O ano de 1950 foi um dos melhores para o Western. Foi o ano de “O Matador”, “Winchester 73”, “Flechas de Fogo” e de dois belos filmes de John Ford que foram “Rio Grande” e “Caravana de Bravos”. Porém um dos westerns que mais atraiu o público em 1950 foi “Calibre 45” (Colt .45), com Randolph Scott, dirigido por Edwin L. Maris. Estranho, não? Parece estranho mas não é pois “Calibre 45” foi filmado em brilhante Technicolor, tendo como cenário o Iverson Ranch, em Los Angeles e muita, mas muita ação em seus 74 minutos de duração. Assim como a quina de westerns citadas acima formam uma grande lição para quem quiser se iniciar no gênero, “Calibre 45” é também uma verdadeira aula de como se fazer um western cujo compromisso é apenas a diversão. E uma aula com todos os clichês do gênero, não faltando nem mesmo uma dança de guerra dos índios em volta da fogueira ao som dos tambores.
COLTS NAS MÃOS ERRADAS - Com roteiro de Thomas W.Blackburn, “Calibre 45” conta a história do comerciante de armas Steve Farrell (Randolph Scott) que está de posse de um par dos recém-lançados Colt .45, capazes de disparar seis tiros em sequência, um verdadeiro assombro no ano de 1851. Os Colts de Farrell acabam nas mãos do bandido Jason Brett (Zachary Scott) que com essas poderosas armas escapa da cadeia, pratica inúmeros crimes de morte, assaltos e afinal torna-se o dono de Bonanza City. Como Harris (Alan Hale), o xerife da cidade, é aliado de Jason Brett, quem ajuda Farrell a fazer prevalecer a ordem e a justiça são os índios chefiados por Walking Bear (Chief Thundercloud). A história termina com Farrell recuperando seus Colts .45 e ainda ficando com Beth Donovan (Ruth Roman), a viúva do bandido Paul Donovan (Lloyd Bridges).
DUPLA DE BANDIDOS CARE-TEIROS - Está certo que “Calibre 45” foi uma produção modesta, dirigida pelo inexpressivo Edwin L. Marin, mas as interpretações de Zachary Scott e Lloyd Bridges são um total non-sense, ambos disputando quem consegue ser mais histriônico. Scott até que começou bem no cinema interpretando personagens em diversos dramas noir como “Almas em Suplício” e “O Insaciável”, depois de estrear no cinema como protagonista de “A Máscara de Dimitrios”. Sua carreira logo declinou e ele acabou em filmes de menor importância como este “Calibre 45”. Lloyd Bridges, por sua vez, bem cedo demonstrou que era um bem acabado canastrão. Ficou famoso após atuar em “Matar ou Morrer”, continuou famoso com a série de TV “Aventura Submarina” e até provocou algumas risadas com as comédias-besteirol “Apertem os Cintos” e “Top-Gang”. Mas sua maior contribuição para o cinema foi mesmo seu filho ator Jeff Bridges. Nem mesmo nos westerns das pobres PRC ou Monogram seriam aceitas interpretações tão como as dessa dupla em “Calibre 45”, carregadas de sarcasmo. Zachary Scott fazendo cara de mau arqueando a sobrancelha é de morrer de rir. E a dupla quase contamina Ruth Roman que por momentos entra também na clara brincadeira de Lloyd Bridges e Zachary Scott. O índio Chief Thundercloud perto dos dois parece um Laurence Olivier. Como era de se esperar Randolph Scott segura o filme com seu carisma e categoria como homem do Oeste. No elenco estão ainda Ian MacDonald (o Frank Miller de “Matar ou Morrer”) e Walter Coy, (o Aron Edwards de “Rastros de Ódio”).
RANDY SCOTT EM GRANDE FORMA - “Calibre 45” é agradável de ser visto mesmo com todos os defeitos que possui. Defeitos de atores irresponsáveis e de erros históricos. Os primeiros Colts .45 foram os Colts Army Single-Action que seriam fabricados a partir de 1871 e não no ano de 1951 que é quando transcorre a ação do filme. Samuel Colt deve ter se revirado em seu túmulo assistindo a esse western que pretendia lembrar a revolucionária arma que foi o Colt .45. Não levando a sério essa questão de datas, ou os ferimentos quase mortais que ocorrem no filme e que saram misteriosamente e sendo assistido sem maior rigor, “Calibre 45” justifica o sucesso que fez pois o que não falta é ação e da melhor qualidade, com Randolph Scott em grande forma, todo de preto e disparando dois espetaculares Colts .45. Por falar neles, o impagável Zachary Scott usa o outro par de Colts .45 cujas cartucheiras mais parecem alforjes. Completando seu traje de bandido Zachary escolheu um cinturão tão fashion que deve ter sido comprado em alguma loja de Rodeo Drive. É assistir e rir à vontade com Zazhary Scott e Lloyd Bridges.
A quadrilha de malfeitores: Walter Coy, Zachary Scott, Ian MacDonald e Lloyd Bridges (acima); ao lado Chief Thundercloud; Zachary Scott exibe seu cinto; Randolph Scott e Ruth Roman; Zachary e Lloyd |
Como está distante o dia em que vi a esta fita. Levo poucas lembranças dela, mas recordo muito bem que foi ela, praticamente, que me levou a ser fá e não perder filmes com Randy Scott. De resto, não recordo mais nada. Nem mesmo do canastrão Bridges ou do Zachary. Lembro sim, de muita ação, muitos tiros e brigas. Mas valeu. Foi este tipo de aventura, este genero de fita que me arrastou a ser um cinemaniaco em faroestes.
ResponderExcluirjurandir_lima@bol.com.br