23 de fevereiro de 2011

"SHANE" PODERIA SER ASSIM...

O roteiro de“Shane” para o cinema foi escrito baseando-se numa história de autoria de Jack Schaefer publicada em 1949 e também chamado “Shane”. Porém algumas substanciais alterações foram feitas pelos roteiristas A.B. Guthrie Jr. e Jack Sher e é interessante imaginar como seria esse western clássico se o roteiro fosse como Jack Schaefer imaginou a história: O pequeno Joey chama-se Robert, apelidado de “Bob”, e é quem narra o livro na primeira pessoa; Shane era um pistoleiro que se vestia de preto e não com o famoso buckskin do filme; Marian tem uma participação mínima no livro, dedicando-se apenas a cozinhar e no livro não há nenhuma sugestão de atração por Shane; o falastrão Torrey (‘Paredão’) não morre no livro e sim conta como um outro sitiante foi morto pelo pistoleiro Stark Wilson em frente ao Bar Grafton’s; como pouco se sabe de Shane, especula-se no livro que ele seria um pistoleiro e jogador vindo de Arkansas e seu nome seria Shannon. No livro de Schaefer não havia um romance entre Chris Calloway (Ben Johnson) e Susan Lewis (Janice Carroll), a filha de Fred Lewis (Edgard Buchanan). Esse romance foi desenvolvido durante a filmagem e explicaria a súbita mudança que leva Chris a abandonar os Ryker. Porém essa história de amor foi inteiramente cortada na sala de edição. Se as pretensões do diretor George Stevens dessem certo, o elenco teria Montgomery Clift como Shane, William Holden como Joe Starrett e Katharine Hepburn como Marian. Porem essa composição de elenco encareceria demais a produção e a Paramount optou pela “prata da casa” com Alan Ladd, Van Heflin e Jean Arthur, que o estúdio mantinha sob contrato. Pode-se afirmar que todas essas alterações processadas certamente contribuiram para que “Shane” fosse um estrondoso sucesso de bilheteria no mundo todo, independente do título recebido em cada país. “Os Brutos Também Amam”, no Brasil; “Il Cavaliere della Valle Solitaria” (O Cavaleiro do Vale Solitário), na Itália; “Raíces Profundas” (Raízes Profundas), na Espanha; “L’Homme des Vallées Perdues” (O Homem dos Vales Perdidos), na França; “Mein Grober Freund Shane” (Meu Alto Amigo Shane), na Alemanha, foram alguns dos títulos recebidos pelo sublime western de George Stevens, e que nenhum admirador admite que se mude um fotograma sequer.

Um comentário:

  1. Mais que oportuna esta chance de saber mais sobre este fabuloso Western, de como ele chegou até nós da forma em que foi concepcionado. Até que existe um lance, mais que rápido, creio que vi isso no filme, de Chris com a Susan. Me pareceu apenas um olhar e nada mais, mas acho que vi. E este romance seria,de verdade, a justificatica para Chris mudar de lado, o que no filme nos deixa meio perdidos, vagos, em termos desta mudança de atitude do pistoleiro sem uma justificativa para nós.
    No entanto, não consigo imaginar Shane com Monty no papel de Ladd e nem Holden no de Van. Mas, pela adoração que nutri sempre pela magistral Hepburn, ela no lugar de Jean Arhtur até que seria salutarmente imaginável.
    Enfim concluimos que Shane apenas entrou para a história da forma como entrou, em cima de todas estas mudanças. E também, e ainda porincipalmente, por G Stevens ser o fantastico diretor que era. Ele é, praticamente, dono de tudo de bom e mágico que ocorreu com o sucesso desta sensacional fita. Mas, claro, que para não por injustiças na confecção geral do filme, também pelas muda efetuadas na historia original pelo roteirista.
    E tudo isto, todos estes erros, cortes, mudanças, substituições e muita classe e categoria, terminamos ganhamos esta joia rarissima do cinema.
    jurandir_lima@bol.com.br

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