Dentre os sócios do CAW – Clube Amigos do Western (confraria de apaixonados por faroestes fundada pelo Dr. Aulo Barretti), há um que se destaca dos demais. Ele tem o porte de Gary Cooper, embora seu mocinho preferido seja Randolph Scott. Mas o que o faz diferente dos demais ‘cowboys’ da confraria é um aspecto muito nobre da sua personalidade: a sua generosidade. Mal conhecia esse sócio do CAW quando ele ficou sabendo que eu iria escrever um artigo sobre John Ford na revista “Fancine”, artigo comemorativo ao centenário de nascimento do Mestre das Pradarias. O ano era 1995. Perguntou-me ele se eu precisava de algum livro sobre o diretor de “No Tempo das Diligências”. Respondi que eu possuía um único livro sobre John Ford. No sábado seguinte aquele sócio magro, alto (naquele tempo ele usava os cabelos brancos compridos lembrando o General Custer) me entregou quatro livros importados sobre John Ford, todos do seu acervo pessoal, avisando para eu não ter pressa... Se a matéria da “Fancine” ficou boa foi graças aos livros que muito ajudaram. Esse sócio tão prestativo é Dionísio Nomellini Neto, de quem fiquei amigo e irrestrito admirador.
Dionísio parecia saber quase tudo sobre cinema, fosse qual fosse o gênero de filmes, música, filme noir, aventura, comédia e especialmente faroestes. Passei a abusar da amizade do Dionísio que me emprestou dezenas de VHS com filmes de Audie Murphy, Randolph Scott e outros mocinhos da tela. Certo dia Dionísio ficou sabendo que eu era fã do gibizinho “O Pequeno Sheriff” e me perguntou se eu tinha muitos exemplares. Eu disse a ele que possuía apenas a 2.ª série quase completa e alguns poucos números da 1.ª série, iniciada em 1950. Dionísio nada comentou, como é seu estilo a la Gary Cooper, mas no sábado seguinte me entregou um pacote bem embrulhado e disse simplesmente: “Aqui estão todos os 167 números da 1.ª série de ‘O Pequeno Sheriff’. Pode ler e fazer cópias à vontade. Depois você faz uma relação dos números que você não tem da 2.ª série.” Claro que mandei copiar toda a coleção, com capas em cores. E depois completei a 2.ª série, realizando um sonho de quase 50 anos que era ter a coleção completa do meu gibi preferido. Graças ao coração de ouro daquele cowboy.
Dionísio parecia ter tudo que um saudosista como eu gostaria de ter. Coleções de gibis, com os respectivos almanaques, Cinelândias, Filmelândias, Cinemins, revistas norte-americanas sobre cinema e profusão de fotos. Sem hesitar ele me emprestou diversos números da hoje extinta e raríssima revista “Then and Now” que mostrava nossos ídolos no passado e como eles ficaram depois. Pode ser que Dionísio não possua o maior acervo pessoal do Brasil, mas nenhum outro colecionador é tão generoso e promove a amizade através do intercâmbio e da confiança nos amigos como ele. E sem dúvida, uma pessoa com um acervo sobre cinema como o de Dionísio faz com que sua opinião seja ainda mais respeitada. Por essa razão CINEWESTERNMANIA publica hoje os Top-Ten Westerns de Dionísio Nomellini Neto, o Cowboy Generoso.
1.º) No tempo das Diligências (Stagecoach), 1939 – John Ford
2.º) O Matador (The Gunfighter), 1950 – Henry King
3.º) Matar ou Morrer (High Noon), 1952 – Fred Zinnemann
4.º) O Último Pistoleiro (The Shootist), 1976 – Don Siegel
5.º) Nevada Smith (Nevada Smith), 1966 – Henry Hathaway
6.º) Pistoleiros do Entardecer (Ride the High Country), 1962 – Sam Peckinpah
7.º) Rastros de Ódio (The Searchers), 1956 – John Ford
8.º) Os Brutos Também Amam (Shane), 1953 – George Stevens
9.º) Meu Ódio Será sua Herança (The Wild Bunch), Sam Peckinpah
10.º) Terra do Inferno (The Bounty Hunter), 1954 – André De Toth
Uma homenagem acima de merecida, caro Darci. Um amigo como este, a quem reverte uma amizade sincera que deste recebe, já fazia jus, ha muito tempo, de um espaço deste.
ResponderExcluirE recorde-se; é uma amizade de quase 2 décadas e que permanece fiel, sincera, ativa.
Tenho amigos como este e sei o valor que ponho neles. Este deve ser daqueles que; precisou dele, la está o bendito de pé, ereto, resplandescentemente disposto a lhe estender a mão para a ajuda ao desaparecimento do problema que o aflige.
Deus o abençoe, Dionisio, por seres o homem que es, pois acho que, neste mundo de pessoas tão indiferente aos irmãos humanos, todos deveriam ser como ti, sempre disposto a olhar para o semelhante como se estivesse olhando para si próprio.
jurandir_lima@bol.com.br
Adorei o post, aprendi a ler revistas em quadrinhos (ou gibis) justamente com a vasta coleção de meu pai, alem de aprender a gostar de ler livros e a gostar de cinema. Um abraço e obrigado pela generosa dedicatória ao meu velho.
ResponderExcluirFernando.
Olá, Fernando. Lembro de você com seus 13 ou 14 anos indo ao CAW na companhia de seu pai. O que falei do Dionísio foi pouco e a minha gratidão pelo grande amigo é eterna. O apreço não tem preço, como disse o poeta. Assim como não tem preço ter tido a sorte de desfrutar da amizade de seu pai. Um grande abraço do Darci.
ResponderExcluirsem duvidas dionisio neto um apaixonado por filmes de western e tambem um grande pesquisador da historia do cinema notadamente os aplausivos westerns de allan ladd henry ford jhonn wayne. os filmes exibidos no clube do western nos tras a doce nostalgia de um passado que se foi deixando rastros de saudades abraços edgar socio do clube do western.
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