10 de fevereiro de 2011

SERGIO LEONE X CLINT EASTWOOD

Clint Eastwood deve sua carreira a Sergio Leone, mas a recíproca, de certa forma, também não deixa de ser verdadeira. Leone passou a ser um nome universalmente respeitado no gênero Western após sua trilogia filmada com Clint como o silencioso e estranho pistoleiro ("Por um Punhado de Dólares", "Por uns Dólares a Mais" e "Três Homens em Conflito"), após o que se separaram, cada um alçando vôos mais altos em suas respectivas carreiras. Em 1968 Leone dirigiu "Era Uma Vez no Oeste", hoje considerado um dos maiores filmes do gênero, enquanto Clint Eastwood atuaria num faroeste bem mais modesto chamado "A Marca da Forca" (Hang 'Em High), produção norte-americana dirigida por Ted Post após recusa de Leone que não pode dirigi-lo pois iniciava "Era Uma Vez no Oeste". Esta era uma superprodução, filmada na Itália, Espanha e no Monument Valley, trilha sonora inspiradíssima de Ennio Morricone e com elenco internacional encabeçado por Henry Fonda, Charles Bronson e Cláudia Cardinalle. O custo final de "Era Uma Vez no Oeste" ultrapassou cinco milhões de dólares. Ambos os filmes foram lançados quase ao mesmo tempo sendo que "A Marca da Forca" arrecadou quase sete milhões de dólares, tendo custado $ 1.800,000. Por sua vez o grandioso western de Leone arrecadou somente $ 1.000,000, ou seja, um retumbante fracasso em seu lançamento. Parece que sem Clint Eastwood os western de Sergio Leone não iam bem nas bilheterias pois seu filme seguinte "Quando Explode a Vingança" (Giù la Testa) também atraiu pouco público. Enquanto isso Clint Eastwood, por 25 anos manteve-se entre os top ten do cinema norte-americano, proeza antes só alcançada por John Wayne. Ganhando status de clássico do gênero, "Era Uma Vez no Oeste" conseguiu ao longo dos anos recuperar o investimento feito e Leone receberia de Clint a dedicatória de seu mais premiado western, que foi "Os Imperdoáveis". Justíssimo reconhecimento, ainda que post-morten pois Sergio Leone faleceu em 1989, aos 60 anos.

Um comentário:

  1. Ennio Morriconi criou a trilha sonora de, se não me engano, 5 faroestes de Sergio Leoni. E eu o considero como o alavancador de todas estas fitas de Leoni, sem desmerecer, claro, o grande mestre dos faroestes italianos. Falo assim em razão de ser a musicalidade que dá elã à fita, que a sustenta, que lhe da a beleza e o tom que ela precisa para se apresentar como um espetáculo digno. Sem a musica não sei o que seriam de muitos classicos que hoje cultuamos. E Ennio enlevava estas fitas. A musica de Era Uma Vez no Oeste, filme que não valorizo tanto assim, mas que tem a melhor trilha sonora dos 5 faroestes feitos por Leoni, é alguma coisa de anormal. É um tema tão profundo que quando o ouvimos por inteiro chega a tocar no fundo de nossa alma. Belo, belissimo. Porém, quase que tão belo quanto o temas deste é o tema de Quando Explode a Vingança ( John, John, John ), uma coisa tão perfeita que chega a beirar o irreal. E porque não elogiar também o belo tema de Tres Homens em Conflito? A cena em que Eli Wallache apanha dos asseclas de Lee Van Cleef e, do lado de fora, os prisioneiros da Guerra Civil entoam aquele mavioso canto como se para serem poupados de ouvirem os gritos desesperados das dores que Wallache expelia, bate fundo dentro de nosso ser de tão belo que é. Enfim, acho que Morriconi é tão responsável pelos sucessos dos faroestes de Leoni quanto o proprio que lhes deu vida. jurandir_lima@bol.com.br

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