Acima Edward F. Beale trajado como mexicano; abaixo Rod Cameron em ação em "A Adaga de Salomão". |
Curioso o fato de Edward Fitzpatrick
Beale não ter despertado maior interesse do cinema norte-americano. Nascido em
1822, nos seus 71 anos de vida Beale foi General do Exército na Guerra contra o
México, Oficial Naval, desbravador de terras, superintendente de assuntos
indígenas, fazendeiro pioneiro da Califórnia e, no fim da vida, embaixador
de seu país no Império Austro-Húngaro. Apelidado ‘Ned’ Beale, Edward
Fitzpatrick foi homem de confiança dos presidentes norte-americanos Andrew
Jackson, Abraham Lincoln e Ulysses S. Grant. O presidente Millard Filmore o
nomeou Superintendente para Assuntos Indígenas na Califórnia e Nevada. O
presidente James Buchanan fez dele o responsável pela implantação da importante
ferrovia que ligaria o Novo México à Califórnia. Ao adquirir o Rancho Tejon, na
Califórnia, Edward Fitzpatrick Beale se tornou o maior latifundiário
norte-americano. Entre os amigos de ‘Ned’ Beale estiveram os lendários Kit Carson
(Christopher Houston) e Buffalo Bill (William Frederick Cody). Enquanto Buffalo
Bill foi vivido no cinema por atores como Paul Newman, Joel McCrea, Roy Rogers
e Tom Tyler, entre outros, a figura de ‘Ned’ Beale foi levada ao cinema uma
única vez e interpretada por Rod Cameron. Esse ator canadense de 1,96m de
altura é mais lembrado por ter interpretado o herói Rex Bennett em “A Adaga de
Salomão” (Secret Service in Darkest Africa), seriado da Republic Pictures que
inspirou Steven Spielberg a criar seu Indiana Jones. E Rod Cameron é também
citado sempre de forma jocosa como aquele ator que se divorciou da esposa para
casar com a mãe dela, sua sogra. Mas Rod Cameron fez boa carreira no cinema,
tanto como herói em dois seriados ou como mocinho em muitos faroestes ‘B’, tendo
ainda atuado na TV nos 40 anos em que esteve em atividade como ator.
A
cáfila do Velho Oeste - Um dos mais conhecidos episódios da
vida de Edward Fitzpatrick Beale foi quando incumbido pelo Governo Federal de
descobrir um caminho mais curto entre Arkansas e o Novo México. Beale decide
atravessar um deserto até então intransponível que já havia feito muitas
vítimas. Para a empreitada Beale reuniu uma cáfila de 32 camelos pois sabia da
resistência desse animal à seca do deserto e também da sua grande capacidade
como animal de carga. A expedição foi chamada de ‘Camel Corps’ (Caravana de
Camelos) e foi esse episódio que o roteirista Harry Essex adaptou para “Areias
do Inferno” (Southwest Passage), faroeste dirigido por Ray Navarro em 1954. Navarro
é um diretor conhecido pela série de faroestes 'Durango Kid' estrelada por Charles Starrett que dirigiu. Já Harry Essex tem em
seus créditos como roteirista, títulos como “O Monstro da Lagoa Negra”, “Os
Quatro Desconhecidos” (Kansas Ciy Confidential), “Os filhos de Katie Elder”
(John Wayne) e o western-spaghetti “Rápidos, Brutos e Mortais” (Anthony Quinn e
Franco Nero).
Edward F. Patrick Beale (Rod Cameron) a camelo. |
O
visionário explorador norte-americano - Na adaptação do fato real para o
cinema em “Areias do Inferno”, o roteirista Harry Essex introduziu o casal de
foras-da-lei Clint McDonald (John Ireland) e Lilly (Joanne Dru), que se
aproximam do visionário Edward Fitzpatrick Beale (Rod Cameron), líder da
caravana cuja missão é atravessar um deserto e atingir a Califórnia. McDonald e
Lilly acabaram de roubar um banco na cidade de Rio Gordo e McDonald se faz
passar por um médico. Além dos carroções, cavalos, mulas e camelos, a caravana
é composta também por um grupo de árabes recrutados por Beale. No caminho, além
do calor inclemente e da falta d’água, a caravana tem de enfrentar bandidos que
querem se apoderar do produto do roubo ao banco e com índios apaches.
Impressionada com o caráter e honradez de Beale, Lilly se sente atraída por
ele, o que provoca a ira de McDonald que, ao final, se redime salvando a caravana, devolvendo o dinheiro roubado e ficando com sua amada Lilly para iniciar
nova vida na promissora Califórnia.
Lilly (Joanne Dru) experimentando o teodolito de Beale (Rod Cameron). |
Apaches
e as estranhas divindades - “Areias do Inferno” foi filmado em
3.ª Dimensão e Pathecolor (um dos muitos processos criados para concorrer com o
caríssimo Technicolor) e teve uma produção melhor elaborada que a média dos
westerns ‘B’ dos anos 50. Contou ainda com Ray Nazarro em um de seus momentos
de rara inspiração conduzindo a história de forma dinâmica. Para isso
Nazarro contou com um ótimo elenco de apoio (John Dehner, Morris Ankrum, Guinn
‘Big Boy’ Williams), a excelente cinematografia de Sam Leavitt e o cenário da
região de Kanab, em Utah. Um western em que o herói monta camelos e em que
muçulmanos se agacham para reverenciar Maomé poderia parecer bizarro, o que não
acontece em momento algum. O personagem 'Hi Jolly', interpretado por Mark Hanna,
acompanhou de fato ‘Ned’ Beale em sua aventura com o ‘Camel Corps’ e no filme
sofre nas mãos de Matt Carroll (John Dehner), que desrespeita sua cultura e
credo. E há ainda um interessante episódio em que os apaches acreditam ser os
camelos criaturas divinas, isto até descobrir um camelo morto, o que os libera
para o ataque à caravana. Os camelos não chegam a demonstrar no filme a real
superioridade sobre mulas e cavalos naquele tipo de região desértica. Isso
certamente porque o destaque maior ficou para o triângulo amoroso entre
Beale-Lilly-McDonald.
Joanne Dru e John Ireland; abaixo Morris Ankrum. |
Joanne
Dru em outro western - Casados na vida real desde que se
conheceram em “Rio Vermelho”, John Ireland e Joanne Dru formam um par
convincente. Uma pena que o filme enverede para um final feliz, bem ao gosto
dos estúdios, uma vez que as relações amorosas acabam sendo mais interessantes
que a própria grande aventura de atravessar o deserto. Joanne Dru deve ser
sempre lembrada como uma das principais atrizes de faroestes por suas excelentes
criações como heroína dos inesquecíveis “Legião Invencível”, “Caravana de
Bravos” (ambos de John Ford) e o já citado “Rio Vermelho” (de Howard Hawks).
Mesmo bonita e delicada, Joanne Dru parece ser uma autêntica mulher do Velho
Oeste. John Ireland, sempre à vontade em faroestes, é um daqueles atores que
sempre deixam a impressão de que podiam ter chegado mais longe e se tornado
grande astro. John Dehner é sempre melhor quando interpreta bandidos, como
neste caso em “Areias do Inferno”. E num dos poucos momentos cômicos do filme
Dehner (Carroll) ouve de Guinn ‘Big Boy’ Williams que “Quando se distribuiu
cérebros no Tennessee você (Carroll) estava em New Orleans". Um dos pontos altos
deste western é a pequena participação de Morris Ankrum como um médico
alcoólatra. Rod Cameron é uma espécie de Randolph Scott menor, apesar de ser um
gigante na altura. Mas este western merecia alguém ainda maior que Cameron.
Justiça
a um personagem - “Areias do Inferno” poderia mesmo
ter sido um filme de melhor expressão se produzido por um grande estúdio, como
a figura de Edward Fitzpatrick Beale fazia (e faz) por merecer. “Areias do
Inferno” com sua caravana faz lembrar John Ford e que filme teria sido com John
Wayne, Gary Cooper, James Stewart ou Gregory Peck interpretando Beale. Quem
sabe o cinema que mitoligizou Waytt Earp, Bat Masterson, Billy the Kid, Jesse James,
Wild Bill Hickok e tantos outros personagens do Velho Oeste, ainda faça justiça
ao homem dos camelos Edward Fitzpatrick Beale.
Painel explicativo sobre Edward Fitzpatrick Beale. |
Joanne Dru em "Areias do Inferno". |
Rod Cameron como agrimensor; John Ireland empunhando o revólver; Joanne Dru e John Ireland; John Dehner. |
Rod Cameron e John Ireland. |
è muito bom filme. John Ireland foi meu preferido vilão nas matines do cine palacio. Era um sr. vilão. O palacio de tres em tres meses fazia um especial (festival) de western com filmes da fox.era sensacional. Este foi umdos B que assisti. Me lembro que no dia seguinte passouO JARDIM DO PECADO e depois a obra prima WA|RLOCK ( que filmaço) Um abraço e atél derepente.
ResponderExcluirUciocalWdis-da Kiya Scally Crack
ResponderExcluirsmalcadise