29 de abril de 2012

O LENDÁRIO GENERAL CUSTER HÁ 100 ANOS NO CINEMA


(Matéria revista e ampliada – 1.ª publicação neste blog em 12/4/2011)

O mesmo cinema que em outros tempos romantizava e idealizava enganosamente a vida de homens célebres, passou a mostrar a verdade de suas biografias. Um das mais polêmicas personalidades da história norte-americana foi o General George Armstrong Custer, a quem Hollywood, nas primeiras cinco décadas, retratou como mártir e herói e hoje é visto nas telas de modo bastante diferente, para dizer o mínimo.

Acima o cadete George
Armstrong; abaixo o
cadete Errol Flynn.
O PIOR CADETE DE WEST POINT - Se no início da 2.ª Guerra Mundial foi importante para os Estados Unidos levantar o moral do cidadão norte-americano construindo uma imagem fantasiosa de um grande herói, em tempos de pós-Vietnã a desmistificação veio de forma até cruel. E descobrimos que Custer era péssimo aluno, tendo sido o último colocado entre os 34 cadetes graduados em West Point em 1861. Suas notas eram assombrosamente baixas, somente conseguindo se tornar 2.º tenente porque já estava em curso a Guerra de Secessão e mais oficiais eram necessários para enfrentar o Sul que estava fortemente armado e liderado por generais como Robert Lee, Jeb Stuart e Thomas 'Stonewall' Jackson. E descobrimos que Custer era um homem egocêntrico, megalomaníaco e, usando um termo em moda, perfeito ‘marqueteiro’. E descobrimos que Custer era um sádico ávido por exterminar as nações indígenas pois isso lhe dava projeção nacional. E descobrimos que, mesmo como estrategista, Custer foi um fracasso levando à morte, em Little Big Horn, praticamente todo o 7.º Regimento de Cavalaria sob seu comando. Mas independente da verdade histórica o apaixonado por cinema jamais deixará de se emocionar ao rever pela enésima vez Errol Flynn (Custer) sucumbir diante dos milhares de índios comandados por Anthony Quinn (Crazy Horse) na batalha final de “O Intrépido General Custer”.

Ronald Reagan como Custer;
Errol Flynn como J.E.B. Stuart
UM SÉCULO DE CUSTER NO CINEMA - Inúmeras vezes a vida de Custer foi levada ao cinema, outras tantas ele apareceu em filmes como personagem importante nas histórias do Velho Oeste. A TV não ficou atrás, explorou e até hoje explora a imagem do irrequieto oficial da Cavalaria Norte-Americana. A primeira vez que isso aconteceu foi em 1912, em “Custer’s Last Fight”, dirigido e protagonizado pelo então poderoso Francis Ford, que já lançava no cinema seu jovem irmão Jack (John) Ford. Era um filme de 30 minutos, curto mas suficiente para iniciar a glorificação cinematográfica de Custer. Por diversas vezes a Batalha de Little Big Horn seria assunto de westerns no cinema mudo, sendo que as últimas e mais importantes foram em 1926 com produções estreladas por atores de renome como Dustin Farnum em “Flaming Frontier” e John Beck em “General Custer at Little Big Horn”. Custer estreou no cinema falado na pele do ator William Desmond em “O Fantasma Vingador” (The Last Frontier), seriado em 12 episódios estrelado por Creighton Chaney, que depois mudaria o nome para Lon Chaney Jr. Em 1936, o lendário general foi interpretado por John Miljan na superprodução de Cecil B. DeMille “Jornadas Heróicas” (The Plaisman), em que Gary Cooper interpreta Wild Bill Hickok. Em 1940 George Armstrong foi interpretado por Paul Kelly, em “O Bamba do Sertão” (Wyoming), estrelado por Wallace Beery. Em seguida por Addison Richards em “Badlands of Dakota”, estrelado por Robert Stack. Em 1940 foi a vez de Ronald Reagan se transformar no General Custer em “A Estrada de Santa Fé”, filme em que a estrela era Errol Flynn interpretando o general sulista Jeb Stuart, numa das muitas vezes em que foi dirigido pelo diretor Michael Curtiz. E viria, então, o mais famoso filme abordando a vida de Custer.



Jamais alguém comandou um regimento
de Cavalaria como Errol Flynn.
O INTRÉPIDO ERROL FLYNN - O ano era 1941 e a Warner escalou a dobradinha Michael Curtiz-Errol Flynn para mais um sucesso garantido que seria a biografia de George Armstrong Custer, exatamente num momento em que eclodia o maior conflito mundial de todos os tempos. Errol Flynn sempre gostou de uma boa confusão e avisou Jack Warner que não queria mais trabalhar com aquele húngaro maluco (Curtiz). Como o papel de Custer era talhado para Errol Flynn, Jack Warner substituiu o detestado mas confiável diretor por Raoul Walsh que por sinal ficava muito mais à vontade no gênero western que o diretor de “As Aventuras de Robin Hood” e “Capitão Blood”. O filme biográfico se chamou “O Intrépido General Custer” (They Died With Their Boots On) e arrasou nas bilheterias, como não poderia deixar de ser. Hoje pode-se dizer que o sucesso desse filme foi tão grande quanto as críticas negativas que passou a sofrer nas últimas décadas, isto por ser um filme sem nenhum compromisso com a verdade histórica, ou seja, típico produto da Hollywood da época de ouro do cinema. Porém, todo garoto, após ver o filme, saia do cinema sonhando ser tão heróico como aquele general de cabelos longos e jaqueta de couro amarela com franjas. E nas brincadeiras de mocinho a meninada gostava de morrer de forma épica como o Custer de Errol Flynn, com a espada em uma mão e o revólver na outra em meio aos ‘covardes’ índios. Afinal o cinema sempre foi uma fábrica de ilusões.

Acima Ty Hardin, Jeffrey Hunter e Robert
Shaw; no centro Wayne Maunder, Joe Maross
e Phillip Carey; abaixo o Custer de Leslie
Nielsen com Don Murray e Guy Stockwell.
CUSTER, UM ETERNO PERSONAGEM - Errol Flynn encarnou o definitivo General Custer nas telas. No entanto o fantasma desse general rondava o cinema e seus roteiristas, até que em 1951 o ator James Millican (“Matar ou Morrer”), trouxe Custer novamente para as telas no filme “Sanha Selvagem” (Warpath), estrelado por Edmond O’Brien e pela linda atriz iniciante Polly Bergen. No ano seguinte Custer foi revivido por Sheb Wooley (também de “Matar ou Morrer”) em uma ‘pontinha’ em “O Último Baluarte” (Bugles in the Afternoon), estrelado por Ray Milland. Em 1958 foi a vez de Walt Disney se aproveitar da fama do lendário General Custer num western para toda família chamado “Tonka, o Bravo Comanche” (Tonka). Sal Mineo é um jovem índio dono do cavalo Tonka e Custer foi interpretado por Britt Lomond. Em 1965 Philip Carey interpretou Custer em “O Grande Massacre”, com Joseph Cotten como o Major Reno. Somente em 1968 o cinema se lembraria outra vez de Custer, em “As Espingardas do Faroeste”, uma refilmagem de “The Plainsman”, desta vez com Don Murray no papel que fora de Gary Cooper (Wild Bill Hickok), enquanto Custer foi interpretado por um ainda sério Leslie Nielsen. 1967 seria um grande ano para a figura de Custer pois o respeitado diretor Robert Siodmak dirigiu “Os Bravos não se Rendem” (Custer of the West), ambicioso filme programado para o processo Cinerama e que era para ser dirigido por Akira Kurosawa. O ator inglês Robert Shaw é quem interpreta Custer, coadjuvado por um elenco onde se destacam Robert Ryan, Jeffrey Hunter e Guy Stockwell. Nesse mesmo ano a TV norte-americana colocou no ar a série “Custer”, com Wayne Maunder vivendo o intrépido general e com Slim Pickens também no elenco. A série durou apenas 17 episódios, não fazendo sucesso e sendo cancelada na primeira temporada. Aproveitando os cenários da série foi produzido o longa-metragem “Os Bravos Nunca Morrem” (The Legend of Custer), feito para o cinema, com o mesmo elenco da série da TV, ou seja, Wayne Maunder interpretou Custer também na tela grande. A figura do General Custer apareceu até em séries não westerns, como em O Túnel do Tempo, no episódio “Massacre”, exibido em outubro de 1966. Nesse episódio a viagem no tempo transporta Tony (James Darren) e Doug (Robert Colbert) para o ano de 1876 quando Cavalaria e índios se enfrentavam com Custer e Crazy Horse presentes. O ator Joe Maross interpretou o discutido comandante do 7.º Regimento de Cavalaria.

Acima Richard Mulligan, o Custer de
"O Pequeno Grande Homem"; abaixo
Mastroianni como o General Custer
ao lado de Phillipe Noiret.
UM ÍNDIO CENTENÁRIO FALA DE CUSTER – A partir dos anos 60 o cinema norte-americano já havia adotado alinha revisionista e em 1970 Arthur Penn rodou “O Pequeno Grande Homem” (Little Big Man), talvez a mais cara produção envolvendo a presença do General Custer. O filme é narrado pelo índio Jack Crabb (Dustin Hoffman) que atingiu a idade centenária de 121 anos, tendo sobrevivido a Little Big Horn e tendo convivido com Custer. E é Jack Crabb quem conta de forma realista quem foi o mais famoso general da Cavalaria dos Estados Unidos. Quem interpreta Custer é Richard Mulligan e o massacre de Washita River, em 1868, é um dos pontos altos deste que foi um dos principais westerns daqueles anos. “O Pequeno Grande Homem” relata a história de Custer como nunca antes havia sido contada no cinema. O grande destaque do elenco é Chief Dan George, índio de 71 anos que teria outra brilhante atuação em “Josey Wales, o Fora-da-Lei”. E para quem achava que os europeus já haviam cansado de brincar de mocinho, eis que em 1974, o diretor italiano Marco Ferreri (de “A Comilança” e “A Crônica do Amor Louco”) decide falar de Little Big Horn. Para isso reuniu Michel Picolli, Philippe Noiret, Ugo Tognazzi e Catherine Deneuve para uma insólita recriação da vida de Custer. Ah, George Armstrong é interpretado por Marcello Mastroianni. Essa absurda comédia intitulada “Não Toque na Moça Branca” (Touche Pas à La Femme Blanche), apesar do elenco de primeira foi um fracasso de bilheteria.

100 ANOS DE GENERAL CUSTER NO CINEMA - Custer esperaria mais 12 anos para que, em 1991, outro filme focalizasse sua vida em “Son of the Morning Star”, produzido para a TV e com o personagem principal de General Custer interpretado por Gary Cole. Com 187 minutos, esse western é original porque a vida de Custer é contada a partir da visão de sua mulher Libbie (Rosanna Arquette) e de Kate Bighead (Buffy St. Mary). O papel de Custer foi oferecido a Kevin Costner que vinha do grande sucesso com “Dança com Lobos”, no entanto Costner não aceitou a proposta de trabalho para essa produção para a TV. Entre tantos intérpretes de Custer no cinema certamente Gary Cole é aquele que mais se assemelha fisionomicamente com o general. Em 2009, foi produzido para o cinema “Uma Noite no Museu 2” e entre Napoleão, Ivan o Terrível, Al Capone, Átila e Lincoln, surge o General Custer. Notícias de Hollywood dão conta que será filmado em agosto próximo e lançado em 2013 o filme “O Importante é Vencer” (The Hard Ride) com Val Kilmer de volta à sela novamente, ao lado de Wes Studi e Don Murray. Neste western passado em 1876 o ator Christopher Atkins (o menino de “A Lagoa Azul”) interpretará George Armstrong Custer. Esse lançamento ocorrerá 101 anos após Francis Ford ter interpretado o General Custer pela primeira vez no cinema e por certo não será esta a última vez que o lendário General do 7.º Regimento da Cavalaria surja orgulhoso e garbosamente nas telas.
Nas fotos à direita: o verdadeiro George Armstrong Custer;
Gary Cole em "The Son of Morning Star";
abaixo Francis Ford, irmão de John Ford, o primeiro Custer do cinema.

 

39 comentários:

  1. Darci,

    Grande “Dossiê Custer” nas telas. Não são os meus preferidos os westerns de cavalaria, ou com exército demais - com certa exceção dos filmes de John Ford - mas vi algumas das versões de Custer, inclusive algumas das que você cita na matéria e que são muito interessantes. Confesso que nunca me ative em estabelecer um vínculo e uma visão global a esse respeito, mas, lendo a matéria, vemos remontada de fato essa visão, e não só a trajetória da “personagem”, mas, em síntese, do próprio cinema western. A propósito, das edições, as que me agradam mais são a de Penn e a de Errol Flynn, um ator que sempre me agradou muito. Essas matérias todas devem ser compiladas, ampliadas, e tornar-se patrimônio dos amantes do gênero, em livros, tão raros por aqui.
    Forte Abraço!

    Lemarc

    ResponderExcluir
  2. Errol Flinn poderia fazer o que fez ao Curtiz, com qualquer outra pessoa no mundo, exceto com o próprio Michael Curtiz.
    Ele, o salgado Flinn, foi, no mínimo, ingrato, despersonalizado e deselegante, já que ele devia e era tudo o que desfrutava de bom na vida, àquele para com quem compunha aquela ação desequilibrada e infeliz, sem qualquer sombra de questão.

    Como no mundo, mesmo hoje em dia, não se realizam ações diferentes daquelas, então....

    No entanto, o Curtiz poderia ser a pior criatura do mundo. Poderia ser podre, carrasco, deseducado, rustico, egoista, enfim, qualquer coisa de ruim. Porém, ele fora, ao menos até então, a luz que se acendera na desmarcada e virulenta vida de um homem que nem interpretar sabia, que era o Flinn.
    Portanto, ele, o Curtiz, tinha créditos para ter ficado livre daquela.

    Referente ao General Curtis, vamos analisar rapidamente:
    - foi ele o ultimo colocado numa turma de 34 cadetes. Já estava ali então um ponto para observações futuras.
    - era também: péssimo aluno, tinha um pessimo caráter, eraegocentrico, megalomaniaco, marqueteiro, sujo, e mais muitas qualidades inferiores.
    - recebeu uma patente, apenas porque o seu País necessitava de contingentes "qualificados" para a Guerra Civil.
    - no comando mostrou ser; um péssimo estrategista, um criminoso de guerra (um assassino travestido de lei), um ser de caráter frivolo.
    Vamos então culpar todos os desastres que este doente cometeu a que ou quem?
    À Guerra Civil, à sua ausencia de caráter ou ao desatentamento de comando? A Historia responderia, com absoluta certeza.
    Como pode se dar patentes a um homem que, sem qualquer duvida, deveria ter o pior curriculum de seu grupo?!

    Então o resultado de tudo não poderia ser outro senão; DESASTRE. SOMENTE DESASTRE.
    Com sua sanha de irrecuperável, fez vidas e vidas serem ceifadas sob seu tumultuado e irresponsável comando. E veja-se; vidas ceifadas não "apenas" dos seus comandados!

    Infelizmente não assisti ao filme cujo diretor foi substituido. Tão pouco sabia de muito do conteudo desta edição. O que somente me encheu de mais sabedoria sobre o fato e me conduz a analisar melhor muito do que conhecia.

    Mas, vi outros muitos filmes sobre o tema. E Os Bravos Não Se Rendem foi um deles que, por sinal, não foi dos piores sobre o assunto.

    Não se deve nem pode dar responsabilidades a quem não possui qualificações para tal. Isto porque, no total, a soma dos resultados jamais serão positivos.
    E quantas provas temos disso!
    jurandir_lima@bol.com.br

    ResponderExcluir
  3. Lemarc;

    Perfeitamente.
    Concordo plenamente com sua posição.
    Assistimos filmes sem a responsabilidade de mostrar a verdade pura dos fatos e ficamos fascinados com personagens mostrados.

    Esta ocorrencia não se suscede apenas com o Curtis. Nossas vidas e visões estão cheias de passagens afins.

    Por esta razão resenhas como esta têm validade acima do imaginado. E deveria ser como se uma biblia para conhecimento geral de um povo e não apenas para nós, que amamos o cinema. E este é um fato que conhecemos somente por este caminho.
    Forte abraço
    jurandir_lima@bol.com.br

    ResponderExcluir
  4. Lendo esse excelente dossiê sobre Custer lembrei-me de imediato de outro filme que nao deixa de ser sobre o general e seus feitos: "Forte Apache", do John Ford.
    Quem é o Tenente Coronel Owen Thursday, magnificamente interpretado por Henry Fonda, senão o próprio Custer?
    No desfecho desse belo filme Ford ainda mostrava de forma desmistificadora a opção por aquela que seria a "verdade", em detrimento dos fatos reais, nas versões cinematográficas da vida de Custer.
    O velho mestre antecipava então a famosa máxima de "O Homem Que Matou o Facínora" em que defendia-se a narração da lenda quando ela se parecesse mais fascinante que a realidade.

    Edson Paiva

    ResponderExcluir
  5. O INTRÉPIDO GENERAL CUSTER é uma farsa histórica, convenhamos, mas é um belo filme...

    O Falcão Maltês

    ResponderExcluir
  6. Que o ilustre George Armstrong Custer era um insano, isso a própria história se encarregou de mostrar, mas, sem dúvida nenhuma,sua imagem contribuiu para que o cinema de western tivesse um brilho a mais nas telas do mundo todo.
    Tendo passado minha infância nos anos 80, cresci tendo uma "inocente" admiração pelo sujeito que comandou a Sétima Cavalaria até dizimá-la em Little Big Horn. Lembro-me de, quando criança, ganhar no Natal um daqueles belíssimos Forte Apache de brinquedo, com as miniaturas dos barrigas azuis e dos índios em atitudes de combate que faziam a minha alegria. Eu adorava tudo aquilo e reproduzia na brincadeira o que eu via nos filmes de bang bang da televisão.
    Passados tantos anos, olho pra trás e sinto uma grande saudade...
    Hoje, sabendo bem quem foi Custer e a imagem erroneamente romântica que Hollywood fez dele, ainda assim penso que o western não teria sido o mesmo sem sua figura lendária, mas repreensível.

    ResponderExcluir
  7. Darci, esse ótimo artigo poderia gerar uma série com outras personalidades do faroeste no cinema, como Doc Holliday, Wyatt Earp, Calamity Jane, Wild Bill Hickok, etc.
    Já constava no primeiro post o Custer de Mastroianni e Ferreri. Este filme foi lançado em DVD?
    Túnel do Tempo valia-se do acervo da FOX e acrescentava cenas de filmes em suas aventuras históricas.
    Apenas como curiosidade, se alguém viu o episódio sobre Custer, foi possível identificar de qual western algumas imagens foram usadas?

    ResponderExcluir
  8. Darci, Ótimo Post.
    A história de Custer é realmente incrível. Tenho em casa o filme com Errol Flynn que é sensacional, um ótimo faroeste. Eu desconhecia esse outro filme com Scott.
    Parabéns por nos trazer esse ótimo dossiê sobre essa grande personalidade...

    Grande Abraço

    ResponderExcluir
  9. Olá, Ivan
    A idéia é ótima. Há algum tempo o WESTERNCINEMANIA falou de Belle Starr. Havia sim referência ao filme de Ferreri na primeira postagem. E obrigado pelos episódios-westerns de O Túnel do tempo.
    Darci

    ResponderExcluir
  10. Olá, Rodrigo
    Bem mais velho que você eu assisti a O Intrépido General Custer no início dos anos 50 e poucos filmes me marcaram tanto como esse. Custer passou a ser um dos meus heróis. Meus filhos também tiveram Forte Apache, brinquedo que ainda existe à venda. Nos Estados Unidos é um dos brinquedos campeões de venda e alguns chegam a ter mil peças.
    O Custer não era de todo mau, só que precisa procurar muito bem para encontrar suas qualidades...
    Um abraço - Darci

    ResponderExcluir
  11. Olá, Edson
    Não se pode esquecer de John Ford quando se fala da revisão histórica do papel da Cavalaria. Sangue de Heróis foi lembrado na postagem sobre O Fantasma do General Custer.
    Darci

    ResponderExcluir
  12. LeMarc
    Filmes de cavalaria são quase sempre fascinantes, John Ford que amava a Cavalaria que o diga. Já os dele, os da Trilogia e Marcha de heróis são belíssimos. Legião Invencível é um dos mais bonitos westerns já realizados com aquela fotografia de Winton C. Hoch que mais parecem telas de Frederic Remington.
    Darci

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Darci, concordo que há sim filmes de cavalaria muito bons, sobretudo os de John Ford, que têm realmente fotografia estupenda. Gosto muito de Fort Apache, por exemplo, e de toda a trilogia. Mas tenho (já devo ter dito) predileção por filmes como Winchester 73, The Bravados, estilo exército de um homem só. Mas, sendo western, dificilmente eu não gosto de um filme pra valer.

      Abraço!

      Lemarc

      Excluir
    2. Darci, concordo que há sim filmes de cavalaria muito bons, sobretudo os de John Ford, que têm realmente fotografia estupenda. Gosto muito de Fort Apache, por exemplo, e de toda a trilogia. Mas tenho (já devo ter dito) predileção por filmes como Winchester 73, The Bravados, estilo exército de um homem só. Mas, sendo western, dificilmente eu não gosto de um filme pra valer.

      Abraço!

      Lemarc

      Excluir
  13. Jurandir
    Parece que você não gosta nada do Errol Flynn. Mas de uma chance a ele e assista O Intrépido General Custer. Como dizíamos quando crianças: um filmaço. E tem ainda Um Punhado de Bravos (Objective, Burma!). E não vamos nem falar dos capa-e-espadas... Flynn foi dos grandes.
    Darci

    ResponderExcluir
  14. Olá Darci
    Realmente, concordo contigo quanto ao fascínio que os filmes de cavalaria nos causam. O inolvidável mestre John Ford nos legou a maravilhosa trilogia sobre o tema e também majestosamente nos mostrou a cavalaria em Marcha de Heróis que você citou e que é meu filme favorito. Ford amava tanto a cavalaria, o valor da coragem, da galhardia dos soldados que em todos os filmes que os representou, os fez com genialidade.
    Não sei se você já abordou aqui no site, mas fica minha sugestão para dois ótimos filmes fordianos sobre o tema: Audazes e Malditos (focalizando os soldados búfalo) e sua bela despedida dos westerns: Crepúsculo de uma Raça.
    Abraços

    ResponderExcluir
  15. Rodrigo
    Ainda que não abordando a vida na caserna como na imortal Trilogia da Cavalaria, Ford revisitou seu amado Exército nos três outros filmes que você citou, todos merecedores, sem dúvida, de uma revisão. Mas antes há que se falar dos memoráveis Sangue de Heróis, Legião Invencível e Rio Grande. Boa sugestão a sua.
    Darci

    ResponderExcluir
  16. Darci
    A trilogia fordiana sobre a cavalaria é de obrigatória revisão, pois foi a que melhor nos apresentou os soldados em sua vida cotidiana, com seus dramas e suas esperanças, seus vícios e suas virtudes. Como estudante de História, considero de grande importância a releitura da obra do grande diretor de Rastros de Ódio, justamente por sua visão acerca da formação da sociedade norte-americana e pela seriedade com que sempre abordou essa temática. Ford será sempre lembrado como o homem que transpôs para a tela as agruras da construção dessa sociedade e que melhor nos transmitiu esse aspecto da história da colonização do oeste.
    Pretendo me servir da obra imortal de John Ford na sala de aula.
    E por falar em Rastros de Ódio, acabei de rever essa jóia pela enésima vez e ainda continuo me emocionando até às lágrimas na cena em que Ethan Edwards (John Wayne) persegue sua sobrinha Debby (Natalie Wood)e a toma nos braços para levá-la de volta para casa. Que final espetacular! Ford devia estar em estado de graça ao criar aquela última cena em que um John Wayne solitário vira as costas e sai deixando sua sobrinha num lar seguro representado pela porta que se fecha.
    Abraços

    ResponderExcluir
  17. Ivan
    Revi com mais cuidado o primoroso episódio de O Túnel do Tempo intitulado Massacre. Não consegui identificar as cenas a que você se referiu, mas como o Túnel era da Fox, isso pode ajudar a descobrir.
    Darci

    ResponderExcluir
  18. Rodrigo
    Você é uma pessoa com grande controle emocional. Aqui em casa dá o nó na garganta quando a porta se abre ao som de Lorena com Martha avistando Ethan. Vão chegando Lucy, Debbie, Ben, o cachorro, Aaron e as inevitáveis lágrimas de emoção. Haja lenço...
    Darci

    ResponderExcluir
  19. Realmente Darci, é uma cena tocante a que citou. Nesse filme, John Ford fez rir, chorar e até mesmo sentir arrepios. A cena em que a família de Aaron se prepara para o ataque índio e que a pequena Debby, escondida junto ao cemitério, se vê envolta pela sombra do comanche Scar é de dar nos nervos. À propósito, essa página da história do western, o rapto de mulheres brancas pelos índios, foi belamente revisitada por Ford também em Terra Bruta, outro filme que me emociona, especialmente, quando o jovem índio está sendo levado pelos colonos para ser enforcado e ouve o som da caixinha de músicas, lembrando de seu passado como branco, sepultado após tantos anos convivendo entre os peles-vermelhas. Ford sabia mexer com as emoções.

    ResponderExcluir
  20. Darci;

    Não se trata nem de não gostar do Errol Flinn, que já nos deu bastante alegrias com seus filmes de aventura.

    O que não aprovei nele foi sua atitude para com o diretor que lhe deu tudo o que tinha na vida, já que Flinn fez com Michael Curtiz não menos de dez filmes, pondo-lhe no alto do patamar artistico, de fama e lhe enchendo os bolsos para fazer suas eméritas farras.
    Flinn foi ingrato com ele e isso não tem desculpas. Isso por mais, insisto, que o Curtiz tenha tido de defeitos.

    Para completar falei a verdade dizendo que ele não tem lá estas bagagens toda como profissional da arte. Ele é limitado como ator. Algo mais ou menos como um Randy, que amavamos, mas que o sabiamos também sem muito talento como ator.

    Mas que me diverti muito com ambos, isso é verdade.
    jurandir_lima@bol.com.br

    ResponderExcluir
  21. Jurandir
    O conjunto da obra de Michael Curtiz não permite discutir sua qualidade como diretor, mas será que Capitão Blood, Robin Hood e outros seriam tão bons com outro ator? Compare Errol Flynn com outros Robin Hoods do cinema...
    A vida particular de Errol Flynn não fez dele um ator melhor ou pior e o dinheiro que ele ganhou foi pouco perto dos salários dos astros da atualidade. Corrigido pela inflação Errol Flynn ganharia hoje por volta de um milhão e meio de dólares. Johnny Depp ganha 35 milhões cada vez que se veste de pirata do caribe; Angelina Jolie não trabalha por menos de 20 milhões por filme...
    Darci

    ResponderExcluir
  22. Darci;

    Não dá para comparar NADA daqueles tempos com os de hoje.
    Se o Flinn, que nos divertiu muito e que foi, realmente, o melhor pirata, o mais espetacular Hood, o melhor espacachim, etc, ganhava o que ganhava, de qualquer modo tudo era muito mais barato, ou seja, tudo é proporcional em termos de valores.

    O que ele ganhava na época, era sim, "muita grana" PARA A ÉPOCA. Entende onde quero chegar? E não adianta traduzir para hoje o que ele ganhava. Não vale, não tem sentido. Tudo era diferente e muito diferente.
    Hoje, Deep ganha 35 milhos para fazer um filme. Mas, veja quanto ele paga de imposto (sei que naquele tempo tb se pagava impostos), veja quanto custa uma casa, quando vale uma passagem de avião, veja valor de um carro,etc.
    Por isso digo que não tem comparações. Os tempos são diferentes e tudo é paralelo a cada época!

    Hoje um filme de Deep tem, digamos como exemplo, um bilhão de ingressos comprados (bilheiteria). Na época de Flinn era 1 milhão. Isso sem falar nos valores de cada ingresso.
    E não vale tradurzir tais valores para os de hoje.

    Ou seja; a proporcionalidade existe e não podemos compara-la.
    Veja que, em 1954, Gary Cooper ganhava 350 mil dólares para estrelar um filme. O Randy, deveria ser mais ou menos por aí, embora ache que recebia menos que o Gary.

    Entretanto, o Randy era um homem riquissimo. O Cooper tinha uma vida abastarda. Então com o Flinn não poderia ser dirente.

    Entretanto, toda esta conversa nossa não atinge o meu ponto de vista principal, que foi achar o Errol Flinn ingrato com o Diretor que mais lhe deu oportunidades no inicio de carreira e que tudo o que ele, Flinn, era, devia, quase que somente, ao Curtiz.

    E por isso que afirmo que ele foi ingrato, como o Arness foi com o Duke, entendeu? É que detesto injustiças. E o Flinn, já no auge do sucesso (e sucesso dado pelo diretor Curtiz), faz com ele uma sacanagem daquela. Isso é que me doi e me levou a fazer os comentários.

    O ato do sujeito foi inaceitavel, desonesto, desumano e ingrato no máximo teor desta palavra.

    Não discuti as alegria e os filmes gostosos do Flinn. Apenas disse sobre ele que o mesmo não era mais ator que um Randy, que era meio freaquinho de talento e, nem por nada disso o deixamos de amar e ver seus filmes.

    Foi isso que desejei expressar; a ingratidão e o "não poder" do Flinn de se achar tanto, já que sempre foi muito limitado como ator. E ainda assim o Curtiz o segurou. Fez ENES filmes com ele. Mesmo, claro, sendo o Flinn adorado pelo publico e seus filmes renderem muito.

    Abraço, caro compánheiro. E fique à vontade para ter a liberdade de me por resposta, embora isto seja o delicioso pois, trocar comentários é nosso tema e um momento muito salutar.
    jurandir_lima@bol.com.br

    ResponderExcluir
  23. Jurandir
    É bastante difícil fazer comparações de valores em épocas diferentes, mas a correção da inflação ainda me parece o mais eficiente. Nem mesmo o número de ingressos vendidos é um bom parâmetro pois se as salas de exibição antigamente eram maiores, hoje a população é muito maior. Uma coisa me parece certa: tem muita gente ganhando milhões sem fazer por merecê-los, algo meio assim como jogadores de futebol. Gerson Nunes de Oliveira, o canhotinha, tem que trabalhar para viver; Ademir da Guia é um homem pobre. E você vê um Adriano ganhar 500 mil reais por mês para enganar todo mundo... James Dean fez três filmes e até hoje é uma lenda. Pergunto a você, quantos desses novos atores campeões de bilheteria deixaram marca tão forte quanto Dean, Bogart, Brando e outros? Marlon Brando pelo menos foi o pioneiro em fazer valer seu talento recebendo cheques com mais de seis zeros.
    Randolph Scott nunca esteve na lista dos atores mais bem pagos, até porque fazia filmes de pequeno orçamento muitos dos quais produzidos pela sua própria companhia. Ficou milionário porque teve mais juizo e soube investir o que ganhava como ator e mais especialmente como produtor. Além disso teve uma só mulher e eram elas, as ex-esposas ou amantes que consumiam muito do que os ídolos ganhavam. Errol Flynn foi o homem que mais ganhou dinheiro nos Estados Unidos em 1942 e com a mesma facilidade que ganhava gastava...
    Darci

    ResponderExcluir
  24. Darci;

    É verdade, amigo. E verdade.

    Principalmente quando tocas no assunto futebol.
    Chega a ser uma falta de respeito, principalmente para com o humilde e necessitado povo brasileiro, tudo o que acontece.
    Nem quero me espalhar em falar neste assunto e em mais outros, porque senão eu irei falar até o dia amanhecer.

    E tudo o que diria seria verdade, independente de a quem me referisse e a quem ferisse por todo este descalabro que permeia nossa patria.

    Assim, é melhor ficar por aqui, mesmo deixando meu desprezo por tais acontecimentos.
    E tudo isso dentro de um país onde o que mais rola são desigualdades, desonestidades, mentiras, os põem as mãos no que não lhe pertence e onde quem estaria aqui para nos defender é de quem mais devemos temer. Olha Darci...
    ...Agora chega. Deixa para lá. Vamos voltar a falar de westerns. Grande abraço
    jurandir_lima@bol.com.br

    ResponderExcluir
  25. Darci, bem que estranhei não ver referência a "Sangue de Heróis" nessa matéria. O motivo era você já tê-lo citado na outra. Deveria ter imaginado que você, rápido no gatilho, não cometeria esse lapso.
    Não li o texto "O Fantasma do General Custer" pois pretendo rever esses dias o filme do Randolph Scott que assisti apenas quando criança. E prefiro, sempre que possível, assistir ao filme primeiro e ler sobre ele depois.

    Edson Paiva

    ResponderExcluir
  26. Edson, apesar das companhias de duvidosas ideologias como Wayne, Bond e outros amigos e de suas atitudes ásperas, John Ford me parece que era no fundo era um homem de sensibilidade não só artística mas também política. Seria interessante poder ver os filmes anteriores a Forte Apache (Sangue de Heróis) que demonstraram uma visão diferente daquela como o cinema sempre via os índios. Entre outros aspectos, esse é um dos que fazem Sangue de Heróis ser um western tão impostante.
    Darci

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Darci, de certa forma ainda bem que o "politicamente correto" demorou a chegar a Hollywood. Porque se os filmes fossem sempre sérios e comprometidos com a verdade histórica seriam muito aborrecidos, não acha? Não só no caso do General Custer mas também de outros "mocinhos" como Jesse James ou Billy the Kid, para citar alguns dos mais famosos, sempre foi bacana ver suas aventuras fantasiosas na tela.
      Vou dar um exemplo mais radical. Os filmes de Tarzan jamais existiriam se fossem realizados segundo os padrões atuais de consciência e respeito às diferenças étnicas. E aqueles antigos filmes e séries de aventura que retratavam os povos coloniais, africanos, árabes ou asiáticos, como inferiores diante do império britânico mas que davam ótimas aventuras?
      Voltando ao western, me divirto ainda hoje vendo bandos de índios caindo do cavalo diante dos rifles de John Waine, George Montgomery ou Audie Murphy.
      Politicamente incorreto? Parafraseando de forma bem humorada o pilantra do Rett Butler "Frankly, my friend, I don't give a damn".

      Edson Paiva

      Excluir
  27. Edson
    É sempre bom nos depararmos com a verdade dos fatos, mas quando o assunto é cinema, e cinema é uma das melhores formas de entretenimento, fica mesmo aquela tristeza ao vermos que a lenda foi impressa na tipografia e depois revista em tempos digitais. Se você que é jovem vê o politicamente correto com certa desilusão, imagine quem brincou de mocinho querendo ser Jesse James, Billy the Kid e, claro, o Custer de Errol Flynn. Hoje sabemos que éramos todos alienados pela cultura norte-americana, mas era bom demais. Conhecer a verdade dos fatos pode nos fazer até mais inteligentes, mas que dá uma baita depressão, isso dá.
    Estamos falando de westerns, mas poderíamos falar também dos musicais. A alegria de Cantando na Chuva, Um Dia em Nova York e os passos mágicos de Fred Astaire acabaram dando lugar à realidade de Amor Sublime Amor, Cabaret e O Show Deve Continuar, todos maravilhosamente tristes.
    Pouco vejo de cinema moderno, mas me parece que predomina o escapismo com Piratas do Caribe, Vingadores, etc., forma única de fechar os olhos para o mundo atual.
    Escrevi estas linhas fechando o texto sobre O Intrépido General Custer: Hoje, mais de 60 anos após aquele período, pode-se afirmar que ao desmistificar o Velho Oeste o cinema ajudou a precipitar o fim desse gênero outrora tão querido. E percebe-se que se é ruim conviver com a irrealidade dos fatos, pior ainda é ver o cinema privado de filmes como O Intrépido General Custer.
    Acho que é mais ou menos isso e a frase do cínico Rhett Buttler, de fato, faz muito sentido...
    Darci

    ResponderExcluir
  28. Não tem como discordar, Darci. Você lembrou bem que até os musicais passaram por isso. Claro que é muito bom ver um filme desmistificador, que trate seriamente um tema, que respeite a inteligência do espectador e os fatos históricos e que após a sessão saiamos com aquela sensação de ter participado de um lauto banquete e estarmos saciados. Racional ou intelectualmente podemos nos sentir muito bem. Mas esses filmes nunca são por nós revisitados (pelo menos nao por mim) com a mesma frequência que aqueles mais descompromissados, que nos trazem apenas aventura e diversão.
    Mas após as transformações políticas, culturais e sociais dos anos 60, aprofundadas na década seguinte, ficou muito difícil o cinema manter a ingenuidade e a leveza. E o western como gênero cinematográfico certamente foi a maior vítima dessas mudanças.
    Mas se formos pesar tudo na balança não podemos reclamar pois hoje temos filmes das duas fases. Se mantivermos o olhar juvenil e entendermos que determinados filmes são frutos de sua época podemos nos divertir sem nos sentirmos incomodados.

    Edson Paiva

    ResponderExcluir
  29. Edson, o politicamente correto é uma chatice! Concordo.
    Mas me pareceu que tratas quase como sinônimos, coisas diferentes.
    "Um bando de índios caindo do cavalo diante dos rifles..." não é uma verdade histórica?
    Existem filmes aborrecidos, com ou sem compromissos históricos.
    Preso a veracidade, estão os documentários. A boa arte é a mentira que não mente. Julgue-se sua unidade interna, mas identificar aspectos ideológicos ou falsidades históricas em um filme, e isto eventualmente me desagradar, não tem nada a ver com o politicamente correto. Aliás, numa atitude típica dos "corretos", tentaram recentemente modificar textos "racistas" do Monteiro Lobato ou proibi-los nas bibliotecas das escolas públicas.
    Foi para isso que se lutou tanto contra o fim da censura no Brasil?
    Um abraço.

    ResponderExcluir
  30. Ivan, concordo com suas palavras. Talvez eu não tenha me expressado de forma precisa. Também me chateio com certas mentiras ou falsidades históricas. Tanto à direita quanto, principalmente, à esquerda.
    Mas o que quis dizer com a frase que você destacou é que ver brancos trucidando índios de forma heróica como se esses fossem os vilões não me incomoda de forma alguma. Consigo separar as coisas e levar aquilo apenas pelo lado da aventura e da diversão numa boa.
    Sobre o politicamente correto não me referia ao nosso olhar como críticos e sim à produção dos filmes. Gostaria que hoje houvesse filmes como antigamente. Que não tivessem excessivo respeito por determinada idéia ou posicionamento político com receio de desagradar certos grupos influentes.
    Nos irritarmos com erros e trapaças históricas é absolutamente natural e concordo com você que isso não nos torna "politicamente corretos".
    Já os produtores, roteiristas e diretores abrirem mão de uma bela diversão para fazer discurso didático sobre isso ou aquilo já me aborrece.
    Que existam filmes de todos os tipos e posicionamentos e que deixem a mim julgá-los como minha sensibilidade, ou sua ausência, permitir.
    Não sei se estou me expressando bem. Quero ser eu a fazer a censura e não os artistas, compreende?

    O caso da tentativa de censurar os livros do Monteiro Lobato é um absurdo sem tamanho. Estão tentando fazer o mesmo até com o Dicionário Houaiss, eliminando deste palavras e significados que possam parecer desrespeitosos a grupos étnicos.
    Tempos estranhos, meu caro. Tempos estranhos.

    Edson Paiva

    ResponderExcluir
  31. Edson, gostei dessa nossa conversa. Não sei se entendi o "principalmente, à esquerda", apenas.
    Penso que foi um físico, Niels Bohr, quem matou a charada: O contrário de uma asserção verdadeira é uma asserção falsa, mas o contrário de uma verdade profunda pode ser outra verdade profunda. No campo das ciências humanas, tal pensamento é igualmente importante, no mínimo abandonamos a prepotência.
    Já que toquei no assunto Lobato, discordo do "politicamente correto", mas sou favorável as cotas nas universidades, por exemplo.
    Edson, acho que todos os tempos foram e serão estranhos. Afinal, o ser humano também o é.
    Foi com prazer que li teus elogios a Silverado, filme que gosto muito.
    Um abraço.

    ResponderExcluir
  32. Ivan, é muito bom termos esse espaço para trocarmos idéias sobre nosso filmes e às vezes irmos um pouco além. O "principalmente à esquerda" faz parte de minhas convicções pessoais. No meu entender ideologias de esquerda falsificam mais os fatos do que qualquer outra. E Hollywood poderia ser dividida em "de direita" até o fim dos anos 50 e "de esquerda" de meados dos 60 em diante.

    Sobre as cotas sou radicalmente contra e penso que o STF cometeu uma tremenda injustiça. Nunca irei entender que um branco pobre perca uma vaga na universidade para um negro também pobre. E pelas cotas aprovadas um branco pobre pode perder até mesmo para um negro de classe média. Um absurdo!

    Trabalho em escola pública em uma região pobre no norte/noroeste do estado do Rio de Janeiro e negros e brancos estudam nas mesmas salas, com os mesmos professores. Moram nos mesmos bairros e ruas com pais trabalhando nas mesmas profissões e fábricas ou lojas. Aqui a miscigenação é fortíssima e casamentos inter-raciais são comuns.
    Me parece um desrespeito com pobres e negros permitir que um grupo possa tirar a vaga de outro baseado na cor da pele ou acreditar que um deles não tenha competência para alcançar tais vagas com méritos próprios.
    A política de cotas me parece racista ao extremo como se dissesse ao negro que ele precisa de apoio ou vantagens extras para alcançar o que pretende. Como se fosse inferior ao branco. Tenho amigos negros que se sentem desrespeitados

    E os brancos de hoje não têm nenhuma responsabilidade no que os brancos de 100 ou 200 anos atrás fizeram. Se fôssemos pensar que têm teríamos que abandonar o território brasileiro e devolver suas terras aos índios remanescentes.

    A verdade é que não se faz justiça cometendo injustiças. Sem contar que classificar alguém de negro ou pardo no Brasil é dificílimo e tenho medo da criação de tribunais raciais, com critérios subjetivos, dividindo a sociedade e o direito das pessoas conseguirem suas vagas de acordo com sua capacidade e mérito. Aliás, antes dessa lei isso já estava acontecendo em algumas universidades.
    A questão é complexa, Ivan. E não tenho dúvida que nesse caso das cotas o politicamente correto é que está dando as cartas. Mas aqui também não é o espaço para esse papo, certo?

    "Silverado" é um filme muito prazeroso. Nesse particular nunca discordaremos, amigo.
    Um abraço,
    Edson Paiva

    ResponderExcluir
  33. Edson, o direitista Ford encontrou uma vaguinha na carruagem para uma prostituta. Sem cotas, afinal ela era branca. Aposto que em 1939 muita gente não gostou.
    Relatas brancos e negros dividindo tua sala de aula, mas quando veremos isso na universidade?
    Pobres em geral precisam do Estado. Já existe cotas para estudantes da escola pública.
    Já que citaste amigos negros que são contra, vou citar um branco(inimigo nosso?) que também é contra: Demóstenes Torres.
    Onde vamos reparar os erros do passado, no cemitério?
    Edson, discordamos profundamente neste assunto onde aqui não é o espaço. A admiração por este blog, pelo trabalho do Darci, Silverado e tantos outros faroestes nos une.
    Um abraço ao amigo deste "principalmente à esquerda",
    Ivan

    ResponderExcluir
  34. Ivan, não há lei alguma que impeça um negro de entrar na universidade no Brasil. Os meus alunos negros entram lá facilmente. Basta que eles estudem e tirem nota melhores que os seus colegas brancos de sala. Só isso.
    Nada os impede a não ser o esforço pessoal.
    Se houvesse alguma lei que lhes tirassem esse direito eu concordaria com as cotas. Nos EUA as cotas foram necessárias porque havia tais impedimentos NA LEI.

    As faculdades devem receber os que alcançarem as notas melhores obtidas por esforço próprio sejam eles brancos ou negros. Se tiver que fazer cotas que seja única e exclusivamente por questões sociais. Ou seja, os mais pobres ou estudantes de escolas públicas seriam por elas contempladas.

    Não acredito que temos que reparar erros do passado. Devemos é fazer o possível e p impossível para que novas injustiças não sejam cometidas AGORA.
    Eu não tenho culpa alguma pelo que meus antepassados fizeram um dia. Assim como um filho não tem culpa pelos atos de seu pai. No caso específico que debatemos muito menos ainda os brancos pobres de hoje pelo que brancos ricos do passado fizeram. Os negros que aqui foram explorados como escravos já não existem. Os negros que vivem agora têm todas as chances à sua disposição. Basta lutar por elas. Não podem conseguir vagas ás custas de seus irmãos brancos, tão pobres quanto eles e que também as merecem.
    Como disse antes, injustiças passadas não podem ser reparadas com injustiças no presente.

    Não concordo com sua citação do Demóstenes. Quando citei negros contra as cotas não quis com isso invalidar sua defesa. Citei amigos negros que se acham ofendidos pelo fato do Estado achar que eles não conseguem seus objetivos por mérito próprio como se os considerassem inferiores ou incapazes.

    Sobre o Demóstenes, os atos corruptos e reprováveis dele não invalidam as ideias contrárias às cotas apenas por ele ser seu defensor. Ele é desonesto e corrupto não por ser de direita ou liberal e sim porque sua personalidade assim o é. É algo pessoal. Com seus atos ele traiu as idéias que defendia. Elas não perdem o valor apenas por ele não as seguir intimamente e ser um hipócrita farsante que, espero, mofe na cadeia.
    Uma idéia é boa ou ruim por sua lógica interna e por sua conexão com os fatos, a justiça e a realidade. Não porque "a" ou b" as defende ou critica.
    Eu poderia apelar e citar, para combater sua referência ao Demóstenes, o mensaleiro José Dirceu. Ele é favorável às cotas. Então elas são ruins pelo fato de Zé Dirceu ser o que é? Ambos sabemos que não é por aí, certo?

    No mais, peço desculpas aos demais companheiros por ter me alongado num tema "off topic". Ivan, se quiser podemos voltar a essa discussão num outro espaço. Fique a vontade, meu caro.
    Um abraço,
    Edson

    ResponderExcluir
  35. Edson, lembraste: "Os negros que aqui foram explorados como escravos já não existem mais." Os efeitos históricos da escravidão sumiram com eles?
    Se nos EUA havia impedimentos NA LEI, acabe-se A LEI. Lá, como aqui, tu dirias "eu não tenho culpa com que meus antepassados fizeram", sem A LEI, "basta que estudem".
    Citaste amigos que repetem o que tu pensas por quê? Pela "lógica interna" e pela "conexão com os fatos"? Não, porque eles são negros. Não concordei com essa citação. Pareceu-me apelativa e na linha do politicamente correto.
    Errei, pensava que o Zé Dirceu não tinha mais uma ideia boa.
    Existem os que defendem a igualdade jurídica dos cidadãos. Outros não aceitam a igualdade perante as leis entre cidadãos desiguais e procuram minorar essas desigualdades com novos direitos.
    Edson, tenho amigos que concordam contigo.

    ResponderExcluir