1 de fevereiro de 2013

POR UM PUNHADO DE DÓLARES (Per un Pugno di Dollari) – LEONE DESCOBRE CLINT EASTWOOD


A imagem do homem solitário vestido com um poncho e com um toco de cigarrrilha no canto da boca em “Por um Punhado de Dólares” (Per un Pugno di Dollari) criada por Clint Eastwood é tão importante para o cinema, especialmente para o faroeste, quanto a presença de John Wayne/Ringo Kid em “No Tempo das Diligências” (Stagecoach). Se em 1939 John Ford com seu filme deu ao gênero sutileza, lirismo e respeito antes jamais imaginados, Sergio Leone 35 anos depois mudou definitivamente a forma de se fazer westerns. O diretor italiano acrescentou ao faroeste, com “Por um Punhado de Dólares”, padrões tão chocantes no realismo sujo e na extremada violência que o gênero nunca mais voltaria a ser o mesmo. Longe de ser uma obra-prima como “No Tempo das Diligências”, o primeiro faroeste de Sergio Leone antecipou, no entanto, o perfeito domínio fílmico que o diretor alcançaria em seus trabalhos posteriores a partir da incrível, corajosa e humorada criatividade do diretor.


Akira Kurosawa filmando "Yojimbo".
O ‘Yojimbo’ de Sergio Leone - “Por um Punhado de Dólares” foi o mais importante western produzido na Europa nos anos 60, num tempo em que muitos outros já vinham sendo lá filmados com razoável aceitação. Contando com capital italiano (Jolly Film), alemão (Constantin Film) e espanhol (Ocean Film), Sergio Leone juntou os 200 mil dólares necessários para sua primeira aventura no gênero que ele mais admirava, o faroeste. A história seria baseada em “Yojimbo”, filme japonês de Akira Kurosawa rodado em 1961 que alcançou sucesso internacional. Na esteira do êxito de “The Magnificent Seven” (Sete Homens e um Destino), também baseado em filme de Kurosawa (“Os Sete Samurais”), o western de Leone deveria se chamar “O Magnífico Estranho”. Leone fugiu da obviedade e preferiu o título “Per un Pugno di Dollari”. O amalucado ronin criado por Toshiro Mifune mudaria para um homem minimalista nas palavras e gestos. Leone tinha em mente apenas um ator para seu ronin: Henry Fonda. Os padrões salariais dos grandes astros em 1963 andavam por volta de um milhão de dólares por filme (Elizabeth Taylor, John Wayne, William Holden, Paul Newman e outros) e Henry Fonda até que pediu barato ao solicitar 200 mil dólares para atuar no filme de Leone. Não houve sequer contraproposta, mas sim novos contatos de Leone com Charles Bronson e com James Coburn. Bronson não se interessou e Coburn pediu 50 mil dólares, um exagero não tão grande quanto a barriga de Sergio Leone, mas ainda assim muito acima do que os produtores poderiam pagar. O ‘magnífico estranho’ imaginado por Sergio Leone deveria ser uma mescla de Henry Fonda com James Coburn, ator que havia impressionado Leone por sua atuação em “Sete Homens e Um Destino”.

Clint Eastwood em "Rawhide".
Os trajes de ‘Rowdy Yates’ - Foi sugerido ao diretor italiano o nome de um ator igualmente alto e magro chamado Clint Eastwood, segundo nome no elenco de uma série de TV norte-americana intitulada “Rawhide”. Para 60 dias de filmagens foram oferecidos 15 mil dólares a Clint Eastwood que considerou boa a proposta. Além de ser um trabalho diferente da já desgastante série de TV na qual ele atuava há quatro anos, Clint iria conhecer a Europa de graça e viver uma nova experiência artística. Eastwood só não esperava encontrar tanto amadorismo nas locações do filme que se chamaria “Por um Punhado de Dólares”. Ainda bem que junto com Clint foi contratado seu amigo e dublê William Thompkins, única pessoa no set que também falava Inglês. Thompkins era norte-americano e foi contratado também para a função de consultor para as filmagens. Clint Eastwood quase fez as malas de volta quando no primeiro dia de filmagem viu que o regista Sergio Leone apareceu para dirigir vestido de mocinho, com chapéu, cinturão e revólver, envolvido até a alma naquilo que fazia. Da mala trazida por Clint de Hollywood saíram o chapéu, botas, esporas e peças de roupa usadas por ‘Rowdy Yates’, seu personagem em “Rawhide”. Isso foi a salvação pois Leone queria literalmente fantasiar o ator, a quem começou vestindo com um poncho. Marlon Brando havia usado um poncho em “A Face Oculta”, mas era uma peça mais discreta que a espalhafatosa manta escolhida por Leone. Clint ajudou não só a vestir seu personagem como também, depois de ler o roteiro, fez algumas sugestões de alteração dos diálogos do ‘estranho sem nome’ para torná-lo mais coeso e distante do delírio do diretor.

Poncho e cigarrilha - Sergio Leone não abria mão de dois detalhes para o ‘estranho sem nome’: o poncho e uma cigarrilha que nunca deveria sair de sua boca. O poncho o relutante Clint acabou usando apenas no início e fim do filme, já a cigarrilha permaneceu o tempo todo na boca do ator que sequer fumava, tornando-se sua marca registrada. Este último detalhe era resultado de remotas lembranças dos heróis dos policiais noir como Humphrey Bogart e mais ainda de Jean-Paul Belmondo de “Acossado”, que marcou toda uma geração. Assim deveria ser o ‘homem sem nome’. E como esses tipos imortalizados no cinema o personagem de Leone deveria ser também cínico, amoral e não confiar em ninguém. No cenário construído em Colmenar Viejo, lugarejo ao norte de Madrid onde grande parte do filme seria rodado, surgiu então a impressionante figura criada por Sergio Leone. Mas nem em sonhos poderia ele imaginar alguém com o carisma daquele desconhecido ator. Frio, impassível, gestos econômicos, elegante nos trajes empoeirados e além de tudo bonito, beleza ainda mais destacada perto dos demais atores do filme, muitos deles portando cicatrizes e outros defeitos possíveis. Clint Eastwood havia assistido “Yojimbo” e conhecia a história das duas facções que se digladiavam pelo poder na pequena cidade onde o ‘estranho sem nome’ chegaria para mudar a ordem das coisas. Sergio Leone e seu time de roteiristas (Duccio Tessari, Jaime Comas, Fernando Di Leo, Tonino Valerii e Victor A. Catena) mantiveram alguns personagens marcantes do filme de Kurosawa, como o louco que grita anunciando chegadas (o tocador de sino), o agente funerário feliz com a profusão de trabalho e o amedrontado dono da taverna. As duas gangues foram transformadas em contrabandistas de armas e de bebidas, os Baxters contra os Rojos. Entre elas o ‘estranho sem nome’ rápido, mortal e impiedoso.

Sergio Leone
Apelido sarcástico - Não houve maiores problemas para Clint Eastwood se relacionar com aquela Babel que eram as locações do filme, até porque ele só precisava dizer suas poucas falas. Como não entendia os demais atores, Clint esperava um tempo maior para ter certeza que era sua vez de falar nas cenas rodadas. A ação, esta sim, surpreendia Eastwood cada vez mais pois Leone não brincava em serviço, ou melhor, parecia estar verdadeiramente brincando de mocinho e bandido mas sem limites de imaginação. Terminadas as filmagens, Clint Eastwood retornou para os Estados Unidos e acreditou que nunca mais ouviria falar daquele filme. Mas não foi bem assim. “Por um Punhado de Dólares” não conseguiu ser exibido nos Estados Unidos nos anos seguintes, por impedimentos legais criados por Akira Kurosawa que exigia direitos pela história. Porém o sucesso na Itália e na Europa não passou despercebido por ninguém que acompanhasse cinema. Em 1964, quando de seu lançamento, o western de Leone superou as bilheterias das superproduções “My Fair Lady” e “Mary Poppins”. A atriz Sophia Loren queria saber quem era esse ‘Clint Eastwood’ que vendia mais ingressos na Itália que ela e Marcello Mastroianni somados. A popularidade de Eastwood e do filme de Sergio Leone chegaram, também aos Estados Unidos, assim como as informações que diziam que, enquanto na sacrossanta terra dos faroestes fazia-se cada vez menos filmes desse gênero, “Por um Punhado de Dólares” havia deflagrado uma avalanche de faroestes filmados na Europa. Filmes de discutível qualidade que faziam o público lotar os cinemas. Um verdadeiro fenômeno. Os sarcásticos norte-americanos passaram a chamar esses filmes pejorativamente de ‘spaghetti-western’. Como porém os italianos adoram massa, adotaram o bem-humorado mas preconceituoso apelido que iria se transformar na mais influente vertente do faroeste, mesmo na terra de John Ford e John Wayne.

Mario Brega - Joseph Egger
Exasperante frieza - Assistir a “Por um Punhado de Dólares” é sempre uma renovada e emocionante experiência na qual se constata o processo criativo de Sergio Leone, isto desde os letreiros iniciais que prenunciam o inusitado com sons de tiros ricocheteando intermitentemente. O ‘estranho sem nome’ atira em quatro oponentes vistos a partir dos olhos do atirador que sussurra para o coveiro: “Um caixão a mais, eram quatro bandidos e não três”, delineando a personalidade do ‘estranho’. O desenrolar da história é previsível pois aquele ‘estranho sem nome’ não irá se vender a nenhuma das duas odiosas facções. Essa previsibilidade, no entanto, é desmontada com a crescente violência das ações que culmina quando um dos grupos rivais liquida o outro incendiando o local onde estão seus membros e assassinando-os sem compaixão. O misterioso ‘estranho sem nome’ e sem passado, enfrenta a crueldade com igual crueldade e sua exasperante frieza e destreza fazem dele uma figura intimidadora e mítica. Os bandidos sabem disso e num momento em que ‘o estranho sem nome’ é capturado pelos homens de Rojo, todos do bando destilam seus ódios com gestos cada vez mais violentos. É quando Chico (Mario Brega) crava uma espora na mão do ensanguentado estranho. Milagrosamente este se levanta e consuma o extermínio do bando sobrevivente, matando primeiro o rotundo Chico numa cena de antológica violência. Sem sentimentalismos, com um simples ‘adiós’ ‘o estranho’ diz ao taberneiro Silvanito (José Calvo) que o ajudou que San Miguel está livre daquela escória humana.

Clint Eastwood e Marianne Koch
Descaso com roteiro e interpretações - “Por um Punhado de Dólares” está longe de ser um filme perfeito. Melhor esquecer o fator dublagem que por mais bizarra e bisonha que seja não consegue destruir as qualidades do filme. Muitas das imagens de Leone lutam contra incoerências do roteiro como a inexplicável resistência de Silvanito à tortura que lhe é imposta por Ramón Rojo (Gian Maria Volontè). A incapacidade, num filme tão violento, de Ramón subjugar sua desejada e desprotegida Marisol (Marianne Koch). O por que de Ramón atirar insistentemente contra o escudo do adversário e não contra sua cabeça ou pernas desprotegidas é também inaceitável. Permanece a impressão de um certo descaso com o roteiro (e para com o público) que poderia e merecia ser melhor elaborado sem tirar a ênfase da disputa entre os Rojos e os Baxters. E há as interpretações cuja tônica são os caricaturais olhares e esgares sentenciosos e ameaçadores, incrivelmente teatrais descambando para o cômico. Não na comicidade excelente do velho Piripero (Joseph Egger), ou no excessivo histrionismo de Mario Brega e Aldo Sambrell, mas na pretensa e empostada seriedade de quase todos os atores. E o simpático José Calvo (Silvanito) é supremo nesse quesito. Muitos dos atores de “Por um Punhado de Dólares” passariam a formar uma espécie de Leone’s Stock Company, à moda de John Ford. E somente quando conseguiu contar com atores de maior competência os filmes de Leone mudaram para melhor. Muito melhor.

Ninguém acreditava no grande sucesso que seria o primeiro western
de Leone, nem ele próprio. Tanto que os nomes do poster de lançamento
 tentam enganar o espectador indicando ser um filme norte-americano.
Notem que o diretor é 'Bob Robertson' (Sergio Leone). Gian Maria Volontè
virou 'Johnny Wells'. Até o nome da atriz alemã Marianne Koch está
grafado errado. 'Carol Brown' é Bruno Carotenuto (sobrinho de Memmo);
'Benny Reeves' não é outro senão Benito Stefanelli.
Quando do relançamento do filme um ano depois, Sergio Leone e
Gian Maria Volontè usavam seus próprios e então famosos nomes. 

Alessandro Alessandroni
O western ganha novos acordes sonoros - Cada sequência deste western de Sergio Leone ganha um brilho diferente com a música de Ennio Morricone, ressaltando minuciosamente os movimentos de personagens e ações. Partindo de um tema principal, Morricone transcreve a mesma melodia com diferentes instrumentos criando uma gama variada de efeitos que dão ao filme um ritmo insólito e agradável. O destaque é sem dúvida o solo de trompete executado por Michele Lacerenza que se tornaria clássico e por isso mesmo imitadíssimo. Leone vetou uma canção com letra para fugir do estilo criado para os westerns norte-americanos dos anos 50 quando Frankie Laine e outros narravam na introdução o desenrolar da história. E Ennio Morricone fez uso ainda do Coral Allessandroni Singers emoldurando com um tom algo solene algumas passagens do filme. Allesandro Alessandroni é ainda quem toca a marcante guitarra do tema principal. Assim como as inovações fílmicas, repletas de close-ups, igualmente a música de “Por um Punhado de Dólares” abriria novos horizontes para as trilhas de westerns a partir do gênio de Ennio Morricone.

Leone dirigindo Clint.
Panteão dos Mestres - “Por um Punhado de Dólares” foi a felicíssima reunião de Sergio Leone, Clint Eastwood e Ennio Morricone, resultando na criação de uma nova forma de se fazer faroestes. Sergio Leone se sobressaiu na volumosa produção européia que se seguiria conseguindo se aproximar da alma do western norte-americano com sotaque europeu. A produção de westerns naquele continente, em sua maior parte dirigidos por diretores italianos muito aprendeu com o mestre maior que foi Sergio Leone, ainda que nem sempre com resultados próximos. Leone, por sua vez, aperfeiçoou seu estilo inconfundível e entrou para o seleto panteão dos maiores diretores de faroestes, onde descansam John Ford, Anthony Mann, Delmer Daves, John Sturges, Henry Hathaway, Howard Hawks, Raoul Walsh, Budd Boetticher e outros nomes. Essa a importância maior de “Por um Punhado de Dólares”, onde tudo começou.



21 comentários:

  1. Grande filme, grande parceria e duas figuras monumentais do cinema.

    Abraço

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  2. Sergio Leone,inovou e ousou.Havia espaço para um bom diretor
    nestes tempos (60/70) em que o gênero estava em baixa entre os americanos.Na enxurrada de bang-bang italiano que aconteceu
    neste período,Leone foi o destaque,com Clint e Morricone em
    seus filmes.
    Leone é muito respeitado nos EstUnidos,onde fez "Era uma vez na América" tipo de filme para ser feito por Martin Scorcese,Brian de Palma,Copola, Peter Bogdanovich e outros. E saiu-se muito bem !! Abraços !!

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  3. Olá, Lau Shane. Desse grupo que você citou eu acredito que somente Copola poderia fazer um filme como Era Uma Vez na América, mesmo Scorsese sendo natural de Nova York. Bela lembrança desse filme quase esquecido. Jennifer Connoly dançando ao som de Amapola e sendo espreitada pelo garoto é cena inesquecível. E Danny Aiello como o policial também. Leone voou alto... - Um abraço do Darci.

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  4. Quando assisti Per um Pugno di Dollari pela primeira vez, não compreendi sua grandeza como deveria. Mas, com o passar do tempo, - e revendo-o - percebi o quanto esse é um filme importante, especial. Hoje, ele faz parte da minha lista dos dez, algo que, a princípio, me parecia descabido. Leone criou um novo oeste, imaginário e inventivo, a partir desse filme e de seu imenso talento. Todos já sabemos, mas, nem sempre atentamos, para a real importância que esse trabalho inovador, feito com um punhado de dólares, tem, como marco inaugural do western europeu, com sua renovadora e impactante proposta estética. Aí, nós ganhamos, de uma só vez, Leone, Morricone, Eastwood, e o próprio western de feição europeia. Todos esses já existiam no cinema àquela altura, mas, penso que não há dúvida de que todos têm o antes e o depois de Per um Pugno de Dolari. O cinema também ganhou. Nunca mais foi o mesmo, na mão dos diretores habilidosos, que souberam “extrair” o que perceberam de bom na nova estética. Mas, infelizmente, também perdeu, quando o eurowestern contribuiu, na mão de empresários inescrupulosos e diretores sem muito talento, para certa desqualificação e abobamento da sétima arte nas décadas seguintes. Mas aí o problema é complexo e envolve muitas outras questões, que extrapolam um simples gênero fílmico. Abreviando – esquecendo um pouco essas questões mais amplas e voltando-me apenas para o filme – concordo que ele tem suas deficiências (como interpretações ruins), mas admiro muitas de suas cenas memoráveis, ou, às vezes, as de simplicidade que encantam. Me pergunto como Leone conseguia a “mágica” de atender a tantos e controversos interesses, inclusive os seus. Não sei, só posso admirá-lo, assim como Tarantino, que conseguiu entender um pouco do que Leone fez... mas não se compara a ele.

    Apesar do amadorismo e das loucuras de Leone, ele se saiu bem, diferente de muitos casos de gente que segue todas as regras do profissionalismo, têm orçamento, etc., mas entregam filmes muito ruins, seja no Brasil ou na América...

    Ah, Era uma vez na América ainda é meu filme de gangster, não O Poderoso Chefão, que a maioria das pessoas acha indiscutivelmente o maior.

    Abraço!

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  5. Olá, Vinicius - Fugindo do faroeste, permita-me discordar de você quanto ao melhor 'filme de gângster'. No meu entender Era Uma Vez na América tem algumas grandes sequências. Já em O Poderoso Chefão todas as sequências possuem aquela grandeza própria das obras-primas. - Um abraço do Darci.

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  6. Na minha lista de 20 filmes preferidos "O poderoso Chefão"(Parte1)é meu terceiro,atrás de "Casablanca" e "Amarcord" . Acho o filme de FF Coppola o melhor de gangster !!Também considero "Era uma vez na América" do Sergio Leone, um ótimo filme !!!Abraços !!

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  7. Caro Lau Shane - Casablanca é um filme que todos amamos mesmo depois de conhecer como ele foi feito e sabendo que acidentalmente ele deu certo. O Poderoso Chefão é uma aula perfeita de cinema. No aspecto técnico, musical inclusive, e interpretações. É um filme que reuniu Brando e Pacino em momentos excepcionais de suas carreiras. E o que é o roteiro senão a própria política norte-americana. Como filme sou mais O Chefão que Casablanca. - Um abraço - Darci.

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  8. Muitas vezes as obras de arte, são como frutas, só apresentam realmente o seu sabor quando amadurecem. Leone nunca imaginou e nem queria, certamente, que o seu filme inicial desta nova vertente fosse uma obra prima, nem a revolução que causaria.
    Os filmes posteriores dele, são melhores, evidentemente. Mas se levarmos em conta o seu pioneirismo, a grave falta de dinheiro e de experiência dele e de quem o cercava nesta empreitada, este filme acaba sendo de suma importância, pois ele escancarou as portas para este tipo de western e deu todas as diretrizes para o sucesso, de quem quisesse se aventurar, nesta nova trilha.
    Dizer que houve mudanças por Clint Eastwood, nos diálogos, para ficarem coesos e distantes dos delírio do diretor(Leone), carece de uma melhor averiguação. Nada impede de acharmos que o Clint, já era o cara, com uma capacidade inata para o cinema, que só faltava um espelho para a sua miração, que depois todo mundo sabe que ele comprovaria, mas dizer que Leone delirava, soa muito depreciativo. Eu ficaria com a palavra, profetizava.
    Foi a primeira vez que o cinema viu um duelo, sob a perspectiva de uma arma(já pagava o ingresso) e isto deve ter deixado muito diretor de renome se perguntando, por que eu nunca pensei nisto antes?
    Veja este exemplo, de como este filme foi recebido nos Estados Unidos:
    "No programa de TV Today Show, exibido nos Estados Unidos pela rede NBC, Judith Crist resumiu o sentimento de muitos críticos, ao analisar Por um punhado de dólares (Sergio Leone, 1964) dessa forma: “Essa porcaria só serve para
    espectadores com pendor por lixo sangrento” (CRIST, 1974: 211)"(www.socine.org.br/rebeca/.../rebeca_1_10.p...)
    Hoje muitos destes críticos mordem a língua e ainda chamam leone de Mestre.
    Sempre comentei que para atuar em filmes de faroeste, ser ator na concepção original da palavra, não precisa, basta saber cavalgar, manejar uma arma com desenvoltura, dar murros, cair e fumar(já é muita coisa). Lógico que se for ator de "verdade", é um arraso, que o diga Era uma Vez no Oeste. Aí é outra história, que a história ainda não contou.
    Pergunte ao Clint Eastwood, quanto ele investiu na sua carreira e aposto como ele vai responder: Nada! Ganhei foi uma bolsa de 15.000 dólares lá na Itália, só para começar.
    Parabéns, Darci, mais um excelente post, dos seus, que vai dar muito o que falar.
    Joailton-Caruaru-Pe

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    1. Olá, Joailton - Se pudermos acreditar no que se escreveu a respeito da fase de filmagens de Por um Punhado de Dólares, vale a palavra delírio, muito próxima de loucura que foi a aventura de Leone filmando seu primeiro western. A produção contratou W.R. Thompkins, dublê de Clint Eastwood para a função de 'Western Adviser' ou 'Western Consultant', certamente porque não tinha lá muita certeza de como filmariam o roteiro feito a muitas mãos. O time de roteiristas parece mais a relação de compositores de samba-enredo das escolas de samba... Certeza que é muita gente para dar palpite. Judith Crist tinha, sem dúvida, direito à opinião dela.

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    2. Sou por natureza defensor do direito a se ter opinião, mesmo a qualquer custo e abomino qualquer pessoa, que a qualquer custo não tenha uma opinião qualquer, nem que seja 100% contrária à minha. Citei a dona Judith como exemplo para mostrar o que muitos críticos falaram e ainda falam, desde quando os Italianos resolveram entrar no campo proibido dos faroestes.
      Ainda estou longe de entender os motivos pelos quais, este gênero despertou tanta ira e pancadas de uma ou mais geração de críticos, principalmente dos Americanos e de muitos outros, por eles colonizados culturalmente. Com certeza não se bate em morto.
      A dona Judith chamou meio mundo de gente de cachorros de matadouros.
      “Ô mulé irada” e cega.

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  9. Clint Eastwood aparece sempre com um tom de pilhéria em suas entrevistas que tratam de sua parceria com Leone. Parece até que o que ocorreu naquele momento não foi muito significativo para ele. Concordo com o Joailton quando questiona as informações de que ele teria dado sugestões no roteiro para que o mesmo ficasse coeso, etc.,etc. Leone parece ter sido um diretor de muita personalidade,de pulso forte com seus comandados,sabia muito bem o que estava querendo filmar e não aceitaria sugestões de quem ainda nem sabia realizar um filme. O dia mais importante da vida desse ator norte americano foi aquele em que aceitou o convite de um diretor estrangeiro para realizar um improvável western "spaghetti" na Itália.Só falta dizerem agora que ele dirigiu uma parte do filme, montou, etc.Nos EUA ele dificilmente receberia uma proposta semelhante a do diretor italiano. Poderia até fazer alguns papéis como protagonista,mas dificilmente se firmaria entre os grandes nomes. Ele não parece autêntico quando se refere àquele que o transformou em ator. Deveria era prestar homenagens todos os dias a esse diretor fenomenal que foi Sergio Leone.

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  10. Ao longo desta análise ao filme vi referido várias vezes "o homem sem nome". Isso não corresponde inteiramente à verdade porque na versão original o protagonista é várias vezes chamado de "Joe". A ideia do "homem sem nome" foi criado nos EUA quando o filme estreou por lá.
    Uma correção: Mario Brega não espeta uma espora na mão de Eastwood mas sim pisa violentamente a mão.
    Para terminar, fico contente em saber que este filme derrotou nas bilheteiras "Mary Poppins" e "My Fair Lady". Para mim, é óbvio que um western deste calibre vale muito mais do que filmes cor de rosa patéticos!

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  11. Pois é. No mundo inteiro o personagem ficou conhecido como 'o estranho sem nome', isto apesar de apenas no final do filme Piripero chamar o estranho de 'Joe'. Quase todos os livros e artigos sobre o filme que tratam o personagem como 'o estranho sem nome' precisam então ser corrigidos. Sua opinião quanto a Mary Poppins e e My Fair Lady são evidentemente muito discutíveis. Não são, de fato, filmes vermelho sangue.

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  12. Complementando o comentário acima, 'Joe' pode ser traduzido pelo nosso clássico 'Zé'. Uma pessoa de quem se desconhecia o nome era chamada popularmente de 'Zé', daí a expressão 'um zé qualquer'. Piripero chamou o 'estranho sem nome' de Joe com o significado de 'um zé qualquer' que não tem nome. Em nenhum momento o estranho sem nome afirma chamar-se 'Joe'. E no filme seguinte ele é 'o estranho sem nome' mesmo. E 'Blondie' no último filme da trilogia porque os outros dois protagonistas tinham nomes. Clint Eastwood carregou para outros faroestes o apelido de 'o estranho', adaptado até para os títulos nacionais de "O Estranho que Nós Amamos" e "O Estranho Sem Nome".

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  13. No filme seguinte "Per qualche dollaro in più", o personagem de Eastwood é referido duas vezes pelo nome "Manco/Monco".

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  14. No gênero gângster sou mais Era uma vez na América.

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    1. Realmente, como definiu o Darci, o Joe pode ter sido pronunciado pela falta de um nome. Acho que o conceito, até meio sublimiminar, de um estranho sem nome, pode ser dado a alguém que dele nada se conhece e que aparece de repente, sem se saber de onde veio, a que veio e para onde vai. Em Três Homens em Conflito, acho que ele, Eastwood, é chamado de Blondie, pelo Tuco, devido à cor dos seus cabelos(meio louro).
      Em Por Uns Dólares a Mais, eu queria ouvir o áudio original, em italiano, para ver se não sofreu alguma aberração na tradução. O personagem usa um protetor de couro no punho, mas a palavra manco é para os membros inferiores, o mesmo que coxo, capenga, etc.
      No "O Estranho Sem Nome"-1973), o pistoleiro aparece do nada, apesar de deixar subentendido, que ele era daquela cidade e veio para castigá-la ( isto depende da percepção de cada um, quando ele ouve o som de uma chicotada), só no final se ouve o nome de Jim Duncan e ainda fica no ar se é ele ou o seu irmão.
      Aproveitando o espaço, há quem diga, com muita razão, que O Estranho Sem Nome, tem reflexos fortes de um Western Spaghetti, chamado Django, o Bastardo, com Anthony Steffen(1969)-Dir. Sérgio Garrone-onde um estranho aparece para uma vingança, etc.
      Se ainda não viu estes filmes e se não sofre de uma doença chamada Westernite Spaghettiana Crônica-WSC(Rsrsrs), recomendo vê-los, pois saíram da mesma fornada.

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  15. lindo Post. Muito revelador e informativo. Tirei todas as minhas dúvidas sobre o tema em um sí Blob. Obrigado pelo trabalho!

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  16. POR UM PUNHADO DE DÓLARES É UMA OBRA-PRIMA. ASSISTINDO A EDIÇÃO RESTAURADA EM DVD RECUPERANDO OS TRECHOS DE SEQUÊNCIAS QUE FORAM CORTADOS PODEMOS PERCEBER TODA A INTEIREZA DESSE FILME QUE DESCONSTRUIU O CLASSICISMO DO WESTERN AMERICANO. UMA PARTE DAS CENAS DO MASSACRE DA FAMÍLIA DOS BAXTER FOI RECUPERADA, ONDE O DIRETOR CONSEGUIU PASSAR TODA A CRUELDADE DE RAMON E SEUS ASSECLAS ATRAVÉS DE SEUS CLOSES ANTOLÓGICOS. ESSA SEQUÊNCIA SE INSCREVE COMO UMA DAS MAIS VIOLENTAS E CHOCANTES DA HISTORIA DO CINEMA. O IRMÃO MAIS VELHO DE RAMON (O MAIS MULTIFACETADO DOS TRÊS) RI SADICAMENTE ENQUANTO OS HOMENS DE BAXTER SÃO MASSACRADOS E CAEM DO SEGUNDO PAVIMENTO DA CASA. ESSE E O TERCEIRO, TRÊS HOMENS EM CONFLITO SÃO OS MELHORES DA TRILOGIA.

    Mr Bean, westernmaníaco

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  17. NA MINHA CONCEPÇÃO UMA OBRA-PRIMA E ENTRA NA MINHA RELAÇÃO DOS "DEZ MAIORES WESTERNS DE TODOS OS TEMPOS". Respondendo ao comentário acima de "aprigiohistoria": CLINT EASTWOOD PRESTOU HOMENAGEM AOS SEUS DOIS MESTRES SERGIO LEONE E DONALD SIEGEL NOS CRÉDITOS FINAIS DE "OS IMPERDOÁVEIS".

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  18. o projeto de "O poderoso Chefão" foi oferecido para Sergio Leone que preferiu declinar com receio de retaliações por parte de Jeseph Colombo, chefe de uma das cinco familias, que na epoca ofereceu à Paramount U$S 5 milhoes pelos celuloides. DEpois com sucesso e repercussão da historia de Mario Puzzo Leone criou coragem e fez seu filme de mafia

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