8 de abril de 2011

WESTERNS BIZARROS: ROY ORBISON E A GUITARRA MAIS RÁPIDA DO OESTE


A banda U2 está (mais uma vez...) no Brasil. Cada vez que vejo Bono Vox, o líder da banda, lembro de Roy Orbison. Primeiro porque Bono sempre usou óculos escuros, a la Roy Orbison. Depois porque certa ocasião, referindo-se a Roy Orbison, o cantor Bono disse, em forma de reverência, que “se Deus tivesse uma voz, essa voz seria a voz de Roy Orbison”. De fato, Roy Orbison foi um extraordinário cantor e não sem razão admirado por Bob Dylan, os quatro Beatles, Bruce Springsteen, Bee Gees, o próprio Bono e uma legião de outros artistas.

Roy Orbison fez enorme sucesso como cantor no final dos anos 50 e na década de 60, o que inevitavelmente o levou ao cinema. É uma antiga prática de Hollywood aproveitar o sucesso de cantores para faturar com produções cinematográficas e Orbison não escapou do oportunismo de Sam Katzman, um dos mais prolixos produtores norte-americanos. Katzman merece um livro falando só dele e da incrível variedade de suas produções. A idéia de Sam Katzman era produzir um western em que o herói usava sua guitarra não só para cantar, mas também para disparar contra seus inimigos, como se fosse uma Winchester. E Katzman queria nada menos que Elvis Presley como ‘Johnny Banner’, o guitarrista-atirador. Elvis que era profundo conhecedor de roteiros insípidos recusou a proposta, ou melhor, O Colonel Tom Parker recusou... Katzman então ofereceu o papel a Roy Orbison que com o western “The Fastest Gun Alive” (A Guitarra Mais Rápida do Oeste), fez sua estréia no cinema. Estréia e despedida pois o filme era tão ruim e Roy teve desempenho tão medíocre que desistiu prontamente da carreira de ator.

Roy Orbison entre Maggie Pierce e Joan Freeman e com a 'guntar'...

A história gira em torno dois espiões confederados (Roy Orbison e Sammy Jackson) disfarçados de cantor-guitarrista e vendedor de elixir mágico. A dupla consegue roubar um carregamento de ouro dos yankees, surpreendendo-os com o violão que dispara mortalmente. Quando tudo parece dar certo, o final da guerra arruina o plano de levar o ouro para um general sulista. Os nomes mais conhecidos do elenco são os de Lyle Bettger, John Doucette, Ben Cooper, Douglas Kennedy e Iron-Eyes Cody. Joan Freeman é a heroína do filme, mas nem ela nem os demais coadjuvantes, todos com respeitável passado nos westerns, conseguiram salvar o filme que foi massacrado pela crítica.

Roy disparando sua 'guntar'

 Essa curiosa história levada às telas por Sam Katzman e dirigida por Michael D. Moore (não confundir com o polêmico documentarista de “Capitalismo: Uma História de Amor”) tem pelo menos o mérito de dar oportunidade ao espectador de ver e ouvir inúmera canções, todas de autoria de Roy Orbison e por ele interpretadas. Nenhuma delas se tornou clássica como os incontáveis e imortais sucessos do soberbo cantor. E a passagem de Roy Orbison pelo cinema será sempre lembrada por ter ele atuado em um dos mais bizarros westerns de todos os tempos.

Um comentário:

  1. Músicas como Pistolero, Headin South e Medicine Man apenas comprovam o dom de Roy.

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