a julgamento, sendo condenado. Inconformados com a injustiça os demais irmãos, com a ajuda do amigo Ozark Jones (Andy Devine), livram Emmett da cadeia. A partir de então iniciam uma vida de crime, ainda que não sejam os responsáveis por todos os roubos a banco e assaltos a trem que lhes são imputados. Os Daltons cometem assaltos nos territórios do Kansas, Missouri, Oklahoma e Colorado e passam a ser procurados vivos ou mortos. Ocorre um confronto com um numeroso agrupamento de homens reunidos pelo xerife de Oklahoma (Edgar Dearing). Em seguida a quadrilha decide retornar a Cofeyville e assaltar o banco local, ocasião em que três Daltons e Ozark são mortos. Em meio ao intenso tiroteio Emmett é apenas ferido. Julie, que se envolvera com o advogado Tod Jackson (Randolph Scott), amigos dos Daltons, fica com este após a morte de Ben Dalton.

Os Daltons com 'Ma Dalton' posando
para uma foto; os Daltons levando
pânico ao Velho Oeste.
Ritmo de cliffhanger - O cinema norte-americano, mesmo desafiando a vigência do Código Hays (1930/1968), sempre gostou de mostrar bandidos de forma simpática, especialmente nos faroestes. Billy the Kid, John Wesley Hardin, Butch Cassidy, Sundance Kid, os irmãos James, os Youngers e os Daltons são alguns deles, sem esquecer aqueles com licença para matar como George Armstrong Custer. Sem nenhuma preocupação com a acurácia dos fatos narrados, alguns desses notórios assassinos foram transformados em heróis pelo cinema e ao contar suas histórias os filmes atribuíam o início de suas vidas criminosas a injustiças sociais. Foi assim com “Jesse James” (1939) e a fórmula se repetiu com “A Vingança dos Daltons”. Mas o que poderia parecer mera falta de imaginação do roteirista Harold Shumate se torna uma história divertida e filmada em ritmo dos seriados (cliffhangers). E com a mesma contagiante energia daquele formato de filmes em capítulos que o cinema norte-americano produzia às dúzias na década de 40 e que desapareceu nos anos 50. A diferença é que George Marshall contou com atores de melhor nível no elenco e com o trabalho de dublês extraordinários como Yakima Canutt e Cliff Lyons. O resultado é avassalador, especialmente na metade final de “A Vingança dos Daltons”.

O grducho galã Andy Devine com
Dorothy Granger nos braços.
Andy Devine galã rotundo - Essa similaridade com os seriados deve-se também à atmosfera de western-B que domina esta história dos Daltons. Filmado em preto e branco, George Marshall passa longe de qualquer aprofundamento psicológico dos personagens principais, tencionando apenas entreter o espectador. Para isso conta com a comicidade de Andy Devine como um conquistador muito acima do peso e a voz mais esganiçada da tela. Devine havia sido galã quando começou no cinema que era ainda silencioso e ele devia ter 50 quilos de peso a menos. Presente em muitas sequências, ainda que não seja um dos Daltons e sim um agregado da quadrilha, Andy Devine teve espaço até demais no filme com algumas gags inoportunas. Ele que fora o responsável pelos momentos cômicos de “No Tempo das Diligências” (Stagecoach) como condutor da diligência. Andy Devine funciona em “A Vingança dos Daltons” como se fosse o sidekick do quarteto formado pelos irmãos Dalton, ainda que nenhum deles seja exatamente o herói do filme. Com o nome de Randolph Scott encabeçando o elenco o natural seria esperar que coubesse a Scott a honra de ser o personagem mais valente e até ficar a heroína.

Broderick Crawford e Randolph Scott.
O janota Randolph Scott - Um dos maiores cowboys do cinema em todos os tempos, Randolph Scott já havia experimentado ficar em plano inferior em “Jesse James”, mas neste caso atrás de astros mais fulgurantes que ele: Tyrone Power e Henry Fonda. Em “A Vingança dos Daltons” Scott tem uma participação irrelevante, não disparando um único tiro e se seu personagem fosse excluído na edição do filme sua falta não seria sequer notada. Entende-se a presença de Randolph Scott apenas como chamariz para atrair o público, o mesmo valendo para Kay Francis cuja carreira entrava em franca decadência. A compensação para o insípido desempenho de Randolph Scott foi a presença de Broderick Crawford como Bob Dalton. Aos 30 anos de idade, quatro como ator de cinema, rosto limpo sem as marcas que rapidamente o vício do álcool lhe traria, Crawford está magnífico ao lado de Brian Donlevy, este sempre convincente na maldade expressada. Outro destaque é Mary Gordon como ‘Ma Dalton’, com sotaque fortíssimo de imigrante que sonhava com seus filhos sendo felizes na América. Desperdício é a pequena participação do admirável Edgar Buchanan como o falastrão que dá informações a Randolph Scott no início e no final do filme.

Edgar Buchanan, Kay francis e Randolph Scott;
Broderick Crawford e Mary Gordon.

Os Daltons roubando um trem
recheado por patrulheiros.
Sequência marcante - E George Marshall confirma que sabia como poucos dirigir sequências com muitos atores, como naquela em que a multidão enfurecida quer linchar Ben Dalton. Ótima também a sequência do assalto ao trem lotado de xerifes e seus delegados, incluindo ainda alguns cavalos. Sam Peckinpah deve ter lembrado desse trecho de “A Vingança dos Daltons” quando filmou a clássica sequência do assalto de seu 'The Wild Bunch' ao trem com armamentos e metralhadoras em “Meu Ódio Será Sua Herança”. Yakima Canutt tentou superar seu trabalho em “No Tempo das Diligências” com os saltos sobre os cavalos da diligência em disparada e sob os cascos dos cavalos e em meio às rodas do veículo. Saltos de todos os tipos, sobre trem em movimento e inclusive o clássico mergulho de cavalo e cavaleiro de altura proibitiva produzem emoção, mesmo sabendo-se que nada vai dar errado, a não ser com Andy Devine, claro.

O show particular de Yakima Canutt e uma cena clássica dos faroestes.

Pôster do filme de 1918 e a capa de um
dos livros de Emmett Dalton.
Western leve e inocente – Randolph Scott como xerife se reencontraria com os Daltons e outros foras-da-lei em “A Terra dos Homens Maus” (Badman’s Territory), western de 1946. Ao contrário de outros personagens importantes do Velho Oeste, os Daltons não tiveram até hoje um faroeste que abordasse mais acuradamente suas vidas. E mesmo os dois livros escritos por Emmett Dalton (“When the Daltons Rode” e “Beyond the Law”), sabe-se, distorceram os fatos históricos, ainda que neste caso a lenda não tivesse prevalecido sobre os fatos. Além de escrever, Emmett Dalton interpretou a si mesmo no filme de 1918 “Beyond the Law” que focalizou a vida dos irmãos Dalton. Porém “A Vingança dos Daltons” é filme que se assiste com imenso prazer a despeito da participação inexpressiva de Randolph Scott interpretando um personagem sem nenhuma importância na história. Muito melhor teria sido que Scott fosse um dos Daltons para dar ao filme muito mais sabor. Mesmo tendo ao final as mortes dos irmãos, esse faroeste mantém a leveza e a inocência que o cinema norte-americano abandonou. Merece, por isso mesmo, ser visto pois é um dos modelos mais perfeitos dos westerns antes que as discutidas incursões psicológicas mudassem a cara do gênero.


Randolph Scott e Kay Francis, sem graça até nas fotos para publicidade.

Randolph Scott armado posa para foto em "Terra dos Homens Maus"
(Badman's Territory), de 1946.

Os 'James' Tyrone Power e Henry Fonda acabam de assaltar um banco;
Os 'Daltons' Brian Donlevy e Broderick Crawford repetem a mesma cena.

8 comentários:

  1. Só deixando registrado: descobri o blog hoje, numa busca por informações sobre o filme 'Balas que Não Erram', e queria dizer que o blog é sensacional. Sou muito fã de westerns, e foi muito bom encontrar uma fonte tão ampla de informações sobre o gênero. Obrigado pela dedicação!

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  2. Olá, Lucas - Seja bem-vindo a este espaço editado aqui no Brasil sobre faroeste. Abraços do Darci

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  3. OI, DARCI!
    SCOTT É UM DOS MEUS ASTROS PREFERIDOS DO WESTERN, COM QUEM COMECEI A APRECIAR O GÊNERO ASSISTINDO A "FERAS HUMANAS". O ENGRAÇADO É QUE PARECE QUE A CARREIRA DELE PROGREDIU POR PURA SORTE, PELO MENOS ESSA É A IMPRESSÃO QUE TENHO QUANDO LEIO ALGO SOBRE ELE. SE DESSE CERTO TUDO BEM, SE NÃO ELE IA JOGAR FUTEBOL AMERICANO OU SEGUIR SUA CARREIRA DE ENGENHEIRO. PARECIA QUE PARA ELE TANTO FAZIA. NEM MESMO SE IMPORTANDO EM SOMENTE EM EMPRESTAR SUA FIGURA, EM PAPEIS MENORES, PARA ALAVANCAR FILMES COMO ESTE "VINGANÇA DOS DALTONS" OU PARA SERVIR DE "ESCADA PARA FAMA" PARA FUTUROS ASTROS, COMO ELE FEZ COM GLENN FORD EM "IMPÉRIO DA DESORDEM", COMO O SENHOR JÁ ABORDOU AQUI NO BLOG. JÁ QUANDO A PRODUÇÃO ERA "A", OS ESTÚDIOS TAMBÉM APROVEITAVAM DA SUA FAMA PARA AUMENTAR AS BILHETERIAS, MAS SEU NOME CAIA DE POSIÇÃO NOS CRÉDITO, COMO ACONTECE EM "OS CONQUISTADORES", CUJO SEU PAPEL, APESAR DE SER O DE MAIOR RELEVÂNCIA NA TRAMA, QUEM APARECE COMO PRIMEIRO NOME É O DE ROBERT YOUNG. MESMO ASSIM NUNCA SOUBE QUE SCOTT CAUSASSE ENCRENCA POR ONDE PASSASSE, EXIGINDO MAIS ATENÇÃO PARA SI, COMO FAZEM MUITOS ASTROS. PARECE QUE ELE SABIA DO MAGNETISMO QUE CAUSAVA NAS PLATEIAS. POIS, POR MAIS SIMPLES QUE FOSSE SEU PERSONAGEM SEMPRE PRESTAMOS ATENÇÃO NELE. JÁ REPAROU? UM BELO EXEMPLO É "SETE HOMENS SEM DESTINO". SCOTT ENFRENTA NINGUÉM MAIS NINGUÉM MENOS QUE LEE MARVIN, QUE ESTÁ ARRASADOR, NESTE CLÁSSICO. PODE REPARAR QUE MESMO MARVIN ESBANJANDO TODO SEU TALENTO, COM UM PERSONAGEM FALASTRÃO E EXCÊNTRICO, SEMPRE FICAMOS DE OLHO EM SCOTT ESPERANDO SUA REAÇÃO, QUE GERALMENTE É TACITURNA E MONOSSILÁBICA. É INCRÍVEL O MAGNETISMO DE RANDY, E NESSA ALTURA DA CARREIRA ELE PARECIA QUE JÁ SABIA QUE TINHA ESSE MAGNETISMO QUE EXERCIA NAS PLATEIAS, POR ISSO NÃO TENTAVA SAIR DO SEU BÁSICO, OU SEJA, ENTREGAR UM BOM PRODUTO PARA SEU PÚBLICO, QUE, AFINAL DE CONTAS, PAGAVA O INGRESSO PARA VÊ-LO. ALGUNS ASTROS SÃO ASSIM, TEM UM MAGNETISMO PRÓPRIO, NATURAL. OUTROS, COMO JOHN WAYNE POR EXEMPLO, TEM QUE SER FABRICADOS, ENSINADOS, POR JOHN FORD E HOWARD HAWKS, PARA CHEGAREM A PERSONA QUE O DEFINIRÃO.
    ABRAÇOS.
    ROBSON

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    1. Olá, Robson
      Você é um grande fã de Randolph Scott e não está sozinho pois ele é um dos cowboys preferidos no gênero western. Gosto bastante de Scott, de seu estilo de atuar e de seus filmes, mas discordo de alguns pontos de seu comentário. Randolph Scott é sempre lembrado como ‘o cowboy do rosto talhado em granito’ devido a suas feições imutáveis e em razão dessa quase inexpressividade facial ele não é lembrado por ser um ator carismático. E sei que essa questão de carisma é muito subjetiva. Lee Marvin era um ator carismático, extremamente carismático e quando estava em cena nunca sobrava para mais ninguém, isto desde o início de sua carreira e lembro para exemplificar “Os Corruptos”. Usando uma palavra sua, Lee possuía ‘magnetismo’, o que não percebo em Randolph Scott, ainda que Randy seja sóbrio, correto e corresponda àquilo que se espera dele na tela. Ser taciturno e monossilábico poderiam ser sinônimos de limitação artística e lembro de Alan Ladd e de Audie Murphy, mas e Marlon Brando? Alguém mais taciturno e grunhindo palavras ininteligíveis que ele, talvez o mais carismático dos atores e certamente um dos melhores que o mundo conheceu. Voltando a Lee Marvin, em “Sete Homens Sem Destino” o show é dele, completo, integralmente, pouco sobrando para Randolph Scott diante da força avassaladora da interpretação de Lee.
      Mais adiante você diz que John Wayne era um astro fabricado, ensinado que foi por Ford e Hawks. John Wayne nunca se pretendeu grande ator, mas com o desenrolar de sua carreira desenvolveu suas qualidades interpretativas e nem sempre guiado pelos citados mestres. São muitos os trabalhos de John Wayne que comprovam ser ele um bom ator, na minha opinião muito melhor que Randolph Scott. Imaginemos Scott como ‘Ethan Edwards’, ou estrelando “Depois do Vendaval”. E para não ficar só nos filmes dirigidos por Ford, lembremos de “Os Cowboys”, “O Último Pistoleiro”, “Hondo” ou “Fúria no Alasca”, filmes que Randolph Scott teria dificuldade para protagonizar. E o que nunca faltou a John Wayne foi carisma. Seu inegável carisma surpreendeu o mundo em “No Tempo das Diligências”. Não apenas com sua antológica pose sobre a diligência, mas nas sequências dramáticas, especialmente ao lado de Claire Trevor. E ele ainda estava ‘verde’, por assim dizer. Assim como Scott, John Wayne criou também sua persona própria e com ela dominou a maior parte de seus filmes, no que não vejo nenhum pecado. Assim eram também Humphrey Bogard, James Cagney, Errol Flynn, de quem se exigia que fossem eles mesmos para alegria do público espectador. E que grandes filmes eles fizeram! Incluo nessa lista Randolph Scoot, ‘o cowboy do rosto talhado em granito’ que bem merecia estar no Monte Rushmore.
      Um abraço do Darci

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  4. OI, DARCI!
    CONCORDO QUASE INTEGRALMENTE CONTIGO MENOS NO "Lee Marvin, em “Sete Homens Sem Destino” o show é dele, completo, integralmente, pouco sobrando para Randolph Scott diante da força avassaladora da interpretação de Lee". RAPAZ, NOTEI QUE VOCÊ É FÃ DE MARVIN "SÓ UM POUQUINHO". RSS. MESMO PORQUE MEU COMENTÁRIO FOI MAIS DO MAGNETISMO PRÓPRIO DE MUITOS ASTROS E NÃO SEUS TALENTOS INTERPRETATIVOS, NESSE QUESITO, DOU A MÃO A PALMATÓRIA, QUE MARVIN E WAYNE DEIXARAM SCOTT A QUILÔMETROS DE DISTÂNCIA PARA TRÁS. SE FALARMOS ENTÃO DA QUALIDADE ARTÍSTICA DA OBRA DESSES MITOS ENTÃO, O DUKE DEIXA RANDY, MARVIN, BRANDO E VÁRIOS OUTROS DA CONSTELAÇÃO HOLLYWOODIANA A COMER POEIRA ATÉ DIZER CHEGA, SEJA NO WESTERN OU OUTROS GÊNEROS, BASTA VER ALGUNS TÍTULOS DELE QUE O SENHOR MESMO LISTOU PRA PROVAR. MAS COMO ESCREVI, SCOTT FOI UM ASTRO QUE PARECEU QUE SEGUIU NA CARREIRA PORQUE ELA DEU CERTO E NUNCA FOI SUA AMBIÇÃO SE UM GRANDE ATOR, TANTO QUE EXISTE AQUELA FAMOSA HISTÓRIA QUE PARA ENTRAR COMO SÓCIO DE UM CLUBE QUE NÃO ACEITAVA ATORES, ELE SE JUSTIFICOU DIZENDO ALGO COMO: "OS SENHORES ESTÃO ENGANADOS. EU NÃO SOU ATOR E TENHO VÁRIOS FILMES QUE PROVAM ISSO." HAHAHA! QUE FIGURA! MAS CREIO QUE SE ELE TIVESSE A AMBIÇÃO DE SER RECONHECIDO COMO ATOR, ELE CHEGARIA LÁ, COMO PROVA SUA ÓTIMA PERFORMANCE COMO O AMBÍGUO PISTOLEIRO DE "PISTOLEIROS DO ENTARDECER", OPINIÃO ESSA QUE CREIO QUE SAM PECKINPAH COMPARTILHAVA COMIGO, POIS DIZEM QUE OS PRODUTORES CONTRATARAM RANDY PARA INTERPRETAR O PAPEL QUE TERMINOU COM MCCREA, QUE CONDIZIA MAIS COM A IMAGEM QUE SCOTT CONSTRUIU, MAS PECKINPAH RESOLVEU INVERTER AS COISAS APOSTANDO NO TALENTO DE AMBOS OS ATORES. QUANTO A WAYNE E SUA PERSONA, AINDA ACREDITO QUE ELA FOI MOLDADA E NA BASE DA "PATADA", OBVIAMENTE POR FORD, CLARO. SIM, WAYNE TINHA TALENTO E UM MAGNETISMO NATURAIS, MAS ISSO TAVA ENCUBADO DENTRO DELE, E OS MESTRES FORD E HAWKS, O AJUDARAM A EXPOR ISSO, E "NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS" FOI O PONTO DE EBULIÇÃO DE TODA ESSA PERSONA, POIS OLHA A DIFERENÇA ENTRE O MITOLÓGICO RINGO KID DO CLÁSSICO DE FORD E O GUIA DE CARAVANA DE "A GRANDE JORNADA", DE NOVE ANOS ANTES. E QUANDO DIGO "MOLDADO A PATADAS" É PRATICAMENTE LITERALMENTE, POIS, PELO QUE LI, FORD, ENTRE OUTROS MÉTODOS "CARINHOSOS" PARA EXTRAIR A ANTOLÓGICA PERFORMANCE DE WAYNE, SE UTILIZOU DE CHUTES NO TRASEIRO DELE; SEGURAR O QUEIXO DO COITADO COM TODA FORÇA E DIZER"INTERPRETAÇÃO VEM DO OLHAR E NÃO DE MEXER A BOCA"; SE REFERIR AO ATOR COM ALCUNHAS "ELOGIOSAS" COMO "HIPOPÓTAMO" E POR AÍ VAI, O NEGÓCIO FOI TÃO "DELICADO" COM WAYNE QUE DIZEM QUE OS OUTROS ATORES CHEGARAM NUM MOMENTO A REVOLTAR CONTRA FORD. JÁ HAWKS, NOTOU O ATOR QUE HAVIA POR TRÁS DAQUELE RAPAZ, QUE NEM FORD DIZEM TER NOTADO, E EXTRAIU AQUELE MARAVILHOSA INTERPRETAÇÃO DO BARÃO DO GADO DE WAYNE EM "RIO VERMELHO". A PARTIR DAÍ O MITO WAYNE SÓ PROGREDIU. ENFIM, O MAGNETISMO E O TALENTO ESTAVAM LÁ, MAS QUE PRECISOU DE UMAS "MÃOZINHAS" PARA VIREM A TONA, ISSO PRECISOU. SE NÃO ELE TINHA SE TORNADO ASTRO LOGO EM "A GRANDE JORNADA" OU EM ALGUM DOS VÁRIOS WESTERNS "DS" QUE ELE FEZ DEPOIS, MAS NÃO FOI O CASO, INCLUSIVE LI NO LIVRO DO PRIMAGGIO MANTOVI, QUE ENTRE OS COWBOYS DOS SERIADOS, WAYNE NA ÉPOCA ERA O SÉTIMO, SE NÃO ME ENGANO, NA PREFERÊNCIA DO PÚBLICO, O NEGÓCIO SÓ MUDOU DEPOIS DE "NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS". E PARA VER COMO O GRANDE HAWKS COMPREENDIA DE MAGNETISMO DE UM GRANDE ASTRO, NUMA ENTREVISTA A PETER BOGDANOVICH, ELE DISSE QUE EM "RIO VERMELHO", ELE COMO DIRETOR TEVE MUITA DIFICULDADE PRA NÃO DEIXAR QUE MONTGOMERY CLIFT, COM TODO SEU TALENTO E MÉTODO DO ACTOR STUDIOS, "SUMISSE" DA TELA AO CONTRACENAR COM WAYNE QUE "JOGAVA OS OUTROS PARA FORA DA TELA." UAU!
    ABRAÇOS.
    ROBSON

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  5. Olá, Robson
    A história da troca dos personagens partiu dos próprios atores e não de Peckinpah, que aceitou pois percebeu o equívoco da distribuição de papéis inicial. Quanto ao chute no traseiro, essa história é contada apenas pela metade. Num ambiente de brincadeira, John Ford pediu ao Duke que se posicionasse para o início de uma partida de futebol americano. Quando Wayne se abaixou, Ford deu-lhe um chute no traseiro. Aí então o Duke chamou o ainda quarentão Ford para uma disputa de força naquela posição, comum também no início de uma jogada e fez Ford beijar o chão. Depois disso nunca mais Ford quis brincar de American Footbal com Wayne. Mais uma coisa. Essa lista a que você se refere e que leu no livro citado era publicada anualmente. John Wayne somente entrou na primeira listagem, publicada em 1936 e depois na de 1939 pois passou para o time dos astros de filmes de melhor orçamento. À exceção de 1936, quando Buck Jones foi o campeão de popularidade entre os cowboys dos 'B', Gene Autry papou de 1937 a 1942 e Roy Rogers engoliu os demais de 1943 a 1954, último ano em que a enquete foi publicada. Essa enquete era feita através de cupons distribuído entre os frequentadores das Saturdays afternoons, iguais às nossas matinês dominicais. Recomendo a você as postagens sobre 'Rio Vermelho" feitas neste blog, pois elas procuram informar o máximo possível o que se passou naquele filme, baseado em depoimentos de Hawks, Duke e outros.
    Quanto a Lee Marvin, está para mim entre os maiores intérpretes do cinema norte-americano de todos os tempos. Sou sim, fã de carteirinha do criador de Liberty Valance na tela.
    Abraço do Darci

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  6. OI, DARCI!
    ESSE BLOG É DEMAIS!!! SÓ AQUI POSSO BATER -PAPO COMO O EDITOR, TROCAR INFORMAÇÕES E APRENDER MAIS AINDA. GRANDE DARCI! BOTOU OS PONTOS NOS "IS", NOS "JS" E ONDE MAIS PRECISASSE. SENSACIONAL! QUANTO LER AS MATÉRIAS SOBRE "RIO VERMELHO", JÁ AS LI E RELI DESDE QUE FORAM POSTADAS, ASSIM COMO TODAS AS MATÉRIAS DO BLOG, E OLHA QUE O DESCOBRI COM 2 ANOS DE ATRASO. INCLUSIVE, SE O SENHOR DER UMA OLHADA EM MATÉRIAS MAIS ANTIGAS COMO SOBRE "WESTWORLD - ONDE NINGUÉM TEM ALMA", VAI VER QUE COMENTEI ALGO, MESMO QUE MUITO DEPOIS QUE A MATÉRIA FOI POSTADA.ESSE COMENTÁRIO DO MESTRE HAWKS QUE RELATEI AQUI, ESTÁ NO LIVRO "AFINAL QUEM FAZ OS FILMES" (EDITORA COMPANHIA DAS LETRAS) DO CINEASTA E CRÍTICO PETER BOGDANOVICH, UM LIVRO SENSACIONAL, QUE ALÉM DA ENTREVISTA COM HAWKS, CONTÉM OUTRAS COM OS MAIS VARIADOS MESTRES DA DIREÇÃO, ALÉM DE CURIOSIDADES COMO O WESTERN PLANEJADO POR BOGDANOVICH, PARA SER ESTRELADO POR JOHN WAYNE, HENRY FONDA E JAMES STEWART. PENA QUE FICOU SÓ NO PAPEL. JÁ SOBRE A RELAÇÃO FORD-WAYNE, MINHAS PRINCIPAIS FONTE SÃO "NO TEMPO DAS DILIGÊNCIAS" (EDITORA ROCCO) DE EDWARD BUSCOMBE E "TEX - ALMANAQUE DO FAROESTE - Nº 1" (EDITORA GLOBO). UMA VEZ O CHAMEI DE MESTRE E O SENHOR RESPONDEU MODESTAMENTE "NADA DE MESTRE". TÁ BOM,,, PODE SER DOUTOR? DOUTOR EM WESTERN! QUE TAL?
    ABRAÇÃO.
    ROBSON

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    1. Olá, Robson
      O calhamaço do Peter Bogdanovich é mesmo essencial. Trabalho de apaixonado pelo cinema como ele sempre foi. Não conheço o livro da Rocco. Você me chama de doutor mas é você quem disseca com propriedade os temas que aborda. Não sou sequer 'doutor em anedota e em champanhota' como diz o samba de Miguel Gustavo ("Café Soçaite") imortalizado por Jorge Veiga...
      Abraço do Darci

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