12 de março de 2011

WILLIAM BOYD, CARREIRA SALVA POR HOPALONG CASSIDY

O Hop-A-Long Cassidy criado por Clarence E. Mulford em 1904, era em tudo diferente do Hopalong Cassidy que conhecemos através do cinema e dos gibis. O cowboy original das histórias de Mulford era mal vestido, rude, ignorante e viciado em pôquer e assim seria levado para o cinema numa série produzida por Harry Sherman. Mas William Boyd, o ator que a Paramount, em 1935, escolheu para interpretar o grosseiro personagem, conseguiu moldar Hopalong Cassidy com uma personalidade oposta à criação do escritor. Com Boyd o bronco cowboy virou um mocinho educado, simpático, elegante no seu traje azul escuro, revólveres com cabos de madrepérola sem nenhum vício, nem mesmo o de namorar as mocinhas. Seu caráter era irrepreensível, a ponto de sempre deixar o vilão sacar antes para depois alvejá-lo. E seu imaculado cavalo branco chamado Topper combinava com seu precocemente grisalho cabelo. O cinema jamais havia mostrado algo igual e a empatia com a garotada foi imediata. William Boyd nascera em 1895, estreara no cinema em 1920 e em 1925 era um ídolo das telas e um dos atores preferidos das superproduções de Cecil B. DeMille. Repentinamente um fato incomum praticamente encerrou a carreira de William Boyd. Foi quando um ator homônimo foi preso em uma orgia sexual. Os jornais da época estamparam a foto do William Boyd famoso e não daquele William Boyd que, além de uma bom bacanal, gostava igualmente de bebida e de jogatina. De nada adiantaram os desmentidos, explicações e retratações pois os estúdios não mais queriam se arriscar contratando um ator marcado como ficara William Boyd devido ao seu nome. Para piorar as coisas, nosso William Boyd passou a beber e perdeu tudo que acumulara nos anos de estrelato. Em 1935 foi-lhe oferecido o papel de vilão no primeiro dos filmes da nova série, filme que se chamou “Vida e Aventura” (Hop-A-Long Cassidy) e quem deveria interpretar Hopalong seria o bastante conhecido coadjuvante James Gleason, cujo tipo físico se parecia com o Cassidy descrito nos livros de Mulford. No entanto Gleason não aceitou o pequeno salário que lhe foi proposto e William Boyd propôs que ele próprio interpretasse Hopalong, o que foi aceito pela Paramount. O produtor Sherman pensava numa série de sete ou oito filmes “B”, com uma hora de duração, mas o sucesso foi tão grande que foram rodados no total 66 westerns de Hopalong Cassidy, sempre com William Boyd como o herói. Apenas os 19 primeiros filmes se basearam em histórias de Clarence E. Mulford pois os demais foram escritos com todas as características que Bill Boyd incorporara à personagem. A série foi encerrada em 1948 e aí William Boyd deu o maior golpe de sua vida ao comprar os direitos sobre todos os filmes da série. Para isso teve que vender até o rancho onde morava, mas sabia que a televisão teria interesse em exibir os filmes feitos para o cinema. Boyd vendeu os direitos de exibição dos westerns para a ainda incipiente TV e ficou rico. Depois passou a comercializar todo tipo de produto com seu nome, desde cinturões e revólveres até as famosas bicicletas ‘Hopalong’ que toda criança queria ter. A Hopalong Cassidy Inc. produziu ainda nova série de westerns de meia hora com Hopalong Cassidy para a TV. Foram 99 episódios exibidos de 1949 a 1951, sendo considerada a primeira série de filmes produzidos exclusivamente para a televisão. Nessa altura William Boyd já era um milionário. Sua última aparição foi em “O Maior Espetáculo da Terra”, de Cecil B. DeMille, em 1952, após o que se retirou da vida artística, recusando-se sistematicamente a reaparecer no cinema ou na TV pois queria que seus fãs se lembrassem dele como o vistoso Hopalong Cassidy das telas. No Brasil, Hopalong foi condignamente homenageado pelo seu êmulo santista, o querido mocinho Umberto ‘Hoppy’ Losso, visto na foto abaixo.

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