Falando de “Os Brutos Também Amam”, a
crítica Pauline Kael afirmou que “os
westerns são melhores quando não têm tanta pretensão de importância”.
Pode-se deduzir da frase de Kael que quanto mais rebuscado for um faroeste mais ele se distanciará da realidade do Velho Oeste, ainda que fortunas sejam
gastas para recriar um pseudo-realismo que acaba soando empostado. Esse parece
ser o mal maior de “O Portal do Paraíso” (Heaven’s Gate), filme de 1980
dirigido por Michael Cimino, concebido por seu autor para ser um portentoso
faroeste, o melhor de todos mesmo.
|
Acima o crítico Vincent Canby; abaixo Michael Cimino. |
O
fracassado lançamento - Fontes divergentes indicam que "O Portal do Paraíso" custou ao redor de 40 milhões de dólares para um orçamento inicial de
sete e meio milhões de dólares. A um custo diário superior a 100 mil dólares, o filme levou dez meses em produção em locações no Glassier
National Park, em Montana e um período adicional para filmagem do prólogo, em
Oxford na Inglaterra, que consumiu mais três milhões e meio de dólares. A
título de comparação, “Cavaleiro Solitário” (Pale Rider), de Clint Eastwood, produzido
cinco anos depois, custou sete milhões de dólares e rendeu 42 milhões de
dólares, sendo rodado em 30 dias. Os problemas de “O Portal do Paraíso”
continuaram com seu apressado lançamento em novembro de 1980, a tempo de
concorrer ao Oscar daquele ano. Lançado inicialmente com metragem de 219 minutos, o filme mal
alcançou um milhão e trezentos mil dólares na primeira semana de exibição, o
que muito se deve às resenhas negativas dos críticos. Liderados por Vincent
Canby, do jornal ‘The New York Times”, a crítica quase unanimemente
destruiu a reputação do filme, afugentando o público. Canby encerra sua resenha
datada de 19 de novembro afirmando que “O
Portal do Paraíso é algo bastante raro em filmes hoje em dia, pois é um
desastre absoluto”. O diretor Michael Cimino pediu então à United Artists
que retirasse “O Portal do Paraíso” de exibição para que sob sua supervisão o filme fosse
reeditado. A nova versão foi encurtada em inacreditáveis 70 minutos e reapresentada
meses depois, sendo exibida com a duração de 149 minutos. Essa versão reduzida
tornou o filme incompreensível e novas e massacrantes críticas contribuíram
para o fracasso total de “O Portal do Paraíso”. O então encurtado faroeste de
Michael Cimino teve uma receita de mais dois milhões de dólares, totalizando
três milhões e trezentos mil dólares e um monumental prejuízo de quase 40
milhões de dólares à United Artists.
|
Acima Willem Dafoe; abaixo Kris Kristofferson. |
Faroeste
apocalíptico - Apó o sucesso obtido com “O Franco Atirador”, Michael
Cimino era visto como a nova sensação de Hollywood e a United Artists lhe deu completa
liberdade artística para filmar o roteiro de sua autoria intitulado “Heaven’s
Gate”. O perfeccionismo do diretor durante as filmagens implicava em novos gastos e parecia não ter
limites, como numa cena filmada com Kris Kristofferson acordando de um porre. O
ator teve que repetir 52 vezes a tomada que na tela dura quatro ou cinco
segundos. Diariamente Cimino, vociferando insultos demitia algum técnico e
mesmo atores. Willem Dafoe foi um deles, podendo ser visto apenas na versão de
219 minutos e mesmo assim sempre em segundo plano, resultado de não aceitar o
despotismo de Michael Cimino. Más línguas comentam que dos 40 milhões de
dólares gastos na produção, metade foram gastos em cocaína consumida aberta
e exageradamente durante as filmagens. O mesmo se falou de “Apocalypse Now”,
acidentado e dispendioso filme de Francis Ford Coppola, que, diferentemente do
faroeste de Michael Cimino, foi imediatamente saudado como obra-prima, status
que mantém 32 anos depois de filmado. O faroeste era um gênero em baixa desde o início dos anos 60 e acreditou-se que o fracasso
de “O Portal do Paraíso” decretou a morte do faroeste no cinema. De fato,
os fãs de westerns tiveram que esperar até 1985 para matar a saudade de um bom
faroeste. Nesse ano foram produzidos “Cavaleiro Solitário”, de Clint Eastwood e
“Silverado”, de Lawrence Kasdan.
|
Kris Kristofferson e John Hurt interpretando jovens de 21 anos; John Wayne e James Stewart também interpretando jovens personagens. |
A
estrela era Cimino - Um filme tão caro como “O Portal do Paraíso” teve um elenco composto por artistas do segundo escalão, mesmo um
deles alcançando o estrelato mais tarde, no caso de Jeff Bridges. Jane Fonda,
que era a grande estrela de Hollywood, foi cogitada pela United Artists para o
principal papel feminino, recusando-o porém. Michael Cimino nunca se preocupou
com a falta de um ou dois nomes fortes no elenco de seu filme pois a estrela
maior deveria ser, sem qualquer concorrência, seu delirante diretor. Kris
Kristofferson, Christopher Walken, Sam Waterston, Brad Dourif, John Hurt e
outros nunca chegaram a ser astros de primeira grandeza. Quanto à atriz
francesa Isabelle Huppert, esta foi a mais infeliz e equivocada das escolhas de Cimino. Kris
Kristofferson (aos 44 anos) e John Hurt (aos 40 anos) aparecem interpretando os rapazes recém-formados em Harvard no prólogo do filme. Certo
que James Stewart e John Wayne, respectivamente aos 52 e 53 anos interpretaram jovens de menos de 30 anos em “O Homem que Matou
o Facínora”. Mas Stewart e Wayne eram nomes capazes de levar público ao cinema,
tanto que o western de John Ford, mesmo sem ser um campeão de bilheterias, deu
lucro a seus produtores.
|
O famoso prêmio Framboesa de Ouro; abaixo Michael Cimino. |
Cannes
e a Framboesa de Ouro - Enquanto nos Estados Unidos “O Portal
do Paraíso” sofreu forte campanha negativa da imprensa, na França ocorria o
inverso. Os críticos franceses saudaram o western de Cimino como um dos grandes
filmes do ano, cotadíssimo para receber a Palma de Ouro no Festival de Cannes.
O júri preferiu dar o prêmio ao hoje esquecido “Homem de Ferro”, do polonês
Andrzej Wajda. Eram os tempos de Lech Walesa e o filme de Wadja era de cunho
notoriamente político, enquanto “O Portal do Paraíso” fazia sim referências
políticas, mas a um episódio ocorrido 90 anos antes no Wyoming, a chamada “Johnson County
War”. Há quem veja referência subliminar ao massacre de My Lai ocorrido em 1968 no Vietnã.
Em 1981 aconteceu a segunda edição do hoje conceituado e até bastante disputado primo inverso do Oscar, o ‘Golden Raspberry Award’ (Framboesa de Ouro), criado para
premiar os piores filmes do ano nos Estados Unidos. “O Portal do Paraíso”
concorreu nas categorias de pior filme, pior diretor, pior roteiro, pior score
musical e pior ator (Kris Kristofferson). Acabou ficando com o 'Golden
Raspeberry de Pior Diretor' para Michael Cimino. Na premiação do Oscar, “O Portal
do Paraíso” concorreu apenas a Melhor Direção de Arte (cenários), que perdeu
para “Os Caçadores da Arca Perdida”. Mesmo sendo um filme fracassado, “O Portal do Paraíso” jamais foi
esquecido, talvez mesmo por uma questão de peso na consciência de tantos
quantos sabiam que havia algo de injusto para com o épico de Cimino. A redenção
estava a caminho.
|
Cimino, aos 73 anos, sendo aclamado no Festival de Veneza de 2012. |
‘Obra-prima absoluta’ - Pelo menos um crítico importante,
Robin Wood, destoou da maioria, em 1981, dizendo que o filme de Cimino em sua
versão de 219 minutos era “um dos mais autenticamente inovativos filmes
norte-americanos”. O também muito respeitado Philip French, nos anos 90,
surpreendia colocando “O Portal do Paraíso” entre seus Top-Ten Westerns, assim como havia feito Robin Wood. Outro conceituado crítico, David Thomson, e o cineasta Martin Scorsese eram outros que sempre lembraram das qualidades ignoradas de “O
Portal do Paraíso”. A campanha desenvolvida por esses críticos fez com que o filme de Michael Cimino passasse pelos modernos processos de
remasterização e fosse lançado em Blu-Ray. Mesmo diante dos argumentos de seus
defensores, “O Portal do Paraíso” ainda encontra detratores como o crítico do
‘The Guardian’, que afirma ser “Heaven’s Gate” o pior filme da história do
cinema. Projetado (em tela grande, claro), no Festival de Veneza de 2012 e no
New York Festival Film, também deste ano, “O Portal do Paraíso” foi adjetivado
desde ‘obra-prima absoluta’ até ‘uma das grandes injustiças da história do
cinema’.
|
Christopher Walken executando um rancheiro imigrante. |
Luta de classes - A história escrita por Michael
Cimino refere-se ao incidente ocorrido no Wyoming em abril de 1892 e que ficou
conhecido como “The Johnson County War”. No filme a ação se passa durante três dias
de 1890 com a chegada do delegado federal James Averill (Kris Kristofferson) ao
condado de Johnson. Lá a associação dos pecuaristas planeja, com a autorização
do governo federal, se defender contra imigrantes que estariam roubando cabeças
de gado de seus rebanhos. Averill se posiciona contra a associação dos
criadores que então contrata 50 mercenários para assassinar 125 imigrantes cujos
nomes fazem parte de uma lista que chega às mãos de Averill. O líder dos
grandes proprietários de terra é Frank Canton (Sam Waterston) e seu principal
regulador (contratado para matar) é Nathan D. Champion (Christopher Walken).
Averill e Champion gostam da mesma mulher, Ella (Isabelle Huppert) a dona do
prostíbulo local. Ella aceita dinheiro ou gado roubado como forma de pagamento
e por isso é incluída na lista entre os 125 nomes marcados para morrer. Os imigrantes se unem e se armam e para enfrentar os homens de Canton numa batalha violenta da
qual Averill também participa ao lado dos perseguidos imigrantes.
|
O 'Heaven's Gate', onde os imigrantes encontravam diversão. |
Senhores da terra, senhores da lei - O que muito prejudica “O Portal do
Paraíso” é seu roteiro confuso repleto de incoerências. Nunca é explicado o que
leva um ex-aluno de Harvard, com brilhante futuro, a se embrenhar pelo Wyoming
para defender imigrantes do Leste Europeu que mal falam Inglês. Menos clara
ainda é a ambígua relação de amizade entre Champion e Averill, que se conhecem
há mais tempo mas não se sabe exatamente de onde. Nunca é esclarecido o que faz também Billy Irvine
(John Hurt), outro formando de Harvard, no Wyoming , uma vez
que se sabe que Irvine conheceu Paris a ponto de amar a Cidade-Luz. O western de
Cimino toca num fato incomum aos faroestes que é mostrar a etnia pouco conhecida
de gente que imigrou para o Oeste norte-americano, entre eles russos,
ucranianos e búlgaros. E o consequente conflito gerado por aqueles que se julgam senhores
absolutos das terras e das próprias leis. Frequentadores de um local de
diversão chamado ‘Heaven’s Gate’, que avisa que ali passarão ‘A Moral and
Exhilarating Experience’ (uma emocionante experiência moral) os imigrantes
se divertem rodopiando sobre patins ao som de canções da mais pura música
country e não de mazurcas, como se poderia imaginar. Apostam também em rinhas de galo e curiosamente
nunca se debruçam no enorme balcão do bar para beber, o que seria natural. Os
imigrantes gostam de sexo com as prostitutas do bordel da região e para isso usam como moeda até mesmo gado que lhes
poderia saciar a fome.
|
Brad Douriff e Isabelle Huppert. |
“I love Paris” - Cimino criou desnecessariamente um
triângulo amoroso envolvendo personagens centrais da trama, ou seja, o delegado
Averill, a cafetina Ella e o mercenário Champion. Mas a intenção do roteiro nunca
funciona a contento e não integra os personagens na história. A diferença de
classe entre Averill e Champion, aquele rico, este a soldo dos poderosos, parece
provocar uma admiração recíproca demonstrada quando Champion coloca o chapéu do
rival e exclama “Averill tem muita
classe”. E Ella, que fica nua em muitos momentos do filme, não demonstra possuir
personalidade suficiente para administrar um bordel e menos ainda para controlar dois homens embrutecidos
como os dois que a disputam. Com o visível propósito de ser um filme de arte, nada
melhor que colocar na tela as sofridas expressões dos tantos russos em close-up,
como se fossem heróis revolucionários. Essas imagens, porém, se perdem no
desenvolvimento inconsequente das manifestações daqueles homens. Reunidos no ‘Heaven’s
Gate’, fica-se a esperar pelo grande momento do imigrante vivido por Brad Dourif (Eggleston), o que não acontece. O ilógico discurso de formatura do personagem de
John Hurt em Harvard tem mais sentido que as frases por ele ditas durante o
filme, entre elas “Filho-da-puta sempre
foi a expressão favorita neste país”, ou pior ainda, em meio a centenas de
tiros disparados de todos os lados durante a batalha de Johnson County, Hurt diz surrealisticamente “No ano passado, nesta época, eu estava em
Paris. Eu amo Paris”.
|
O músico David Mansfield, responsável pelo escore musical. |
David Mansfield e Vilmos Szigmond - E “O Portal do Paraíso” é
absurdamente longo com seu desnecessário prólogo e valsa nos jardins de Harvard
(Oxford). Mais apropriada e lírica mesmo é a cena de patinação no ‘Heaven’s
Gate’ ao som do violino e da banda country do chaplinesco David Mansfield que
alegra os imigrantes do Leste Europeu. Esse fordiano momento é belíssimo e tocante, prejudicado porém com a sequência com o salão estranhamente esvaziado para que
o casal Averill e Ella dancem romanticamente. A música de David Mansfield foi
um achado para o filme tornando-o singelo e poético em muitas sequências
magistralmente fotografadas por Vilmos Szigmond. A atmosfera exigida para o
filme muitas vezes prejudica a ação, com os excessivamente nevoentos exteriores
ou enfumaçados interiores e a luz sempre difusa no tom sépia que foi moda
naquele período do cinema norte-americano. Foi assim em “Esta Terra é Minha”,
de Hal Ashby e em “Honkytonk Man”, de Clint Eastwood, filmes também passados em
poeirentas cidades do interior sem, no entanto, prejudicar o reconhecimento dos
personagens como em “O Portal do Paraíso”.
|
Christopher Walken antes de ser morto e o bilhete com assinatura completa. |
Adeus em meio às chamas - A sequência da batalha é o ponto
alto do filme. Sabe-se que para filmá-la o mais realisticamente possível,
diversos cavalos foram atingidos por explosivos, muitos vindo a morrer. A
partir das denúncias do sofrimento e sacrifício dos animais a legislação específica passou a exigir que em todos os filmes que envolvessem animais
expostos a perigo houvesse a presença da fiscalização por parte daquele órgão. Uma
sequência importante para o filme, como a morte de Nat D. Champion, chega a
provocar risos. Nela o personagem de Christopher Walken inalando fumaça dentro de um casebre em chamas se mantém calmo o suficiente para escrever um bilhete completo. Tão completo que é
assinado com o nome inteiro não faltando nem mesmo o ‘D.’ enquanto as chamas
devoram o local em que Champion está. E a sequência final do tiroteio entre
Averill, Bridges (Jeff Bridges) e Ella contra os homens de Canton é fraca,
beirando a pieguice quando Averill ergue lentamente Ella nos braços. A moça veste um apropriado vestido branco para melhor destacar as manchas de sangue.
|
Jeff Bridges |
Talento sem inspiração – Em 1979 Jeff Bridges já havia
demonstrado em inúmeros filmes seu talento como ator, no entanto após ser dirigido três vezes por Sam Peckinpah, Kris Kristofferson parecia ter mais prestígio que Bridges naquele momento. A escolha de Kristofferson foi um erro pois, embora ele tenha tido
atuação razoável em “O Portal do Paraíso”, Jeff Bridges teria dado uma dimensão
infinitamente maior ao personagem ‘James Averill’. A descontinuidade das sequências e a pobreza de muitos diálogos impediram que bons atores como Brad Dourif e
Christopher Walken tivessem melhor presença. John Hurt, Sam Waterston, Geoffrey Lewis e Mickey Rourke estão positivamente caricatos. Estréia no cinema de Ronnie ‘The Hawk’ Hawkins que também não disse a que veio num filme em que a inconvincente Isabelle Huppert foi o maior dos equívocos do elenco formado por Cimino. Decididamente,
rotular “O Portal do Paraíso” como obra-prima é um exagero, assim como exagero
é taxá-lo de filme ruim. O western de Cimino é uma lição de cinema, lição que
ensina que a busca da arte é um caminho difícil quando não são combinados
talento e inspiração, mesmo adicionando-se muito dinheiro.
Gosto demais de O PORTAL DO PARAÍSO. Acho um grande western. E Cimino merecia uma carreira mais intensa.
ResponderExcluirO Falcão Maltês
Caro Darci,
ResponderExcluirExcelente comentário, concordo em praticamente tudo. Os pontos fortes e os fracos estão muito bem colocados.
Eu não acho o filme ruím, assisti as duas versões, a primeira exibida nos cinemas com 149 minutos é confusa com muitos furos e a segunda em DVD com 219 minutos é mais compreensível.
Quem ainda não viu o filme é importante vê-lo para que possa ter sua própria opinião.
Foram produzidos dois filmes para a televisão sobre o mesmo tema:
- "The Johnson County War" de David Cass (2002), com Burt Reynolds; e
- "The Invasion of Johnson County" de Jerry Jameson (1997), com Bill Bixby.
Mario Peixoto Alves
Olá, Mário- Não conheço os dois filmes que você citou. Está no YouTube o documentário The Final Cut - Heaven's Gate sobre O Portal do Paraíso. É interessante também assistir esse documentário pois ele ajuda a formar opinião sobre o western de Cimino. Infelizmente não assisti à versão reduzida, mas acredito que tenha sido excluído o prólogo. O Portal do Paraíso tem final inverídico pois no fato ocorrido em 1892 a Cavalaria chega para resgatar os reguladores e pecuaristas sobreviventes que foram aprisionados pelos rancheiros pobres. Essa intervenção do Governo Federal é um dado vital para a história. - Um abraço do Darci - PS: Vem aí o seu Top-Ten.
ResponderExcluirOlá, Darci
ResponderExcluirNão assisti ao filme O Portal do Paraíso. Mas, os comentários aqui do blog me animaram a assistí-lo. Gostei muito de tudo que você expôs sobre o filme. Fiquei curiosa.
Mais um filme para eu procurar...
Abraços!
Olá, Janete - Não diria que este é um western obrigatório, como muitos são para cinéfilos atentos como você. Mas por tudo que cerca O Portal do Paraíso, esse filme deve mesmo ser assistido. O Telecine Cult está exibindo a versão de 219 minutos, numa cópia muito boa. Mas a que saiu em DVD tem sido muito elogiada. - Um abraço do Darci.
ResponderExcluirExcelente resenha, Darci!
ResponderExcluirComo você sabe, esse filme faz parte da minha lista de westerns, e até cheguei a escrever algumas linhas sobre ele. Há algumas coisas com que não concordo plenamente na resenha, naturalmente, mas esse é daqueles filmes que podem facilmente ser amados e odiados. E quando vejo isso sinto cheiro de coisa forte, no mínimo diferente, no ar. Acho que provavelmente eu seja daqueles mais condescendentes com as falhas que ele apresenta, mas, há muitos filmes ditos obras-primas que são piores que ele, não tenho dúvida. Eu não deixaria de assistir a ele em troca de certos filmes que muitos chamam obra-prima. A resenha nos ajuda a entende melhor, por exemplo, a rejeição que Cimino teve, dado seu comportamento amplamente equivocado do que é ser um gênio. Não tenho dúvida de que hoje ele pode compreender melhor seus equívocos, mas o estrago foi feito. Fico sinceramente feliz que ele possa ver a crescente redenção da sua obra, compensando-lhe um pouco de tudo que acabou por jogar fora. O fato de terem virado-lhe as costas em grande escala se mostrou também algo mais pessoal que cerebral; hoje é possível ver isso melhor. Se fosse um filme mais divulgado teria certamente muito mais fãs. A edição criterion em blu-ray, por exemplo, talvez nem chegue ao Brasil, como o DVD nunca chegou. Com uma campanha dessas fica difícil. Por que isso, enquanto se lançam tantas coisas inúteis e que não são capazes de arrebanhar um fã mais consciente? Não podemos crer que seja apenas questão comercial, porque acredito que ele vende, e quanto mais vender, mais vai vender, sem dúvida. Eu penso que os americanos, a turma mais conservadora, a turma do western..., não gostou dele por outras razões mais que por suas possíveis falhas. Não acredito que não se pudessem ver algumas de suas virtudes. A balança novamente ficou totalmente prum lado só. Acho que todos têm expectativas e suas verdades e quando elas são negadas, nem todos têm a polidez de tentar ser apenas justo e equilibrado. Mas divergir é preciso, concessões nem sempre são bem-vindas, e procurar ser justo é uma obrigação.
Um grande abraço!
Vinícius Lemarc
Olá, Vinicius - Claro que um western que está entre seus preferidos sempre merecerá uma atenção mais criteriosa deste blog. O Portal do Paraíso é desses filmes que extrapolam a condição de apenas mais um filme. Definitivamente entrou para a história do cinema e do faroeste. Um aspecto não lembrado na resenha foi a luta surda entre o prejuízo que Cimino trouxe a Hollywood e a defesa do sistema de produção feita por Vincent Canby e Roger Ebert. Considero O Portal do Paraíso um dos filmes mais importantes já feitos, mais pelas questões que o envolvem que pelo filme em si, que como tentei dizer, peca pelo preciosismo de Cimino e por ele se considerar um gênio, o que o tempo e seus trabalhos posteriores vieram a desmentir. Essa continuará sendo uma das grande polêmicas do cinema e, ainda bem, é um western... - Grande abraço do Darci
ResponderExcluirCaro Darci,
ResponderExcluirSua resenha está ótima.
Desde que assisti esse filme a primeira vez o achei intrigante. O filme dá realmente a impressão que Michael Cimino acertou no todo e errou feio nos detalhes. Teve uma visão grandiosa, falhou nas lacunas.
Acredito que seu fracasso de bilheteria nem seja devido a essas falhas. Como já foi dito tem muitos filmes altamente conceituados por aí que não chegam nem perto.
Claro, um filme que afirma com todas as letras que é um perigo ser pobre nos Estados Unidos, não vai fazer sucesso. Heaven's Gate não só afirma como tenta demonstrar isso. Não diz o que o americano gosta de ouvir. Se fosse uns 30 anos antes, Cimino teria entrado para a lista negra de Hollywood.
Mas, ao mesmo tempo é um filmaço. Se eu achar o DVD eu compro.
Israel Morais
Olá, Israel
ResponderExcluirBem observado por você 'que o americano não gosta de ouvir' certas coisas.
Darci Fonseca
Olá Darci. Excelente sua resenha! Estou a procura desse filme e está bemdifícil de encontrá-lo. Estou tentando comprá-lo mas tb está difícil. Você alguma dica de onde achar? Obrigada! Daniela Nistra
ResponderExcluirOlá, Daniela, por favor, entre em contato por este e-mail: darci.fonseca@yahoo.com.br
ExcluirGrato pelo elogio - Darci
Muito interessante o texto! Apenas gostaria de fazer uma reparação: "O homem de ferro", de Andrzej Wajda não é um filme esquecido, mas considerado uma grande obra do cinema
ResponderExcluirFinalmente lançado em DVD no Brasil.
ResponderExcluir