O primeiro filme que Narciso assistiu em sua vida. |
Figurinhas Ídolos da Tela –
O menino Narciso ficou encantado com o tal cinema e voltou outras vezes ao Cine
Rex, de propriedade do Senhor Carlos Miller. Narciso não tinha dinheiro
para o ingresso das matinês e roubava ovos dos galinheiros e os levava para seo Carlos
que quebrava dois ou três e os tomava ali mesmo na porta do Cine Rex. E
deixava o menino entrar sem pagar. Desconfiado que Narciso roubava aqueles
ovos, seo Carlos fez um trato com o garoto: ele viria ajudá-lo a trocar os
lobby-cards (pequenos cartazes), escrever as tabuletas e varrer o cinema e em troca poderia
assistir às matinês de graça. Trato aceito na hora por Narciso e todos os domingos passaram a ser dia de filme de
mocinho na vida do garoto. Aconteceu então de ser lançado um álbum chamado 'Ídolos da Tela' e Narciso começou a reconhecer os nomes de muitos artistas. O
filho do Tarzan se chamava mesmo era Johnny Sheffield e era a figurinha número
144 do álbum. Quando jogava bafo com os amiguinhos, Narciso jamais colocava
essa figurinha para disputar. Nem a de número 77, que era de uma menina chamada
Margareth O’Brien que Narciso sonhava um dia ter uma namorada igual. Mas a
figurinha que Narciso tinha adoração era a de número 446, com a estampa do mocinho
Roy Rogers.
Roy Rogers, o maior ídolo - Narciso já tinha visto dois filmes de Roy Rogers no Cine Rex e
tinha também um gibi 'Aí, Mocinho!', com Roy Rogers na capa. De todos os
mocinhos Roy Rogers era o preferido do menino Narciso. Um dia Seo Carlos disse a Narciso
para trazer a família para assistir “Sansão e Dalila”. Dona Escolástica, mãe de
Narciso, nunca se esqueceu desse filme tão bonito que a fez chorar no final
quando Sansão morre. O sabido Narciso disse à mãe que o nome do Sansão era
Victor Mature. E foi no Cine Rex que o menino assistiu, acompanhado da mãe, um
faroeste chamado “Matar ou Morrer” que todos diziam que era muito bom. Mas Narciso preferia mesmo aqueles filmes de mocinho com Tim Holt, George Montgomery,
Johnny Mack Brown, Scott Brady, Durango Kid, Rex Allen e mais que todos, com
Roy Rogers.
Acima o Cine Vera Cruz, em Capivari; abaixo um Ford Farlaine ano 1956 igual ao de seo Kamal, proprietário do belíssimo Cine Alvorada. |
Saguão de entrada e a enorme sala do Cine Alvorada. |
Descobrindo John Wayne -
No início dos anos 60 Narciso passou a morar em Campinas, onde dividia seu
tempo livre entre os jogos de futebol do Guarani local e seu passatempo preferido que era o
cinema. Nas conversas com outros fãs de filmes, Narciso sempre ouvia falar de John
Wayne, ator de quem não conseguia gostar desde que o vira em “Sangue de
Bárbaros” com um bigode engraçado. Porém, como estava passando um faroeste chamado “Os Comancheiros”,
no Cine Casablanca em Campinas, Narciso foi assistir. Ficou impressionado com
John Wayne e disse para si mesmo que nunca mais iria perder um filme daquele
fabuloso ator, além de querer conhecer todos os filmes anteriores, principalmente os
faroestes. Uma frustração acompanhava Narciso, que já havia assistido a tantos
faroestes e ainda não conhecia “Os Brutos Também Amam”. E foi exatamente em
1965, no Cine Carlos Gomes, em Campinas, que Narciso teve a oportunidade de
assistir ao faroeste de George Stevens. Não teve dúvidas. Aquele era não só o
melhor de todos os faroestes, mas o melhor filme que já havia visto na vida. E
como gostaria de contar isso ao amigo Kamal.
Narciso e Kamal em 1996 |
Narciso à frente do antigo Museu de Roy Rogers; abaixo junto às marcas de Roy (e Trigger), em Los Angeles. |
O museu em Montana - Narciso
retornou outra vez ao Museu de Roy Rogers em Victorville antes que este fosse
desativado. Claro que Narciso ficou um pouco triste quando soube que Dusty Rogers,
o filho de Roy, havia transferido o The Roy Rogers and Dale Evans Museum para
Montana. Como Narciso ainda não conhece aquele Estado norte-americano, esse
será seu próximo destino internacional para conhecer o novo museu e voltar a
ficar perto de tudo aquilo que pertenceu ao seu grande ídolo. Uma admiração que
começou no início dos anos 50 na pequena Monte-Mór, mais exatamente no acanhado mas inesquecível Cine
Rex.
Acima Lázaro Narciso Rodrigues 24 vezes, ele que hoje, 30 de setembro, comemora 71 anos de idade. Parabéns, Ol' Kid Blue. |
Belíssima história de amor ao cinema e ao faroeste.
ResponderExcluirParabéns para o Narciso.
Abraço
Caros WesternCineMania,
ResponderExcluirObrigada pela narrativa sobre Kid Blue - Lazinho. Delícia ter lido o texto: aberto, direto, sincero. Parabéns ao Lazinho pela lealdade aos ídolos e aos amigos de infância. Emocionante a visita ao primeiro Museu Roy Rogers. E que breve se realize a feliz viagem ao segundo Museu, Montana. Abraços em Trigger.
Prezado Darci,
ResponderExcluirEmbora não o conheça, quero parabenizar o Sr. Kid Blue pelos seus 71 anos de idade, seu bom gosto por westerns e principalmente por Roy Rogers.
Apenas um comentário: "The Roy Rogers and Dale Evans Museum" como todos sabem, encerrou sua suas atividades após o falecimento de Dale Evans, sendo transferido para Branson, Missouri. No entanto, infelizmente, devido a uma série de motivos, os herdeiros de Roy Rogers foram forçados fechá-lo e leiloar praticamente todo o acervo, inclusive Trigger (Stuffed/empalhado). Esse evento foi coberto pela imprensa norte-americana e os leilões foram realizados em Los Angeles e New York em 2011/12. Todos os itens foram vendidos.
Permanecem em funcionamento os museus de Rex Allen, em Wilcox, Arizona e o de Gene Autry (Autry Museum of America West) em Los Angeles, que é fantástico onde se vê o “real west” e o “reel West” (um trocadilho usado pelos americanos). Lá estão em exibição diversos itens de praticamente todos os cowboys e outlaws (Buffalo Bill, Wyatt Earp, Buffalo Bill Cody, Billy The Kid , Roy Rogers, Gene Autry, John Wayne, Randolph Scott, Monte Hale e muitos outros).
Abaixo uma manchete do New York Times:
“ROY ROGERS MUSEUM CLOSED FOREVER”
The Roy Rogers Museum in Branson, MO, has closed its doors forever. All items went up for auction last July 14th & 15th at Christie's Auction in Manhattan.
Grato pelo espaço,
Mario Peixoto Alves
Olá, Mário
ResponderExcluirGrato pelas informações sobre o Museu de Roy e Dale, que infelizmente não mais existe. Em suas andanças pela Califórnia o nosso Kid Blue visitou outros museus, entre eles o Western Heritage, de Gene Autry, que como você disse, ele considerou fantástico e digno de ser visitado por westernmaníacos e quem cultua a história do Velho Oeste norte-americano. Quando lá esteve Kid Blue travou contato com Monte Hale que dava as boas-vindas aos visitantes. Essas histórias do Lazinho Kid Blue enchem de admiração a todos nós.
Um abraço do Darci
Que orgulho poder dizer que sou amigo do maior cowboy brasileiro: Lazinho, Kid Blue ! Quanto mais leio e ouço sua história, mais me identifico com ele... Grande abraço meu irmão Lazinho, que Deus o proteja, obrigado pelo carinho e por sua amizade, que tenho certeza, será eterna... abraço do Beto Montgomery !
ResponderExcluirCaro Darci
ResponderExcluirLinda homenagem ao Sr. Lázaro!! Parabéns pela organização de todas as informações coletadas e pelo belo texto produzido, esfera jornalística com uma linguagem poética, muito bom mesmo! Posso dizer que em vários momentos da leitura as lágrimas brotaram em meus olhos, não só pela figura marcante do homenageado, mas sobretudo, pela bela amizade de vocês!!
Parabéns aos dois!!
Raquel Rodrigues
Olá, Raquel
ExcluirObrigado pelos elogios. A história do Lázaro emociona até quem a escreve.
Abraço do Darci
Prezado Darci
ResponderExcluirMais uma vez revisitando seu blog volto a me emocionar com a singela história de um vencedor: meu pai!! Obrigado por nos proporcionar a oportunidade de ver sua história contada de forma tão verdadeira e emocionante!!
Abraços!!
Demetrius Narciso Rodrigues
Olá, Demétrius
ExcluirImagino o orgulho que você sente em ser filho do amigo Lazinho, cuja trajetória de vida, como você disse, é emocionante mesmo.
Abraços do Darci